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sexta-feira, 24 de maio de 2019

Paulo Guedes diz que renunciará se Previdência virar ‘reforminha’

Em entrevista exclusiva a VEJA, ministro adverte que, sem a correção, o país 'vai pegar fogo' e poderá quebrar em 2020

O ministro da Economia, Paulo Guedes, garante que o presidente Jair Bolsonaro está totalmente empenhado em aprovar a reforma da Previdência nos moldes em que o projeto foi enviado pelo governo ao Congresso. A proposta prevê mudanças que gerariam uma economia de até 1,2 trilhão de reais aos cofres públicos nos próximos dez anos. É, de acordo com a equipe econômica, a senha para o Brasil deixar a crise de lado e impulsionar o crescimento. O contrário disso seria o caos, que pode, segundo o ministro, ocorrer já em 2020.

Guedes, em entrevista exclusiva a VEJA, é muito claro: se houver uma mudança muito radical na proposta original da reforma, se aprovarem, como alguns defendem, uma espécie de remendo chamado jocosamente de “reforminha”, ele renunciará ao cargo. “Pego um avião e vou morar lá fora”, avisa. “Já tenho idade para me aposentar.” A seguir, os principais trechos da entrevista, em que o ministro também fala de política, de suas relações com o presidente Bolsonaro e do desempenho do governo, ao qual concede nota 7,5.

“Se não fizermos a reforma, o Brasil pega fogo. A velha Previdência quebrou. Não vamos ter nem dinheiro para pagar aos funcionários. Vai ser o caos no setor público, tanto no governo federal como nos estados e municípios”, afirma Guedes. “A Previdência é hoje um buraco negro, que engole tudo ao redor. O déficit tem crescido cerca de 40 bilhões de reais por ano. A reforma é urgente, porque os mercados não vão esperar muito mais. Eles fogem antes. A engolfada pode vir em um ano, um ano e meio.”

Sobre a possibilidade de uma versão desidratada da reforma, Guedes é incisivo: “Se os parlamentares aprovarem algo que represente uma economia menor que 800 bilhões de reais, não há a menor possibilidade de lançar uma nova Previdência. Estaríamos só remendando a velha.” 

Leia a entrevista completa, publicada na edição de VEJA desta semana.

terça-feira, 16 de abril de 2019

O custo da desconfiança

Insone, Jair Bolsonaro tem passado os dias caçando fantasmas do comunismo, sepultado há três décadas. Agora resolveu renovar a fé no socialismo de direita, jabuticaba descrita pelo humorista Millôr Fernandes. Bolsonaro reinaugurou o sistema de controle de preços em privilégio da minoria de empresários e profissionais autônomos cujos lucros oscilam com o preço do diesel da Petrobras. Uma iniciativa de clientelismo antimarxista, replicando práticas dos adversários Lula e Dilma, que levaram a empresa à bancarrota.

Na quinta-feira, ele ouviu preocupações do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, neoconservador gaúcho, com as finanças dos “caminhoneiros” pessoas físicas e jurídicas. O governo já os atendera em março, impondo reajustes quinzenais à Petrobras. Desta vez, rejeitavam o aumento (5%). Onyx sugeriu, Bolsonaro chamou o presidente da petroleira e revogou a mudança. O telefonema foi breve, mas suficiente para colocar o governo na lista de exemplos da teoria do caos aplicados à política: pequenas mudanças podem provocar efeitos imensuráveis e imprevisíveis, como mostrou o cientista Edward Lorenz há 56 anos.

