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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Popularidade de Bolsonaro despenca, mas impeachment ainda está distante - Reinaldo Azevedo - UOL

A situação de Jair Bolsonaro ainda não é tão ruim como ele merece. E, infelizmente para o país, está um tanto longe disso. Escrevi na minha coluna de sexta na Folha que, hoje, a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Câmara está mais próxima do que o impeachment do presidente. Com isso, noto, não estou afirmando que Lira seja o favorito contra Baleia Rossi, o candidato do PMDB. Só estou lembrando que são necessários 342 votos na Câmara (dois terços) para que se autorize o Senado a abrir um processo de impeachment. Mas bastam 257 votos — maioria absoluta — para eleger aquele que vai comandar a Câmara. Existisse o número na Casa, Bolsonaro só seria deposto com o voto de... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/01/25/popularidade-de-bolsonaro-despenca-mas-impeachment-ainda-esta-distante.htm?cmpid=copiaecola

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A situação de Jair Bolsonaro ainda não é tão ruim como ele merece. E, infelizmente para o país, está um tanto longe disso. Escrevi na minha coluna de sexta na Folha que, hoje, a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Câmara está mais próxima do que o impeachment do presidente. Com isso, noto, não estou afirmando que Lira seja o favorito contra Baleia Rossi, o candidato do PMDB. Só estou lembrando que são necessários 342 votos na Câmara (dois terços) para que se autorize o Senado a abrir um processo de impeachment. [os números de outra forma: Bastam apenas 172 votos para jogar o impeachment na lata do lixo.]  Mas bastam 257 votos maioria absolutapara eleger aquele que vai comandar a Câmara. Existisse o número na Casa, Bolsonaro só seria deposto com o voto de pelo menos 54 senadores. Não há esses números. Por que não? Porque a máquina de cooptação do governo federal está em ação. E até me dispenso de lembrar aqui que Bolsonaro havia prometido manter distância do Centrão, grupo ao qual Lira pertence. Nada do que ele disse em campanha, convenham, estava escrito — em sentido metafórico e literal. Era tudo conversa mole e delinquência política berrada nas redes sociais por seus fanáticos — que fanáticos continuam, pouco importam os fatos.

O que constato aqui implica que a mobilização que começa em favor do impeachment é inútil? A resposta, obviamente, é "não". [mobilização? onde?quando? com meia dúzia de adeptos do 'quanto pior, melhor'? Eles são muitos, mas são covardes o bastante para não se exporem.]  É utilíssima. [e duplamente criminosa - primeiro por vociferar contra um presidente da República eleito democraticamente com quase 60.000.000 de votos e segundo, aglomeração é crime na maior parte das capitais.] Digamos que se percorreram os primeiros metros do que pode ser uma maratona. De início, os respectivos impedimentos de Fernando Collor e Dilma Rousseff pareciam impossíveis. E vimos o que vimos. Sim, havia fatores específicos em cada caso. O primeiro não contava com milícias digitais organizadas, que se misturam com apoio popular ainda expressivo.[apoio que com o decréscimo da pandemia - inevitável, por ser mera questão de tempo, e recuperação da economia, dobrará, no mínimo.]   Dilma tinha contra si a Lava Jato — o verdadeiro ninho da serpente bolsonarista. Por sua vez, como resta evidente, nenhum daqueles governos contava com quase 220 mil mortos nas costas, número que nas costas, número que caminha célere para os 250 mil. [só que NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, pode ser apontado - e provado - contra o capitão.]

E, como resta evidente, o morticínio tem as marcas do governo federal: as da ação e as da omissão. A obra macabra de Bolsonaro parece que vai, finalmente, colar-se à sua biografia — ainda que distante, por ora, do devido mérito. No começo de dezembro, segundo o Datafolha, apenas 32% consideravam o governo ruim ou péssimo; agora, são 40%. Os que o viam como ótimo ou bom caíram de 37% para 31%. É uma deterioração importante em tempo tão curto. Segundo levantamento do Exame/Ideia, em uma semana, a aprovação à gestão caiu 11 pontos: de 37% para 26%. E a reprovação saltou de 38% para 45%. [percentuais calculados sobre 2.030 entrevistados, por telefone.]

