Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O ex-diretor
do Banco Central diz que sinalizações do governo na área fiscal vão
levar País a cenário de inflação mais alta, juros elevados e crescimento
menor [alguém, exceto entre os idiotas que fizeram o L, realmente chegou a achar que que o CALABOUÇO daria certo? - agora é a hora da da ministra 'estepe' e outros da mesma laia, levarem o pé na bunda.]
Alexandre Schwartsman - Ex-diretor do Banco Central
Ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman
avalia que as últimas sinalizações do governo na área fiscal vão deixar
o Brasil“mais medíocre” do que já é. “Vamos trabalhar com inflação
mais alta, juros mais altos e crescimento mais baixo”, diz.
“Foi uma mensagem muito ruim. Eu acho que colabora no sentido de mostrar que o fundamento fiscal do País é ruim”, afirma.
A seguir trechos da entrevista concedida ao Estadão.
Qual é o impacto da fala sobre o não cumprimento da meta de resultado primário zero no ano que vem?
É
um reconhecimento de um fato que a gente já vem falando há algum tempo,
de que as contas não fecham. Agora, uma coisa é a gente, do lado de
fora, dizer que tem problema. No melhor cenário, a gente imagina que, se
tem problema, (o governo) vai adotar medidas para corrigir. Mas o que
vemos é: ‘tem problema, mas a gente não vai fazer.’ E, no caso,
desautorizando diretamente o ministro da Fazenda. Não é à toa que Fernando (Haddad) teve uma reação tão ruim como a que ele teve hoje (segunda) de manhã. Eu estava vendo o vídeo (da entrevista coletiva),
e ele estava profundamente irritado. Não respondeu. Porque ele não tem
uma resposta para isso. Foi uma mensagem muito ruim. Eu acho que
colabora no sentido de mostrar que o fundamento fiscal do País é ruim e o
impacto foi imediato no mercado de juro.
Poderia detalhar esse impacto?
Não vai alterar o resultado do Copom desta
semana, mas a gente já começa a discutir qual mensagem que vai sair
dessa história. Corremos o risco de ver o Banco Central colocar no
balanço de riscos alguma coisa acerca de que a firmeza quanto ao
compromisso fiscal já não é a mesma e isso acaba tendo algum impacto na
política monetária lá na frente.
E já num cenário que estava mais difícil por causa do ambiente internacional...
Eu
até acho que um mundo em que o juro lá fora é mais alto traz uma
dificuldade adicional. Mas, concretamente, não tem uma relação tão
direta entre o juro lá fora e o juro aqui dentro.
Se pegar as taxas
longas de juros, o (juro de) 10 anos real norte-americano e o
de 10 anos real brasileiro, não tem uma relação de um para um.
Você pode
contornar essa restrição, desde que se tome medidas para reduzir o
risco percebido. A diferença do juro real brasileiro relativamente ao
juro real norte-americano pode ser pensada também como uma medida de
risco fiscal. Se você tomar medidas nessa linha, não chega a virar um
imperativo de que não pode baixar (a Selic) porque lá fora está subindo.
Desse ponto de vista, mais sério do que os juros lá fora subindo, é que
não estamos tomando os passos concretos para a redução do risco aqui
dentro.
Podemos ver juros mais altos por um período maior, então?
Se
você vem com uma política fiscal mais frouxa, a monetária tem de ser
mais apertada. Não tem muito segredo.
Não é por outro motivo que a gente
viu a mudança no Focus.
Estava trabalhando com 9% e puxou para 9,25%.
O
Banco Central já vai usar 9,25% nas suas simulações.
Também é uma
questão de governança.
Ele pega a trajetória da Selic da sexta-feira
anterior ao Copom.
Já vai incorporar isso. Obviamente, não é esta semana
que eles vão mudar o ritmo, provavelmente não é na próxima reunião que
eles vão mudar o ritmo, mas eu acho que a gente pode ver alguma
sinalização a este respeito.
E
como fica a percepção entre os congressistas? O governo depende da
aprovação de medidas arrecadatórias para alcançar o déficit zero no ano
que vem.
Como
de hábito, os governos do PT querem que alguém tire a castanha do fogo,
mas jamais eles.
O Congresso, que só tem raposa, pensa: ‘se o
presidente da República não quer, por que eu vou tirar a castanha do
fogo para ele?’
Então, o que a gente vai ver é que isso vai dificultar a
capacidade do governo de obter do Congresso medidas que reduzam (o déficit). Se você (o governo) não está interessado, já declarou que não é o seu problema, por que eu (Congresso) vou me queimar fazendo isso?
