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sábado, 25 de junho de 2022

O padroeiro dos canalhas - Revista Oeste

Augusto Nunes

Lula confessa ter oferecido a sequestradores companheiros o socorro que negou a presos políticos cubanos 

Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

 Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

O avô de um amigo constrangia a família e assombrava visitantes ao cruzar a sala em silêncio, com passadas rápidas e inteiramente nu. Uma tia do meu pai, feliz com a festa do 100º aniversário, fez a dezenas de convidados já de saída as mesmas perguntas e a mesma oferta que repetira durante a vida inteira a quem aparecia na fazenda Itagaçaba: “Comeu bem? Bebeu bem? Quer pouso?”. Ao lado da aniversariante, a filha Bibi sussurrava a advertência: “Mãe, para com isso. Se alguém aceitar dormir aqui, não tem como acomodar”. Tia Leonor ouvia com atenção o conselho da única figura cujo nome não esquecera, mas retomava o mantra assim que alguém se despedia: “Comeu bem? Bebeu bem? Quer pouso?”. Outra parente octogenária caminhara em sentido oposto: se a filha cujo nome já sumira da memória continuasse puxando conversa na hora do almoço, ela perguntaria à caçula quando é que aquela estranha iria embora para que dividissem a mesa em sossego. Ela só reconhecia a filha caçula e, sabe Deus por quê, Silvio Santos.

Como a dilatação da expectativa de vida é mais veloz que os avanços da geriatria, incontáveis famílias hoje têm de lidar com casos assim. É preciso tratá-los com a amorosa paciência. Os avós da minha geração morriam cedo. Hoje, milhões de crianças crescem com bisavós por perto — e aprendem que podem fazer o que quiserem. Mas só no Brasil existe algo equivalente num partido político: pelo que tem dito e feito, Lula é a bisa do PT. Decide se o partido vai lançar candidato a governador ou contentar-se com a indicação do vice, muda o programa do partido sem consultar ninguém, envereda por assuntos que qualquer candidato com um pingo de juízo evita. Faz o que lhe dá na telha, e agora deu de fazer revelações que um político com um cisco de juízo guardaria em segredo. A última do patriarca destrambelhado consumou-se neste 17 de junho: resolveu gabar-se de ter libertado os arquitetos e os executores do sequestro do empresário Abílio Diniz, ocorrido durante as eleições presidenciais de 1989.

Lula pousou em Havana um dia depois da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que não resistira a 85 dias em greve de fome

Lula contou que, em 1998, botou na cabeça que deveria devolver à liberdade os autores do crime. Presos havia dez anos, tinham acabado de entrar em greve de fome. “Esses jovens, tinha argentinos, tinha gente da América Latina, iam entrar em greve seca, que é ficar sem comer e beber”, jurou num palavrório em Maceió. “A morte seria certa. Aí, então, eu fui procurar o ministro da Justiça, chamado Renan Calheiros.” Renan aconselhou-o a tratar diretamente com o presidente da República. Lula disse ter procurado FHC para dar-lhe um conselho: “Fernando, se você soltar os presos, pode entrar para a história como um democrata que evitou que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia”. Nessa versão, Fernando Henrique concordou em libertar os presos se fosse interrompida a greve de fome. Lula: “Fui na cadeia no dia 31 de dezembro conversar com os meninos e falar: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim, vocês vão ter de garantir pra mim que vão acabar com a greve de fome agora, e vocês serão soltos’. Eles respeitaram a proposta, pararam a greve de fome e foram soltos. E eu não sei onde eles estão agora”. [OPINIÃO SINCERA... é de se lamentar que o presidente sociólogo tenha libertado os bandidos = se eles tivessem entrado em greve de fome e morrido o mundo seria melhor. 
- e,melhor ainda se o descondenado petista fosse junto com eles - imaginem teríamos nos livrado da maior quadrilha que assaltou o Brasil por 13 anos.]