A renovação da fé de Bolsonaro no socialismo de direita se traduziu em perdas (US$ 8 bilhões) para a Petrobras num só dia. Numa conta de padeiro, é mais que o dobro da dinheirama que Michel Temer gastou no ano passado com subsídios às empresas e profissionais caminhoneiros. Incalculável e perene é o custo da desconfiança política que o presidente e seu chefe da Casa Civil semearam no próprio governo. Por que um investidor, nacional ou estrangeiro, agora deveria acreditar e apostar seu dinheiro na ilusão de uma economia liberalizada ou de uma Petrobras autônoma? Onyx, conservador num partido que se diz liberal (DEM), escancarou a luta pelo poder. O desfecho é imprevisível, mas já se sabe que para Paulo Guedes, ministro da Economia, nada será como antes — a não ser que acabe aderindo ao socialismo de direita. [o prejuízo foi imenso, mas, o pior dos males é que o presidente Bolsonaro dobrou o primeiro joelho diante da categoria dos caminhoneiros e empresários dos transportes - ontem um joelho para os caminhoneiros, amanhã outro para outra categoria, na sequência uma das mãos e logo os dois joelhos e as duas mãos no chão = a ficar de ....

Não completamos a palavra por ter a certeza que o capitão vai levantar o joelho e enquadrar a categoria rebelde, aproveitando a perna já esticada para afastar o ministro que pretende aos poucos ver o presidente da República colocando o Brasil na posição que o presidiário Lula colocou diante da Bolívia.]  o aconselha a ficar de 'quatro'.]
 
José Casado, jornalista - O Globo
 
 
 

sábado, 13 de abril de 2019

Temor de greve leva governo a atender pedidos de caminhoneiros

Ameaça de nova paralisação faz com que governo avalie todas as demandas dos caminhoneiros

A intervenção do presidente Jair Bolsonaro no reajuste do diesel é reflexo direto da pressão dos caminhoneiros. Nos dias que antecederam a decisão do presidente, o núcleo de governo recebeu relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que indicavam uma “preocupação” com uma possível greve dos caminhoneiros. Sem consultar o ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro foi aconselhado por assessores palacianos de que uma greve traria mais problemas políticos do que uma intervenção no preço do diesel.  

O monitoramento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência das movimentações de caminhoneiros, desde o mês passado, levou a equipe de governo a avaliar todas as demandas da categoria. Além de recuar em relação ao aumento de 5,7% no preço do diesel, o Planalto e o Ministério de Minas e Energia estudam atender outros pedidos, como a mudança no valor do frete.  O temor de uma greve como a de maio de 2018 já estava no radar da equipe de transição, no final do ano passado. Foi a partir dali que o grupo que hoje está no governo começou a formular a adoção de “medidas estruturantes”, que envolviam várias áreas, para verificar os problemas do setor e atender o que fosse possível. [medidas estruturantes é o novo nome para o gesto servil de ajoelhar o Brasil diante dos caminhoneiros;
ceder a grevista é pior que ceder a chantagem - o chantagista sempre que mais e o grevista é ainda mais guloso.
Os caminhoneiros se forem combatidos com rigor - como o que realmente são: inimigos do Brasil - eles cedem;

as empresas ainda tem alguma estrutura para aguentar uma paralisação = lockout (nada que multas pesadas e até mesmo prisão de empresário não resolva), mas, os caminhoneiros não aguentam, a maior parte deles deve prestações dos caminhões (e os bancos são implacáveis com os inadimplentes) possuem compromissos familiares etc.

A Venezuela se ferrou optando em ser uma república plebiscitária, o Brasil vai optar por se ferrar cedendo as caminhoneiros - cada vez que os caminhoneiros ganharem, outras categorias se sentirão estimuladas a brigar por aumentos = aumento dado por decreto, sem aumento de produtividade,  gera inflação.]

Na segunda-feira, Bolsonaro vai se reunir com ministros e pessoal da área técnica para discutir demandas dos caminhoneiros. O governo estuda apresentar à Petrobrás proposta de ampliar a rede de decisão de aumento de preços de combustíveis. Hoje, o gerente executivo de comercialização da Petrobrás tem autonomia para definir um reajuste de até 7%. 

