Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Monumento representando a Justiça em frente ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás: salários de desembargadores goianos chegam a 180 mil reais. - Foto: Divulgação/Centro de Comunicação Social do TJGO
Os hábitos, os costumes e o senso moral de uma boa parte dos juízes e desembargadores brasileiros foram se degenerando tanto ao longo dos anos que acabaram por se tornar um escândalo nacional permanente. É um choque depois do outro.
O mais recente foi fornecido pelo Tribunal de Justiça de Goiás – um velho conhecido do noticiário sobre abusos e trapaças legalizadas que resultam em salários insanos para uma grande área da Justiça brasileira.
Soube-se que os desembargadores goianos ganham salários mensais de 170 mil a 180 mil reais – uma alucinação que não tem paralelo em lugar nenhum do mundo, e que chegou ao extremo de incomodar até o Ministério Público Federal.
São especialistas, ali, em usinar todas as modalidades de salários de marajá praticados na administração pública, mas, neste caso em particular, os próprios procuradores acharam que já era um exagero
O argumento do Tribunal de Justiça de Goiás é o mesmo de sempre, repetido ano após ano, e escândalo após escândalo, por magistrados que ficam milionários às custas do pagador de impostos.
Tudo o que eles ganham é estritamente legal – vem da maçaroca de auxílios disso e daquilo, licenças prêmio, indenizações, verbas variadas, ajuda paletó, férias em dobro, gratificação por “trabalho difícil” e mais um caminhão de vantagens em dinheiro, que nenhum cidadão brasileiro tem, nem no serviço público.
O salário médio de um juiz brasileiro está acima de 50 mil reais por mês. Que sociedade pode pagar isso tudo?
É óbvio que esses truques são legais. São aprovados pela Assembleia Legislativa e se transformam em “lei estadual” – por pressão dos próprios juízes e por deputados que querem comprar proteção preventiva e permanente da Justiça goiana.
Além disso, são os próprios desembargadores que interpretam as leis da Assembleia – e que decidem as causas em torno dos seus salários.
As sentenças, naturalmente, são sempre a favor deles mesmos.
É o resultado direto e desastroso da sindicalização generalizada do Judiciário no Brasil, uma praga que começou a se espalhar com a Constituinte e não parou nunca mais de contaminar a remuneração e os privilégios da magistratura.
A Justiça brasileira é a mais cara do mundo. Consegue gastar mais de 100 bilhões de reais por ano – em termos proporcionais, considerando-se o PIB per capita, custa três vezes mais que a Justiça da Alemanha, a mais cara da Europa, e quase dez vezes mais que a dos Estados Unidos. (Isso mesmo: dez vezes mais.)
É claro.
Como poderia deixar de ser assim, com os salários do Tribunal de Justiça de Goiás e tantas aberrações idênticas que se reproduzem na remuneração do Sistema Judicial? É uma situação de metástase.
O salário médio de um juiz brasileiro, hoje, está acima de 50 mil reais por mês. Que sociedade pode pagar isso tudo? O custo da Justiça, há anos, é muito mais do que o Brasil tem condições materiais de desembolsar – não há “arcabouço fiscal”, ou “reforma tributária” ou imposto para “grandes fortunas” que consiga aguentar essa sangria desatada. É incompreensível que isso esteja acontecendo num país de população em sua maioria pobre, às vezes paupérrima, e no qual o governo diz o tempo todo que não tem dinheiro para nada.
A Justiça brasileira, com esse custo demente, deveria ser a melhor do mundo. É uma das piores, e vai continuar assim – vai, com certeza, ficar cada vez mais cara.
O governo Lula, a esquerda em peso e o sistema que os apoia são, hoje, fanaticamente a favor do Judiciário” e da sua santidade geral – não se pode mexer em absolutamente nada que desagrade, mesmo de leve, os sindicatos de magistrados e os seus interesses.
Querem um “orçamento para os pobres”, como vivem dizendo.
Do que gostam, mesmo, é de juízes que ganham 170 mil reais por mês e os deixam em paz.
A cada minuto o
equivalente a um caminhão de lixo plástico é lançado nos oceanos. A
quantidade aumentou 50% nos últimos cinco anos
Grande mancha de lixo no Oceano Pacífico | Foto: Reprodução/Caroline Power
Revista Oeste - Cortesia
A palavra “continente” tem origem no polissêmico verbo “conter”, do latim con e tenere
(“ter”).A continência, ao contrário da incontinência, expressa a
capacidade fisiológica, psicológica, social e até política de
limitar-se, de parar, de deter-se. “Continente” deriva de continens (“contínuo, ininterrupto”) e entis (particípio presente de continere: “conter, abranger”). E, na geografia, designa amplas extensões contínuas de terra, cercadas por oceanos.
Os seis continentes levaram milhões de anos para se constituir.
Agora, em menos de um século, um sétimo continente, de geometria
variável, com mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, se constitui
entre a Califórnia e o Havaí. Os outros são feitos de rochas e terra. O
sétimo “continente” está a se formar com resíduos plásticos, no centro
de um vórtice de correntes marítimas.