O Datafolha quis saber ainda quem mais atuou para enfrentar a pandemia. Disseram que foi João Doria 48% dos ouvidos pelo Datafolha. [João Doria atuou como adido comercial da República Popular da China - sendo governador de um estado, é licito atuar em prol de uma país estrangeiro? mas, a vacina do Joãozinho continua enrolada,  e das duas aprovadas é a de menor eficácia = em 100 vacinados,imuniza 51 - a da Fiocruz, em100 vacinados, imuniza 78. Mas existem incríveis 28% que dizem ter sido Bolsonaro. É claro que isso não se explica por nenhum juízo objetivo nem pode ser atribuído à diversidade de gostos, assim como uns preferem sorvete de uva, e outros, de abacaxi. Trata-se de alinhamento que pode, sim, sem qualquer abuso do sentido da palavra, ser chamado de "ideológico".

Quando a gente olha o alinhamento dos astros, este não é o melhor para Bolsonaro. A imunização em larga escala ainda está distante. O que há de mais próximo e viável, se a China enviar o Ingrediente Farmacêutico Ativo, é a vacina da CoronaVac. Os desastres na Saúde, como aquele que se vê em Manaus, assombram as pessoas. A cada dia, mais gente se dá conta de que o governo é omisso, incompetente — e, sabemos, criminoso também — na administração da crise.

O impeachment, hoje, ainda é uma miragem, como era nas duas outras vezes quando no início da maratona. Agora é preciso observar a dinâmica dos fatos — de maus augúrios para Bolsonaro — e testar a resiliência daqueles que estão se organizando em favor do seu impedimento. Fácil não é, embora nenhum presidente, na história brasileira, tenha merecido perder o cargo com a carga de verdades que lhe cabe. Já são 23 crimes inequívocos de responsabilidade entre agressões à Lei 1.079 e a fundamentos da Constituição. É uma pena não haver modo de defenestrá-lo 23 vezes. 

Reinaldo Azevedo, jornalista - Coluna no UOL

 

sábado, 18 de julho de 2020

Escravidão Voluntária - Guilherme Fiuza

Ok, você quer acordar desse sonho macabro. Mas ainda não é agora. Primeiro você vai ter que sonhar que viu João Dória anunciando com um laboratório chinês a vacina para o coronavírus. Isso um dia depois de ser convidado a explicar por que comprou câmeras frigoríficas para cadáveres que não poderão ser guardados nelas. Pesadelo é pesadelo. A vacina chinesa do governador de São Paulo terá a participação do Instituto Butantã – que seguiu a linha do Imperial College de Londres e soltou projeções arbitrárias sobre a epidemia. Tudo para que o governador pudesse dizer, na ponta de um lápis imaginário, quantas vidas estava salvando com a quarentena totalitária. Nem a OMS, nem cientista nenhum no mundo tem essa fórmula. Mas sonho ruim é assim mesmo, só serve para empapar o lençol de suor.

E não adianta virar para o outro lado, porque vai vir um especialista crispado, enchendo a tela da TV, te dizer que há novos casos de coronavírus no Brasil porque o lockdown precisa ser mais asfixiante. Você vai gritar – e ninguém vai ouvir, como em todo pesadelo – que esse especialista é um irresponsável. Que ele está afirmando algo que a ciência desconhece. Que a comparação entre o Reino Unido e a Suécia joga essa certeza no lixo. Que esses tarados da quarentena burra expurgaram de suas equações delirantes o fator de contágio doméstico, atestado pela própria OMS.

