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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Justiça brasileira é a mais cara do mundo e uma das piores – e vai continuar assim - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

Monumento representando a Justiça em frente ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás: salários de desembargadores goianos chegam a 180 mil reais. - Foto: Divulgação/Centro de Comunicação Social do TJGO

Os hábitos, os costumes e o senso moral de uma boa parte dos juízes e desembargadores brasileiros foram se degenerando tanto ao longo dos anos que acabaram por se tornar um escândalo nacional permanente. É um choque depois do outro.  
O mais recente foi fornecido pelo Tribunal de Justiça de Goiás – um velho conhecido do noticiário sobre abusos e trapaças legalizadas que resultam em salários insanos para uma grande área da Justiça brasileira.

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Soube-se que os desembargadores goianos ganham salários mensais de 170 mil a 180 mil reais – uma alucinação que não tem paralelo em lugar nenhum do mundo, e que chegou ao extremo de incomodar até o Ministério Público Federal. 
São especialistas, ali, em usinar todas as modalidades de salários de marajá praticados na administração pública, mas, neste caso em particular, os próprios procuradores acharam que já era um exagero
 
O argumento do Tribunal de Justiça de Goiás é o mesmo de sempre, repetido ano após ano, e escândalo após escândalo, por magistrados que ficam milionários às custas do pagador de impostos
Tudo o que eles ganham é estritamente legal – vem da maçaroca de auxílios disso e daquilo, licenças prêmio, indenizações, verbas variadas, ajuda paletó, férias em dobro, gratificação por “trabalho difícil” e mais um caminhão de vantagens em dinheiro, que nenhum cidadão brasileiro tem, nem no serviço público.

    O salário médio de um juiz brasileiro está acima de 50 mil reais por mês. Que sociedade pode pagar isso tudo?

É óbvio que esses truques são legais. São aprovados pela Assembleia Legislativa e se transformam em “lei estadual” – por pressão dos próprios juízes e por deputados que querem comprar proteção preventiva e permanente da Justiça goiana. 
Além disso, são os próprios desembargadores que interpretam as leis da Assembleia – e que decidem as causas em torno dos seus salários. 
As sentenças, naturalmente, são sempre a favor deles mesmos. 
É o resultado direto e desastroso da sindicalização generalizada do Judiciário no Brasil, uma praga que começou a se espalhar com a Constituinte e não parou nunca mais de contaminar a remuneração e os privilégios da magistratura.
 
A Justiça brasileira é a mais cara do mundo. Consegue gastar mais de 100 bilhões de reais por ano – em termos proporcionais, considerando-se o PIB per capita, custa três vezes mais que a Justiça da Alemanha, a mais cara da Europa, e quase dez vezes mais que a dos Estados Unidos. (Isso mesmo: dez vezes mais.) 
É claro. 
Como poderia deixar de ser assim, com os salários do Tribunal de Justiça de Goiás e tantas aberrações idênticas que se reproduzem na remuneração do Sistema Judicial? É uma situação de metástase.

O salário médio de um juiz brasileiro, hoje, está acima de 50 mil reais por mês. Que sociedade pode pagar isso tudo? O custo da Justiça, há anos, é muito mais do que o Brasil tem condições materiais de desembolsar – não há “arcabouço fiscal”, ou “reforma tributária” ou imposto para “grandes fortunas” que consiga aguentar essa sangria desatada. É incompreensível que isso esteja acontecendo num país de população em sua maioria pobre, às vezes paupérrima, e no qual o governo diz o tempo todo que não tem dinheiro para nada.

A Justiça brasileira, com esse custo demente, deveria ser a melhor do mundo. É uma das piores, e vai continuar assim – vai, com certeza, ficar cada vez mais cara. 
O governo Lula, a esquerda em peso e o sistema que os apoia são, hoje, fanaticamente a favor do Judiciário” e da sua santidade geral – não se pode mexer em absolutamente nada que desagrade, mesmo de leve, os sindicatos de magistrados e os seus interesses. 
Querem um “orçamento para os pobres”, como vivem dizendo. 
Do que gostam, mesmo, é de juízes que ganham 170 mil reais por mês e os deixam em paz.
 