(...)
Partículas com mais de 5 milímetros são chamadas de macroplásticos; e
as inferiores, de microplásticos. As com menos de 10 milésimos de
milímetro são nanoplásticos. Um nanômetro é igual a 1 bilionésimo de 1
metro. São mais de 5 mil categorias de polímeros, com 10 mil substâncias
químicas incorporadas aos plásticos, em coquetéis de dez a 30
diferentes aditivos, em função de seus usos. E persistirão no ambiente
por centenas de anos. A concentração média de plásticos
é da ordem de 0,5 quilo por quilômetro quadrado de oceano. Os maiores
valores estão nos Atlânticos Sul e Norte (1,2 e 0,8 quilo por quilômetro
quadrado) e no Mediterrâneo (0,7 quilo por quilômetro quadrado). O desafio é global.
Essas partículas com poluentes persistentes acabam no estômago de
peixes, águas-vivas, tartarugas, mamíferos marinhos e aves. E terminam
por envenenar seus órgãos externos e internos. Mais de 300 espécies são
afetadas por esse vórtex ou “sopa” de lixo plástico. O giro fluidodinâmico deixa escapar um pouco do conteúdo por dois braços, em direção ao Japão e aos Estados Unidos.
(...)
Enquanto o mundo urbano busca soluções,
a agropecuária brasileira é exemplar na gestão dos resíduos plásticos.
Além da busca do lixo zero no processo produtivo, o correto destino das
embalagens plásticas de insumos agrícolas mobiliza a cadeia produtiva
desde a década de 1980. Os debates evoluíram até a aprovação da Lei Federal nº 9.974/2000 e a criação do Instituto Nacional de Embalagens Vazias (inpEV), em 2001. O inpEV, entidade sem fins lucrativos, integra o Sistema Campo Limpo
e é responsável pela operacionalização da logística reversa das
embalagens em todo o país. Integram o inpEV mais de 100 empresas e
entidades do setor.
Como publicado na Revista Oeste, o manejo e a destinação ambientalmente corretos das embalagens vazias de defensivos agrícolas têm como regra as responsabilidades compartilhadas
entre os agentes da produção: agricultores, canais de distribuição e
cooperativas, indústria e poder público. Os usuários de defensivos
agrícolas lavam, inutilizam (furam e cortam) e devolvem as embalagens
vazias aos comerciantes. Estes indicam o local da devolução das
embalagens pós-consumo, as mantêm e comprovam o recebimento. Os
fabricantes se responsabilizam pela logística e pela correta destinação.
Relato de um fazendeiro que teve sua propriedade invadida pelo MST
Os invasores doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)chegam de carro, caminhonete e caminhão. Ninguém vai a pé invadir uma
fazenda. Com as barracas pré-montadas, eles armam o acampamento
rapidamente. De 20 carros, logo passam a 50 e consolidam a invasão.
Geralmente agem de madrugada e em feriados prolongados, pois a Justiça,
que costuma ser morosa, é ainda mais lenta nessas datas.
A água, usam da propriedade, bem como a energia elétrica. É que os invasores de terras não ficam sem celular.
A experiência que João Nicolau gostaria de esquecer aconteceu no Carnaval do ano passado. O produtor rural e vereador em Arealva teve a fazenda no município de Rosana — a 500 quilômetros de Arealva — invadida por um grupo de militantes do MST.
Mesmo com uma ordem judicial, Nicolau levou seis meses para retirar
os invasores. “Descumpriram a ordem, não pagaram a multa de R$ 300 mil e
nenhum inquérito ocorreu”, declara o produtor.
O fazendeiro perdeu 20 cabeças de gado. Na época da invasão, o tempo
era seco, com a propensão a carrapatos ser maior. Ele foi proibido de
entrar na própria terra e não pôde manusear o rebanho corretamente.
O produtor rural está na região há mais de 20 anos, então conhece bem
os invasores. “A gente não identifica o movimento porque não tem CNPJ,
mas, quando percebem que o invasor é identificado, o movimento troca o
líder. Isso é muito comum.”
No Carnaval deste ano, Nicolau só evitou que a fazenda fosse
novamente invadida porque ficou a noite toda vigiando a área, junto com
outros fazendeiros. “Cerca de 20 veículos se dividiram em dois grupos:
quando o primeiro parou na minha fazenda e percebeu que havia vigilância
seguiu viagem com os demais”, conta o produtor.
Já os vizinhos não tiveram sucesso, e outras quatro fazendas foram
invadidas pelo MST. Eles são audaciosos. “Mesmo conversando, eles não
querem sair, dizem ‘a terra é nossa, quem manda somos nós e vamos colher
o que tiver por aqui'”, relata Nicolau.
Na tentativa de invasão, um dos líderes abandonou um carro zero,
ainda sem placa, na propriedade de Nicolau. No veículo, ele encontrou um
celular e notas promissórias, mensalidades pagas para os militantes
para se manterem no movimento.