Nenhum  deles foi solto pelo governo brasileiro. Foram extraditados no ano seguinte, para cumprirem em seus países o que restava da pena de prisão
De todo modo, isso é o que menos importa: Lula sempre mentiu como quem respira. Muito mais chocante foi a obscena exposição do desprezo do ex-presidente pela clemência e pelos direitos humanos. Só um cafajeste de fina estampa pode exigir que companheiros terroristas fossem contemplados com o socorro que, 12 anos depois, negaria a dezenas de cubanos que discordaram publicamente da ditadura comunista. 
Em fevereiro de 2010, numa carta endereçada ao oportunista homiziado no Palácio do Planalto, 42 dissidentes encarcerados na ilha-presídio reiteraram o apelo ao Pai dos Pobres (e Mãe dos Ricos): “Ao sabermos de sua próxima visita a Cuba, solicitamos que, durante as conversações que manterá com representantes do primeiro escalão do governo, fale de nossa situação e advogue a favor de nossa libertação”.

Lula pousou em Havana um dia depois da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que não resistira a 85 dias em greve de fome. Nem por isso hesitou em atirar ao lixo o argumento que apresentara a FHC para devolver à liberdade os autores de um dos mais abjetos sequestros registrados no Brasil. “Greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas”, recitou o chefão da esquerda de botequim. “Imagine se todos os presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação.”

Afrontados pela infame hostilidade do presidente brasileiro, os cubanos acuados endereçaram ao presidente da Costa Rica o mesmo pedido de ajuda que Lula rechaçou. Fiel à biografia admirável, Oscar Arias nem esperara pela chegada do apelo, que Lula confessara não ter lido “por falta de tempo”, para estender a mão às vítimas dos carrascos. Já publicara no jornal espanhol El País um artigo que induzia a uma pedagógica comparação entre dois chefes de governo:

ARIAS: Uma greve de fome de 85 dias não foi suficiente para convencer o governo cubano de que era necessário preservar a vida de uma pessoa, acima de qualquer diferença ideológica. Não foi suficiente para induzir à compaixão um regime que se vangloria da solidariedade que, na prática, só aplica a seus simpatizantes. Nada podemos fazer agora para salvar Orlando Zapata, mas podemos erguer a voz em nome de Guillermo Fariñas Hernández, que há 17 dias está em greve de fome em Santa Clara, reivindicando a libertação de outros presos políticos, especialmente aqueles em precário estado de saúde.

LULA: Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano, de prender as pessoas em função da lei de Cuba, assim como quero que respeitem o Brasil.

ARIAS: Seria perigoso se um Estado de Direito se visse obrigado a libertar todos os presos que decidirem deixar de alimentar-se. Mas esses presos cubanos não são como os outros, nem há em Cuba um Estado de Direito. São presos políticos ou de consciência, que não cometeram nenhum delito além de opor-se a um regime.

Lula: Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos.

ARIAS: Não existem presos políticos nas democracias. Em nenhum país verdadeiramente livre alguém vai para a prisão por pensar de modo diferente. Cuba pode fazer todos os esforços retóricos para vender a ideia de que é uma democracia especial. Cada preso político nega essa afirmação. Cada preso político é uma prova irrefutável de autoritarismo. Todos foram julgados por um sistema de independência questionável e sofreram punições excessivas sem terem causado danos a qualquer pessoa.

Lula: Cada país tem o direito de decidir o que é melhor para ele.

ARIAS: Sempre lutei para que Cuba faça a transição para a democracia. O governo de Raúl Castro tem outra oportunidade para mostrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, sobretudo os direitos dos opositores. Se o governo cubano libertasse os presos políticos, teria mais autoridade para reclamar respeito a seu sistema político e à sua forma de fazer as coisas.

Lula: Não vou dar palpites nos assuntos de outros países, principalmente um país amigo.

ARIAS: Estou consciente de que, ao fazer estas afirmações, eu me exponho a todo tipo de acusação. O regime cubano me acusará de imiscuir-me em assuntos internos, de violar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou um lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade. Não me calo quando os direitos humanos são desrespeitados. Não posso calar-me se a simples existência de um regime como o de Cuba é uma afronta à democracia. Não me calo quando seres humanos estão com a vida em jogo só por terem contestado uma causa ideológica que prescreveu há anos. Vivi o suficiente para saber que não há nada pior que ter medo de dizer a verdade.

