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sexta-feira, 28 de abril de 2023

O sumiço do governo na articulação com o relator do arcabouço fiscal

 Cláudio Cajado ainda não foi chamado ao Planalto ou à Fazenda; de colegas, ouve críticas à ausência no texto de punição a gestores que descumprirem regras

Até agora, ninguém do governo chamou o relator do arcabouço fiscal, Cláudio Cajado (PP-BA), para uma conversa no Palácio do Planalto ou no Ministério da Fazenda.

O mais perto disso foi uma abordagem recente pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Mas, em vez de fazer a ponte, o petista só perguntou ao deputado se alguém do Executivo o havia procurado.

Cabe lembrar que Arthur Lira anunciou Cajado como o relator do arcabouço fiscal há oito dias, dizendo haver feito a escolha “com a celeridade que o país exige”.

Ao Radar, Cajado afirmou que são três as principais críticas ao projeto de Fernando Haddad que tem ouvido até agora: ausência de punição a gestores por descumprir metas, exceções demais às regras e necessidade constante de alta da arrecadação para aumentar investimentos.[os três pontos são INACEITÁVEIS, porém já esperados, visto que a intenção do DESgoverno é não cumprir as metas, rechear o projeto de exceções (fica mais fácil judicializar) alta constante da arrecadação = com mais dinheiro arrecado, mais fácil roubar.]

Lira quer pautar a votação da proposta até 10 de maio. O relator acredita que a aprovação do texto na Câmara seria um gesto concreto do governo Lula que o Banco Central não poderia ignorar na calibragem dos juros. “O Banco Central deveria estar se preparando para baixar a Selic”, disse. [o Banco Central só baixa a Selic quando a inflação começar a cair.]

Por enquanto, Cajado afirma estar se limitando a escutar, de “mente aberta”, as impressões e sugestões de colegas na Câmara sobre o projeto, sem transparecer sua própria avaliação. “É um projeto moderno, com conceitos valorosos”, declara. Ele tem contado com o auxílio de consultores de orçamento da Câmara, que, por sua vez, estão em interlocução com técnicos do governo.

Na quinta à noite, Cajado chegou a São Paulo para a primeira rodada de conversas com a Faria Lima desde que assumiu a responsabilidade sobre o texto do arcabouço fiscal. Na agenda, o BTG Pactual e mais cinco casas do mercado financeiro.

Radar - Revista VEJA


domingo, 19 de março de 2023

Troque todos os gestores por Miriam Leitão! - Gazeta do Povo [é fria... mas, aqui vai!!!]

 Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Como muitos sabem, trabalhei no mercado financeiro por vários anos, primeiro como analista de empresas e depois como gestor de portfólio. Não existe mercado mais competitivo. As cabeças mais brilhantes e as pessoas mais ambiciosas disputam algum espaço num ambiente em que "bater a média" é tarefa hercúlea. Não por acaso aqueles que conseguem fazê-lo de forma sustentável amealham fortunas.

Mas estou tendo "Second Thoughts" sobre isso. Será mesmo que vale a pena delegar para os gestores mais competentes o controle de nossas suadas economias? Não sei. Ao ler a coluna da jornalista Miriam Leitão no Globo hoje, fiquei quase convencido de que é melhor trocar todos eles por ela, a jornalista que fez o L para "salvar a democracia" e agora enxerga várias qualidades no atual governo, enquanto todos nós estamos nos preparando para o pior.

Logo no título, Leitão diz que o mercado virou as costas não só para o governo, mas para o país. Linha estranha de raciocínio, uma vez que os patriotas se recusaram a fazer o L justamente pensando no Brasil, não em recompensas imediatas - que muita gente que fez o L está cobrando e coletando. 
A conclusão da jornalista foi com base numa pesquisa que mostra quase todo o mercado pessimista com a gestão Lula: Uma pesquisa da Genial/Quaest ouviu 88 executivos do mercado financeiro, e apenas 2% disseram que a política econômica está certa, 98% acham que está errada. Na expectativa dos próximos 12 meses, 6% dos executivos apostam que vai melhorar. 
A mesma pergunta feita para a opinião pública em geral indica que 62% acreditam que vai melhorar. E só 20% estão pessimistas, contra 78% do mercado financeiro que dizem que vai piorar.
 
Pessimismo ou realismo? Para Miriam Leitão, está todo muito errado, e por culpa de Bolsonaro! Tinha que ser, convenhamos. 
Ela acredita que o ex-presidente incutiu ideologia na cabeça dessa turma fria e calculista, que só pensa em retorno sobre o capital. Para Leitão, são todos os abestalhados influenciados pela "extrema direita", uns bobões manipulados pelo Carluxo: A pesquisa inédita mostra de forma evidente que os executivos do mercado financeiro se deixaram levar pela ideologia. O bolsonarismo contaminou sua visão do que está acontecendo no país, quando a visão objetiva é a mais eficiente para quem toma decisões em relação do dinheiro dos outros.
 
Se ao menos esses gestores milionários tivessem a imparcialidade e a objetividade de uma Miriam Leitão! Aí sim eles saberiam que o Fernando Haddad - o pior prefeito de SP que nunca estudou economia a fundo - representa o fiador da estabilidade no país, pois quer aumentar impostos. Essa garotada de mercado não estuda nada! 
Se eles acompanhassem mais as "reportagens" do Globo, eles teriam uma visão bem mais acurada de como Bolsonaro era Hitler disfarçado e Lula pretende proteger nossa democracia - bajulando os ditadores comunistas.
 