Quem está por trás do movimento sem terra Lideranças, comerciantes, políticos, funcionários públicos, do Judiciário, estão ligados a invasões. São eles que mantêm o movimento. “Eu identifiquei escrevente, motorista de ambulância, oficial de
Justiça, inclusive que dificultou o cumprimento de uma mandado
judicial”, diz Nicolau.
O movimento é bem organizado e com influência política, relata o
produtor rural. “Deputados, vereadores e prefeitos da esquerda
incentivam os movimentos, com a finalidade de voto. Cada família tem,
pelo menos, dez votos.”
Segundo Nicolau, muitos assentamentos consolidados não passam de uma
mentira contada por políticos. “Conheço um assentado há mais de 40 anos.
Ele não tem o título da terra, não produz, não trabalha na terra e nem
uma casa construiu nesse tempo. Agora, o filho quer vender o lote.”
Os líderes não ficam nos barracos. Moram na cidade e só administram o
dinheiro oriundo da invasão, pela colheita da produção e mensalidades
pagas pelos militantes. “Além dos financiamentos. Políticos que injetam
dinheiro para os líderes continuarem, porque, no final, o que importa é o
voto.” Uma das lideranças da região do Pontal de Paranapanema, no interior
paulista, formou dois filhos médicos com o dinheiro do movimento.
Já foi o tempo em que a Rússia invadia a Hungria ou a
Checoslováquia e tudo se resolvia com a passagem do primeiro tanque
Após mais de uma semana
de guerra, com o bombardeio aéreo e a invasão da Ucrânia por tropas da
Rússia, o que deveria ter sido uma intervenção curta, eficaz e decisiva,
dessas com destruição limitada, cessar-fogo após a exibição de força do
lado mais forte e início rápido de negociações para a rendição, se
transformou num desastre em aberto. As primeiras negociações depois do
começo da guerra não deram certo; após cinco horas de conversa, ficou
tudo na situação em que estava antes.
Vladimir Putin discursa na TV sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, no dia 22 de fevereiro de 2022 - Foto: Rokas Tenys/Shutterstock
Como não houve avanço militar decisivo por parte da Rússia, a ação passou a visar mais e mais os alvos civis, e de forma mais e mais pesada — com os custos políticos que isso sempre tem. É uma situação em que o país invadido não pode ganhar militarmente do invasor, nem fazer com que ele volte para o seu próprio território. Ao mesmo tempo, os invasores não conseguiram em nenhum momento assumir o controle real do território invadido. O resultado é uma guerra que arruína os dois lados. Mais de 50 anos atrás, Israel, um país do tamanho de Sergipe, precisou de apenas seis dias de guerra para derrotar todos os seus vizinhos árabes juntos. Os russos, na Ucrânia, ficaram muito longe disso.
A Ucrânia mostrou uma resistência muito maior do que a Rússia esperava
Além dos problemas na invasão em si, a Rússia sofreu, desde que disparou seu primeiro míssil contra a Ucrânia, a maior barragem de represálias econômicas jamais lançada contra um país em qualquer época. Do ponto de vista diplomático, está sendo punida, junto com o seu líder, Vladimir Putin, com uma condenação mundial inédita em sua extensão e em sua quase unanimidade;fora a China, que decidiu falar pouco no momento da invasão, e menos ainda quando ficou claro que a Ucrânia não se rendeu de imediato, quase todos os países se colocaram contra Moscou — ficaram a favor da invasão aqueles cujo apoio só atrapalha, como a Venezuela do ditador Nicolás Maduro.
A paisagem do equilíbrio mundial, enfim, mudou da noite para o dia. A Rússia, depois de um longo período de progressiva normalidade em suas relações junto à comunidade internacional, com a dissolução da URSS comunista iniciada há pouco mais de 30 anos e o fim da “Guerra Fria”, voltou a ser o inimigo da Europa, dos Estados Unidos e dos países próximos a eles. A “segurança da Europa”, coisa considerada do passado, voltou a ser coisa do presente. O mundo, com a invasão da Ucrânia, está de novo rachado — e parece ter pela frente uma caminhada longa, incerta e complexa para retornar ao sossego que acreditava ter conseguido.
Passada a explosão inicial, e com a partida inteira pela frente, os fatos que ocorreram com certeza, até o momento, são os seguintes:
1 – A Ucrânia mostrou uma resistência muito maior do que a Rússia esperava. Os Estados Unidos, a Europa e o resto do mundo também foram surpreendidos; manifestaram apoio aos ucranianos desde o começo, mas não acreditavam na sua capacidade de continuar de pé após os primeiros bombardeios. Para a Rússia cumprir o objetivo imediato que tinha ao lançar a invasão — liquidar as Forças Armadas ucranianas, derrubar o governo do presidente Volodymyr Zelensky e colocar em seu lugar um regime que obedeça à sua orientação e aos seus interesses —, a operação teria de dar certo em 24 horas. Não aconteceu isso — e agora é duvidoso que um governo-fantoche, imposto sem eleições livres e sem que a Rússia tenha o efetivo controle do país, consiga funcionar de verdade. A cada momento, em consequência, foi se criando a necessidade do tipo de ação militar que menos interessa à Rússia — a escalada nos ataques, que deixa o comando sem opção a não ser aumentar cada vez mais a ofensiva, sem a perspectiva de uma data para terminar as operações. Colocar em “alerta” as forças nucleares russas não impressionou ninguém — nem a convocação de Putin para os ucranianos derrubarem o seu governo, com a promessa de se entender com eles logo em seguida. Cada dia sem solução é um dia a mais de baixas militares, de sanções econômicas, de entrada de armas europeias na Ucrânia e de custos cada vez mais pesados. Virou uma guerra de desgaste na qual, tipicamente, encontrar uma saída, e encontrar logo, passou a ser mais importante do que vencer.