Oscar Arias é um chefe de Estado. Lula é chefe de uma seita com cara de bando. 
Arias conhece a História e tenta moldar um futuro mais luminoso. 
Lula nunca leu um livro, não sabe o que aconteceu e só pensa na próxima eleição. 
Arias é justo e generoso. Lula é mesquinho e oportunista. Arias se guia por princípios e valores. Lula menospreza irrelevâncias como direitos humanos, liberdade ou democracia. 
O artigo do presidente da Costa Rica, um homem digno, honrou o Nobel da Paz que recebeu
A discurseira do presidente brasileiro, um falastrão sem compromisso com valores morais, tornou-o tão candidato ao prêmio quanto Nicolás Maduro. A colisão frontal entre o que Arias escreveu e o que Lula disse escancarou a distância abissal que separa o estadista de um político de esgoto.

Leia também “Uma toga perdida na Amazônia”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

terça-feira, 28 de agosto de 2018

O jejum terceirizado durou menos que a vigília em Curitiba

A greve de fome nem completou um mês. Lula continua na gaiola

Na manhã de 31 de julho, começou em Brasília a primeira greve de fome terceirizada da História. O jejum de protesto, que só cessaria com a libertação de Lula, foi planejado por João Pedro Stédile. Mas ficariam sem comer os seis militantes escalados pelo chefão do MST, um ajuntamento de camponeses incapazes de distinguir uma cerca de um machado. “A greve não termina enquanto Lula não for solto para abraçar os manifestantes”, bradou Stédile.

A greve por tempo indeterminado durou 26 dias. No último sábado, horas depois de receberem uma mensagem de incentivo do ex-presidente presidiário, os candidatos a faquir assinaram um papelório em que se declaram “saciados pelo legado de luta e resistência do nosso povo” e formulam a ameaça tremenda: se necessário, “voltarão a fazer greve de fome”.

Stédile qualificou de “vitoriosa uma greve de fome que conseguiu ser mais curta que a vigília promovida por devotos da seita da missa negra nas imediações da sede da Polícia Federal em Curitiba. O bando de vigilantes foi derrotado pelo frio antes de completar 100 dias ao relento. A turma do jejum ficou longe de comida menos de um mês. Lula continua na gaiola.

Blog do Augusto Nunes - Veja
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Chega ao fim greve de fome por encomenda



Em breve, um novo evento


Manifestantes iniciam greve de fome em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), em apoio ao ex-presidente Lula - 31/07/2018 (Evaristo Sá/AFP)

O PT está pronto para tirar de cartaz a greve de fome encomendada a um grupo de 7 militantes do Movimento dos Sem Terra (MST) acampados nas vizinhanças do prédio do Supremo Tribunal Federal e que pedem a liberdade de Lula.

O evento já deu o que tinha de dar. Por aqui, não rendeu lá grande coisa. Serviu mais para alimentar com notícias a imprensa internacional e naturalmente será aproveitado nos primeiros de propaganda eleitoral do partido na televisão.  A greve já dura 25 dias. Mas para que acabe, e produza ainda algum barulho, o PT fará um apelo aos grevistas para que voltem a comer e não ponham mais sua saúde em risco. O apelo será atendido. E todos voltarão às suas casas felizes e mais magros.

Blog do Noblat - Veja
 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Lula já constrói sua ‘candidatura’ a cabo eleitoral

O PT ensaia uma coreografia grandiosa para o registro da candidatura de Lula na Justiça Eleitoral

Será na próxima quarta-feira (15). Nesse dia, haverá manifestações nas principais capitais. Três marchas de movimentos sociais devem chegar a Brasília no início da semana. A multidão gritará ‘Lula livre’. Mas o PT já não cultiva a ilusão de que a cela de Curitiba será aberta antes da eleição. Embora seus dirigentes não admitam publicamente, o que está em curso é a montagem da ‘candidatura’ de Lula ao posto de cabo eleitoral, não mais à Presidência da República. O enquadramento de Lula na Lei da Ficha Limpa é tratado internamente como fava contada.

Para vitaminar o poder de transferência de votos de Lula, o petismo aposta na comoção. Na noite desta terça-feira, o PT levou às redes sociais um vídeo que insinua o que está por vir. O mote para a elaboração da peça foi um conjunto de frases pronunciadas por Lula defronte do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo em 7 de abril, dia em que se entregou à Polícia Federal. “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia misturada com as ideias de vocês”, disse o condenado, antes de ser conduzido para a cela especial de Curitiba. “Minhas ideias já estão no ar… Agora vocês são milhões de Lulas”.