Já
havia uma série de incertezas em relação ao arcabouço. Muitas
economistas apontavam que teria de ser revisto antes do fim do governo.
Como fica a política fiscal do País agora?
Tem
um prazo de validade nessas tentativas de segurar o gasto de cima para
baixo, mas esse prazo está encolhendo.
As metas fiscais aguentaram até
2007, 2008.
O teto de gastos foi criado em 2016, implementado em 2017, e
aguentou alguns anos.
O novo arcabouço fiscal bateu recorde: está
desfeito antes de começar a operar. O prazo de validade dele foi
negativo. É um novo recorde para o País. Pode hastear a bandeira e
cantar o hino. É um motivo para sentir orgulho de ser brasileiro.
E o País sobrevive sem uma regra fiscal, então? Como chega até 2026?
Até
a Argentina sobrevive. A questão é como. Não vai ser muito legal.
A
gente vai trabalhar com inflação mais alta, juros mais altos e
crescimento mais baixo. Vamos ficar mais medíocres do que já somos.
Agora, vai acabar o País? Não. Precisa fazer muito mais força.
Olha a
Argentina tentando há gerações e ainda não conseguiram acabar com o país
de vez.
A fibra do caju, normalmente descartada, é utilizada
cada vez mais em hambúrgueres, bolinhos e quibes vegetarianos, com
tecnologias da Embrapa
Pé de caju - Foto: Shutterstock
…em dois credos se esmoem. Gabriel Soares de Souza, 1587
O clima influencia a agropecuária e até o futebol.
Nunca a Copa do Mundo foi realizada entre novembro e dezembro. As altas
temperaturas do verão no Golfo Pérsico levaram a Fifa a decidir pela
mudança da data. E o futebol também influencia o clima. A Copa parece
ajudar a baixar a temperatura do clima sociopolítico no Brasil. Parece.
As principais equipes já jogaram no Catar.
No próximo domingo, quem
entra em campo é Jesus Cristo. No 27 de novembro começa o Tempo do
Advento, do latim Advenire, chegar a. Chegar onde? Ao Natal.
Nas casas, no campo e nas cidades é tempo de montar presépios, árvores
de Natal, guirlandas, enfeites e muitas luzinhas. Neste ano, em meio ao
verde-amarelo da Pátria patriótica e de chuteiras.
No calendário litúrgico, o Tempo do Advento corresponde às quatro
semanas antecessoras do Natal. O comércio ganha vida, além de promoções,
como a Black Friday, antecipando as compras dos presentes natalinos.
Lojas de decorações natalinas surgem nos shoppings. Cidades e casas
ganham luzes e o campo começa a colher os plantios da primavera.
Muitos chamam estas semanas de tempo do Natal. Com tanta festa é bom
não misturar os tempos. Para a Igreja Católica existem dois: o do
Advento e o do Natal. O calendário litúrgico começa com o Tempo do
Advento em novembro e termina no 24 de dezembro com a comemoração do
nascimento de Jesus.
O Tempo do Natal vai do 24 dezembro até o primeiro
domingo depois da Epifania, em janeiro. Como dizem na Itália: L’Epifania tute le feste a pórta via. Se a Epifania leva embora todas as festas, logo o Carnaval as traz de volta. E, no Brasil, ele já dá seus brados no réveillon de 1° de janeiro.
Em dezembro, o sol caminha cada vez mais para o Sul e para o alto, a
menos de um mês do solstício. O banho de luz amadurece as frutas. A
colheita da fruticultura antecede a dos grãos. E de uma delas em
particular. Quem não conhece ou não gosta de caju?
O nome vem do tupi acayú: a– fruto + ác– que trava + aiú–
fibroso ou fruto travoso e fibroso. O pedúnculo, chamado de fruto, é na
realidade um pseudofruto, como no caso do morango. Sua cor varia do
amarelo ao vermelho. O nome científico do cajueiro (Anacardium occidentale) evoca a forma de um coração invertido do pseudofruto (do grego kardia, coração). E occidentale
evoca o Ocidente, as Índias Ocidentais, o Oeste. O cajueiro é o símbolo
de Recife. Em tupi, Aracaju significa cajueiro dos papagaios (ará). O maior cajueiro
do mundo encontra-se na Praia de Piranji (RN). A árvore recobre 8.500
metros quadrados e produz de 70 a 80 mil cajus/ano (2,5 toneladas).