Aumento

O Estado apurou que o alerta no Planalto foi aceso na tarde de quinta-feira, quando o reajuste de 5,7% foi publicado no site da Petrobrás. Precisamente às 19h40, Bolsonaro foi avisado por assessores do aumento. Ele ligou então para o presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco, “preocupado com o porcentual em um nível sequer previsto para a taxa de inflação deste ano”. Diante das argumentações e ponderações de Bolsonaro, Castello Branco “suspendeu temporariamente” o reajuste. 

Justamente para atender a um problema do setor, desde o mês passado a Petrobrás já havia decidido estabelecer que o diesel não terá seu preço reajustado em período menor do que 15 dias. Além disso, a Petrobrás e a BR Distribuidora anunciaram a criação do “cartão caminhoneiro”, com objetivo de viabilizar a compra de diesel a preço fixo nos postos com a bandeira BR.

O Estado de S. Paulo

 

 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Líder do PSL diz que faltou estratégia na CCJ e culpa Maia por ataques a Guedes - 'Não fui eu quem coloquei ele (Paulo Guedes) na cova dos leões', afirmou o Delegado Waldir (PSL-GO)

O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), fez duras críticas à articulação do governo, reconheceu que faltou estratégia da base na audiência pública realizada nesta quarta-feira, 3, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e apontou o dedo para quem, segundo ele, jogou o ministro “na cova dos leões”.

Ao Estadão/Broadcast, Waldir disse que ele não tem atribuição de líder do governo, embora seja a liderança do partido do presidente Jair Bolsonaro, e que não foi procurado por ninguém para ajudar a traçar uma estratégia de atuação na sessão de ontem, que acabou com brigas e bate-bocas.  “Quem colocou o Guedes na cova dos leões não foi o Delegado Waldir. Quem colocou foram os partidos que podem fazer a base, o Centrão, sob o comando do Rodrigo Maia. Não fui eu que coloquei ele na cova dos leões”, disse Waldir. 

O líder do PSL disse ainda que faltou estratégia na comissão. “Para isso existe liderança do governo. Se está havendo críticas, tem que ser críticas direcionadas a quem tem essa atribuição”, disparou. O líder do governo é o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), que teve uma atuação tímida ontem na sessão. “Se eu vou lá, articulo e monto uma estratégia, eu estou tomando uma atribuição do líder do governo. Não posso cumprir uma missão que não é minha”, continuou Waldir. Guedes passou as primeiras cinco horas da audiência desta quarta-feira, 3, nas mãos da oposição. A lista de inscritos iniciada na semana passada, com predominância da oposição entre os primeiros requerimentos, foi mantida por acordo. “Não foi feita alteração da lista. Eu não posso responder por uma atribuição que não é minha”, disse Waldir.
“Agora, a todo momento na comissão, quando havia qualquer alteração dos partidos da oposição, quem bateu na mesa, quem protegeu o Guedes pessoalmente fui eu. E toda essa estratégia é da liderança do governo”, acrescentou. 

O líder do PSL disse que buscou fazer intervenções duras, mas “quando podia”, porque não tinha tempo. Quem fala pela liderança do governo geralmente tem mais tempo que os demais – na audiência de hoje, por exemplo, o deputado Darcísio Perondi (MDB-RS), que é vice-líder, falou em nome do posto por mais de 10 minutos.
"A estratégia é do governo, integralmente. Em nenhum momento fui procurado pelo governo para definir estratégia na comissão. Meus parlamentares estavam lá. Todos inscritos”, afirmou Waldir. 

Ele não quis comentar a ausência da líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). “É problema do governo. Nós somos PSL (liderança). E eu estava lá, protegi o ministro das agressões”, afirmou.
Waldir defendeu Guedes e disse que o ministro estava “extremamente tranquilo” e sendo respeitoso enquanto a oposição ainda o tratava de maneira respeitosa. “Mas a oposição fez questão de terminar o evento, eles não aguentavam mais ser torturados. Eles estavam sendo torturados pelas verdades que ele (Guedes) estava dizendo”, avaliou. 

