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terça-feira, 27 de junho de 2017

Investidor se antecipa e reação no mercado financeiro é moderada

A queda da bolsa nesta terça-feira, em torno de 0,7%, indica que o investidor já havia se antecipado à denúncia contra o presidente Michel Temer. Corretores e gestores contam que os clientes reagiram sem sustos, diferentemente do que aconteceu em maio, após as revelações feitas por Joesley Batista. Desde então, a recomendação aos investidores segue a mesma: liquidez e cautela.

Um corretor conta que, logo cedo, recebeu ligações de estrangeiros. Eles queriam se preparar para possíveis choques em cotações, o que não aconteceu, por ora. A piora no preço dos ativos vem ocorrendo aos poucos. Os investidores de fora desconfiaram, mas acabaram se convencendo após a abertura tranquila dos mercados.

Os juros futuros seguiram a tendência recente e estão em alta. O dólar, que também já vinha subido nos últimos dias, se valoriza 0,8% e vale R$ 3,32; em meados de maio, antes da divulgação dos áudios, a cotação estava em torno de R$ 3,10. O corretor acredita que, sem reformas, o câmbio terminará o ano acima de R$ 3,60.

O governo está fragilizado. Diminuiu a confiança na aprovação da reforma da Previdência como ela está hoje. Com a incerteza, o país ficou “sem cenário”, diz um gestor. Falta clareza. Ele recomenda ao investidor manter a liquidez para ter dinheiro no bolso quando as cotações piorarem. Na visão dele, com a paralisia do governo esse movimento vai se agravar nos próximos meses. Isso talvez aconteça sem sobressaltos, como ocorre nesta terça-feira.

Fonte: Blog da Miriam Leitão  
 

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Tasso Jereissati: “Caminhamos para uma catástrofe”



O senador tucano defende que a oposição colabore para combater a crise – desde que o PT assuma o desgaste de aprovar medidas difíceis
Ao completar 30 anos de vida pública, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) diz nunca ter visto o país numa encruzilhada semelhante à que se encontra. Ele acha que o governo não conta com o apoio integral nem do PT. Que a Lava Jato escancarou a contaminação sistêmica do poder público pela corrupção. E que há ainda um fato inédito na história do Senado: a prisão de um membro da Casa em exercício, o petista Delcídio do Amaral, solto na semana passada depois de três meses detido. Jereissati defende uma oposição propositiva, não incendiária, e faz autocrítica: “No primeiro ano, a oposição foi muito pouco vocacionada para qualquer discussão construtiva”, diz nesta entrevista a ÉPOCA. “Em 2016, todas as propostas propositivas estão vindo da oposição.” O senador afirma que a parte difícil é atrair o PT. “O PT entregou o governo”, diz. “Só faz demagogia para manter as bases.”

ÉPOCA – A prisão do marqueteiro João Santana pode levar o governo a uma situação-limite?
Tasso Jereissati – Venho de uma geração que pegou a ditadura no auge. Para mim, a democracia e a defesa das instituições são sagradas. Ninguém das pessoas com quem convivo admite quebra de instituição. Por outro lado, há uma presidente que entra em seu segundo ano de mandato num governo que não tem saída nem perspectiva. A prisão do João Santana agrava o cenário. Antes, um desfecho desfavorável para a presidente Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era remoto. Com a descoberta de pagamentos ilícitos feitos durante a campanha, ao que tudo indica se torna provável. E tudo isso se soma à ingovernabilidade. As suspeitas sobre João Santana, baseadas em provas fartas, são de desvio de dinheiro público para campanha eleitoral. Ou seja, o próprio marqueteiro passa a fazer parte do esquema de corrupção. É diferente do caso de Duda Mendonça durante o mensalão, que era o receptor do dinheiro. João Santana deixou de ser marqueteiro para ser o elo de corrupção, não um acessório.
"O PT entregou o governo e agora faz demagogia para tentar manter suas bases sociais”"
Tasso Jereissati