Típicos do litoral nordestino, os brasileiríssimos cajueiros logo foram identificados pelos povoadores portugueses.Gabriel Soares de Souza (GSS) destaca o caju e os cajuís, os primeiros em sua lista de frutíferas, no Tratado Descritivo do Brasil, de 1587. Um capítulo esplêndido: Daqui por diante se dirá das árvores de fruto, começando nos cajus e cajuís. (…) demos o primeiro lugar e capítulo por si aos cajueiros, pois é uma árvore de muita estima, e há tantos ao longo do mar e na vista dele.
GSS descreve suas qualidades terapêuticas: …são medicinais para
doentes de febres, e para quem tem fastio, os quais fazem bom estômago e
muitas pessoas lhes tomam o sumo pelas manhãs em jejum, para
conservação do estômago, e fazem bom bafo a quem os come pela manhã, (…) e são de tal digestão que em dois credos se esmoem. Uma das primeiras ilustrações do cajueiro é do frade franciscano André Thevet, na obra Singularidades da França Antártica, de 1557.
Voilà (…) nostre Acaïou, auec le pourtrait qui vous est cy deuant representé. Singularitéz de la France Antarctique.
Rapidamente, os portugueses espalharam o cajueiro pelo mundo. Ele
chegou às Índias Orientais, em Goa, entre 1560 e 1565. Da Índia, onde se
adaptou muito bem, os lusitanos o levaram ao Sudeste Asiático e à
África, ainda no século 16.
Seu pseudofruto, pedúnculo carnudo e sumarento, é consumido in natura, dá ótimo suco e pode ser cristalizado ou feito doce em pasta. Fazem-se estes cajus de conserva, que é muito suave, e para se comerem logo cozidos no açúcar cobertos de canela não têm preço
(GSS). E compõe excelente batida com cachaça. Ele é a base da cajuína,
bebida não alcoólica de cor amarelo-âmbar, típica do Maranhão, do Ceará e
do Piauí. Ela foi desenvolvida em 1900 pelo escritor e farmacêuticoRodolfo Marcos Teófilo. Até vinho de caju, os indígenas produziam: Do sumo desta fruta faz o gentio vinho, com que se embebeda, que é de bom cheiro e saboroso
(GSS). A fibra do caju, coproduto abundante nas fábricas de suco,
normalmente descartada, é utilizada cada vez mais em hambúrgueres,
bolinhos e quibes vegetarianos, com tecnologias da Embrapa.
A castanha-de-caju, ótimo aperitivo, é utilizada em doces e pratos, como o vatapá.É
para notar que no olho deste pomo tão formoso cria a natureza outra
fruta, parda, a que chamamos castanha, que é da feição e tamanho de um
rim de cabrito (GSS).As primeiras exportações, no início
do século 20, foram da Índia aos Estados Unidos. Hoje, seu mercado
mundial movimenta mais de US$ 5 bilhões ao ano, sendo produzido em mais
de 40 países.
A área mundial de cajueiros é da ordem de 7,1 milhões de hectares,
com maior concentração na África: 56% da castanha-de-caju produzida no
mundo. Em área cultivada, o Brasil está na sexta posição, dos quais
99,7% no Nordeste.
O Vietnã, sem grandes áreas cultivadas, tem elevada produtividade
(1.241 quilos por hectare — kg/ha), lidera as exportações mundiais e
processa 1 milhão e 820 mil toneladas, 80% importados da África.
A castanha serve ainda à fabricação de produtos
vegetarianos e veganos, como “leites” vegetais, “iogurtes” e até
“queijos”, por pequenas e grandes indústrias de alimentos
Os EUA respondem por 20% do consumo mundial; a Europa, 16%; e a
China, 9%. A Índia, maior consumidor, com 38%, importa 55%(1 milhão e
550 mil toneladas).O Brasil, preocupa: de quinto maior produtor mundial
em 2011, caiu para a 14ª posição em 2016, com 1,5% do total produzido.
Os sistemas de produção do cajueiro precisam evoluir muito em
genética e tecnologia. A produção nacional de castanha declinou 2% ao
ano entre 2017 e 2021, com uma diminuição de área de 4% ao ano, apesar
do aumento anual de 1,3% na produtividade. Produtores e Embrapa sistematizam inovações para a cajucultura ganhar eficiência e produtividade. Com falta de castanha nas indústrias, até São Paulo amplia o plantio do caju nas regiões mais quentes do Estado.