Eu desisto! Abandonei o mercado faz tempo para me dedicar a esta vocação de defender o liberalismo com viés conservador, mas insisto em delegar a gestores o controle de minha parca poupança (não sou, afinal, um renomado jornalista do maior grupo de comunicação do país). Agora nem isso vou fazer mais. 
Vou retirar o dinheirinho dos fundos e deixar Miriam Leitão administrar cada centavo. 
Ela sim, sabe para onde vai nossa economia
E não é para o destino argentino, ela garante. Não vamos confiar em que entende tanto assim de tudo?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 26 de junho de 2022

O dragão e a eleição - Alon Feuerwerker

Análise Política
 
Todos os levantamentos apontam que a economia é e será a principal preocupação do eleitor nestes pouco mais de três meses que restam para o primeiro turno. Por “economia” leia-se “inflação”, até porque a atividade e o emprego mostram algum fôlego.

O que está pegando mesmo são os preços. O problema é global em boa medida, [a inflação dos Estados Unidos, país cuja economia é modelo para muitos brasileiros, está maior do que a do Brasil e um dos recursos utilizados para tentar contê-la é o mesmo usado no Brasil = elevação da taxa de juros = aliás, caminho adotado em outros países com problema semelhante.] mas isso não resolve o sufoco da dona Maria e do seu João na hora de encarar as compras no mercado.

Toda eleição traz o tema do “mercado”, mas quando a expressão entra em debate o foco da pauta costuma ser o mercado financeiro. Não para a massa, em particular quando a alta dos preços queima aceleradamente o poder aquisitivo. Quando o salário ou a renda não alcançam o final do mês.

A inflação derrotou a Arena de Ernesto Geisel em 1974 após um ciclo de crescimento brilhante no Milagre. Depois deu as mãos à estagnação e, com o nome de estagflação, enfraqueceu decisivamente João Figueiredo. E o fez perder o controle da sucessão.   A inflação estava quase derrubando José Sarney quando o Plano Cruzado estabilizou a política e deu ao PMDB uma vitória arrasadora em 1986. A volta da inflação transformou Sarney num pato manco e derrotou em 1989 todos os candidatos mais identificados com a Nova República.

Aí veio Fernando Collor, que dizia ter uma única bala para matar o dragão. A bala falhou. A isso juntaram-se 1) a falta de base parlamentar e 2) o ressentimento dos derrotados na urna. O resultado foi o impeachment.

O vice de Collor, Itamar Franco, sobreviveu na cadeira porque aceitou virar um presidente decorativo e entregar o poder de fato ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Cujo Plano Real salvou o governo e garantiu a ascensão dele próprio à Presidência em 1994. As raspas do tacho do Real garantiram também a inédita reeleição de FHC em 1998.

Mas o custo do estelionato eleitoral foi alto.
Um segundo mandato medíocre e, em 2002, a perda do poder para o PT. Na campanha, o PSDB dizia que a inflação, já nos dois dígitos, era culpa das incertezas políticas trazidas pelo petismo. Não funcionou.  O eleitor até tem algum interesse em saber de quem é a culpa, mas vai atrás mesmo é de quem ele acha ter melhores condições para resolver o problema.

Luiz Inácio Lula da Silva assumiu e deu logo a pancada. Superávit primário duro e um chute para valer nos juros, para cima. Tirou o oxigênio do dragão e, com programas sociais turbinados, ganhou musculatura para sobreviver aos escândalos, reeleger-se e eleger Dilma Rousseff. [e F ... o Brasil e milhões de brasileiros - em termos de desastre econômico os  13 anos do petismo foi pior que a pandemia e ainda teve a roubalheira do descondenado petista.]

Que vinha confortável, até que na virada de 2012 para 2013 [os petistas governando] as curvas do PIB e da inflação deram jeito de querer cruzar, a primeira para baixo e a segunda para cima. O mau humor começou a represar, e todo mundo sabe o que aconteceu em junho. Dilma, como FHC, ainda conseguiu raspar o tacho e reeleger-se, mas, ao contrário do tucano-rei, não tinha um colchão político para atravessar os quatro anos de vacas magras. E veio o segundo impeachment da redemocratização, abrindo o período turbulento que deu em Jair Messias Bolsonaro [turbulento já no começo pelo sistemático boicote, chegando mesmo à sabotagem e...] =  Que topou pela proa com dois anos de pandemia e uma guerra na Europa de consequências planetárias, especialmente na economia. E, para não variar, sofre por estar no comando e ter ele de dar as respostas ao principal problema do povão hoje: a inflação.

Repetindo: o eleitor até tem algum interesse em saber de quem é a culpa, mas vai atrás mesmo é de quem ele acha ter melhores condições para resolver o problema. Daí que períodos de inflação alta acabem favorecendo o ambiente para uma troca de guarda.[Podem até favorecer, só que se for o descondenado o novo 'guarda' teremos pelos frente além da roubalheira que caracterizou os desgovernos petistas o plano de governo que o ex-presidiário e descondenado Luladrão está apresentando é um plano para destruir o Brasil. Confira uma análise técnica e fria, porém, verdadeira e incontestável. 
Já o presidente Bolsonaro apesar de todos os esforços dos seus inimigos, que também são inimigos do Brasil,  não teve nenhum  pedido de impeachment acolhido,  pela  simples razão que  não cometeu nenhum crime que sustente um pedido. Graças a DEUS com o fim da pandemia e a recuperação econômica,  Bolsonaro enfim poderá governar.]