Lula e seus operadores mantêm em pé o plano de empurrar a impugnação da candidatura presidencial para uma data tão próxima do dia da eleição quanto possível. Consumado o indeferimento do registro no TSE, o partido recorrerá —primeiro à própria Corte eleitoral; depois, ao Supremo. Assim, a golpes de barriga, o PT espera esticar a corda até meados de setembro. Nesse intervalo, enverniza-se a pose de vítima de Lula.  Simultaneamente, alimenta-se o noticiário com matéria-prima para a mistificação do preso. Coisas como o estado de saúde dos seis militantes que dizem fazer greve de fome em Brasília e as evoluções da chapa tríplex (Lula—Fernando Haddad—Manuela D’Ávila), a ser convertida em chapa convencional (Haddad—Manuela) depois que a Justiça interromper, finalmente, a pantomima.

O poder de transfusão de votos de Lula será aquilatado pelas próximas pesquisas eleitorais. Em sua última sondagem, divulgada em junho, o Datafolha informara o seguinte: 30% do eleitorado dizia que votaria com certeza em um nome apoiado pelo pajé do PT. Outros 17% afirmavam que talvez votariam. Uma terceira fatia do eleitorado, estimada em 51%, declarava que não votaria num poste de Lula.  Além de elevar o índice dos eleitores que se deixam influenciar por Lula, o PT tenta reduzir as taxas de migração de votos do seu líder preso para candidatos de outros partidos. Segundo esse Datafolha de junho, 17% dos eleitores de Lula manifestavam a intenção de votar em Marina Silva se a candidatura do petista fosse barrada. Outros 13% prefeririam Ciro Gomes. Fernando Haddad, o poste de Lula, herdaria apenas 2% do eleitorado do padrinho. 

Blog do Josias de Souza
 

domingo, 5 de agosto de 2018

A convenção do candidato preso

Máscaras, cantos pró-Lula e a rebelião dos jovens militantes, ao tempo que Delegados gritam em defesa da candidatura de Marília Arraes, impedida pela cúpula do PT de disputar o governo de Pernambuco

Em cada uma das quatrocentas cadeiras de plástico na casa que abrigou a convenção nacional do PT em São Paulo, na manhã deste sábado, havia uma máscara de papelão com uma foto do ex-presidente Lula e um folheto à espera dos militantes. "É pra sentar em cima do homem? Ele já está na pior e agora essa", brincou um sindicalista.

A declaração impressa na folha de papel resumia o mote do dia: "Lula livre, Lula candidato, eleição sem Lula é fraude!". Os apoiadores do partido, vindos de todo o país, têm em comum a crença de que as eleições deste ano não têm legitimidade, já que o candidato do partido, que tem a maior intenção de votos nas pesquisas eleitorais, está encarcerado desde 7 de abril.

Mascarados e entoando o canto "eu sou Lula", os petistas deram um ar de "V de Vingança" tupiniquim à convenção. No palco, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, explicou didaticamente: "Somos milhões de Lulas, como ele pediu." Apesar da instrução, muitos não entenderam onde deviam colocar a máscara. “Vamos lá, gente, na frente da cara”, instruíam alguns militantes na hora de tirar uma foto coletiva.

Como todos os eventos recentes do partido, a convenção foi um misto de palanque eleitoral e ato contra a prisão de Lula, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. Os temas políticos propositivos praticamente desapareceram dos discursos, centrados em Lula e em críticas ao sistema Judiciário e político. Só o paulista Eduardo Suplicy, candidato a senador, foi ao palanque para falar de uma proposta, a renda básica universal, seu xodó. Já com 77 anos, ficou rouco com um breve discurso.

Os repórteres e fotojornalistas dos grandes veículos de imprensa foram relegados a um camarote, sem acesso à plateia principal nem aos banheiros e bebedouros. Nos discursos dos membros do partido, como de costume, a mídia foi um dos principais alvos, acusada de ser golpista. Só podiam chegar perto do palco a agência de notícias do PT e fotógrafos ligados à militância.