O Estado de S. Paulo
 

 

terça-feira, 2 de abril de 2019

Devastação da confiança

A confiança derrete e caem e as expectativas de crescimento, enquanto o governo tropeça e o presidente se distancia das negociações com o Congresso

A confiança derrete e caem as expectativas de crescimento, enquanto o governo tropeça e o presidente se distancia das negociações com o Congresso. O Índice de Confiança Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) caiu em março de 96,7 para 94 pontos, o nível mais baixo desde outubro, mês das eleições. No mercado já se fala em expansão econômica abaixo de 2% neste ano, e a tendência das projeções é convergir para 1,5%, segundo o consultor e ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore. Na batalha pela reforma da Previdência, o objetivo mais urgente, o governo é representado principalmente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, fechou questão a favor do projeto de mudança previdenciária, mas o grande aliado de Guedes no Parlamento, por enquanto, é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, filiado ao DEM. 

Enquanto o chefe de governo dava prioridade a uma visita a Israel, sua terceira viagem ao exterior em três meses de mandato, empresários e analistas baixavam suas apostas em relação ao desempenho dos negócios. Depois de “uma onda de otimismo com o novo governo”, o recuo de agora parece estar ligado “ao desapontamento com o ritmo lento da economia e com a manutenção de níveis elevados de incerteza econômica”, disse Aloísio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas da instituição.
 
O Índice de Confiança Empresarial da FGV sintetiza avaliações do quadro presente e expectativas em relação aos três meses seguintes. O indicador de situação atual caiu para 89,9 pontos, com redução de 1,5, e retornou ao nível de novembro. Já o índice de expectativas, com recuo de 2,9 pontos, escorregou para 98,1, o menor patamar desde 
outubro. Em março, os índices de confiança de todos os setores foram menores que no mês anterior. No trimestre, o da indústria avançou 0,5 ponto, enquanto os de serviços, comércio e construção recuaram. Todos continuaram abaixo de 100, linha divisória entre expectativas positivas e negativas. O “otimismo” abaixo de 100 corresponde a uma avaliação menos negativa de uma situação presente ou esperada.
A piora das expectativas em relação ao desempenho da economia vem sendo mostrada há semanas pelo boletim Focus, atualizado semanalmente pelo BC e baseado em consultas a cerca de cem instituições financeiras e consultorias. Em um mês caiu de 2,30% para 1,98% a mediana das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, segundo os números divulgados nesta segunda-feira. Na segunda-feira anterior, o número apresentado foi 2,01%.Na semana passada o BC e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também divulgaram suas novas projeções para este ano. Nos dois casos o crescimento estimado para a expansão do PIB caiu para 2%. 

Os números frustrantes do trimestre final de 2018 já indicaram um avanço próximo de 2% em 2019, observou o economista  Affonso Celso Pastore num evento promovido pelo Estado. Depois de um primeiro trimestre muito ruim, “com cheiro de crescimento nulo”, as projeções do mercado tendem a convergir para 1,5%, acrescentou. Qualquer otimismo gerado pela aprovação da reforma da Previdência, segundo sua avaliação, só produzirá efeitos em 2020. “Para 2019, com ou sem reforma, o quadro é de crescimento muito baixo”, concluiu. 

Os economistas consultados na pesquisa Focus também voltaram a diminuir suas projeções para o crescimento industrial. A mediana das estimativas caiu de 2,57% na semana anterior para 2,50%. Um mês antes estava em 2,90%. Baixo crescimento industrial significa expansão econômica de baixa qualidade, com menor criação de empregos formais e menor difusão de tecnologia.anhos de produtividade podem ocorrer na agropecuária, mas neste ano as perspectivas do setor também são de crescimento modesto. Concessões na área de infraestrutura poderão animar segmentos da indústria, mas a transmissão do estímulo tomará algum tempo. Se a confiança continuar escassa, nem a retomada no próximo ano estará garantida.