Na indústria processadora, o índice de quebra de castanhas é alto e gera, com tecnologias de extração
adequadas, um óleo comestível de qualidade e elevado valor agregado. A
castanha serve ainda à fabricação de produtos vegetarianos e veganos,
como “leites” vegetais, “iogurtes” e até “queijos”, por pequenas e
grandes indústrias de alimentos.
A casca da castanha fornece um óleo industrial, negro e viscoso, o LCC (líquido da castanha-de-caju) e faz parte da química verde.
Ele corresponde a cerca de 25% do peso da casca. Formado por ácido
anacárdico, cardanol, cardol e 2-metilcardol, é rico em fenóis. Deita essa casca um óleo tão forte que aonde toca na carne faz empola, o qual óleo é da cor de azeite, e tem o cheiro mui forte (GSS).
Dada sua composição química, o LCC tem várias aplicações, de larvicida a
verniz, até em sensores eletroquímicos. E exige cuidados dos
produtores. O azeite que tem na casca (faz) pelar as mãos a quem as quebra. “Queima” e marca as castanhas, desvalorizando-as.
O tronco produz uma resina amarela, a goma do
cajueiro, com usos farmacêuticos. Confere proteção tópica e tem ação
anti-inflamatória sobre amucosa do esôfago.
Substitui a goma arábica nas cápsulas para comprimidos, com a vantagem
de não apresentar açúcares, interessante em medicamentos para
diabéticos. Também é usada na indústria alimentar e do papel. Cria-se
nestas árvores uma resina muito alva, da qual as mulheres se aproveitam
para fazerem alcorce de açúcar em lugar de alquitira (GSS). Alquitira é a goma mucilaginosa do astrágalo (Astracantha gummifera), espessante em loções, geleias, sorvetes etc., substituída aqui pela resina.
A casca, comercializada desidratada,
é usada em chás como adstringente e tônico. Popular, ela serve para
tratar tosse, catarro e fraqueza. É um excelente antisséptico,
bactericida e efetiva no tratamento de cáries.
Caju or not caju? Há muita coisa feita de caju. Do erótico Soneto ao Caju de Vinicius de Moraes à Chuva do Caju dos meteorologistas. Até novena católica. A Novena do Caju
é cerimônia sensual, cantada e dançada, durante os festejos em louvor a
Nossa Senhora da Conceição, no 8 de dezembro, ou a Santa Luzia, no 13.
Tambor e pífaro acompanham o canto dos fiéis em frente ao altar da
santa, numa casa de família. Ao final, o dono da casa convida todos a
beijarem os pés da imagem. Quando terminam, a dança começa. A Novena do
Caju ocorre do Pará à Paraíba, associada à frutificação do caju, em
pleno Advento. Como se diz no Nordeste: tanta novena e tanto caju… faz
lama.
No litoral do Nordeste, a colheita do milho conclui-se em novembro. A Confederação da Agricultura e Pecuária prevê crescimento de 2,8% do Produto Interno Bruto da agropecuária em 2022,
em parte pela expansão de milho e trigo. O agro brasileiro é
persistente e entra confiante no Tempo do Advento. Seja qual for o
clima, o tempo ou a temperatura, o agronegócio seguirá o preceito tão
presente nos regimentos reais das naus portuguesas: prepara-te para o pior, espera o melhor e cuida do que vier. Quem planta caju não colhe manga.
Desde o célebre livro de Stefan Zweig, e mesmo antes dele, o
Brasil é reconhecido como o país do futuro. Às vezes, parece que o
futuro chegou, e revistas estampam na capa um Cristo Redentor em forma
de foguete subindo aos céus. Às vezes, a ideia toma a forma de um
gigante que desperta e caminha com decisão. Para onde, José? Apesar de toda essa fantasia, sinceramente não conheço um momento da
história em que a possibilidade real de encontro com o futuro seja tão
concreta.
A base dessa presunção é o fato de que a teoria econômica evoluiu no
planeta. Não se acredita mais que o progresso é indissociável da
destruição ambiental. A própria natureza deixou de ser vista como uma
externalidade, um elemento passivo, um simples insumo. Agora, é vista
como o centro da produção. Nesse contexto, o Brasil não só emerge como uma potência ambiental,
mas como o território onde mais se produz vida no planeta. As concepções
mudam, e nada parece mais fora do lugar hoje do que a tese de que a
conservação da natureza é um entrave ao progresso econômico.
[a grande dificuldade dos livros que descrevem situações futuras, baseados em teorias... teorias... teorias... é que não se apresentam como ficção, e na hora de transformar o que imaginam em fatos, a coisa complica.