2 – O presidente Zelensky mostrou ser um homem de coragem, coisa pouco comum, hoje em dia, na cena internacional. Ao contrário do que fariam nove em dez presidentes latino-americanos, a começar pelos do “campo progressista”, Zelensky não fugiu. (E o primeiro-ministro do Canadá, então? Esse ficou assustado com um movimento de motoristas de caminhão.) O presidente da Ucrânia não correu para Miami ou Havana ao ouvir o barulho da primeira vidraça quebrada, nem se refugiou na Embaixada dos Estados Unidos; não aceitou, nem mesmo, renunciar a seu cargo em favor de algum “governo de união nacional”. Quando os americanos lhe ofereceram transporte para deixar a Ucrânia, disse que não estava precisando de carona, e sim de armas. Até agora, continua onde estava antes da invasão começar.
3 – Oficialmente, como dizem os comunicados de Moscou, a invasão se destina a “desmilitarizar” a Ucrânia, ou seja, a zerar a sua capacidade de atacar ou se defender militarmente. A Ucrânia, obviamente, não ameaça a segurança da Rússia, ou de qualquer outro país — não se trata, portanto, de uma ação de defesa prévia, mas simplesmente uma tentativa de incluir o território ucraniano no perímetro de “segurança” que Putin considera adequado. Esse objetivo já tinha de estar cumprido. Até o momento, entretanto, a invasão tem sido uma série de operações que não decidiram nada de essencial do ponto de vista militar. A Ucrânia, com oito dias de guerra, mantinha controle parcial de seu espaço aéreo. O tráfego na maioria das rodovias foi interrompido por bombardeios, mas uma parte do sistema ferroviário continua a operar. A central de energia elétrica da capital, uma das primeiras coisas a ir para o espaço em qualquer invasão bem-sucedida, permanece em funcionamento há mais de uma semana. Nenhuma grande cidade foi ocupada de fato. O palácio presidencial ainda não foi destruído.
Os russos esperavam que a Europa iria protestar muito e fazer pouco
A performance militar dos russos no campo de batalha, nos dias iniciais da invasão, está sendo muito inferior ao que se esperava. As tropas parecem mal treinadas, mal comandadas, mal motivadas, com logística ruim, planejamento confuso e profissionalismo deficiente. Há perdas pesadas de material e baixas acima do previsto. Segundo o governo da Ucrânia, “9.000 soldados russos” já morreram — o que pode ser propaganda, mas com certeza revela problemas sérios no campo de batalha. A expectativa era de que a Rússia, depois do desmanche de suas Forças Armadas no começo dos anos 1990, teria passado por um processo de modernização em regra, tornando seus efetivos mais tecnológicos, eficazes e enxutos. Não se viu isso até o momento.
A Rússia enfrenta os conhecidos ônus de fazer uma guerra dentro de limites — não está claro o que os oficiais e soldados podem fazer, o que devem fazer e o que estão proibidos de fazer. O certo é que o invasor tem, todos os dias, de se segurar — destrói tudo aqui, não destrói nada ali, espera ordens contraditórias e assim por diante. Os ucranianos, militares e civis, mostraram capacidade de resistir a ataques e atacar de volta, o que não estava previsto. O resultado das incertezas e da resistência é uma multiplicação diária de dificuldades — e o ataque, cada vez mais, a alvos civis. Deveria, em suma, ter sido rápido, eficaz e simples. Está sendo devagar, malfeito e complicado.