Mas governo é governo e tem os instrumentos para lutar.
Se vai saber ou conseguir usar, aí já é outra conversa. 
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 
 

 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Qual é a chance de o BC acelerar a alta de juro? - Valor Econômico

Alex Ribeiro

BC olha mais do que inércia e expectativa para decidir aperto

O Banco Central sinalizou mais uma alta de juro de 0,75 ponto percentual para agosto, dos atuais 4,25% ao ano para 5% ao ano. Seu plano de voo é retirar todo o estímulo monetário que, nos últimos anos, procurava levar a inflação, que andava muito baixa, à meta. Em termos práticos, isso significa uma Selic em 6,5% ao ano. Quais são as chances de o ritmo de aperto ser mais forte o juro ir ao campo restritivo?

Logo nos primeiros dias após o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar um aperto de 0,75 ponto, o mercado financeiro passou a atribuir uma probabilidade de um movimento mais forte. As opções de Copom negociadas na B3 chegaram a atribuir uma chance de 59% de uma alta de um ponto na Selic no começo da semana passada. Na sexta, o mercado fechou com uma chance de 53% para alta de um ponto, ante uma probabilidade de 43% para 0,75 ponto.

A precificação de uma alta de um ponto percentual em agosto parece exagerada, a julgar pela comunicação oficial. A sinalização do Banco Central é um aperto de 0,75 ponto. A hipótese de que vá fazer mais do que isso depende de uma evolução mais negativa do cenário inflacionário. Não tem nada decidido de antemão, mas muitos no mercado acreditam que sim. Para esse grupo, o Copom já teria feito uma alta de um ponto na última reunião, de junho, se tivesse tido tempo de sinalizar antes ao mercado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já negou que o colegiado tenha deixado de fazer o movimento mais forte apenas porque deixou de comunicar previamente. “Li comentários de que grande parte da decisão [de alta de 0,75 ponto] teria sido tomada por não ter comunicado [antes a hipótese de um ponto]”, disse, na divulgação do relatório de inflação de junho. “Queria enfatizar que não é verdade. A gente teve muitas oportunidades para comunicar.”

Campos Neto disse que, na verdade, o Copom queria mais tempo para analisar o comportamento da inflação, em especial dois pontos citados nos seus documentos oficiais: a evolução das expectativas de inflação e dos preços mais inerciais, conforme o setor de serviços se recupera.

Desde que o Copom fez essa indicação explícita dos fatores que acompanha com mais atenção, o mercado financeiro passou a acreditar que esses são os grandes determinantes de suas decisões. Ou seja, notícias boas do lado das expectativas têm levado parte dos analistas a atribuir uma chance maior de alta de 0,75 ponto percentual, enquanto que a inflação mais pressionada de serviços e preços mais inerciais empurram parte dos analistas a acreditar em alta de um ponto na Selic.

Na partida, porém, havia um problema nesse “guidance” feito pelo Copom: o que vale para o comitê, no fim das contas, é a projeção de inflação no cenário básico para o horizonte relevante de política monetária e o chamado balanço de risco para a inflação. Expectativas e preços inerciais são importantes na medida em que afetam tanto as projeções de inflação quanto o balanço de riscos para a inflação.

Na semana passada, o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra, esclareceu a comunicação de política monetária para dar o devido peso para esses dois fatores em destaque - e para lembrar que, no fim, o comitê tem sido disciplinado em seguir um modelo de “inflation forecast targeting”, ou seja, projetar a inflação, ajustar pelo balanço de riscos e agir de acordo com os desvios em relação à meta.

“O que a gente pode fazer de melhor é olhar a inflação prospectiva, condicionantes que vocês todos conhecem, condicionantes que vão impactar esse modelo [de projeção de inflação], a projeção de inflação, avaliar o balanço de riscos”, disse Serra num evento do Santander. “Aí sim tomar a decisão coerente com perseguir o centro da meta no horizonte relevante [de política monetária], que é 2022 neste momento.”

E como a evolução de preços inerciais entra nesse arcabouço de projeções de inflação e no balanço de riscos? Serra disse que, por enquanto, não há nada de diferente em relação ao que já foi divulgado nos modelos. Quando projeta a inflação, o Banco Central trabalha com um coeficiente de inércia, ou seja, um número que mostra o quanto a inflação passada contamina a inflação futura. Segundo o diretor do BC, o Copom não incluiu no balanço de riscos uma eventual mudança nesse coeficiente de inércia, por isso não se deve esperar que esse fator tenha um peso maior em agosto.

Nesse evento do Santander, o mercado deu muito destaque ao fato de Serra ter dito que estamos em “ um momento perigosoporque o setor de serviços está se abrindo e pode ter uma pressão inflacionária adicional de serviços num período em que ainda existem pressões na inflação de bens. O quanto o Copom, como um todo, está preocupado com esse perigo na volta dos serviços?

Nesse ponto, temos um fato curioso: embora o Copom tenha, de certa forma, vinculado seus passos futuros à evolução de preços inerciais de serviços e Serra tenha falado em “perigo”, o Copom não considerou na sua última reunião esse fator como importante o suficiente para entrar no balanço de riscos. No ano passado, por exemplo, o colegiado estava preocupado com o impulso na demanda do auxílio emergencial, e por isso colocou esse perigo no balanço de riscos para a inflação.