Tudo em vão. Por mais que você berre, a sua voz não sai. Ninguém te ouve. E volta o apresentador funesto à tela da TV para dizer que a culpa é do velhinho que foi à padaria. Aí você grita que isso é uma leviandade, que em Nova York o grupo dos que circularam apresentou muito menos infecção que o grupo dos confinados. Você se esgoela para dizer que, depois de deflagrada a pandemia, a ideia de que a humanidade ia ficar trancada em casa deixando o vírus do lado de fora era uma miragem. Uma miragem terrível. Mas, e daí? Você queria um pesadelo com miragem bucólica?

Entre flashes difusos de Bruno Covas soldando as portas do comércio e recitando planilhas de urnas funerárias e sacos para cadáveres, surge um personagem que você não conhecia. Estamos tomando a liberdade de entrar no seu sonho para apresentá-lo: é Berbel, o Feiticeiro Multimídia, que está vendo o filme completo passando na sua cabeça e veio te ajudar a entendê-lo. Ouça as palavras de Berbel: “Bastou um único comando – fique em casa – para o mundo inteiro parar ao mesmo tempo. E disseram que o vírus veio ajudar o ser humano a dar mais valor a si mesmo e ao semelhante que está ao seu lado. Mensagens lindas começaram a circular na internet sobre a oportunidade valiosa de aprender a viver com menos, de não precisar sair para trabalhar. Caberia aos governos finalmente exercer a bondade e prover o pão para os que não têm.”

Continue ouvindo Berbel, o Feiticeiro Multimídia: “No confinamento proliferaram lições sobre os males do capitalismo e o despertar para uma nova realidade onde não pensaremos mais em dinheiro, só em vidas. Chega de mercado – cada um produz seu próprio sustento. A Terra estava mesmo precisando respirar, e agora os mares e rios estão limpos pela quarentena. Tudo natural, a não ser o chip que vão colocar em você para te vacinar. E através desse chip, uma autoridade mundial, tipo uma OMS turbinada, vai te monitorar para cuidar de você. Final feliz.”

Não entendeu o recado do Feiticeiro Berbel? Sem problemas, traduzimos para você. Ele te disse o seguinte: se o seu sonho não é se tornar um silvícola chipado... Acorda! Antes que seja tarde.

Guilherme Fiuza, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo 


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Lula e Dilma - também dois aloprados - pisaram feio na bola; esqueceram que os jatos da Lava-Jato sujaram o Jaques Wagner

As verdades de Wagner

As polêmicas declarações feitas pelo ministro da Casa Civil foram autorizadas por Lula e Dilma e fazem parte de um movimento para criar uma alternativa à candidatura do ex-presidente em 2018. 

O problema é que a missão parece impossível 

Não foi à toa que o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, começou 2016 se expondo, protagonizando trocas de farpas com lideranças que comandam o PT e se colocando como o principal porta-voz da presidente Dilma Rousseff. O comportamento do ministro nas primeiras semanas do ano traduz um projeto que vem sendo desenhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde meados de 2014, mas que só agora, nas últimas semanas de 2015, obteve o apoio e a aprovação da presidente Dilma, durante uma discreta reunião com Lula no Palácio da Alvorada. 

Não é novidade que o ex-presidente tem o desejo de transformar Wagner em plano B para a sucessão de Dilma. O plano A e sonho dos petistas é o retorno do próprio Lula. O problema é que o avanço das investigações da Operação Lava Jato, a rejeição do PT, a impopularidade de Dilma e as crises política e econômica fazem do plano A nada mais do que uma miragem. E foi diante desse cenário que Lula e Dilma se entenderam nas últimas semanas do ano passado e definiram os passos para a concretização do plano B. 

[Só que os dois aloprados - Lula e Dilma - esqueceram que como todo petista Jaques Wagner também está enrolado com a Justiça, com as investigações da Lava-Jato e com certeza pode até fazer companhia ao Lula no cárcere e mesmo a própria Dilma
Considerando uma ou outra exceção, por sinal muito raras, não tem petista honesto.]

(...) 