O Estado de S. Paulo

 

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A grande batalha

A maioria da população não quer só outras pessoas no Planalto. Quer que o país seja governado de uma forma que não tem nada a ver com a dos últimos 30 anos



De todas as ameaças que segundo os grandes cérebros nacionais, de Fernando Henrique a Fernanda Lima, o futuro governo de Jair Bolsonaro traz para o Brasil, a pior provavelmente é a única que não foi citada até hoje por nenhum deles. É pior que o regime fascista a ser inaugurado no dia 1º de janeiro de 2019, com o massacre de homossexuais, mulheres, negros, índios, povos da floresta, povos das águas, etc..

É pior que a falta de espaço para as “pessoas razoáveis” viverem neste país. É pior que mais alguns milhares de problemas que ainda nem sabemos quais são. Pior que tudo isso junto, na verdade, é a possibilidade de que Bolsonaro acabe não fazendo nada do que prometeu e que quase 60 milhões de brasileiros estão esperando que ele faça. Aí sim: se não entregar a mercadoria que vendeu, ou entregar produto de segunda, em quantidade abaixo da esperada e com atraso, o Brasil vai levar um choque. A maioria da população, conforme ficou decidido no dia 28 de novembro, não quer apenas outras pessoas no governo federal. Quer outro governo. Quer que o Brasil seja governado de uma maneira que não tem nada a ver com a dos últimos 30 anos. Quer que sejam eliminados os problemas concretos de uma lista bem conhecida. Não quer ouvir do governo que “está difícil”. Quer soluções. Não está com paciência para ouvir desculpas.

O principal adversário do futuro governo Bolsonaro, assim, será ele próprio. O problema real não estará na oposição dentro do Congresso, na mídia ou no meio político. Não estará nos intelectuais das universidades de “ciências humanas”. Não estará na comunidade internacional, na ONU e nos seus guerrilheiros de escritório com ar condicionado em Nova York ou Genebra. A grande batalha a ser ganha, a que vai resolver realmente as coisas, será em torno da capacidade concreta, por parte do governo, de executar os seus projetos. Ou ele tem essa capacidade ou não tem. Se tiver, haverá mudanças de verdade ─ e logo. Se não tiver, por motivos que podem ir de discórdias internas à simples incompetência, muito pouca coisa vai mudar.

Aí fica complicado. Não dará para engatar uma marcha-a-ré, pois o Brasil acaba de deixar claro que não quer voltar para onde esteve ─ pegou um “fartão” sério em relação ao esquerdismo inepto, burro e larápio dos governos Lula-Dilma. Também não vai dar para ficar atolado e dizer que a estrada está ruim. Em resumo: ou muda mesmo ou perde a parada.

A área econômica, como sempre, será decisiva. Depois da monstruosa recessão de três anos que o PT impôs ao Brasil, com 14 milhões de desempregados, a devastação nas contas públicas e uma opção mortal pelo subdesenvolvimento, as mudanças terão de ser muito claras e muito rápidas. Vive-se, hoje, um momento de fabricação intensiva de dúvidas ─ não se perde nenhuma oportunidade para anunciar desastres iminentes, ruinosos e definitivos. O foco, em grande parte, é colocado no anunciado ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele não se entende com outros barões da equipe. Vai viver em choque com o Congresso. Anuncia coisas contraditórias, ou desautorizadas por Bolsonaro. Fala demais. O novo governo, sem dúvida, não precisa ter no comando da economia um homem que funciona como armazém de ideias; precisa como ar e água, isso sim, de um operador, de alguém que resolva problemas práticos, de um produtor talentoso de resultados. Precisa de alguém que transforme em realidade prática as decisões econômicas do comando. Guedes pode dar certo? Vamos ver logo. Essas coisas costumam ficar claras bem rápido.

É um ótimo sinal, de qualquer forma, que praticamente todos os nomes apontados até agora para o primeiro escalão, a partir de Sergio Moro, sejam de primeira classe ─ não se viu uma equipe comparável, nem de longe, nos governos dos últimos 30 anos. Não resolve, claro. Mas é muito melhor que o contrário.