4 – A Rússia cometeu um erro de cálculo sério ao subestimar a reação dos países da Europa. Confiantes na sua vantagem como fornecedores de 40% do gás europeu, sobretudo nestes momentos de inverno, os russos esperavam que a Europa iria protestar muito e fazer pouco. Foi o contrário. Alemanha, França e Inglaterra, mais o restante da União Europeia como um todo, responderam à invasão com união inédita, extrema rapidez e intensidade sem precedentes. Mais que os Estados Unidos, que tiveram a reação vacilante, desordenada e fraca que tem marcado as ações do governo do presidente Joseph Biden, a Europa cresceu na frente da Rússia. Junto com os norte-americanos, que vieram vindo no seu embalo, cortou parte dos bancos russos do Swift, o sistema internacional de pagamentos bancários indispensável para mover dinheiro através do mundo. Limitou a movimentação que a Rússia pode fazer dos seus US$ 650 bilhões em reservas de moeda forte. Fez o rublo desabar 40% e os juros na Rússia voarem para 20% ao ano. O alvo não foi só a economia. Fechou-se o espaço aéreo da Europa e dos Estados Unidos para qualquer avião russo — inclusive os jatinhos dos milionários amigos do presidente Vladimir Putin, e uma das suas mais fiéis fontes de apoio. A UE tem mandado armas, munição e equipamento militar para a Ucrânia todos os dias. A Alemanha, principalmente, que a Rússia imaginava numa posição de quase neutralidade por sua dependência energética, tornou-se a militante mais ativa da Europa em favor dos ucranianos. Nenhum líder político europeu mostrou simpatia, compreensão ou espírito de conciliação com a Rússia; a opinião pública, da qual todos dependem para sobreviver politicamente, também é na grande maioria pró-Ucrânia. As represálias europeias e norte-americanas, na verdade, vão muito além da hostilidade econômica em si — a cada dia, elas cortam mais e mais os laços da Rússia em suas conexões com o mundo. Da suspensão de grandes projetos industriais de empresas privadas até a colaboração em programas espaciais, tudo está passando pela tesoura.
5 – A Ucrânia, claramente, não foi demolida no primeiro tiro, mas é igualmente claro que não tem condições de aguentar pelo resto da vida o castigo que está recebendo. O pior aspecto da invasão é o custo para a população civil — ameaçada nas suas vidas, na sua propriedade e nos seus direitos mínimos. Há milhares de mortos e feridos — menos que a guerra-padrão de Terceiro Mundo, mas um choque para a Europa. Faltam alimentos. Famílias estão separadas. Estima-se até agora um total de 800.000 refugiados, que só tende a aumentar a cada dia. Até o momento, curiosamente, os dois países que mais receberam refugiados ucranianos foram a Polônia e a Hungria, justo os dois regimes mais à direita da Europa; os “globalistas” como Alemanha, França e países da Comunidade Europeia em geral adotaram represálias pesadas, mas até agora não começaram a distribuir vistos de entrada.O que existe é uma proposta da Comissão da União Europeia,a ser aprovada por cada um dos membros da comunidade, para conceder aos ucranianos moradia, plano médico, escola, permissão para trabalhar e assistência social durante um período de um ano — com a possibilidade de uma extensão para dois anos, ou três.
A Ucrânia não pode vencer a Rússia no campo de batalha, mas não ficou claro até agora como a Rússia pode ganhar
6 – A opinião majoritária sobre quais as razões centrais que a Rússia teve para invadir a Ucrânia é a decisão, por parte do presidente Putin, de devolver o seu país à situação de superpotência militar e política que exibia em público até os anos 1980. Este é, segundo a maioria das análises, o objetivo estratégico de Putin, que governa com um status de presidente vitalício: uma nova Rússia, equivalente à antiga União Soviética das “15 repúblicas” — na verdade, intendências governadas por Moscou e das quais a Ucrânia fazia parte até o regime começar a se desmanchar com a queda do Muro de Berlim, em 1989. Putin quer a Rússia que alegava ter o mesmo poder dos Estados Unidos, era capaz de impor sua política aos vizinhos da Europa e exercia uma voz de influência no resto do mundo, incluindo a China.
As realidades, até o momento, indicam que esses planos estão muito mais no terreno da imaginação do que de um programa político viável do ponto de vista prático. Voltar à URSS das “15 repúblicas”é mais ou menos como pretender que a Argélia volte a ser da França, ou que a Inglaterra volte a governar a Índia — não dá mais, simplesmente, em 2022. As complicações da invasão da Ucrânia, por outro lado, mostraram os limites dessas teorias geopolíticas grandiosas. A Ucrânia não pode vencer a Rússia no campo de batalha, mas não ficou claro até agora como a Rússia pode ganhar. Mesmo que Putin realize os seus objetivos declarados, a Ucrânia não vai ser anexada de volta ao território russo. Pode perder partes do seu território, mas não voltará a ser o que era — nem o próprio Putin, em qualquer uma de suas manifestações, disse algo assim. URSS, outra vez? No momento não está dando para ter de novo nem a Ucrânia; imagine-se, então, remontar o mapa inteiro. Também não se explicou o que adianta ser uma superpotência se não dá para ganhar no ato nem uma guerra com a Ucrânia — um país pouco maior que o Estado de Minas Gerais, e com um PIB dez vezes menor que o do Brasil. Se a Rússia tem trabalho com a Ucrânia, como seria com a Alemanha, por exemplo?
Fica em aberto, junto com essas dúvidas, uma outra questão objetiva: o que a Rússia vai efetivamente ganhar com essa guerra, mesmo com vitória oficial a curto ou médio prazos. Daqui um ano, por exemplo: a Rússia estará mais forte, mais segura ou mais rica do que hoje?
Terá mais aliados?
Tirar um pedaço do território da Ucrânia resolve alguma coisa?
Para a população russa, especificamente: melhora o quê, na vida real?
Os magnatas que controlam a economia russa e fornecem uma clara base de apoio para Putin, junto com as Forças Armadas e o seu partido político, vão ficar mais milionários do que já são?