O clima era de defesa fervorosa do ex-presidente, cujo rosto era retratado em canecas, broches, camisetas, livros e todo tipo de lembrancinha sendo vendida por apoiadores. Na plateia e fora dela, a cada segundo alguém gritava "Lula livre", inclusive crianças. Até de dentro da cabine do banheiro feminino, urinando, uma estudante secundarista puxou gritos apaixonados pedindo a soltura do ex-presidente. E foi acompanhada por outras mulheres. [a secundarista estava em um local duplamente adequado para fazer m ... : um banheiro e em uma convenção do partido 'perda total'.]    Entre os universitários, havia presença de algumas dezenas de cariocas e petistas de outros estados, mas não tantos paulistas, dando sinal do desgaste do partido nas universidades de São Paulo. A juventude puxou gritos contra o juiz Sergio Moro, o presidente Michel Temer e outros personagens repudiados pelos petistas.


A coesão em torno da figura de Lula e a constante gritaria coordenada a seu favor não significam que não haja rusgas no partido. O diretório pernambucano, que desobedeceu a Executiva Nacional e indicou a vereadora Marília Arraes para concorrer ao governo do estado nesta semana, levou dezenas de cartazes com os escritos "Marília governadora!" para manifestar a insubordinação, por exemplo.

A cúpula do PT, que já derrubou o recurso do diretório estadual a favor de Marília, quis evitar que a pernambucana concorresse com o governador Paulo Câmara (PSB), cujo partido costurou um acordo com o PT para permanecer neutro nestas eleições. Os delegados de Pernambuco eram numerosos e ocupavam quase um quarto do espaço. Inconformados, se comportavam quase como oposição.  A defesa da candidatura própria virou uma causa querida entre militantes mais jovens, e não só os pernambucanos. No grito entoado por eles, o recado é claro: "Não tem acordo com golpista, Marília candidata governadora petista". A referência da rima é ao fato de PSB ter apoiado o impeachment de Dilma em 2016.

Diversos discursos foram interrompidos por gritos em prol de Marília, para visível constrangimento e sorrisos amarelos dos membros da Executiva no palco. Entre eles, estavam os deputados federais Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP), Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, e a filósofa Marcia Tiburi, candidata ao governo do Rio de Janeiro que não desgarrava de sua máscara de Lula.  A combinação com o PSB nesta semana teve como intenção isolar Ciro Gomes (PDT), que passou a fazer críticas mais ferozes ao PT e ao seu séquito. Em entrevista à GloboNews na última quarta-feira, chamou de "caudilhismo" a greve de fome que petistas mantêm em Brasília em defesa de Lula desde a última segunda-feira. Os famintos, inclusive, participaram da convenção com um relato emocionado em vídeo, transmitido no telão e aplaudido.

À exceção de Lula, porém, as lideranças que despontam no PT não são tão queridas assim, a julgar pelos cochichos nos corredores. Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo cotado para substituir Lula caso sua candidatura seja impugnada, é visto como moderado demais e descolado da base. Quando fala, desperta olhares de reprovação, apesar de seus discursos cada vez mais radicalizados e do protagonismo que ganhou nas últimas semanas como interlocutor do ex-presidente Lula na prisão.  Até o nome da candidata a senadora Dilma Rousseff, sofre alguma rejeição. "Dilma não lutou como deveria. Nós perdoamos muita coisa vindo dela. Ela teve câncer, mas o Lula não teve também? Só porque é mulher a gente espera que seja mais fraca?", esbravejou uma petista. Os militantes ao seu lado concordaram.   Um dos apoiadores da ex-presidente é Luis Dantas, que compareceu ao evento travestido de Dilma, com direito a terninho vermelho, faixa presidencial e um "pixuleco" de Aécio Neves (PSDB-MG) com roupa de presidiário.
 
Quem caísse de paraquedas teria a impressão de que o único nome popular o suficiente para substituir Lula na corrida presidencial é o de Marília Arraes, mas a realidade é que ela encarna o descontentamento de boa parte dos jovens e dos sindicalistas com as alianças feitas pelas lideranças do partido nos últimos anos, antes, durante e depois do impeachment. O pragmatismo dos dirigentes, que não se afastaram nem do PMDB, que articulou a saída de Dilma, irrita parte da base de apoiadores do PT que estava lá. "Somos radicalmente contra a decisão da Executiva de barrar a candidatura de Marília", diz à ÉPOCA a petista pernambucana Leda Carvalho, dando sinais de desolamento. "A estratégia eleitoral está toda centrada em torno de Lula livre, mas, com essas alianças, vai ser a maior derrota eleitoral que o PT já teve."