Fotos: ROBERTO CASTRO; Sergio Lima/Folhapress; Glaucon Fernandes/Eleven/Folhapress; Pedro Ladeira/Folhapress  

Leia a matéria na íntegra em Isto É:
http://www.istoe.com.br/reportagens/444253_AS+VERDADES+DE+WAGNER?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

 

sábado, 23 de maio de 2015

Dilma e a classe média na penúria - acabou a festa da classe C

A classe média na penúria

Produtos e serviços com elevação de preços maior que a inflação oficial destroem o poder de compra e obrigam milhões de brasileiros a mudar os hábitos de consumo

Enquanto a crise econômica não chega ao bolso das pessoas, elas tendem a achar que os problemas anunciados pelos especialistas não passam de miragem. O PIB empacou? Os investimentos caíram? O governo trabalha sem superávit? Se isso não afeta a vida ou trabalho de alguém, provavelmente não vai significar coisa alguma. Mas as questões financeiras dos brasileiros passam por um momento singular. A inflação, aquela velha senhora que parecia domada pelo Plano Real, está de volta. Junto dela, ressurgem lembranças ruins e os temores que pareciam confinados a um passado distante. Para quase todo mundo, não há nada mais chocante e verdadeiro no campo econômico do que a descoberta de que os preços estão em forte disparada. Isso não só escancara a crise – sim, ela está aí e desta vez veio com força – como causa impactos financeiros imediatos. 

DE SAÍDA
Paolina Pin, 21, trancou a faculdade para estudar nos EUA. “Mesmo com o dólar
a R$ 3, sai mais em conta viver lá do que morar sozinha em São Paulo”, diz.
Paolina mora com a mãe, a empresária Catia, 43, e o irmão, Levi, 2.
Para economizar, Catia tem cortado o cabelo do filho em casa

Para a classe média, essa realidade é ainda mais cruel. A conta para esse grupo de brasileiros está pesada. Entre janeiro e abril, as mensalidades escolares subiram, em média, 10%. No supermercado, alguns alimentos ficaram, neste ano, 40% mais caros. O preço da gasolina acelerou 9%. Nos cursos de idiomas, a alta superou 11%. Tudo isso para uma inflação oficial de 4,56% nos quatro primeiros meses de 2015. Está caro demais viver no Brasil – e, se o governo não agir com tenacidade, vai ficar ainda mais.

O estouro inflacionário deixou a classe média no sufoco e vem provocando mudanças nos hábitos de consumo. A publicitária e blogueira Loreta Berezutchi, 32 anos, está acostumada a fazer contas para encaixar as necessidades e caprichos dos filhos Pedro, 7, e Catarina, 5, no orçamento que divide com o marido, o engenheiro civil Flávio, 37. No começo do ano, quando viu que as mensalidades da escola subiriam cerca de 15%, Loreta passou um pente fino na imensa lista de materiais pedidos e reciclou lápis, pastas e cadernos. Ao perceber que o avanço dos preços era generalizado, sobretudo o do leite, que praticamente passou a custar o dobro, a blogueira tomou medidas ainda mais radicais. Cortou os R$ 300 que ela e o marido gastavam na academia e dividiu um professor com outros moradores do prédio onde mora, ao custo de R$ 70 por pessoa. Na mesma época, o plano de celular e internet, que antes custava R$ 99, aumentou para R$ 135. “Não dava para manter como estava”, diz Loreta. “Então reduzi meu tempo de ligação e dados de internet. Continuei pagando o mesmo valor, mas por um serviço pior.”

A família de São Paulo mostra como a inflação, aliada à desaceleração da economia, tem reduzido o poder de compra da classe média nos últimos meses. Agora, esses brasileiros não só deixam de sair de casa para jantar, como prestam mais atenção às ofertas e batalham descontos, dão menos importância às marcas, frequentam menos os salões de beleza e evitam os passeios em shopping centers. Alguns chegaram a adiar a troca do carro e, a despeito dos protestos dos filhos, cancelaram a viagem das férias de julho. O cenário pessimista é compartilhado por empresários e economistas. Na semana passada, o mercado elevou suas projeções pela quinta vez consecutiva e a expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a medida oficial da inflação no Brasil) encerre o ano em 8,31%. Se o número provar-se verdadeiro, essa será a maior variação em 12 anos.
 