De fato, a leitura de Serra sobre o perigo da inflação de serviços é ambígua. Ele destaca o risco de uma pressão maior nos preços, que está presente não apenas no Brasil como no exterior, mas cita uma série de fatores que temperam um pouco essa preocupação. O principal deles talvez seja que, agora, ele não identifica um “salto” relevante de renda que possa dar uma sustentação aos preços dos serviços.

O diretor do BC também minimizou a importância dos índices recentes de inflação, das aberturas que o mercado tem feito para identificar a evolução dos serviços. “Dar peso adicional aos dados bem da margem só vai confundir o nosso processo decisório, só vai gerar mais insegurança”, disse, destacando que o que conta é o cenário básico prospectivo de inflação e o balanço de riscos. Mais uma vez, Serra disse que o BC fará o que for preciso para cumprir o centro da meta, mas isso significa caminhar dentro do arcabouço tradicional de decisão.

Alex Ribeiro - Valor Econômico

 

 

 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Dr. Fauci e sua indignação petulante - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Agora o Dr. Fauci não está mais sendo tratado como o Deus da Ciência, apesar de muitos jornalistas terem fugido de seus e-mails divulgados como o diabo foge da Cruz, para preservar o mito. Mas vale a pena voltar ao passado para conhecer um pouco melhor dessa figura-chave da pandemia. Faço isso com a ajuda de Charles Ortleb, jornalista que acompanha Dr. Fauci desde os tempos do HIV.

Ele é autor de vários livros sobre o assunto, mostrando principalmente como a postura arrogante de Fauci interditou o debate científico. “Eu acredito que quando cientistas honestos e corajosos finalmente derem ao trabalho de Fauci a devida diligência que merece, eles reconhecerão que ele tem essencialmente conduzido um esquema científico de Ponzi por décadas”, afirma Ortleb. “A ciência agora tem seu próprio Bernie Madoff”, conclui, fazendo alusão ao criminoso que foi capaz de manter um esquema de pirâmide por décadas no mercado financeiro.

Fauci, diz Ortleb, não era conhecido como um cientista brilhante e tinha pouca experiência em gerenciamento de uma grande burocracia. Mas Fauci tinha ambição de sobra. Este cientista sem brilho estava prestes a encontrar sua verdadeira vocação: construir um império. A maior parte do mundo científico não estava ciente do grau em que esse “elenco maluco de personagens” estava improvisando uma ciência inovadora questionável à medida que avançava. E tudo estava sendo feito no estilo Fauci de "indignação petulante", ou seja, com ataques violentos a quem ousasse questionar.

O que Ortleb aponta é o que muitos cientistas à época questionavam sobre a epidemiologia:  e se eles tivessem sido independentes o suficiente para notar que a epidemiologia estava exagerando com sua mão arrogante e tendenciosa e que, na realidade, é um empreendimento subjetivo vulnerável à manipulação política? 
O verdadeiro problema de Fauci eram os jornalistas que não só sabiam soletrar "retrovírus", mas também ouviam muito bem o que ele dizia. 
O tipo de jornalista que também sabia coisas sobre retrovírus e ouvia o que ele dizia tão atentamente e criticamente que podiam tornar a vida desagradável para Fauci e seus poderosos camaradas fazendo perguntas inconvenientes.

Dr. Peter Duesberg era um deles. O biólogo molecular da Universidade de Berkeley, na Califórnia, tinha pesquisas respeitadas sobre a genética do câncer, e trouxe à tona aspectos sobre a AIDS que batiam de frente com a narrativa da equipe de Fauci. Ele não estava dizendo algo semelhante àqueles que dizem que o pouso na lua foi apenas encenado com adereços e uma câmera. Ele era um especialista do calibre Nobel em retrovírus, apontando as deficiências da teoria do HIV na AIDS usando a lógica básica e analisando as evidências disponíveis.

Ali começava, porém, o uso do rótulo “negacionista” para desqualificar cientistas com perguntas incômodas. E ele não estava sozinho: culpar a mídia pela credibilidade dada às ideias de Duesberg ignorou todos os cientistas (eventualmente incluindo dois ganhadores do Prêmio Nobel), que publicamente apoiaram o ceticismo de Duesberg.

Ninguém estava questionando a "integridade como cientista" de Fauci, mas assim ele percebeu a coisa. Sua própria irmã estava simplesmente perguntando se era possível que ele estivesse errado, e a resposta que teria mostrado alguma integridade científica seria: "Sim, minha querida Denise, é sempre possível que eu esteja errado, embora eu ache que o as evidências sugerem que estou certo”. O fato de Fauci ter levado isso de forma totalmente pessoal diz muito sobre os problemas de atitude petulante dos responsáveis pelo combate da AIDS. Questionar suas conclusões era uma ameaça ao seu próprio ser.

O próprio tom de Fauci, sua extraordinária imperiosidade e presunção sobre a estupidez do público, aponta para o problema fundamental de uma sociedade em que comunidades científicas de elite arrogantes e desonestas têm cada vez mais poder. Fauci não seria apenas o juiz e júri do que era verdadeiro na ciência, mas também queria decidir quem merecia escrever sobre isso e o que deveria escrever. Fauci estava basicamente dizendo que ele e seus comparsas só prestariam contas a si mesmos, o que é a essência da comunidade hermeticamente fechada do que deveria ser chamado, para Ortleb, de ciência totalitária, anormal e, em última análise, sociopata. Uma seita!