Fatos - J R Guzzo - Veja
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Paulo Guedes quer acabar com o 'toma lá, dá cá' com o Congresso

Economista diz a governadores eleitos que tentará negociar pautas de interesse com chefes do Executivo e não com parlamentares

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes , aproveitou a primeira reunião com governadores eleitos em 2018, nesta quarta-feira, em Brasília, para colocar em prática a tentativa de negociar as pautas de interesse do governo com os chefes de Executivo, e não com parlamentares. 

Esse deslocamento do histórico “toma lá, dá cá” que permeia as relações entre o Planalto e parlamentares, nas articulações sobre votações no Congresso, foi defendido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro nas eleições. Ao lado de Bolsonaro, Guedes distribuiu promessas aos governadores, como uma reforma tributária que garanta mais recursos aos estados. Mas exigiu em troca apoio à agenda do governo Bolsonaro. A reforma da Previdência foi tratada como principal item. - A escalada do governo federal, a hipertrofia, e esse calote sobre governos estaduais são um processo de décadas. Os impostos subiram cerca de 18%, 20% do PIB há 30 anos para até 35%, 36% do PIB atualmente. A União criou contribuições não compartilhadas com estados e municípios. Temos várias reformas em andamento. Vamos estudá-las - disse Guedes, ao iniciar as promessas de mais verbas para os estados. 

Segundo o futuro ministro da Economia, umas das reformas em estudo é a tributária, com a possibilidade de unificação dos impostos.- Em vez de vocês ficarem de pires na mão, tendo que pedir dinheiro toda hora, será o contrário. Se você conseguir unificar esses impostos, ele já chega repartido. Nem precisa passar por Brasília - afirmou. 

[presidente Bolsonaro, com todo o respeito e deixando claro que a montagem da equipe do Governo do senhor é de sua inteira competência;
mas, o ministro Paulo Guedes,. complicado... advinhar... ele pode até surpreender... mas, até agora o que se percebe é que fala demais e curiosamente a maior parte do que diz vai na contramão das posições que o senhor defende.]

A cobrança por apoio veio na sequência:
- Querem ajuste (tributário) mais rápido? Participem da reforma previdenciária conosco. Façam um sacrifício - disse.
O almoço foi fechado, sem a presença da imprensa. O GLOBO obteve áudio com o discurso de Guedes. Para completar o aceno, o economista terminou suas ponderações dizendo que ministros não têm a mesma importância de governadores. Segundo ele, ninguém se lembra os nomes de ministros.  - Importantes são os que foram eleitos, governadores e prefeitos que são os representantes da população - afirmou, cobrando mais uma vez apoio à reforma da Previdência. [só que os parlamentares são os legítimos representantes do povo - foram eleitos para tal função - s, importante, são eles que votam.]

Megaleilão
Na saída do encontro, alguns dos governadores informaram que Guedes se comprometeu a dividir com estados e municípios o que for arrecadado no megaleilão do pré-sal, cuja expectativa é que renda aos cofres públicos cerca de R$ 100 bilhões.
- O compromisso é que parte dos recursos serão partilhados com os estados. Ele não detalhou. Ele se comprometeu a compartilhar parte da arrecadação - disse o governador eleito do Distrito 

O Globo

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O diálogo e a ‘prensa’







O fato de que Jair Bolsonaro foi eleito com quase 58 milhões de votos não pode servir como argumento para que seu governo se julgue dispensado de dialogar com os eleitos para o Congresso



Há demasiado tempo a política nacional está contaminada pelo clima de animosidade e acrimônia, que dificulta imensamente o necessário consenso em torno de temas de grande interesse público, em especial as reformas urgentes para impedir o colapso da máquina do Estado. A recém-encerrada campanha eleitoral refletiu esse embate, no qual nenhuma das partes enxergava na outra legitimidade suficiente para debater ideias e propostas para o País. No entanto, fechadas as urnas e contados os votos, os eleitos, seja para o Executivo, seja para o Legislativo, devem afinal ser reconhecidos como lídimos representantes dos cidadãos - e devem ser reconhecidos assim por aqueles que perderam a eleição, assim como estes pelos vencedores. Ou seja, não se governa nem se legisla sem levar em conta a correlação de forças democraticamente escolhidas pelo voto direto. 