ÉPOCA – A defesa de João Santana fala em caixa dois. Há esperança de que isso acabe com a nova legislação sobre financiamento de campanha?
Jereissati – Tudo o que está acontecendo se deve a gastos absurdos que ocorreram nas últimas campanhas. Eles só se justificam se forem em troca de algo ou de dinheiro desviado de ente público. Mas o financiamento privado, se feito corretamente, é saudável e necessário. É hipócrita achar que seu fim vai enterrar a corrupção. É muito difícil fazer campanha sem nenhum tipo de doação privada. É preciso pagar produção, diretores, publicitários. Eu havia proposto um sistema em que se pudesse aceitar doação de empresa com um limite. Escandaloso é uma empresa sozinha doar R$ 100 milhões ou R$ 200 milhões aos dois lados. Isso significa que quer se aproveitar do governo que ganhar. O correto seria estabelecer o limite por empresa, independentemente de seu tamanho, para inibir que uma empresa enorme possa ser praticamente dona da campanha de um candidato.

ÉPOCA – O que o senhor acha do comportamento da oposição diante das crises política e econômica?
Jereissati – Estamos no início do segundo ano de mandato. No primeiro ano, a oposição foi extremamente opositora, muito pouco vocacionada para qualquer discussão construtiva. Contrariou, inclusive, sua própria agenda histórica. Mas, no momento em que a oposição percebeu que a situação é gravíssima e que não há luz no fim do túnel, isso mudou. Em 2016, todas as propostas propositivas estão vindo da oposição. Há o projeto que desobriga a participação da Petrobras no pré-sal, o projeto de mudança no controle das estatais, do qual sou relator, o projeto do senador Aécio Neves sobre mais governança nos fundos. Se vier uma proposta sobre a reforma da Previdência, os senadores do PSDB estarão dispostos a discutir. Mas precisa vir com o apoio do PT, da base. Não dá para jogar para a oposição todo o ônus da impopularidade dessa medida.

É impressionante que, mesmo diante de tudo o que está acontecendo com as estatais, não haja um alinhamento dos partidos para que elas se tornem empresas com governança e transparência. O que estamos propondo é que tenham uma administração semelhante à das multinacionais, sem indicações em cargos executivos. E que os conselheiros sejam capacitados, em vez de políticos. A Refinaria de Pasadena é um caso emblemático. A própria presidente Dilma, que presidia o Conselho, deixou passar a compra de uma refinaria inútil.

ÉPOCA – Como a oposição se prepara para um possível impeachment de Dilma?
Jereissati O sentimento é de preocupação extrema. A discussão sobre o impeachment esfriou, e ninguém quer isso. Nosso papel está focado no hoje. Agora só podemos investir em uma agenda propositiva para o país. Se o governo pegar carona, poderemos implantar medidas para tirar essa perspectiva horrorosa. Um exemplo: aguardamos uma proposta mínima de simplificação tributária, e isso tem de vir do governo. Mas não veio nada. Quando o semestre terminar, as campanhas eleitorais começarão, e não haverá possibilidade de grandes votações. Queremos negociar, não porque somos generosos ou bonzinhos. Mas sim porque estamos vendo uma catástrofe anunciada. O governo não é capaz de reagir, e o PT não percebe o tamanho do problema.

ÉPOCA – O PT desembarcou do governo Dilma?
Jereissati Sem dúvida. O PT entregou o governo e agora faz demagogia para tentar manter as bases sociais: sindicalistas, aposentados, algumas classes de servidores. O que discutimos no Senado nos últimos dias é um exemplo desse descolamento. O projeto que muda a participação da Petrobras no pré-sal é um presente para o governo num momento em que a empresa é incapaz de fazer investimentos. Tratamos aqui de estimular a participação estrangeira para aumentar a arrecadação com royalties e ajudar Estados e municípios. O PT deveria discutir com seriedade isso. Mas discursa contra só para agradar a sindicatos de petroleiros. O PT está preocupado em falar para a sua base. Não está preocupado com o país ou com o governo.

Perdeu completamente o bom-senso. O partido parece não ter noção da gravidade da situação. Tivemos uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para discutir a agenda do ano. A do PT trata de mutirão Maria da Penha e serviço militar para mulheres. Não tem nada de crise fiscal, reformas necessárias... Estamos caminhando para uma catástrofe, e o PT não está disposto a embarcar em uma solução capaz de evitar isso. A agência de classificação de risco Moody’s cortou a nota do Brasil em dois degraus, e isso mal vira notícia, porque já é lugar-comum. Vamos ter 11 milhões de desempregados até o final do ano, grandes empresas vão quebrar e haverá desindustrialização. A situação é séria. E a falta de responsabilidade do PT pelo fato de ser governo é algo inédito na história recente.