De certa forma, muito do que aconteceu na conferência sobre a AIDS foi baseado em apelos de autoridade. As autoridades petulantes basicamente disseram: “Nada aqui, pessoal. Por favor, sigam em frente”. E, infelizmente, a comunidade científica e a mídia (com algumas exceções notáveis) fizeram exatamente isso. Anthony Fauci pediu que todos os casos de AIDS com HIV negativo fossem relatados a ele. A equipe de Ortleb reportou treze milhões de casos americanos. Essa é a estimativa do número de casos de Fadiga Crônica e Disfunção Imunológica, uma condição que a pesquisa (se alguém se der ao trabalho de ler) sugere que é essencialmente AIDS HIV-negativa. “Fauci sabia como manipular as alavancas do poder institucional e da criação de imagens de maneiras que Bernie Madoff invejaria”, afirma Ortleb. Para que um esquema Ponzi científico prevaleça na América e na Europa, ninguém deve reconhecer que concordou com uma grande fraude médica e científica. O castelo de cartas do HIV e a parede que separa a AIDS e a Síndrome da Fadiga Crônica são o legado de Fauci, segundo o jornalista.

LEIA TAMBÉM: Proibição a “supersalários” no serviço público aprovada na Câmara pode não prosperar

 

Não é necessário entrar aqui na questão de quem estava certo nesse caso. O mais importante é observar que a postura arrogante e autoritária de Fauci vem de longe, e na pandemia foi exacerbada ao extremo. Para a religião secular do cientificismo, era precisa ter um papa, um deus, e Fauci assumiu esse papel com gosto. Os holofotes midiáticos o colocaram em evidência de popstar, saindo em tudo que é capa de revista sobre os mais diversos assuntos, dando entrevistas diariamente. O que ele falava era a voz da ciência, ignorando-se o fato de que ele dizia coisas erráticas, como a própria OMS.

Todo ser humano é falível, suscetível a paixões. Ainda mais alguém como Fauci que era um tecnocrata poderoso, com interesses em jogo, com o mais alto salário do governo federal, e que já havia demonstrado forte ambição e um ego inflado. Ao alçar alguém assim ao patamar de deus da ciência, a mídia ajudou a criar um monstro. A politização da ciência significa a morte da ciência, que clama por questionamentos incômodos, por perguntas difíceis, por refutação de teses. O grande perigo é justamente essa petulância de certos “cientistas”, que encontra eco em parte da imprensa. É uma combinação explosiva.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Emprego tem melhora tímida perto do que o país precisa - Míriam Leitão

O Globo

Os juros subsidiados do BNDES ficaram caros

por Marcelo Loureiro

Uma operação tem chamado a atenção no mercado financeiro. Empresas brasileiras estão emitindo títulos de dívida para pagar os financiamentos tomados no BNDES. Ou seja, a taxa de mercado hoje está mais em conta que os juros subsidiados de alguns anos atrás. As companhias têm usado títulos chamados de debêntures.

Esse movimento tem duas virtudes. Com o pagamento antecipado, o BNDES pode acelerar a devolução de recursos ao Tesouro, recursos que têm ajudado a reduzir o déficit fiscal. O outro ponto positivo é que a iniciativa privada está assumindo o financiamento das empresas, que antes eram escolhidas pelo banco estatal. Essa relação gerou investigações sobre corrupção em operações do BNDES.   
Nesta terça-feira o GLOBO informou que a redução do risco-país barateou o financiamento para empresas brasileiras, que aproveitam o momento para trocar dívidas mais cara por financiamentos mais baratos.  



[o mais importante são os números do desemprego em queda - pior era quando além da qualidade do emprego piorar, crescia o número dos que não tinham sequer esse emprego de pior qualidade.

O mais importante é que o número de desempregados não aumente.

O crédito mais fácil e os juros abaixo dos do BNDES - matéria acima, colabora para um denário que muitos insistem de desfazer, desvalorizar. Apesar de tudo, a soma do governo Bolsonaro, ao final deste ano, será positiva.]
 
A volta da recessão de 2015 e 2016 é a mais longa e dolorosa que o país já acompanhou. O desemprego ficou quase estável no terceiro trimestre. A taxa foi para 11,8%, ou 0,1 ponto menor que um ano antes. A melhora lenta que está ocorrendo é puxada pelo emprego informal, de menor qualidade.

Os desempregados são 12,5 milhões, ou 251 mil a menos que no segundo trimestre. Nessa época, o desemprego costuma encolher com as contratações para o fim de ano. De fato há mais gente trabalhando. Na comparação com 2018, a população ocupada cresceu em 1,5 milhão. Mas os empregos são de baixa qualidade.

O país tem 33,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o mesmo que um ano antes ou que no terceiro trimestre. Já os sem carteira bateram recorde. Agora os que trabalham sem todas as garantias são 11,8 milhões, ou 384 mil a mais que um ano antes. Os que trabalham por conta própria são 24,4 milhões, também o número mais alto da série. Em um ano, um milhão de pessoas entraram para esse grupo.

Os números conseguem mostrar uma melhora lenta. Mas é um ganho tímido perto do que o país precisa. No auge do mercado de trabalho, em 2014, o Brasil tinha 3,6 milhões de pessoas a mais com carteira assinada.