Clique aqui e saiba mais: O Estado de S. Paulo


J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 7 de abril de 2023

Governo Lula quer brasileiros sem água nem esgoto, dependendo de carro-pipa - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

 Marco Legal do Saneamento estabelecia meta de ter 99% da população atendida com rede de água e 90% com esgoto até 2033.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

“Rico não gosta de construir esgoto”, disse Lula durante a sua campanha eleitoral, junto com a promessa do Bolsa-Picanha, a convicção de que policial não é “ser humano” e outras coisas desse nível. De todas as mentiras que disse desde que saiu da cadeia, por um decreto do STF que até hoje não o absolveu de nenhum dos crimes a que foi condenado, essa é com certeza uma das mais desonestas.

É desonesta porque joga em cima dos “ricos”, que não têm nada a ver com isso, a culpa por uma tragédia pela qual os únicos culpados são justamente ele próprio, Lula, e as forças do atraso das quais ele é o maior ídolo neste país – a cada eleição, há 40 anos, elas jogam todos os seus imensos recursos para que continue a mandar no Brasil, junto com o PT e o resto do seu Sistema. É uma culpa direta, exclusiva e indiscutível.[os brasileiros que vão continuar dependendo do carro-pipa,também gostam do esgoto a céu aberto, as pessoas nessas condições querem é o bolsa-família, e outras benesses. Além de gostar da miséria, por isso são presas fáceis para os lulas da vida, a imensa maioria deles possuem uma aversão crônica ao trabalho e ao estudo.]

    No mundo das realidades, a anulação efetiva da lei do saneamento é uma garantia de que não vai haver esgoto nenhum.

O presidente acaba de provar isso mais uma vez: destruiu, com a sua assinatura num pedaço de papel, a nova lei do saneamento que o Congresso Nacional tinha aprovado. 
 Em vigor desde 2020, a lei começava, enfim, a permitir que o Brasil eliminasse um dos seus escândalos mais ofensivos – a falta de esgotos e água encanada. Não há discussão possível diante dos números. Nada menos que 100 milhões de brasileiros vivem até hoje, em pleno 2023 da Era Cristã, sem rede de esgotos; outros 35 milhões não têm sequer água potável em suas casas.

O novo marco do saneamento, aprovado após anos a fio de discussão, permite que as empresas privadas entrem no setor e construam o que o “Estado”, que até há pouco tinha o monopólio sobre essa atividade, comprovadamente não construiu durante mais de um século. Os efeitos revolucionários da nova lei foram imediatos. 

Em pouco mais de dois anos, só dois anos, as empresas privadas investiram 80 bilhões de reais na construção de novas redes, em 240 cidades. Lula, em sua canetada, acabou com isso: para todos os efeitos práticos, está expulsando a iniciativa privada da área e mantendo tudo na situação de calamidade que havia até agora, na qual só as empresas estatais podem operar elas, os seus empregos de marajá e os negócios que permitem para os políticos que as controlam.

    Sem a miséria Lula não respira; vai fazer tudo, sempre, para que continue a existir no Brasil o seu estoque particular de miseráveis.

A decisão não é apenas mais uma prova cabal da incompetência sistemática do Sistema Lula-PT em tudo aquilo em que põe a mão – é um ato deliberado de fraude e de apoio intransigente ao retrocesso. Naturalmente, veio cercado da hipocrisia sem limites que marca todas as ações do governo Lula. 

 Não proíbe que as empresas privadas atuem no saneamento básico, mas permite que as estatais que hoje são proprietárias exclusivas de quase todo o setor continuem exatamente como estão, sem a obrigação de submeter-se à licitação pública e sem qualquer tipo de compromisso real com a população.

É escalar a sociedade para o papel de palhaço:
na prática, com essas condições, qual empresa privada vai colocar dinheiro na atividade? Não faz nexo – não se uma estatal qualquer pode acabar na hora com o seu negócio. 
No mundo das realidades, a anulação efetiva da lei do saneamento é uma garantia de que não vai haver esgoto nenhum, e o que houver vai ser roubado.
 
Constatações desse tipo deixam a esquerda espumando de ira neurastênica. Mas o que se vai fazer?  
São as estatais que têm de construir as redes de saneamento, pois ninguém mais esteve autorizado a fazer isso nos últimos 100 anos. Durante este tempo todo, é óbvio que não fizeram o que tinham de fazer – se tivessem feito, por que metade da população deste país continua sem esgotos? 
A culpa é unicamente das estatais, e de quem manda nelas e as trata como propriedade particular, para todos os efeitos concretos – a elite escravocrata que apoia Lula e o PT com tanta paixão, e que trabalha sistematicamente para ambos a cada eleição. De quem seria, se não fosse delas?