No momento não estão mais conseguindo nem ter um time de futebol na Premier League.
7 – Invasões armadas são coisas difíceis de fazer hoje em dia. Já foi o tempo em que a Rússia invadia a Hungria ou a Checoslováquia e tudo se resolvia com a passagem do primeiro tanque. Não mais. Antes de se desfazer como URSS, por sinal, a Rússia invadiu o Afeganistão, no começo dos anos 1980; ficou lá durante anos a fio e perdeu a guerra. Ainda agora, em 2014, invadiu a mesma Ucrânia. Não resolveu nada, já que oito anos depois está tendo de invadir de novo. Guerras que se podem fazer à vontade, em nosso tempo, são apenas nos fins do mundo que não incomodam ninguém. Em países da Europa não existe mais solução imediata.
Ao fechar,
por se haver revelado inútil, o inquérito dos atos antidemocráticos,o
ministro relator abriu imediatamente outro com o mesmo perfil. Não se
requer muita experiência e sensibilidade para entender que o ministro e
seus colegas se agradaram do escudo protetor de que agora dispõem para
coibir manifestações contra atos do poder.
Para
justificar a abertura desse novo inquérito, Alexandre de Moraes escreveu
que as investigações “apontaram fortes indícios da existência de uma
organização criminosa voltada a promover diversas condutas para
desestabilizar e, por que não, destruir os Poderes Legislativo e
Judiciário a partir de uma insana lógica de prevalência absoluta de um
único poder nas decisões do Estado”.Não acreditei até ler o mesmo
texto, entre aspas, em vários veículos.
Acumulando
funções de modo até hoje indisponível a qualquer outro membro do Poder
Judiciário nacional, o ministro relator identifica “indícios” de
“organização criminosa” orientada por “lógica insana” que pretende a
“prevalência de um único poder”. Não sei se isso existe, mas parece
pouco sólida a motivação. Ademais, ao inserir em seu texto uma estranha
interrogação acusatória – “desestabilizar e, por que não, destruir os
Poderes Legislativo e Judiciário” – o ministro viaja na instável canoa
da mera suspeita e da subjetividade.
Tirados os
adjetivos e a imagem de “organização criminosa”, sem a qual não haveria
motivo real para qualquer inquérito, o intuito descrito corresponde, em
grande parte, ao que parcela expressiva da sociedade vê como sendo o
caminho para onde o ativismo judicial tantas vezes arrasta a nação.
Nesta mesma
pista da história por onde trafegamos, atrás de nós, vem um caminhão
carregado de decisões em que ministros constitucionalizam seu querer e
inconstitucionalizam seu não querer, alardeiam seu caráter
“contramajoritário”e suas aspirações a se tornar Poder Moderador da
República, função de Estado inexistente no nosso gabarito
constitucional.
No mesmo caminhão entram, agora:
- o
absurdo comportamento de um hacker, tão curioso quanto consciencioso,
que nenhum efeito ou dano causou nas entranhas dos computadores do TSE,
- os passos desse audacioso, apagados, por descuido, durante um serviço terceirizado;
- o
caráter pouco comum do sigilo imposto pelo TSE, maior interessado em que
o burlesco acontecimento de três anos atrás não chegasse ao público.
Até que
haja sólida motivação para uma reforma institucional promovida com
virtuosas intenções, assim anda e assim andará o Brasil, de crise em
crise, de bolha em bolha, em conflito consigo mesmo, cativo de um
sistema político feito para dar errado.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Os dois principais acontecimentos políticos ao longo da
semana ajudaram a sedimentar a configuração de poder em Brasília a esta
altura do agitado mandato presidencial. O desenho passa, naturalmente,
pelo presidente da República;
pela relação cada vez mais estreita dele
com os
oficiais-generais da reserva que as crises vão aspirando para a máquina;
e pelo
domínio que hoje se pode chamar de absoluto dos partidos do dito centrão
sobre
o Congresso Nacional, especialmente sobre a Câmara.
O episódio do deputado federal Daniel Silveira
(PSL-RJ) vem sendo exemplar. O parlamentar entrou numa briga que não era
dele, com o
objetivo de catapultar musculatura política. Deu tudo errado. Acabou
oferecendo
ao antes acossado Supremo Tribunal Federal a oportunidade de um
contra-ataque
no ponto mais vulnerável do front adversário, o Legislativo. Mas isso
abriu para o
presidente da Câmara uma via rápida de cristalização da autoridade sobre
os
pares. E atraiu para ele a simpatia de um setor da opinião pública que o via
com um pé atrás. Ou, pelo menos, tirou-o momentaneamente da linha de tiro.
O segundo fato, a mudança no comando da Petrobras, ainda em
curso, traz ao presidente da República a brecha para, finalmente, colocar uma
cunha na, lá atrás, toda poderosa equipe econômica. Erros têm consequências, e
a insensibilidade da petroleira diante da possibilidade de sua política de
preçosprovocar uma greve nacional de caminhoneiros acabou
custando a cabeça do presidente da estatal. Trocado convenientemente por um general,
ex-ministro da Defesa e atual presidente de Itaipu.