Já para o sindicalista e metalúrgico Eduardo Vieira, de Minas Gerais, a vida política tem dessas coisas. “Temos que fazer aliança com quem for, cada estado sabe sua conjuntura. Parte do PMDB apoiou o golpe, outra parte não. Fazer o quê?”, questiona.  No fim do dia, a unanimidade é só mesmo em torno de Lula. Como o mascarado V., na graphic novel de Alan Moore, é mais do que uma pessoa, é uma ideia. É o que está escrito no poema "IDEIA", que faz parte da coletânea "Lulalivre Lulalivro", distribuída para militantes na porta do evento. "Aprisionaram / Seu nome-carne / Isolaram / Seu nome-espírito / Mentiram / Sobre seu nome / Mas seu nome / Virou nome-ideia.

Em seu discurso, Dilma arranhou uma explicação de que ideia exatamente é essa. "O Lula representa todas as realizações feitas nos últimos 13 anos. Representa a esperança de que vamos mudar esse país", afirmou.

O evento durou cerca de três horas, das 11h às 14h, quando o vendedor de amendoim do PT já estava sucumbindo à pressão e distribuindo seu produto de graça. Quando foi lida a carta de Lula, lamentando não poder participar da convenção pelo fato de estar em uma cela da Polícia Federal, em Curitiba, metade da plateia já havia saído para almoçar.


Época
 

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Depois da vigília que morreu de frio, devotos de Lula farão greve de fome

Em casos de "fome extrema", voluntários estarão de prontidão para "reposição de pessoal" ─ seja lá o que isso signifique


“A greve não termina enquanto Lula não for solto para abraçar os manifestantes”, avisou João Pedro Stédile nesta segunda-feira, durante um ato eleitoreiro disfarçado de entrevista coletiva no Centro Cultural de Brasília. À plateia, formada pelos principais representantes de sites e blogs companheiros, integrantes da Via Campesina e militantes de movimentos ligados ao PT anunciaram uma “greve de fome por tempo indeterminado” em apoio ao ex-presidente presidiário. O chefão do MST não deixou claro se participará da ação ou repetirá o papel de espectador privilegiado que desempenha nas invasões ilegais que ordena aos subordinados que façam.

“Nossos companheiros e companheiras dos movimentos sociais decidem fazer greve de fome por justiça, democracia e liberdade para Lula e o povo brasileiro”, comemorou Maria do Rosário no Twitter. A deputada federal gaúcha promete acompanhar todos os passos do grupo entrincheirada em seu gabinete, nos intervalos das refeições que não deixará de fazer.

Frei Sérgio Gorgen aproveitou a oportunidade para transmitir a advertência a meia dúzia de jornalistas: “Se alguma coisa grave acontecer com qualquer um de nós, têm culpados e responsáveis”. Sérgio Moro seria o o primeiro da lista de acusados, completada pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus.

Como ninguém é de ferro, a greve não começou logo depois de anunciada. A largada do jejum ocorrerá nesta terça-feira, às 14h, em frente do prédio do Supremo Tribunal Federal. Em casos de “fome extrema”, o grupo avisou que voluntários estarão de prontidão para “reposição de pessoal” — seja lá o que isso signifique.  É cedo para arriscar respostas a uma pergunta inevitável: a greve de fome prometida para pra esta terça será mais longa ou mais curta que a vigília dos devotos de Lula nas imediações da sede da Polícia Federal em Curitiba? A segunda morreu de frio antes de completar 100 dias.

Branca Nunes e Cristyan Costa - Veja - Blog do Augusto Nunes
 

Tumulto marca início de greve de fome pela liberdade do petista



Greve de fome pró-Lula inicia sob tumulto no STF - Ato foi no mesmo local onde, na semana passada, manifestantes jogaram tinta vermelha 

[palhaçada: enquanto o palhaço mor continua enjaulado em uma cela em Curitiba os palhaços idiotas mostram o quanto são ridículos.

Querem chamar atenção e teriam o mesmo resultado  - nenhum - se pendurassem uma melancia no pescoço ou se enforcassem no mastro da Bandeira da Praça.

Por óbvio, na opção do enforcamento chamariam mais atenção.]