Vamos conservar nossas florestas, ampliando suas áreas, reflorestando o que não foi desmatado - atendendo ao apelo dos ambientalistas de fancaria, das Ong's a serviço de governos estrangeiros e outros entes - e levaremos para Marte nossos rebanhos e toda a infra estrutura da agricultura do agronegócio = produzir alimentos é fácil...]
Acaba de ser publicado o livro “Brasil, paraíso restaurável”, de
Jorge Caldeira, Julia Marisa Sekula e Luana Schabib. Caldeira não é um
idealista alheio às engrenagens reais da economia. Escreveu o livro
“Mauá: empresário do Império” e também uma “História da riqueza no
Brasil”, ampla e inteligentemente pesquisada. O livro sobre o Brasil como potência ambiental é amparado em gráficos
e mapas destinados a mostrar que a natureza preservada é o centro de
criação do valor econômico.
Um dos capítulos do livro tem este título: “Queimar florestas é
queimar dinheiro”. Nele é possível saber que os créditos de carbono no
mundo hoje superam o volume das exportações brasileiras. Os créditos são
dinheiro disponível para manter florestas em pé, retendo o carbono no
subsolo. Isso sem contar com produções sustentáveis, como as de açaí e castanha, e as incontáveis potencialidades das plantas. É essa nova visão que faz com que empresas e fundos de pensão se
interessem pela defesa do meio ambiente. De um modo geral, supõe-se que
esse interesse é para agradar a consumidores, uma operação de marketing.
Pode até ser isso também, mas hoje esse aspecto já se torna secundário.
O grande obstáculo para o Brasil ocupar esse espaço no mundo é o
governo, que ainda associa progresso com destruição ambiental. A ideia
de passar uma boiada sobre as normas de proteção é um eufemismo. Na
verdade, querem passar bandos de javalis que devoram tudo pela frente. No governo militar houve um encanto com esse tipo de progresso.
Campanhas do tipo “bem-vinda poluição” circularam pelo mundo tentando
atrair capitais já em declínio no Norte. A destruição da Floresta Amazônica era vista como um triunfo da ação
humana sobre a natureza. A mata era vista como um mito a derrubar para
que se pudesse faturar.
Mas isso foi há meio século. É compreensível que a cabeça de
Bolsonaro tenha se congelado na década dos 70, e ele sonhe com uma,
duas, três, muitas Cancúns. Mas os militares leem, viajam, frequentam cursos, seminários. Não
poderiam respaldar essa política destrutiva, na esperança de nos
tornarmos um país como os outros do século passado. Não é só pelo processo destrutivo. Mas pelas evidências de um caminho
econômico mais fértil, pela imensa possibilidade de o Brasil,
finalmente, encontrar um futuro que não seja um efêmero foguete de capa
de revista ou um sonolento gigante se pondo em marcha.
Desta vez, não seria um voo de galinha, mas sim a consciência de ser o
país mais rico do mundo, em vida e energia, uma potência ambiental que
explora racionalmente suas vantagens e reduz suas deformações como a
disparidade de renda. O futuro finalmente chegou. Há quem não o veja e prefira soltar uma boiada para pisotear sonhos realizáveis. O Brasil talvez seja o único país hoje presente na agenda da eleição
presidencial americana. Seria uma conspiração para derrubar nossas
matas, esgotar nossos minérios e celebrar uma volta ao século XX? Ou um
novo pacto para o futuro?
O interessante na conversa dos executivos dos três maiores bancos privados com o vice-presidente Hamilton Mourão é que eles disseram que não estavam ali para falar de responsabilidade socioambiental. Queriam tratar do “negócio bancário”. Avisaram, assim, que o assunto da conversa não era a lista de boas ações, mas a sustentabilidade como centro do negócio na Amazônia. Se estiverem falando sério, terão que exigir rastreabilidade do gado, não poderão financiar rodovias e hidrelétricas que agridam o meio ambiente ou ameacem as comunidades indígenas. A lista de mudanças é grande e, se a seguirem, acabarão batendo de frente com o governo.