ÉPOCA – O Senado já viveu dias tão duros?
Jereissati Houve muitas situações complicadas no espectro político: o processo de cassação do Renan em 2007, apesar de ele ter renunciado antes; o Luiz Estevão; o José Roberto Arruda; o Antonio Carlos Magalhães com a questão de violação do painel; e o Demóstenes Torres com o escândalo do Carlinhos Cachoeira... Mas eram situações isoladas. Agora não há comparação. É a soma do escândalo sistêmico com a crise econômica e moral.

ÉPOCA – O senador Delcídio do Amaral pode entrar para esse rol?
Jereissati – Eu, particularmente, não acredito na cassação. Mas o senador Delcídio deve se explicar. Ele deve discursar no Senado e explicar o que aconteceu, quando voltar de sua licença. Ele é um político hábil e muito cordial. Tem um relacionamento muito bom com os outros senadores. A gravação que ele fez o deixou em uma situação quase indefensável. E o Senado vive este dilema: um senador querido por todos que fez muito pelo governo – pois, se não fosse ele, muitos problemas teriam ocorrido –, mas, ao mesmo tempo, que falou coisas indefensáveis. Não vai ser fácil. Tudo dependerá da defesa e da explicação que ele der.

ÉPOCA – O que de pior ainda pode acontecer no Brasil?
Jereissati A crise econômica é algo que assusta, principalmente pelo fato de não haver reação do governo. Se nada for feito, teremos uma dívida de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Se chegar a 80%, começa-se a aventar a possibilidade de calote. Isso é o fim. Se o mercado internacional começar a desconfiar de calote, acabou. E isso pode acontecer se o mercado se convencer de que o governo não fará nada para desviar-se desse caminho. Mesmo se o governo tiver a iniciativa, ainda há o PT que joga contra. Isso espanta o investidor. Ninguém vem ao Brasil com dívida de 80%. Ninguém compra, não tem crédito, não tem emprego.

Fonte: Época


sábado, 23 de janeiro de 2016

O crachá dourado da Petrobras

Mesmo no preju, a estatal mima seus funcionários com benefícios bem companheiros – um deles pode custar pelo menos R$ 3,5 bilhões à companhia 

Centro do Rio de Janeiro, Avenida República do Chile, 65: cuidado, ali funciona a sede da Petrobras. É um local perigoso. Quem bate ponto nesse endereço está sujeito à faina de gatunos (na mesa ao lado) e pivetes (nas ruas). Só pode ser por tão boas e fundadas razões que os funcionários dali – e de outros escritórios da estatal recebem, todo dia 25, um “adicional” equivalente ao de periculosidade e de horário noturno. Por lei, esse tipo de adicional é pago àqueles que trabalham longas noites nas refinarias ou nas plataformas a centenas de quilômetros da Costa, onde passam semanas embarcados, comem em refeitórios, dividem dormitórios com colegas e convivem com o balanço nauseante do mar aberto.

 Ao pagar salários similares a quem atua no perigo dos gabinetes e a quem atua no perigo das plataformas, a estatal, para completar a patuscada, conseguiu enfiar-¬se numa disputa judicial que pode subtrair pelo menos R$ 3,5 bilhões do já seco caixa da empresa – o prejuízo pode chegar a seis vezes esse valor. Pobre do investidor que comprou ações da Petrobras (R$ 4,50, ou um cafezinho). Não havia sinal de perigo.

O adicional malandro apareceu nove anos atrás, por obra de sindicalistas que passaram a ocupar cargos de chefia na Petrobras. Em 2007, o gerente de recursos humanos, Diego Hernandes, e o gerente de relações sindicais, Jorge Cândido, ambos ex-dirigentes da Federação Única dos Petroleiros, a FUP, firmaram um acordo com sindicatos amigos. Ficava instituído que trabalhadores contratados a partir de 2002 teriam direito a uma benesse concedida aos mais antigos, contratados até meados dos anos 1990. A vantagem era a seguinte: para agradar a um empregado que deixasse de trabalhar nas plataformas e passasse a atuar nos escritórios perdendo, assim, o adicional de periculosidade –, a Petrobras oferecia um bônus que mantinha o salário na faixa anterior. Uma tremenda boquinha, tocada por Hernandes, ligado ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari, que é investigado sigilosamente na Lava Jato, e a José Dirceu, que está preso.


