Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Sir
Roger Scruton (1944-2020), filósofo conservador britânico, disse que “A
felicidade não vem da busca do prazer, nem é garantida pela liberdade,
ela vem do sacrifício”. - Foto: Fronteiras do Pensamento
Uma revisão de 1.627 estudos, envolvendo 1,8 milhão de
pessoas de 121 países, confirma uma suspeita sugerida há anos na psicologia
social: os conservadores são mais felizes.
A metanálise conduzida por um grupo
de psicólogos, cuja publicação prévia foi feita domingo (25), também traz um
resultado novo:o status social elevado não é a razão pela qual uma pessoa
conservadora tende a ser mais feliz,uma vez que o mesmo efeito é encontrado
entre indivíduos de status mais baixo.
Em geral, a relação entre o conservadorismo, que os autores
chamaram de “ideologias que apoiam o status quo”, e o bem-estar psicológico foi
baixa e positiva, mas bastante significativa.
Isso quer dizer que ser
conservador eleva levemente a chance de bem-estar, e o efeito é observado com
tamanha consistência que é extremamente improvável (chance menor do que uma em
mil) de o resultado ser fruto do acaso.
Quando
resultados do tipo foram observados antes, alguns pesquisadores
propuseram que isso se explicaria pela hipótese da justificação do
sistema mediada pela estratificação social. A visão até então era a de
que, se uma pessoa não considera a sociedade injusta, é porque é rica,
ou seja, beneficiária do status quo.
A metanálise derruba essa ideia:
para conservadores ricos e pobres, a satisfação com a vida e a
felicidade nada têm a ver com a conta bancária.Também não foi observada
diferença entre os sexos.
Detalhando os resultados Entre os quase dois milhões de participantes, há um excesso de pessoas de países ocidentais (o que não foge do esperado, dadas as diferenças de produção acadêmica entre os países)com bons índices de educação, industrialização, riqueza e democracia. A relação entre bem-estar mental e conservadorismo foi marginalmente maior nesses países, mas ainda positiva no resto do mundo.
Outro enviesamento presente em estudos de psicologia é a
prevalência de estudantes de graduação entre os participantes.
Os autores da
metanálise também levaram isso em conta, concluindo que o efeito é maior nos
graduandos do que nos não graduandos.
Entre os que não são estudantes, a
relação é basicamente a mesma que a do resultado geral. Já entre os estudantes,
a relação entre felicidade e tradicionalismo foi moderada, ou seja, maior que a
média geral.
Quando a ideologia com a qual os
participantes concordavam comunica de forma direta que há justiça e
legitimidade na organização social, aumentava a relação com o bem-estar
psicológico, elevando para moderada (em comparação ao efeito geral
baixo, mas positivo) a conexão entre conservadorismo e satisfação
subjetiva.
A revisão descartou que os pesquisadores
dos mais de mil estudos tenham publicado somente confirmações para suas
hipóteses, de modo a aumentar a confiabilidade dos resultados.
Autores comentam suas descobertas Assinam a revisão os psicólogos Salvador Vargas Salfate, Julia Spielmann e D. A. Briley, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. O estudo, que ainda não foi submetido a uma revista científica, encontra-se em um banco de artigos preliminares.
O
estudo aponta uma correlação de 7% entre felicidade e conservadorismo.
Embora pareça um efeito pequeno, os autores recordam que, em ciência
psicológica, a classificação “baixa” é em parte arbitrária.
Para efeito
de comparação, eles lembram que outra associação bem aceita pelo senso
comum – felicidade e apoio social (ter por perto pessoas com as quais se
pode contar) – alcança apenas o dobro deste índice em estudos da área.
Os
próprios autores confessam surpresa diante do resultado de que o
conservadorismo associado ao bem-estar não é exclusivo de pessoas com
alto status.“Um indivíduo que está em desvantagem em uma dada área”,
ponderam, “pode endossar uma forma da justificação do sistema que o
beneficia em uma outra área”.