Uma
greve de caminhoneiros em meio às seriíssimas dificuldades provocadas
pela pandemia teria forte potencial de desestabilização. É natural que
os adversários desejem e estimulem. E é esperado que o Planalto procure
evitar. [evitar até onde for possível; não conseguindo impedir a greve, partir para o desmonte da estrutura.
Presidente Bolsonaro, sabemos que na greve passada várias empresas foram multadas, só que as multas não foram pagas. Cobre as multas, seja duro com os empresários e será mais um ponto contra a greve.
E encontre uma forma de responsabilizar qualquer inimigo do Brasil,que a pretexto de fazer oposição ao seu governo - legítima desde que limpa, sem jogo sujo - tente atrapalhar seu governo. E adote o mais rápido possível, providências para começar o processo (longo, por isso um segundo mandato para o presidente que adote as medidas iniciais,se torna necessário) de priorização para ao transporte ferroviário. Transporte rodoviário só o de distribuição nas cidades.]
Vida que segue. Se tudo se passar como habitual no Brasil,
haverá ainda alguma turbulência nos dois casos, mas rapidamente o mundo
político-jornalístico retornará para o infindável debate sobre as vacinas da
Covid-19 e sobre o novo auxílio emergencial, com que nome for. E o Congresso,
agora mais arrumado politicamente, não deixará fechar a janela das reformas.
Que precisarão ser negociadas, claro, mas cuja esperança de aprovação é o
respirador a manter acesas duas luzes:a tranquilidade do Legislativo e o protagonismo do ministro da Economia.
Tudo pode desandar, dar errado para o Planalto?
Sempre pode,
mas a impressão de momento é as melancias continuarem se ajeitando na
carroceria do
caminhão conforme os solavancos da estrada. Um problema é o
encolhimento da popularidade presidencial, causado pela atitude diante
da pandemia e pela parada nas medidas de apoio emergencial. Mas em
alguns meses estão previstas vacinas abundantes, da Fiocruz e do
Butantan. E o Congresso vai acabar dando um jeito no socorro econômico.
E quedas de popularidade, algo sempre arriscado no Brasil, podem ser mais
confortavelmente administradas quando há aliados comandando as casas congressuais. Para o projeto de Bolsonaro, o prestígio dele só precisa estar tinindo daqui a um
ano e meio. O risco da popularidade baixa no meio do mandato é atiçar os
apetites pelo impeachment. Isso está, no momento, muito distante depois das eleições no Legislativo.
O trabalho do caminhoneiro, tido como aventureiro e romântico, continua sendo precário nos dias de hoje
[o Brasil só tem uma saída para se livrar da dependência transporte rodoviário - ineficiente e que agora também se tornou chantagista, passou à extorsão, ameaçando com greves (que estão mais para lock-out) e colocando em risco a economia do país.
A saída é: PRIORIZAR o TRANSPORTE FERROVIÁRIO e o HIDROVIÁRIO.]
“Governar é abrir estradas”, dizia o presidente Washington Luis. Não
mais, mas o papel do caminhão na economia brasileira continua crucial, a
ponto de a sua falta ter o peso de parar o país, como em 2018. Os
caminhoneiros movimentam 60% de toda a carga brasileira, através de 1,7
milhão de quilômetros de estradas, quase sempre mal conservadas. Historicamente, o sistema viário brasileiro sempre foi dependente das
estradas, ao contrário de outros países, como os Estados Unidos ou a França, que têm nas ferrovias o seu principal meio de transporte, de
gente e de mercadoria.
Por isso, a greve dos caminhoneiros em 2018 parou o país por dias,
afetando o abastecimento das cidades. Pouco depois do Dia do
Caminhoneiro, que se comemora em 20 de maio, fez um ano a nova tabela de
frete, fruto de negociações entre o governo Temer e as lideranças da
greve de caminhoneiros. Que já está superada. A carga tributária sobre o preço do diesel foi a detonadora da greve, e
até hoje a questão não está resolvida, volta e meia o fantasma de uma
nova paralisação assombra o governo Bolsonaro, que, por sinal, apoiou a
greve em 2018. Os donos de carga alegam que a tabela foi editada para acabar com a
paralisação, e não reflete os verdadeiros custos operacionais de
transporte. E pleiteam no Supremo Tribunal Federal o fim do tabelamento
de fretes. Uma nova tabela está em consulta pública, e deve entrar em
vigor no próximo mês. As transportadoras, receosas dos efeitos da greve
que mobilizou sobretudo os caminhoneiros autônomos,aumentaram suas
frotas, reduzindo o mercado de subcontratações.
Hoje, como sempre, o caminhão continua sendo o símbolo de um país que
buscou a interiorização através das estradas.Por isso, é também
representativo da cultura nacional, ajudando a espalhar pelo país a
música sertaneja, gerando série de sucesso na televisão como Carga
Pesada, com os caminhoneiros Pedro e Bino, interpretados por Antonio
Fagundes e Stênio Garcia protagonistas de aventuras pelas estradas. Um dos livros seminais sobre a importância econômica e cultural do
caminhoneiro é “Em torno da sociologia do caminhão”, de Marcos Vilaça,
membro da Academia Brasileira de Letras, que identificou, nos anos 60,
que as cidades brasileiras já não nasciam no litoral e à beira dos rios,
mas em torno dos postos de gasolina.