Míriam Leitão, jornalista - Coluna em O Globo

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Qual será o novo modelo? - Nas entrelinhas:

“A modernização das relações trabalho-capital nunca teve uma correlação de forças tão favorável no Congresso, a favor da desregulamentação, é claro”


A grande mudança debatida ontem pela Câmara dos Deputados sobre a legislação trabalhista, com a chamada MP da Liberdade Econômica, foi o fim da remuneração em dobro do dia trabalhado aos domingos, que agora poderá ocorrer por até três fins de semana consecutivos, se houver compensação com uma folga correspondente no decorrer da semana, negociada individualmente. A aprovação da mudança é mais um avanço na desregulamentação das relações trabalhistas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho.

Em outras circunstâncias, haveria grande mobilizações sindicais para evitar que isso ocorresse, mas não é o que acontece. Com o fim do imposto sindical, os sindicatos entraram em colapso, e os trabalhadores estão muito acuados pelo desemprego. Só se mobilizam em situação de desespero, como, agora, na greve dos motoristas do Espírito Santo, por causa dos ônibus que começariam a circular sem trocadores, quando em todo o mundo já começam a circular caminhões e ônibus sem sequer motorista.

A propósito, vem do Espírito Santo um “causo” que ilustra bem a situação, que me foi contado pelo ex-governador Artur Carlos Gerhardt Santos, que governou o estado no começo dos anos 1970 e foi o grande artífice da industrialização capixaba, cuja economia é a única do país voltada para o comércio exterior. Quando a ponte rodoferroviária Florentino Ávidos, também conhecida como Cinco Pontes, toda fabricada em aço e trazida da Alemanha, foi inaugurada, em 1927, um português de Vila Velha logo inaugurou uma linha de lotação ligando as duas cidades. Em protesto, os catraieiros (barqueiros cujos remanescentes até hoje fazem transporte de passageiros de um lado para outro do canal que separa a ilha de Vitória do continente) resolveram fazer uma greve. “Não tinha a menor chance de dar certo”, ironizou o ex-governador. A ponte existe até hoje, foi um marco da expansão e modernização da economia capixaba, possibilitando a chegada ao Porto de Vitória dos trens da Vitória-Minas.

A modernização das relações trabalho-capital, premissa para a retomada do crescimento, nunca teve uma correlação de forças tão favorável no Congresso, a favor da desregulamentação, é claro. Essa é uma das consequências do fracasso petista no comando do país, depois do naufrágio do modelo de capitalismo de Estado adotado a partir do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula das Silva e, principalmente, durante o governo Dilma Rousseff. É jogo jogado. A estagnação da economia, com aumento acelerado da miséria e desemprego em massa, induz mudanças profundas na estrutura produtiva do país, com o uso de novas tecnologias, principalmente robotização e inteligência artificial, que tornam obsoletos dispositivos de uma legislação criada quando o Brasil se urbanizava e se industrializava. A Era Vargas, cujo fim já foi tantas vezes proclamado, parece realmente moribunda.

Sem paradigma
A lógica da velha política classista dos sindicatos, que tinha como eixo a garantia e a ampliação de direitos trabalhistas para reduzir a taxa de exploração de mais-valia, como no caso dos catraieiros de Vitória, não tem a menor chance de dar certo. A velha indústria e os serviços estão passando por mudanças irreversíveis, que fazem da velha legislação letra morta. É um processo que exige soluções novas e criativas para garantir novos direitos aos trabalhadores, sem criar entraves ao funcionamento da economia. Além disso, setores que não conseguem acompanhar o aumento de produtividade pela inovação, recorrem à superexploração do trabalho para manterem sua competitividade.

O paradigma taylor-fordista da grande indústria mecanizada como referência para a organização e a luta dos trabalhadores já era. A crise é tão profunda que o próprio “ser operário”, que Marx classificava como a classe geral que, ao se libertar da exploração e opressão, libertaria todas as demais classes subalternas, hoje é uma espécie em extinção. A nova economia coloca em xeque até mesmo valores herdados da Revolução Francesa e que estão no cerne da democracia liberal: os direitos humanos.  A universalização do direito à saúde e à educação, que já foram essenciais, por exemplo, perderam a funcionalidade para a reprodução ampliada do capital. Não há necessidade de exércitos industriais de reserva e até mesmo de exércitos de massa. Para que tantos operários qualificados e oficiais e soldados diante dos novos artefatos de produção e bélicos guiados por inteligência artificial?

A economia brasileira passa, no plano institucional, por um novo ciclo de modernização. Indiscutivelmente, com a derrota da esquerda, ou seja, dos modelos nacional-desenvolvimentista e social-democrata, o Brasil vacila entre o velho americanismo e os novos paradigmas asiáticos. A contradição principal é o fato de que a modernização terá que ser feita com capital estrangeiro, sem um setor produtivo estatal e grandes grupos industriais nacionais. No século passado, os cafeicultores paulistas e seus banqueiros enfrentaram situação parecida, mas renegaram o velho patrimonialismo e financiaram a industrialização. Hoje, não sabemos se o nosso agronegócio e o mercado financeiro têm capital acumulado e vontade política para investir pesadamente num novo ciclo de modernização fora dos marcos da agricultura, ou seja, na economia do conhecimento: educação, ciência, tecnologia e inovação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB


 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A CP é a mesmíssima CPMF, inclusive nos defeitos [com um defeito aumentado: a alíquota será maior.]