Em suma, as ideologias que não pregam a
derrubada, mas a reforma dos sistemas atuais — o que presume que são
mais positivos que negativos e, por isso, também devem ser conservados —
são adotadas pelos indivíduos por diferentes razões, que não se limitam
ao seu status social atual.
A fibra do caju, normalmente descartada, é utilizada
cada vez mais em hambúrgueres, bolinhos e quibes vegetarianos, com
tecnologias da Embrapa
Pé de caju - Foto: Shutterstock
…em dois credos se esmoem. Gabriel Soares de Souza, 1587
O clima influencia a agropecuária e até o futebol.
Nunca a Copa do Mundo foi realizada entre novembro e dezembro. As altas
temperaturas do verão no Golfo Pérsico levaram a Fifa a decidir pela
mudança da data. E o futebol também influencia o clima. A Copa parece
ajudar a baixar a temperatura do clima sociopolítico no Brasil. Parece.
As principais equipes já jogaram no Catar.
No próximo domingo, quem
entra em campo é Jesus Cristo. No 27 de novembro começa o Tempo do
Advento, do latim Advenire, chegar a. Chegar onde? Ao Natal.
Nas casas, no campo e nas cidades é tempo de montar presépios, árvores
de Natal, guirlandas, enfeites e muitas luzinhas. Neste ano, em meio ao
verde-amarelo da Pátria patriótica e de chuteiras.
No calendário litúrgico, o Tempo do Advento corresponde às quatro
semanas antecessoras do Natal. O comércio ganha vida, além de promoções,
como a Black Friday, antecipando as compras dos presentes natalinos.
Lojas de decorações natalinas surgem nos shoppings. Cidades e casas
ganham luzes e o campo começa a colher os plantios da primavera.
Muitos chamam estas semanas de tempo do Natal. Com tanta festa é bom
não misturar os tempos. Para a Igreja Católica existem dois: o do
Advento e o do Natal. O calendário litúrgico começa com o Tempo do
Advento em novembro e termina no 24 de dezembro com a comemoração do
nascimento de Jesus.
O Tempo do Natal vai do 24 dezembro até o primeiro
domingo depois da Epifania, em janeiro. Como dizem na Itália: L’Epifania tute le feste a pórta via. Se a Epifania leva embora todas as festas, logo o Carnaval as traz de volta. E, no Brasil, ele já dá seus brados no réveillon de 1° de janeiro.
Em dezembro, o sol caminha cada vez mais para o Sul e para o alto, a
menos de um mês do solstício. O banho de luz amadurece as frutas. A
colheita da fruticultura antecede a dos grãos. E de uma delas em
particular. Quem não conhece ou não gosta de caju?
O nome vem do tupi acayú: a– fruto + ác– que trava + aiú–
fibroso ou fruto travoso e fibroso. O pedúnculo, chamado de fruto, é na
realidade um pseudofruto, como no caso do morango. Sua cor varia do
amarelo ao vermelho. O nome científico do cajueiro (Anacardium occidentale) evoca a forma de um coração invertido do pseudofruto (do grego kardia, coração). E occidentale
evoca o Ocidente, as Índias Ocidentais, o Oeste. O cajueiro é o símbolo
de Recife. Em tupi, Aracaju significa cajueiro dos papagaios (ará). O maior cajueiro
do mundo encontra-se na Praia de Piranji (RN). A árvore recobre 8.500
metros quadrados e produz de 70 a 80 mil cajus/ano (2,5 toneladas).
Típicos do litoral nordestino, os brasileiríssimos cajueiros logo foram identificados pelos povoadores portugueses.Gabriel Soares de Souza (GSS) destaca o caju e os cajuís, os primeiros em sua lista de frutíferas, no Tratado Descritivo do Brasil, de 1587. Um capítulo esplêndido: Daqui por diante se dirá das árvores de fruto, começando nos cajus e cajuís. (…) demos o primeiro lugar e capítulo por si aos cajueiros, pois é uma árvore de muita estima, e há tantos ao longo do mar e na vista dele.