O que o governo atual quer é uma coisa só, e muito simples: quer que os brasileiros continuem sem água e esgoto, para continuarem na dependência do carro-pipa, das esmolas e da tirania dos que governam o Brasil do atraso
É daí que vêm os votos essenciais para a sobrevivência de Lula. 
Sem a miséria ele não respira; vai fazer tudo, sempre, para que continue a existir no Brasil o seu estoque particular de miseráveis.


J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo -VOZES

 

sábado, 18 de março de 2023

À espera de um novo triplex - J. R. Guzzo

 Revista Oeste

O Brasil, hoje, é um Estado no qual a corrupção é publicamente permitida e incentivada — e no qual os que se opõem ao crime são perseguidos oficialmente pela máquina da justiça

Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao lado do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e parlamentares aliados | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert
Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao lado do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e parlamentares aliados | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert
 
Digamos que um ministro ou um outro marajá qualquer do governo Lula receba de presente de uma empreiteira de obras públicas, um dia desses, um apartamento triplex na praia das Astúrias, no centro do Guarujá. 
Ou, talvez, que uma outra empreiteira de obras pague as reformas de um sítio frequentado por outro ministro (ou pelo mesmo), com nota fiscal e tudo, incluindo adega e lago com pedalinho — na estância hidromineral de Atibaia, por exemplo. O que você acha, sinceramente, que iria acontecer? Pense dois minutos, ou até menos.  
O que o presidente da República iria dizer a respeito disso para o companheiro que ganhou os presentes?  
E o Supremo Tribunal Federal, ou alguma outra repartição da justiça, ou um juiz qualquer deste país fariam o quê? 
O ministro seria demitido do cargo pelo presidente, na hora, com um discurso emocionado em prol da honestidade? 
Seria processado no STF, condenado no caso de ficar provada a sua culpa e colocado na cadeia para cumprir a pena? 
 
Até uma criança com 10 anos de idade sabe que não aconteceria nem uma coisa e nem outra — mas não mesmo, de jeito nenhum, com a mesma certeza que se pode ter que o mês de março vem logo depois do mês de fevereiro. Lula seria obrigado a dizer: “Aconteceu igualzinho comigo. Tamo junto”. 
O que ele poderia falar que não fosse exatamente isso? 
O STF iria chegar à conclusão imediata de que o ministro não fez nada de mais, que a acusação não tem provas, mesmo que houvesse a confissão dos corruptores e evidência física da corrupção — e que, de qualquer jeito, o CEP do processo está errado. 
Se Lula fez as mesmas coisas, e foi descondenado pelo STF, por que estaria errado com o ministro em questão? 
Quanto aos juízes — bem, nenhum juiz do Brasil, à esta altura, é maluco o suficiente para processar ladrão do PT, ou da esquerda”, ou do campo “progressista”. Provavelmente, é ele que acabaria preso. Ninguém merece, não é mesmo?
 
O interessante, nessa história imaginária, é que ela não tem nada de imaginário — e nem um miligrama de exagero
Quem seria capaz de apostar R$ 5 na possibilidade de punirem o delinquente? Não vai acontecer, pura e simplesmente. 
Já aconteceu uma vez, embora não se tratasse de ministro, e sim de um ex-presidente da República. 
Não vão deixar que aconteça de novo, nunca mais na vida. 
Quando aconteceu, foi um caos. No curto período em que todos foram iguais perante a lei neste país, e em que cada um, fosse quem ele fosse, teve de responder por seus atos, um ex-presidente foi para a cadeia, e ficou lá 20 meses. 
Teve empresário-milionário preso. Teve político, diretor de estatal e alto funcionário preso. Teve delação premiada, e até de graça. Teve todo tipo de confissão voluntária de culpa. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi condenado a mais de 400 anos de prisão por ladroagem. 
 