Embora os preços nos supermercados e restaurantes assustem, o que mais pesa para a classe média são as despesas com habitação. Nesse grupo social, as casas costumam ter mais equipamentos eletrônicos e lâmpadas. Por isso, gastam mais energia. Não por acaso, o recente reajuste nas tarifas elétricas atingiu em cheio a população. De janeiro a abril, segundo o IPCA, a conta de luz subiu 38%. Considerando só a classe média, esse item aumentou 19% apenas em abril e 47% neste ano, de acordo com o Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM), elaborado pela Ordem dos Economistas do Brasil. O ICVM mede a variação dos preços de 468 itens na Grande São Paulo, mas, segundo seu coordenador, o economista José Tiacci Kirsten, tem alcance mais amplo, já que o comportamento não difere muito no interior do Estado.

Na hora de pagar as contas, o aumento sentido parece muito maior que as estatísticas oficiais. Parte dessa sensação pode ser explicada pela economia comportamental. O psicólogo israelense Daniel Kahneman, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2002, afirma que as pessoas tendem a dar mais importância aos eventos negativos que positivos. No livro “Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar”, Kahneman cita um experimento para comprovar sua tese. Segundo ele, uma única barata tira todo o apelo de um pote cheio de cerejas, mas uma única cereja é incapaz de tornar um pote de baratas mais atraente.

É fácil de entender como o raciocínio se aplica à economia. Basta colocar lado a lado três produtos com o mesmo peso: A, B e C. Se o valor de A subir 10%, o de B permanecer estável e o de C cair 10%, a inflação no período será zero. Contudo, para quem consome mais o produto A – item, portanto, que terá mais peso na cesta –, a sensação de que a inflação subiu é muito maior. “Na prática, famílias com crianças em idade escolar percebem uma inflação mais alta quando ocorrem aumentos nas mensalidades escolares e famílias com idosos a percebem com os aumentos dos remédios e planos de saúde”, diz André Braz, analista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. “Já famílias de baixa renda, aquelas que recebem até 2,5 salários mínimos mensais, notam mais a inflação quando os preços dos alimentos e das passagens de ônibus urbano ficam mais caras.” Assim, para chegar a uma média nacional, o IPCA é medido em 13 regiões metropolitanas e abrange famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.

Alguns economistas argumentam que um pouco de inflação não faz mal. Em países estáveis e com economia relativamente desenvolvida, uma taxa ao redor de 2% e 3% é até saudável para o crescimento do PIB. Isso porque estimula os investimentos, o aumento dos salários e o consumo – se um produto ficasse mais barato dia após dia, não haveria razão para comprá-lo agora, nem investir na compra de um equipamento, no caso de uma empresa. Mas a questão brasileira é bem diferente. Quando o índice ultrapassa o limite saudável, os efeitos são perversos. Segundo o próprio Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, essas distorções podem ser observadas “no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração da confiança de empresários.” Em resumo, corrói o poder de compra, o consumo e o potencial de crescimento da economia, o que afeta também a geração de empregos e a renda. É nesse pesadelo que o País está mergulhado.

Quando fizeram as contas de quanto gastariam numa noite de diversão no Rio de Janeiro, a produtora de eventos Raphaela Rodrigues, 32 anos, e o publicitário André Olive, 45, desistiram de sair na última hora. O valor do ingresso do show (R$ 80 para cada) mais o táxi (R$ 75) e os gastos com bebida seriam um exagero que não podem mais cometer. Optaram por fazer um jantar em casa. “Tinha preguiça de cozinhar, mas agora não tem outro jeito”, diz Raphaela.



(Com reportagem de Ludmilla Amaral e Luisa Purchio)
Fotos: Airam Abel/Ag. Istoé, Thiago Bernardes/Frame; Frederic Jean/Ag. Istoé