O fato de que Jair Bolsonaro foi eleito com quase 58 milhões de votos, por exemplo, não pode servir como argumento para que seu governo se julgue dispensado de dialogar com os eleitos para o Congresso. Tampouco pode considerar que o Congresso deve necessariamente se dobrar à alegada força moral do presidente - que, segundo ele mesmo diz, não irá se render ao toma lá dá cá que notabilizou a relação dos governos anteriores com o Congresso e que foi fortemente repudiado nas urnas. Quando o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, sugere que é preciso dar uma “prensa neles”, isto é, nos congressistas, para que ao menos uma reforma parcial da Previdência seja aprovada ainda nesta legislatura, isso denota preocupante prepotência sobre a capacidade do presidente eleito Jair Bolsonaro de impor sua agenda no Congresso mesmo antes de assumir o cargo.

É evidente que a reforma da Previdência já deveria ter sido aprovada - e só não o foi, quando a oportunidade se apresentou para o governo de Michel Temer, em razão do clima de caça às bruxas que se instalou no País contra os políticos em geral, clima do qual, aliás, Bolsonaro muito se beneficiou eleitoralmente. Contudo, uma vez encerrada a campanha presidencial, os integrantes do futuro governo não podem imaginar que seu capital eleitoral seja suficiente para arrancar do Congresso as medidas que julgam necessárias para o País. Se assim fosse, nem haveria necessidade de Congresso - bastaria ao eleito, munido de seus milhões de votos, ditar sua agenda legislativa. Ora, está claro que não é assim que funciona uma democracia, cuja essência está na necessidade de construção constante de consensos. 

Calejado por suas quase três décadas como deputado e decerto consciente de que não será hostilizando os parlamentares que conseguirá aprovar as matérias de interesse do Executivo, Jair Bolsonaro teve de conter o ímpeto de seu futuro ministro da Economia, atribuindo sua fala belicosa a uma verborragia típica dos jejunos em política: “Não tem prensa. O que acontece com alguns do meu lado é que não têm a vivência política. A palavra não é prensa, é convencimento”. 

Mas não foi apenas Paulo Guedes quem demonstrou pouco traquejo no diálogo democrático. Eduardo Bolsonaro, filho do futuro presidente e eleito deputado federal com 1,8 milhão de votos, julgou-se por isso autorizado a dizer que o próximo presidente da Câmara “tem que ter um perfil trator, porque a gente sabe como vai ser a oposição da esquerda”.  Embora se saiba que uma parte da oposição no Congresso será formada por quem não tem a menor disposição para alcançar qualquer entendimento - pelo contrário, aposta na sabotagem, pura e simples -, não será defendendo que opositores sejam “tratorados” que o futuro governo conseguirá articular apoio parlamentar sólido a sua agenda. [essa oposição da esquerda,  que terá como principal atividade a SABOTAGEM contra o Brasil (tanto por maldade inata quanto por falta de competência para ser uma oposição digna e patriótica)  tem efetivamente que ser neutralizada.]

O País saiu lanhado de uma campanha eleitoral de inaudita agressividade. O mínimo que se pode esperar dos verdadeiros democratas é que toda essa energia negativa seja afinal convertida em empenho para reconstruir um ambiente em que seja possível um entendimento amplo acerca dos maiores problemas do País. Os eleitos, tanto no governo como na oposição, devem ter consciência de que política não é briga de rua.

Editorial - O Estado de S. Paulo