GSS descreve suas qualidades terapêuticas: …são medicinais para
doentes de febres, e para quem tem fastio, os quais fazem bom estômago e
muitas pessoas lhes tomam o sumo pelas manhãs em jejum, para
conservação do estômago, e fazem bom bafo a quem os come pela manhã, (…) e são de tal digestão que em dois credos se esmoem. Uma das primeiras ilustrações do cajueiro é do frade franciscano André Thevet, na obra Singularidades da França Antártica, de 1557.
Voilà (…) nostre Acaïou, auec le pourtrait qui vous est cy deuant representé. Singularitéz de la France Antarctique.
Rapidamente, os portugueses espalharam o cajueiro pelo mundo. Ele
chegou às Índias Orientais, em Goa, entre 1560 e 1565. Da Índia, onde se
adaptou muito bem, os lusitanos o levaram ao Sudeste Asiático e à
África, ainda no século 16.
Seu pseudofruto, pedúnculo carnudo e sumarento, é consumido in natura, dá ótimo suco e pode ser cristalizado ou feito doce em pasta. Fazem-se estes cajus de conserva, que é muito suave, e para se comerem logo cozidos no açúcar cobertos de canela não têm preço
(GSS). E compõe excelente batida com cachaça. Ele é a base da cajuína,
bebida não alcoólica de cor amarelo-âmbar, típica do Maranhão, do Ceará e
do Piauí. Ela foi desenvolvida em 1900 pelo escritor e farmacêuticoRodolfo Marcos Teófilo. Até vinho de caju, os indígenas produziam: Do sumo desta fruta faz o gentio vinho, com que se embebeda, que é de bom cheiro e saboroso
(GSS). A fibra do caju, coproduto abundante nas fábricas de suco,
normalmente descartada, é utilizada cada vez mais em hambúrgueres,
bolinhos e quibes vegetarianos, com tecnologias da Embrapa.
A castanha-de-caju, ótimo aperitivo, é utilizada em doces e pratos, como o vatapá.É
para notar que no olho deste pomo tão formoso cria a natureza outra
fruta, parda, a que chamamos castanha, que é da feição e tamanho de um
rim de cabrito (GSS).As primeiras exportações, no início
do século 20, foram da Índia aos Estados Unidos. Hoje, seu mercado
mundial movimenta mais de US$ 5 bilhões ao ano, sendo produzido em mais
de 40 países.
A área mundial de cajueiros é da ordem de 7,1 milhões de hectares,
com maior concentração na África: 56% da castanha-de-caju produzida no
mundo. Em área cultivada, o Brasil está na sexta posição, dos quais
99,7% no Nordeste.
O Vietnã, sem grandes áreas cultivadas, tem elevada produtividade
(1.241 quilos por hectare — kg/ha), lidera as exportações mundiais e
processa 1 milhão e 820 mil toneladas, 80% importados da África.
A castanha serve ainda à fabricação de produtos
vegetarianos e veganos, como “leites” vegetais, “iogurtes” e até
“queijos”, por pequenas e grandes indústrias de alimentos
Os EUA respondem por 20% do consumo mundial; a Europa, 16%; e a
China, 9%. A Índia, maior consumidor, com 38%, importa 55%(1 milhão e
550 mil toneladas).O Brasil, preocupa: de quinto maior produtor mundial
em 2011, caiu para a 14ª posição em 2016, com 1,5% do total produzido.
Os sistemas de produção do cajueiro precisam evoluir muito em
genética e tecnologia. A produção nacional de castanha declinou 2% ao
ano entre 2017 e 2021, com uma diminuição de área de 4% ao ano, apesar
do aumento anual de 1,3% na produtividade. Produtores e Embrapa sistematizam inovações para a cajucultura ganhar eficiência e produtividade. Com falta de castanha nas indústrias, até São Paulo amplia o plantio do caju nas regiões mais quentes do Estado.
Na indústria processadora, o índice de quebra de castanhas é alto e gera, com tecnologias de extração
adequadas, um óleo comestível de qualidade e elevado valor agregado. A
castanha serve ainda à fabricação de produtos vegetarianos e veganos,
como “leites” vegetais, “iogurtes” e até “queijos”, por pequenas e
grandes indústrias de alimentos.