A Petrobras passou quase dez anos sem contratar e, quando retomou os concursos, em 2002, havia excluído essa vantagem dos novos contratos de trabalho. Pressionados pelos antigos companheiros de sindicato, Hernandes e Cândido cederam. Criaram um mecanismo de equiparação e mantiveram a política de pagar o equivalente a um adicional de periculosidade para funcionários que trabalham em escritórios. Com o acordo, eles faziam um agrado aos sindicatos amigos, ávidos por filiar mensalistas e engordar seu caixa.

 Os dois gerentes eram bancados em seus cargos pelos ex-¬presidentes da Petrobras, ambos petistas, José Eduardo Dutra (morto em 2015) e José Sérgio Gabrielli, também investigado na Operação Lava Jato. A FUP é aliada ao PT.  Apesar de terem aceitado, em 2007, o acordo de equiparação dos salários, os sindicatos de petroleiros – inclusive os 14 reunidos na FUP – decidiram questionar na Justiça do Trabalho a forma como se calculam esses complementos. Os sindicatos argumentam que quem trabalha em condições piores está sendo prejudicado jura? A Petrobras afirma que, caso prevaleça o cálculo proposto pelos sindicatos, o salário de um funcionário de nível médio com direito aos adicionais pode subir de R$ 12 mil para R$ 17 mil. A estatal ganhou as primeiras ações, apresentadas em 2010, mas desde 2013 acumula derrotas nos tribunais. Agora, recorre ao Tribunal Superior do Trabalho. O Ministério Público do Trabalho já deu parecer favorável ao pedido dos sindicatos.

Situações assim foram criadas sob o pretexto de “desfazer desigualdades” e de “reter talentos”, nos tempos da exuberância, quando um barril de petróleo custava mais de US$ 100 e o pré-sal parecia viável. Tudo isso ficou para trás. Mas isso não é problema dos empregados, dizem os sindicatos. As entidades reproduzem uma cultura arraigada entre os funcionários da Petrobras: a ideia de que, por trabalharem em condições difíceis e por terem passado em concursos duríssimos, eles merecem todo tipo de benefício, independentemente do contexto em que a empresa se encontre. Com esse raciocínio, os sindicatos arrancaram da Petrobras em 2014 um acordo que garantiu o pagamento de R$ 1 bilhão de participação nos lucros e resultados do ano anterior, embora a empresa não só não tenha registrado lucro, como uma perda de R$ 21,6 bilhões. Representantes dos acionistas minoritários no Conselho de Administração da Petrobras se opuseram ao pagamento. Foram vencidos pelos representantes do governo.

No meio de 2015, Murilo Ferreira, presidente da Vale e então presidente do Conselho da Petrobras, tentou combater essa cultura – que inclui outros privilégios. Ferreira questionou o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, sobre outra benesse: o “programa de avanço de nível”. O mecanismo permite promoções automáticas, baseadas apenas no arcaico conceito do tempo de serviço. Os funcionários com bom desempenho ganham, anualmente, um aumento de 4%. Os mal avaliados também só precisam esperar dois anos. Somente em 2015, essas promoções custaram quase meio bilhão de reais. Bendine, porém, manteve as promoções.


Procurada, a Petrobras disse, por meio de nota, que não comenta o complemento equivalente à periculosidade porque o assunto é alvo de disputa judicial. Afirmou, ainda, que a política de recursos humanos tem como base “análises de contextos interno e externo”. A Federação Nacional dos Petroleiros, a FNP, que congrega cinco outros sindicatos que não a FUP, diz que os benefícios pagos pela Petrobras estão “aquém de outras petroleiras do mundo”. Segundo seu tesoureiro, Agnelson Camilo, benefícios como reembolso de medicamentos e educação dos filhos dos funcionários deveriam ser oferecidos “por todas as empresas”. Camilo diz que, ao contrário da FUP, a FNP “desde sempre” discordou do cálculo da remuneração mínima. Procurados, a FUP e Diego Hernandes  não responderam e Jorge Cândido não foi localizado pela reportagem.

Fonte: Revista Época