O ministro do Meio Ambiente ficou à deriva na reunião, repetindo coisas como “adote um parque”, depois de ter ameaçado todos eles por um ano e meio. O vice-presidente ouviu os banqueiros com atenção e fez de conta que ali não havia um problema. A ministra da Agricultura disse a este jornal que há uma “orquestração” contra o Brasil e defendeu a fala de Ricardo Salles sobre passar a boiada, com o estranho argumento de que era uma reunião “fechada” e “interna”. Era a mais alta instância do Executivo. Portas fechadas não autorizam ilícitos. Há um conflito direto entre a proteção da Amazônia e o projeto Bolsonaro. Ou o governo tem a “grandeza moral de se retratar” ou continua valendo tudo o que o presidente e seu ministro falaram e fizeram neste um ano e meio e que levaram à destruição de dez mil km2 de floresta no ano passado. [considerando que a floresta amazônica tem 5.500.000 km²,a área 'destruída' em todo um ano, equivale a 1/550 da floresta.] Na quinta-feira, Bolsonaro voltou a mostrar seu entendimento torto no assunto e culpou indígenas e caboclos pelas queimadas. É obra dos grileiros, como se sabe. Bradesco, Santander e Itaú-Unibanco são competidores. Se fizeram um plano conjunto é porque sabem o que está acontecendo no mundo deles, o do capital. Sem isso, terão dificuldade em qualquer operação financeira em que a marca Brasil estiver envolvida. Haverá menos capital e o dinheiro será mais caro para o país, mesmo neste tempo de muita liquidez e juros negativos no mundo. O que os fundos vêm avisando há algum tempo, e estão sendo mais claros desde Davos, é que as suas regras de conformidade impedem o investimento em países que destroem florestas e colocam em risco os indígenas. Preservar a Amazônia e proteger os povos indígenas é também do máximo interesse nacional. Os bancos dizem que vão detalhar depois, mas que o plano conjunto quer induzir boas práticas e “promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Entre as dez medidas está o financiamento de cadeias produtivas como açaí, cacau e castanha. Ótimo. O climatologista Carlos Nobre costuma incluir esses produtos no projeto amplo denominado Amazônia 4.0. Disseram que fomentarão um “mercado de ativos e instrumentos de lastro verde”. Bom. Com isso formatam produtos financeiros com grande potencial de captação. São boas ideias. O diabo está nos detalhes. Quando falam em financiar infraestrutura sustentável na região, dão o exemplo de hidrovias. E as rodovias? Há algumas bem polêmicas. E quando falam em energia, surge outra dúvida. A hidrelétrica é considerada energia limpa, mas a construção das usinas na Amazônia raramente o é. Exemplo: Belo Monte. Essa afetou a floresta, os indígenas e ainda teve corrupção. [vamos fazer como os banqueiros querem: - não colocar os indígenas em risco - os moradores das áreas urbanas e das terras destinadas à produção agropecuária, já correm risco suficiente, atendendo com sobras à cota de mortes; - esquecer rodovias e ferrovias (essas já estão esquecidas no Brasil) - e usar nas hidrovias barcos movidos a remo e a velas = motores poluem; - energia hidrelétrica é energia limpa, mas para ser gerada precisa de hidrelétricas que causam desmatamento e precisam de reservatórios e com isso os banqueiros e os gringos, e as ONGs à serviço deles, não concordam. - usar energia nuclear para gerar eletricidade é algo impensável. Candeeiros à querosene, também poluem. Se com tudo isso houver queda na disponibilidade de alimentos no mundo, sem problemas - os gringos ambientalistas compram (dólar e euro) o que o Brasil ainda tiver permissão para produzir. Vai faltar comida para a população. Sem importância = o Brasil já tem milhões de famintos = know-how para mais alguns milhões de novos famintos.] Os bancos disseram que suas ações só podem ser efetivas se houver proteção da floresta. Perfeito, “por isso a atuação dos bancos será coordenada com o governo”. Imperfeito. Nesse ponto a banca privada terá que escolher. Ou faz o que diz ou dá a mão ao governo no momento em que ele está sendo pressionado por fundos e por empresas. Só há um caminho certo. O governo reconhecer que errou, demitir o ministro que nunca teve credibilidade, arquivar essa bobagem de conspiração internacional, retomar o roteiro seguido de 2004 a 2012, que derrubou o desmatamento em 80%, perseguir a meta do desmatamento líquido zero e voltar a ser o interlocutor confiável nas negociações do clima. O outro caminho é mudar um pouco para deixar tudo como está. O governo cometeu crime ambiental, estimulou grileiros e garimpeiros, que invadem terras indígenas, ameaçando etnias. Bolsonaro não mudou, Salles ficou, Tereza Cristina põe um pé em cada canoa, Mourão lustra o discurso. Os bancos precisam explicar a mágica de junto com este governo fazer um plano verde. Míriam Leitão, jornalista - Com Alvaro Gribel, de São Paulo