Seguranças formaram um cordão e forçaram a saída dos grevistas com empurrões. PT diz que eles protocolaram no Supremo manifesto sobre a greve
Um grupo de seis pessoas começou na tarde desta terça-feira, 31, uma greve de fome pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em um processo da Operação Lava Jato e preso. O ato que marcou o início da greve durou 50 minutos e teve início às 16h, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde, segundo o PT, os militantes protocolaram um manifesto anunciando a medida.

Formando um cordão, a equipe de seguranças da Corte forçou a saída dos grevistas da entrada do tribunal com empurrões. Três deles caíram da escada que dá acesso ao Salão Branco do Supremo, área externa do prédio usada para a passagem dos ministros quando chegam às sessões plenárias. Por meio de uma nota em seu site, o PT diz que os manifestantes foram “empurrados e pisoteados”. A assessoria de imprensa do STF não respondeu sobre a retirada dos militantes.
[- 6 (seis) vagabundos, arruaceiros  profissionais, que estão soltos devido o desemprego deixado pela maldita corja petista, ter revogado indiretamente o artigo que proíbe a vadiagem, todos eles estariam presos.
Será que pensam que alguém está preocupado com eles? enquanto fingem fazer greve de fome o presidiário e candidato cenográfico se diverte comendo guloseimas e debochando dos otários que fazem greve de fome.]

Aderiram à greve de fome integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Central dos Movimentos Populares (CMP). De acordo com os coordenadores dos movimentos, os protestos vão ocorrer em Brasília, na frente da sede da Corte, e abrem uma série de atos que reivindicam a candidatura do petista, preso em Curitiba desde 7 de abril.  “A ideia é só sair no dia em que Lula for solto, porque Lula representa para nós a possibilidade de restabelecer a ordem democrática, a soberania nacional e a dignidade para o povo brasileiro”, afirmou Jaime Amorim, integrante do MST de Pernambuco.

De acordo com Frei Sérgio Antônio Görgen, um dos grevistas, quem decidirá o fim da manifestação são os ministros do Supremo. “Nós vamos voltar todos os dias. Temos um local onde vamos permanecer, mas ainda estamos definindo qual será”, disse.
“Qualquer coisa que acontecer com qualquer um de nós tem responsáveis com nome e sobrenome: ministra Cármen Lúcia, ministro Edson Fachin, ministro Luiz Fux, ministro Luís Roberto Barroso, ministra Rosa Weber e ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Görgen. [não vai acontecer nada com essa corja, exceto se exporem ao ridículo e abandonarem o movimento por absoluta inanição (do movimento, já que eles continuaram se alimentando; aliás a liderança petista curte muito fazer militante, ou militonto, de otário: lembram da vaquinha para pagar a multa do guerrilheiro de festim Zé Dirceu? enquanto tinha militonto vendendo o almoço para contribuir com a vaquinha Dirceu faturou quase R$ 30 milhões de propina = umas trinta vezes o valor da multa.] 
 
Os seis ministros citados por ele votaram pela rejeição do pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, em 5 de abril, o que abriu caminho para a prisão do petista.  Depois de retirar os manifestantes, a equipe de seguranças do Supremo isolou a área de acesso ao prédio principal da Corte. A Polícia Militar auxiliou no isolamento. Do lado de fora, cerca de 40 pessoas carregando cartazes pró-Lula protestavam, aos gritos de “Judiciário golpista”, “canalhas”, e “injusta condenação (de Lula)”.

Os grevistas almoçaram com um grupo de apoio em um espaço mantido pelos movimentos em Brasília. De acordo com Luiz Gonzaga, o Gegê, líder da CMP, esta foi a última refeição deles até que o STF determine a libertação do ex-presidente. Foram servidos costela com mandioca, arroz, feijão e melancia de sobremesa.  A greve de fome começa um dia antes da volta aos trabalhos dos ministros do Supremo – a Corte estava em recesso. Esta é a terceira semana consecutiva em que há manifestações em frente ao STF. Na última terça-feira, 24, cerca de 20 manifestantes favoráveis a Lula jogaram tinta vermelha no Salão Branco. Uma semana antes, outros militantes criticaram decisões recentes do colegiado, o salário dos magistrados e a prisão do ex-presidente Lula.

Veja