A casca da castanha fornece um óleo industrial, negro e viscoso, o LCC (líquido da castanha-de-caju) e faz parte da química verde.
Ele corresponde a cerca de 25% do peso da casca. Formado por ácido
anacárdico, cardanol, cardol e 2-metilcardol, é rico em fenóis. Deita essa casca um óleo tão forte que aonde toca na carne faz empola, o qual óleo é da cor de azeite, e tem o cheiro mui forte (GSS).
Dada sua composição química, o LCC tem várias aplicações, de larvicida a
verniz, até em sensores eletroquímicos. E exige cuidados dos
produtores. O azeite que tem na casca (faz) pelar as mãos a quem as quebra. “Queima” e marca as castanhas, desvalorizando-as.
O tronco produz uma resina amarela, a goma do
cajueiro, com usos farmacêuticos. Confere proteção tópica e tem ação
anti-inflamatória sobre amucosa do esôfago.
Substitui a goma arábica nas cápsulas para comprimidos, com a vantagem
de não apresentar açúcares, interessante em medicamentos para
diabéticos. Também é usada na indústria alimentar e do papel. Cria-se
nestas árvores uma resina muito alva, da qual as mulheres se aproveitam
para fazerem alcorce de açúcar em lugar de alquitira (GSS). Alquitira é a goma mucilaginosa do astrágalo (Astracantha gummifera), espessante em loções, geleias, sorvetes etc., substituída aqui pela resina.
A casca, comercializada desidratada,
é usada em chás como adstringente e tônico. Popular, ela serve para
tratar tosse, catarro e fraqueza. É um excelente antisséptico,
bactericida e efetiva no tratamento de cáries.
Caju or not caju? Há muita coisa feita de caju. Do erótico Soneto ao Caju de Vinicius de Moraes à Chuva do Caju dos meteorologistas. Até novena católica. A Novena do Caju
é cerimônia sensual, cantada e dançada, durante os festejos em louvor a
Nossa Senhora da Conceição, no 8 de dezembro, ou a Santa Luzia, no 13.
Tambor e pífaro acompanham o canto dos fiéis em frente ao altar da
santa, numa casa de família. Ao final, o dono da casa convida todos a
beijarem os pés da imagem. Quando terminam, a dança começa. A Novena do
Caju ocorre do Pará à Paraíba, associada à frutificação do caju, em
pleno Advento. Como se diz no Nordeste: tanta novena e tanto caju… faz
lama.
No litoral do Nordeste, a colheita do milho conclui-se em novembro. A Confederação da Agricultura e Pecuária prevê crescimento de 2,8% do Produto Interno Bruto da agropecuária em 2022,
em parte pela expansão de milho e trigo. O agro brasileiro é
persistente e entra confiante no Tempo do Advento. Seja qual for o
clima, o tempo ou a temperatura, o agronegócio seguirá o preceito tão
presente nos regimentos reais das naus portuguesas: prepara-te para o pior, espera o melhor e cuida do que vier. Quem planta caju não colhe manga.
Preocupou-me o voto do relato, ministro Edson Fachin, em relação ao
inquérito instaurado pelo STF para investigar ameaças, manifestações
antidemocráticas em relação àquele poder, notícias falsas e o que mais
possa parecer perigoso, assustador ou difícil de ser tolerado por suas
excelências.O inquérito, já haverá percebido o leitor, é uma sacola de
feira, onde laranjas e couves se misturam com uvas e tomates. Está
aberto, até mesmo, para investigar contas de campanha eleitoral, ainda
que haja um tribunal superior para isso em pleno funcionamento.