Pior que tudo para eles, talvez, bilhões de reais em dinheiro roubado tiveram de ser devolvidos, às vezes direto da Suíça. 
A coisa ficou tão ruim que à certa altura o próprio Lula, em pessoa, viu que estava no centro de uma calamidade sem precedentes, e quis jogar a culpa nos outros, como faz todas as vezes em que é pego em flagrante delito: “Fui apunhalado pelas costas”, disse ele. Hoje, Lula, o PT, o STF, os advogados garantistas e o Brasil que assinou a “carta” em defesa da “democracia” juram que nunca ninguém roubou um tostão — mas na época Lula dizia o exato contrário.
salário de lula
Lula, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, antes de ser preso, 
em abril de 2018 | Foto: Amanda Perobeli/Estadão Conteúdo
De lá para cá mudou tudo — mudou não só a questão da corrupção, em si, mas mudou o Brasil como país, e essa mudança talvez seja a pior desgraça de todas as que estão acontecendo.  
Os que sempre mandaram em tudo por aqui, e que viram de repente o chicote trocar de mão, acharam tudo aquilo absolutamente insuportável — onde já se viu, perguntavam eles, ladrão rico ir para a cadeia? 
E devolver dinheiro roubado, então? Quem pode querer uma coisa dessas? Tinha de acabar, acabar logo e acabar para sempre. 
Passaram anos, todos eles — a classe política, o STF, a máquina judiciária em geral, os empresários-piratas, os advogados criminalistas milionários e todos os brasileiros tementes ao fascismo trabalhando 24 horas por dia para destruir a Operação Lava Jato e o combate sério à corrupção no Brasil. Foi um trabalho imenso. Ganharam — ganharam tanto que, hoje, perseguem ferozmente os juízes e promotores que botaram os ladrões no xadrez. 

Por que iriam, agora, voltar atrás, aceitar que se puna de novo a roubalheira — e ter de começar tudo de novo mais adiante? Não faz sentido. Ou seja: se houver um outro triplex do Guarujá, ou um outro sítio de Atibaia, não vai acontecer nada com os que estiverem metidos no negócio. Mais que tudo, como mencionado acima, o país saiu dessa guerra que exterminou a Lava Jato pior do que estava antes. O Brasil, hoje, é um Estado no qual a corrupção é publicamente permitida e incentivada, para todos os efeitos práticos — e no qual os que se opõem ao crime são perseguidos oficialmente pela máquina da justiça. 

Antes os corruptos nunca iam para a cadeia, ou quase nunca — mas tinham medo de ir. Agora, têm a certeza matemática de que não vai lhes acontecer nada. Qual a dúvida possível? 
O STF absolve, ou ignora, ou arquiva, 100% dos casos de corrupção que lhe chegam, e a maioria dos casos nem chega. Não são 90%, ou 99% — são 100%, direto. 
Se é assim, torna-se impossível, objetivamente, que haja qualquer dor de cabeça para quem rouba; daqui a pouco, ladrão do erário não vai nem precisar mais de advogado. 
Da mesma forma, 100% de todos os despachos da “suprema corte” com um mínimo de relevância são a favor do governo Lula, ou de seus agentes — não menos de 100%, nunca. Ter medo do quê, então? Liberou geral.
STF emendas de relator tributos
Sessão do STF | Foto: Carlos Moura/SCO/STF
Provavelmente não há nenhum outro país no mundo em que a corrupção seja entendida como uma prática regular ou necessária do Estado — e oficialmente aceita pelo mais alto tribunal de justiça da nação, decisão após decisão, sem falhar uma que seja. 
Você consegue citar algum lugar parecido? 
Não está dito que é assim, é claro — no papel, roubar dinheiro público continua sendo proibido. Mas na prática é permitido, sem problema nenhum, se o criminoso é de esquerda, ou coisa que o valha. 
A questão mais interessante que se levanta, à essa altura, é se algum país, entre os 200 que estão hoje na ONU, pode funcionar desse jeito na prática. O que será que acontece, no dia a dia? Dá para a economia funcionar assim? É claro que não vai haver crescimento algum, não num nível decente. É impossível criar riqueza, a não ser fortuna individual para quem rouba — e muito menos distribuição de renda. 
 