Por Maílson da Nóbrega

A nova contribuição previdenciária (CP) tem os mesmos defeitos da velha CPMF, particularmente pela cumulatividade, isto é, o seu efeito em cascata

O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, tem empreendido grande esforço de comunicação para convencer a opinião pública, nela incluídos os líderes do Congresso e o presidente da República, de que a nova Contribuição Previdenciária (CP) é uma incidência distinta da velha CPMF.  A não ser que o secretário surpreenda todos quantos têm se manifestado pela inconveniência de recriar a CPMF, a nova CP dificilmente se distanciará dela em seus efeitos nocivos sobre a economia, principalmente pela cumulatividade, isto é, a incidência sobre ela mesma ao longo dos ciclos de produção e comercialização.

Ontem, o secretário informou que o sistema financeiro ficará livre da cumulatividade. Para ele, toda e qualquer transação que diga respeito ao mercado financeiro terá tratamento especial. “Os bancos também terão contas financeiras especiais, que estarão marcadas e sobre essas contas não incidirá o imposto sobre pagamentos”.
Ocorre que a CPMF também incorporava essa facilidade para o caso de investimentos no mercado financeiro. Havia uma conta por onde transitavam os recursos a serem aplicados, sobre a qual não incidia a contribuição. Não dá para imaginar como isso se estenderia a todo o sistema financeiro, pois seria negar a própria essência do tributo, qual seja a de gravar as transações que passam pelas contas dos clientes nos bancos.

Além disso, a cumulatividade nunca foi problema para os bancos. Ela é disfuncional quando impacta incontáveis vezes todas as atividades das empresas do setor real.  Nada justifica recriar essa barbaridade tributárianão adotada por nenhum país minimamente relevante na economia mundial – para compensar a desoneração do pagamento de contribuições previdenciárias pelas empresas. Tudo indica que o efeito líquido da troca será negativo para o potencial de crescimento da economia e do emprego. A contribuição patronal previdenciária costuma ser a regra em todo o mundo. É difícil entender por que o governo tenciona nos impor uma incidência tributária que pode prejudicar a produtividade e a competitividade dos nossos produtos.

Mailson da Nóbrega - Blog do Mailson - Veja


 

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O presidente em seu labirinto

Bolsonaro acha que fez tudo certo, mas na verdade perdeu tempo com questões sem relevância e interpretações duvidosas da realidade


Está tudo dando errado, mas ele acha que fez tudo certo, apenas não está sendo entendido. A economia encolheu no primeiro trimestre, a máquina pública está parada em várias áreas estratégicas, como a educação, a relação do governo com o Congresso é tumultuada e a popularidade presidencial caiu nos primeiros meses de mandato. Apesar disso, Jair Bolsonaro diz que é o único presidente que conseguiu “nomear um gabinete técnico, respeitar o parlamento e cumprir o compromisso constitucional de independência dos poderes”. Mostra desconexão com fatos passados e presentes.

Durante toda a entrevista do presidente Bolsonaro à “Veja” ele faz afirmações espantosas. Diz que antes votava contra a reforma da Previdência porque na Câmara “você tem informação de orelhada”. Pergunta o que é “governabilidade”, como se fosse algo a ser menosprezado. Sobrevoa com explicações rasas o escândalo que ronda seu filho Flávio e seu velho amigo Fabricio Queiroz. O único erro que admite ter cometido foi a nomeação do ex-ministro Vélez Rodriguez, escolhido por Olavo de Carvalho. Uma escolha bem técnica como se vê. Quando deu errado é que ele se lembrou de perguntar onde Olavo o conhecera. “De publicações”, respondeu seu guru. E o presidente então reagiu: “Pô Olavo você namorou pela internet?” E assim vai Bolsonaro exibindo seu estreito entendimento dos fatos. Ele diz que é “claro” que há sabotagem contra seu governo. Disso, sinceramente, ele não precisa.

Na economia o que se discute é como evitar a recessão. O país parece a um evento de voltar a ela. Como o primeiro trimestre ficou negativo e foi atingido pelo encolhimento da produção da Vale, o consenso é o de que o país terá um número ligeiramente positivo no segundo trimestre, escapando assim da definição técnica de recessão. Não porque vai crescer, mas porque será favorecido pela estatística. Quando se comparar o segundo trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, o resultado será favorável por causa da greve dos caminhoneiros que derrubou a economia naquele período de 2018.

As contas são feitas assim. Na economia não se tem expectativa de um fato positivo, mas sim o de ganhar um pontinho na comparação com um passado ainda pior. Mas se não há recessão oficialmente, o ambiente é sem dúvida recessivo, e o desemprego, como mostrou-se mais uma vez na sexta-feira, devastador. A reação do governo ao número negativo do PIB está sendo a de copiar Michel Temer e avisar que será liberado dinheiro do FGTS. Se forem contas inativas, não será suficiente, se forem contas ativas, a liberação terá que ser feita paulatinamente sob pena de desorganizar o sistema de financiamento imobiliário. No mercado financeiro, a proposta que aparece é para uma redução da taxa de juros, remédio que não é bem visto pelo Banco Central neste momento.