Aliás, não se requer muita sensibilidade para perceber, no teor do
voto, o esforço do ministro para proclamar o caráter excepcional, quase
interdito a reiterações da Portaria e do subsequente inquérito que criou
todo esse constrangimento à Corte. Enquanto falava, o ministro ia
balizando, ao bom ouvinte e ao bom leitor, todas as manifestas demasias e
impertinências da Portaria GP Nº de 14 de março de 2019 e em sua
aplicação. Fosse tudo de tão bom fundamento quanto vêm tentando fazer
crer os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, que razões teria
Edson Fachin para sublinhar, em reunião plenária, a necessidade de um
inquérito do STF respeitar súmula vinculante (a de nº 14) editada pelo
próprio tribunal sobre o “direito de amplo acesso dos advogados aos
elementos de prova (...) que digam respeito ao exercício do direito de
defesa”? Pois é. Que necessidade teria o ministro de, em defesa
da liberdade de expressão, propor a supressão do escopo do inquérito de
postagens, expressões, manifestações pessoais e compartilhamentos se
elementos assim já não estivessem acolhidos no escopo do inquérito em
desrespeito àquela liberdade? É um desafio à capacidade de compreensão.
Do mesmo modo, por que sublinhar o caráter “atípico”desse tipo de
aplicação dos artigos 42 e 43 do Regimento Interno, que “não é nem deve
ser usual”? E a grande obviedade comparece ao voto do ministro relator
eivada de subjetividade: “Aquele que julga não deve investigar, menos
ainda acusar, eis a premissa da isenção, sinônimo de independência. Ao
fazê-lo, como permite a norma regimental, esse exercício infrequente e
anômalo submete-se a um elevado grau de justificação e a condições de
possibilidade sem as quais não se sustenta”. Subjetividade pura! Será
que isso descreve a situação da poderosa vítima que investiga e julga
suposto réu? É bom lembrar o que está prescrito com todas as
letras no art. 43 sobre essa exótica atribuição conferida ao presidente
do STF: “Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do
Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou
pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro”. Como pode essa jurisdição extravasar a sede ou dependência do
Tribunal, sair ao ar livre, atravessar a praça, cruzar os céus da
pátria e investigar crime praticado por suspeito morador nos confins do
território nacional, sem sair das dependências do STF? Onde foram parar o
“juízo natural” e o “fruto da árvore envenenada”? Cada vez que
leio os dois artigos do Regimento Interno do STF que respaldam o
inquérito (ademais sigiloso!) presidido por Alexandre de Moraes, mais se
consolida em mim a percepção de que foram pensados e redigidos como
forma de dar tratamento especial a crimes eventualmente cometidos no
espaço físico do tribunal, criando ali um mundo à parte. É algo tão
singular em relação aos nossos costumes que o ministro relator, se
empenhou em promover uma espécie delockdowndo inquérito
instaurado pela Portaria GP 69. É para seguir funcionando, mas não deve
contaminar as práticas forenses, seja no STF, seja noutros tribunais.
Não sirva ele de exemplo. Vamos ver como votam os pares, mas
fiquei com a sensação de que o ministro prestava uma sequência de
socorros: um de natureza corporativa, de apoio à própria corte já
enrolada nas demasias do inquérito em curso; outro de socorro aos
investigados, estabelecendo limites e contenções, fechando portas e
janelas para que algo assim nunca mais volte a acontecer. Por
fim, participo da mesma preocupação expressa em artigo que li
recentemente: o STF faz o que sua maioria quer. Sempre dá um jeito de
impor esse querer, seja mediante uma “interpretação conforme”, seja
alegando uma “omissão do parlamento” que não fez a lei necessária, ou ao
gosto da Corte, seja mediante “modulação” de decisão extravagante, seja
por alegada “inação das autoridades competentes”. Enquanto o STF
vislumbra assombrações do passado em certas mobilizações de rua, seu
modo de agir fica, por vezes, muito parecido com o preocupante vulto de
uma ditadura do judiciário. Ao exibir-se à nação repartindo espaços de
protagonismo no noticiário político, o Supremo, querendo ou não, convoca
a cidadania a opinar sobre o que discute, decide e faz. [o mais grave é que muitas vezes sequer é necessário maioria; basta que um ministro decida sobre uma liminar e leis aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo Presidente da República ficam 'congeladas' até que o autor da liminar decida submetê-la ao Plenário.] Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.