Que renda? Não haverá mais emprego de boa qualidade, nem mais oportunidades de subir na vida para os que têm pouco. Não vai haver nenhum progresso relevante nas três questões que mais oprimem a população brasileira hoje em dia: segurança pessoal, educação pública de qualidade pelo menos equivalente à educação particular e assistência médica razoável. Vão roubar a maior parte do dinheiro que deveria ir para isso — e para basicamente todas as necessidades urgentes do país. O Brasil vai continuar, em comparação com as economias bem-sucedidas, tendo uma infraestrutura miserável em suas estradas, ferrovias e portos, ou em seus serviços de água encanada e de esgoto
As obras públicas continuarão custando cinco ou dez vezes que o que custam num país desenvolvido. 
A possibilidade de reduzir impostos, o meio mais eficaz que se conhece para colocar dinheiro no bolso das pessoas, será um duplo zero. 
 
A lista vai longe. Mas será só isso — atraso, subdesenvolvimento e um aumento espetacular da injustiça? 
Ou vai se chegar a um ponto em que começa a faltar luz elétrica, por exemplo, ou gás de cozinha, por que passaram a mão em tudo? 
Não se sabe, realmente; não dá para saber, quando se leva em conta que não existem precedentes de uma situação como a do Brasil de hoje, onde a corrupção é tratada pelo governo como virtude política, e aceita na vida real por todas as sentenças do sistema judiciário. É perfeitamente possível, em todo caso, que destruam muito do progresso que se conseguiu até hoje; nesse caso, o Brasil vai andar para trás.
 
Dois fatos acima de discussão mostram que o país está se enfiando em território até hoje não mapeado
O primeiro é a situação do novo juiz nomeado para cuidar da Lava Jato. Sua identificação no sistema eletrônico da justiça, o e-proc, era, até pouco tempo atrás, “LUL22”. 
O sistema do TSE registra uma doação que fez à campanha presidencial de Lula, dentro de um financiamento coletivo. 
Ele tem apoio público do grupo de advogados “Prerrogativas”, que milita em favor do presidente e de vários acusados de corrupção. 
É um crítico, também público, da Operação Lava Jato. Uma de suas últimas decisões foi autorizar Sérgio Cabral, atualmente em “prisão domiciliar” — apesar de condenado a 425 anos de cadeia e até hoje não absolvido de coisa nenhuma — a ausentar-se do Rio de Janeiro por até oito dias corridos, sem tornozeleira eletrônica ou qualquer outra restrição física. (Veja artigo de Augusto Nunes, nesta edição.) 
 
O juiz e hoje senador Sergio Moro, além do procurador e hoje deputado Deltan Dallagnol foram considerados “parciais” pelo STF em sua atuação na Lava Jato
E esse novo juiz — seria imparcial? 
Não faz nexo nenhum, a não ser como recado explícito ao público em geral. A Justiça brasileira acha, e faz questão de dizer para todo mundo, que juiz bom é quem apoia Lula, beneficia Sérgio Cabral e condena o trabalho contra a corrupção feito pela Lava Jato. Juiz ruim é o que incomoda o presidente e os acusados de corrupção.
Deputado Deltan Dallagnol e senador Sergio Moro - 
 Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Brasil
O segundo fato é que o governo e o conjunto de forças que lhe dão apoio estão cada vez mais empenhados em criar, pela primeira vez na história, um sistema oficial de censura neste país, com o disfarce de agirem contra a divulgação de “fake news”. 
A verdade é que não há nenhuma intenção de evitar a publicação de qualquer notícia falsa, mas sim de proibir que se fale mal do governo nas redes sociais e na mídia. É fácil entender a coisa. 
O STF, através do seu braço eleitoral, proibiu que se dissesse durante a campanha que Lula era a favor da ditadura na Nicarágua, o que é a mais pura e óbvia verdade dos fatos. 
Por que o governo, quando tiver o seu poder de censura, iria permitir a circulação de notícias, comentários e opiniões sobre corrupção? 
 
Não vai permitir, é claro. Ou seja: não apenas acabaram com o combate à ladroagem, mas não querem que se fale mais no assunto. 
Vão roubar — e vai ser proibido dizer que estão roubando. Exagero? A censura sobre a Nicarágua, ao que tudo indica, é o piso, não o teto. O que o STF está dizendo é o seguinte: “É daqui para cima. Podem ir nessa”. O ministro da Justiça, a propósito, anuncia uma lei que, segundo ele, cria a censura moderada. Será um “mecanismo leve”, promete.
 