O governo joga todas as fichas na reforma da Previdência que é, como se sabe, condição necessária para o reequilíbrio das contas mas não suficiente. A atual administração herdou uma economia cheia de problemas, que se acumularam ao longo dos últimos anos. Não resolveria tudo num passe de mágica. Mas até agora, cinco meses passados, não tem apresentado fórmulas para saída da encrenca. Não há solução mágica, mas o grupo que chegou ao poder em janeiro dizia que havia, fazendo inclusive a promessa de zerar o déficit público no primeiro ano.
Nos últimos dias, o presidente falou que estava costurando um pacto com os três poderes. Incluiu, com a anuência do presidente do STF, Dias Toffolli, o Judiciário. “É bom ter a Justiça ao nosso lado”, disse para o arrepio dos juristas. 

Contraditoriamente, criticou o STF por estar a um passo de criminalizar a homofobia e prometeu indicar um ministro evangélico para o Supremo. Alegou sofrer pressões terríveis, às quais “outros não resistiriam”, criou a ideia de que a imprensa dizia que ele não seria eleito se não mentisse. E foi nesse roldão, com seus improvisos desastrosos.  A crise do país é grave, sair dessa paralisia econômica exigirá empenho e competência. O presidente parece envolvido demais com questões irrelevantes ou com interpretações duvidosas da realidade. O risco de uma nova recessão é real. Pode não acontecer no próximo trimestre, mas é ela que está à espreita.

Miriam Leitão, jornalista - O Globo



sábado, 5 de janeiro de 2019

Por que não te calas, Bolsonaro?

Tropa desautoriza o capitão

Na última quarta-feira, em entrevista à GloboNews, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, já se vira obrigado a desautorizar o capitão Jair Bolsonaro. Não, ainda não está certa a transferência de Telavive para Jerusalém da embaixada o Brasil em Israel, esclareceu Heleno. [os aspectos econômicos, as vantagens(quais?) e desvantagens do Brasil em contrariar  mais de 20 parceiros comerciais, devem ser pesadas, cuidadosamente analisadas, e prevalecer o que for melhor para os interesses do Brasil.] Por ora, a ideia está na cabeça de Bolsonaro sem data para passar ao papel.

[PESSOAL! quanto votamos no capitão JAIR BOLSONARO,  gesto idêntico ao praticado por quase 58.000.000 de brasileiros, o fizemos por acreditar nele e com a certeza de que será ele, com as bençãos de DEUS, a reconduzir o Brasil aos trilhos do desenvolvimento, do pleno emprego, da valorização da Pátria, Família, Liberdade, do império da ORDEM e PROGRESSO, crença que permanece inabalável.

E Bolsonaro, como um ser humano sujeito às limitações que nos caracteriza, tem ansiedade em dar boas notícias, sentimento que as vezes causa algum ruído no entendimento mas, nada que não seja superável.

Fé em DEUS e que Ele ilumine JAIR BOLSONARO o presidente da República Federativa do Brasil.

BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo! ]

Ontem, foi o caos. O ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, e o secretário especial da Receita, Marcos Cintra, foram escalados para apagar os mais recentes incêndios provocados pelo presidente recém-empossado. Não, não era verdade que Bolsonaro assinara um decreto elevando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações no exterior como ele mesmo havia anunciado de manhã.E não, também era falsa a informação dada por Bolsonaro que a alíquota máxima do Imposto de Renda (IR) das pessoas físicas seria reduzida imediatamente de 27,5% para 25%.
Quanto à redução da alíquota, segundo Bolsonaro, o anúncio seria feito à tarde pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, depois de se reunir com a Comissão de Valores Mobiliários. Guedes cancelou a reunião e sumiu. O decreto que Bolsonaro disse que assinara garantia a continuidade das superintendências de desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste, nada tinha a ver com o aumento do IOF, explicou Lorenzoni.[pergunta que não quer calar: sou sessentão, dois anos a mais que Bolsonaro - o que garante que ele também, desde criança, ouviu o que sempre ouvi:  
que a  Sudene e Sudam, são órgãos destinados a promover o desenvolvimento da Região Amazônica e do Nordeste, só que até hoje o tal desenvolvimento não surgiu.
Será que tanto tempo passado, ainda vale a pena conceder incentivos a tais órgãos?]
Sobre a redução do teto do IR, Cintra admitiu que o assunto está sendo estudado, mas que não haverá mudança imediata. Uma eventual alteração, concedeu, só será discutida “posteriormente” e “no tempo correto”. Ensinou em seguida: “Temos uma premissa que é obter o equilíbrio fiscal. Este ano, o déficit primário será de R$ 139 bilhões. Não podemos fazer nenhuma ação que possa resultar em redução da arrecadação”.
Na véspera, Bolsonaro revelara que a reforma da Previdência a ser proposta por seu governo prevê uma idade mínima de aposentadoria de 62 anos para homens e de 57 anos para mulheres. Falso, outra vez. Bolsonaro, justificou Lorenzoni, quis apenas “passar para as pessoas a tranquilidade de que a transição vai ser humana”. O mercado financeiro respirou aliviado. Até o próximo susto.
Blog do Noblat - Revista Veja

domingo, 10 de junho de 2018

Mercado financeiro aceita Jair Bolsonaro como presidente

Jair Bolsonaro nunca foi a primeira opção do mercado financeiro, mas ele é aceito de bom grado pela turma.

Esse pessoal concorda que o capitão é ultrarradical e o seu liberalismo é de fachada. Quase em uníssono, contudo, o mercado acha que é possível controlá-lo.
Em geral, é uma gente que entende muito de ganhar dinheiro — e nada de política. [e os desempregados necessitam de empregos = salário = dinheiro = vida digna.]

Lauro Jardim - O Globo