O caminhão como o novo agregador social, responsável pela interiorização
da economia brasileira, ganhou com o livro de Vilaça nova dimensão
sociológica. O livro dedica capítulos especiais à importância na
economia, às romarias, ao pau de arara, às frases dos parachoques dos
caminhões, à relação do caminhão com as artes. Reeditado em 2001, incluiu análise do livro de Oswaldo França Junior
“Jorge, um brasileiro”, que dava a dimensão “ do Brasil “dos motoristas,
das estradas de rodagem, dos caminhões, das cidades que surgem, das
realidades que avançam”.
Barbosa LIma Sobrinho diz, no prefácio à segunda edição, que o caminhão
tem a função de integrar o Brasil, numa tarefa desbravadora. E os
compara às entradas e bandeiras, “tamanho e crescente é o intercâmbio”. Para ele, “o caminhão nada fica a dever às formas antigas de
comunicação, como elemento civilizador por excelência”. O livro de
Vilaça continua atual nos dias de hoje, em que os caminhoneiros se
mantém fundamentais para a economia do país. E tristemente atual, pois
trata também dos assaltos nas estradas, desde sempre em condições
precárias de conservação e segurança.
O trabalho do caminhoneiro, tido como aventureiro e romântico, continua
sendo também precário nos dias de hoje, em que a necessidade de varar
noites dirigindo leva a que muitos se envolvam com drogas, antes as
anfetaminas, conhecidas como “rebite”. Agora, já a cocaína. Supostamente para beneficiar os caminhoneiros, e outros motoristas
profissionais, o presidente Bolsonaro enviou um projeto de lei ao
Congresso alterando o Código Nacional de Trânsito em pontos relevantes:
ampliou o tempo de validade das carteiras, aumentou o número de pontos
para sofrer penalidades e acabou com a obrigatoriedade de exames
toxicológicos.
São medidas populistas, como o tabelamento do frete, que não resolvem a
questão em si, a crise do transporte rodoviário e a crescente presença
de empresas de transportes, reduzindo o campo de atuação dos
caminhoneiros autônomos. Uma profissão em decadência, mas que ainda pode
parar o país.
O custo logístico no Brasil voltou a subir durante o
primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. É o que mostra estudo
inédito do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), antecipado pela
coluna. Os gastos das empresas com transporte, armazenagem, estoques e
despesas administrativas saltaram de 10,6% do PIB, em 2010, para 11,7%,
em 2014. Esse é o percentual mais alto dos últimos 10 anos.
Muita estrada, poucos trilhos O transporte de cargas no Brasil continuou sendo feito
predominantemente pelas rodovias em 2014 (67% do total), enquanto o
modal ferroviário permaneceu estagnado. Em 2004, 18,4% dos produtos eram
transportadas por trens; em 2014, esse percentual foi de 18,3%. O PAC e
os programas de logística não trouxeram os resultados prometidos.
EUA: aposta nos trens Enquanto o Brasil gastou 11,7% do PIB com logística no ano passado, a
estimativa do Ilos é que os Estados Unidos tenham gasto bem menos:
8,3%. Isso ajuda a tornar os produtos americanos mais baratos no resto
do mundo. Cerca de 32% da carga transportada por lá segue pelo modal
ferroviário.
Sem planejar, sobra o caminhão O custo logístico com transporte rodoviário tem aumentado cerca de
12% ao ano desde 2004 no Brasil. No ano passado, foram gastos R$ 334
bilhões com esse modal. Segundo Maurício Lima, sócio-executivo do Ilos,
isso indica falta de planejamento em infraestrutura. Esse tipo de
transporte é considerado o mais simples de ser operado: basta comprar um
veículo e pegar a estrada. Já as ferrovias e as embarcações precisam de
mais investimentos e estabilidade regulatória.
Diesel pressiona os gastos Mesmo com a queda da cotação do petróleo nos mercados internacionais,
o preço do diesel está em alta no Brasil, encarecendo o transporte.
Segundo o Ilos, o litro deve ter um custo médio de R$ 2,94 este ano
contra R$ 2,51 de 2014. O governo aumentou a Cide para arrecadar mais,
e, além disso, o país tem importado combustível com dólar mais caro
porque a Petrobras não é autossuficiente na produção. Várias refinarias
da empresa foram superfaturadas, como tem mostrado a Operação Lava-Jato.
EFEITOS DA CRISE. Na recessão, mais carga fica
parada nos armazéns. O gasto com estocagem sobe, e o fluxo de caixa cai.
Esse custo financeiro também é afetado pela alta dos juros. AGENDA. O Ilos apresenta a pesquisa no dia 22, no XXI Fórum Internacional de Supply Chain, no Rio.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão - Por:Alvaro Gribel