Que diabo quer dizer isso — “mecanismo leve?” Existe censura leve? 
Qual seria, então, a diferença em relação à censura pesada? 
Numa escala de 0 a 10, por exemplo: a censura do ministro seria algo em torno do grau 5? Menos? Quanto? 
É tudo um perfeito disparate. O que se sabe, com certeza, é que é impossível sair qualquer coisa que preste disso tudo. 
O ministro da Justiça de Lula é comunista “graças a Deus”, segundo ele mesmo diz. 
Nunca houve, até hoje, um comunista que fosse a favor da liberdade, em qualquer época ou em qualquer lugar do mundo. 
Por que ele seria o primeiro?

Leia também “É permitido roubar”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Por que o Supremo não soltou Lula? [preferiu deixar o ônus com o TRF - 4]





Por que o Supremo não soltou Lula?

Festejando, e  até “soltando foguetes”, com a manutenção de Lula preso, por decisão da 2ª Turma do STF, em Seção de 25.06.19, que negou a sua soltura em mais um dos diversos “habeas corpus” que já promoveu, os adversários e opositores do ex-Presidente demonstram com  clareza que caíram como “patinhos” na armadilha montada pelos “amigos do Lula”, e  pela “sua Justiça Particular”, para enganar a todos, ”fazendo de conta” que  seria  rigorosa  também no “caso Lula”. Não consigo responder se o maior peso para essa decisão “suprema”, de não libertar Lula nesse momento, teria ou não partido de um certotemor” de  alguma “reação” mais forte, inclusive “fardada”, ou se decorreu do bom senso dos julgadores, no sentido de que não valeria a pena que assumissem tamanho risco pela simples razão de que Lula já está praticamente solto, faltando  poucos meses para deixar a sua prisão de “marajá” em Curitiba, cujas regalias seriam de causar inveja a qualquer prisioneiro do mundo.



É que na verdade a soltura de Lula praticamente JÁ FOI DECIDIDA pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ, que reduziu a sua pena de prisão, determinada pelo Juiz Sérgio Moro, e que foi aumentada para pouco mais de 12 anos, pelo TRF-4, mas que após foi reduzida, em grau de recurso, para pouco mais de 8 anos, pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ. Esse decisão do STJ foi exatamente na “medida”, feita “por encomenda” , para não causar maiores transtornos, inclusive para “acalmar” os ânimos  (talvez) “militares”, e a própria opinião pública, tanto favorável, quanto contrária à prisão de Lula. Foi, realmente, um “golpe de mestre” do STJ, que fixou uma pena de “amigo” para o réu, e que  acabou “ficando por isso mesmo”. 
Uns afirmam que “o diabo mora nos detalhes”. E o “detalhe” dessa redução da pena de Lula é que ele poderá ser beneficiado com a chamada “progressão de regime”, passando para o regime semiaberto, ou até ser  favorecido com “prisão domiciliar”, em algum dos seus imóveis, tão logo cumprido 1/6 (um sexto) da sua pena, o que ocorrerá logo, logo. [só tem um detalhe, mais um e que pode alterar os cálculos dos adeptos da teoria que 'o diabo mora nos detalhes' ou que vêem uma armação para favorecer Lula.
O TRF - 4, que parece não está nos detalhes de agora, confirmando a sentença do presidiário petista, resultante da segunda condenação do ladrão de Curitiba, a pena dela se soma à pena da primeira condenação e o um sexto da pena muda tudo para 2021.
Aí, ou o STF muda seu entendimento de que a prisão deve ocorrer após a segunda instância ou Lula continua preso por no mínimo mais dois anos.]



Confirmando a “esperteza” da 2ª Turma do STF, não tirando Lula da cadeia, na verdade “Suas Excelências” não quiserem se expor ao risco maior de uma possível  convulsão institucional, mesmo porque  o trabalho “sujo” da soltura de Lula já tinha sido iniciado pelo tribunal “vizinho”, o STJ, não tão exposto na “vitrine” da mídia como o STF. Lamentavelmente  tenho a desagradável sensação de sentir-me como se estivesse sendo tratado como um verdadeiro idiota para “engolir” toda essa “armação” que estão fazendo em nome da Justiça, que usa sem limites todo o seu “poder”, “bondade” e “esperteza” para favorecer o criminoso maior responsável pela  quase destruição de um país, sob todos os aspectos: políticos, morais, econômicos e sociais.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sérgio Alves de Oliveira


Sérgio Alves deOliveira é Advogado e Sociólogo.