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sábado, 12 de agosto de 2023

Chiqueiro político - Valdemar Munaro

       Repercute tristemente pelas mídias sociais da Argentina às vésperas de novas eleições, o aumento assustador da criminalidade e da delinquência.  
Entre os assassinatos registrados recentemente está a ignominiosa morte de Cecília Strzyzowski, ocorrida no dia 2 de junho passado, em pleno meio-dia, na cidade de Resistência, capital da Província del Chaco, norte do país.
 
A moça, 28 anos, foi estrangulada e picotada para ser dada aos porcos numa fazenda pertencente à família dos próprios sogros
Restos ósseos e pertences da vítima, incinerados, foram encontrados nas águas de um rio próximo.
 
Câmeras de vigilância registraram Cecília e César (o esposo) ingressando na residência de Emerenciano Sena e Marcela Acunha, pais deste último. Mas a jovem não saiu mais de lá.  
A mãe, Glória, assustada com o sumiço da filha, deu alarme e iniciou buscas.

Emerenciano e Marcela, pais de César, com quem Cecília havia se casado recentemente, planejaram a morte da nora propondo-lhe uma viagem ao sul, Ushuaia, para trabalho e passeio. Tudo mentira e arapuca. Seu destino trágico seria uma pocilga no interior de Chaco.

A notícia do macabro crime espalhou-se e obrigou órgãos de segurança a iniciar investigações
O horrendo delito ganhou contornos chocantes em razão da família assassina ter estreitos vínculos políticos e de amizade com o governador da província, Jorge Capitanich (o Cóqui), aliado de primeira hora da senhora Cristina Kirchner e do senhor Alberto Fernandez (vice e presidente, respectivos, da Argentina).

As famílias Sena e Acunha exercem liderança política na região e se tornaram conhecidos por suas ações piqueteiras e sindicais. O esquerdismo comunista dos criminosos é o motivo pelo qual, até o momento, não ter havido manifestação pública dos atuais governantes condenando o fato, nem expressado solidariedade à família da vítima.

O específico ministério do governo kirchnerista, enaltecedor e defensor dos direitos das mulheres, ignora os acontecimentos na Província del Chaco e os organismos relacionados a direitos humanos, hipocritamente, guardam um absurdo e escandaloso silêncio. 
o retrato da cara de pau deslavada do esquerdismo que alardeia e condena feminicídios só quando seus feitores estão à direita. Estampa-se perfeitamente ali o dito de James Burnham sobre o comportamento dos progressistas: 'pas d'ennemis à gauche'. Seus inimigos nunca estão à esquerda, sempre à direita.
 
O silêncio feminista de plantão se explica, exatamente, pelo fato dos envolvidos na morte de Cecília serem políticos kierchneristas influentes na Província del Chaco.  
Sendo destacados sindicalistas piqueteiros e atuantes invasores de terras públicas e alheias, esses comunistas não respeitam leis nem têm freios em suas ousadias
Com efeito, tornaram-se amedrontadores revolucionários, intimidadores e barganhadores políticos, detentores de privilégios estendidos à impunidade e à obtenção de polpudos recursos públicos.
As autoridades, coniventes e recuadas, participam vergonhosamente daquela violência e daquela corrupção.

Mesmo sem qualificações profissionais, os assassinos de Cecília angariaram postos administrativos e apropriaram-se de escolas (che guevaristas) e fundações receptoras de verbas governamentais.

Emerenciano Sena e Marcela Acunha, momentaneamente presos, são ainda candidatos às eleições do próximo pleito e buscam vaga na Câmara da Província e no governo municipal. Para arregimentar votos, mostram-se piedosos e devotos como parecem revelar as fotografias da visita que fizeram ao papa, em Roma.

Dos atuais governantes provinciais e federais, na Província del Chaco, seus amigos escandalosamente coniventes, ainda recebem dinheiro para administrar onde e como bem lhes parecer. O apoio infraestrutural às suas 'obras assistenciais e culturais' continua, assim como o suporte para suas campanhas políticas. Os parceiros escancarados da ilicitude e da imoralidade são o governador e os líderes kirchneristas nacionais.

As notícias do crime, como disse, ultrapassaram fronteiras locais e obrigaram autoridades, constrangidas, a iniciar diligências
Os dias posteriores ao delito, porém, foram tranquilos e suficientes para os criminosos continuarem seus comícios e sumirem vestígios. 
Embora tardios, rastreamentos encontraram vultoso dinheiro no local, restos ósseos, manchas de sangue e objetos da vítima. 
O crime, claramente comprovado, obrigou a prisão dos envolvidos, mas sua libertação pode ser iminente.
 
O martírio de Cecília na Província del Chaco revela uma ponta do iceberg mafioso que encharca a política argentina.  
Sob aparentes mantos de beneficência, assassinos mantêm pessoas sob sua dependência para que funcione o cabresto eleitoral. 
É assim em qualquer socialismo democraticamente temperado. 
A jardinagem perversa e egocêntrica desses comunistas fazem-nos exercer uma tirania através da malversação de recursos públicos disponíveis, aparentando um compromisso com a justiça e um falso engajamento solidário com a população.
Cecília era só uma modesta moça de Resistência que desejava trabalhar e ser feliz.  
Mas foi atraída pelo psicopata César que a levou à gaiola de seu clã. 
A intimidade com ele, contudo, levou-a a conhecer o mar de podridão política e moral subjacente. 
Testemunhou o indevido e por isso sua presença incomodativa tinha de ser eliminada.
 
Do chiqueiro político verificado na Província del Chaco, Argentina, o olfato da sensatez capta fedores espectrais de cortelhos espalhados pela América Latina.  
Sob muitos aspectos, nosso continente virou uma pocilga imunda e fétida: Maduro na Venezuela, Ortega na Nicarágua, Petro em Colômbia, Fernandez na Argentina, Boric no Chile, Morales na Bolívia, Lula no Brasil...
 
A revolução socialista de G. Orwell termina com porcos governando a fazenda e bichos outros sendo subjugados. 
A noite cínica revolucionária encerra seu ciclo com homens e cerdos refestelando-se em comidas fartas, bebidas finas, vestes de grife, charutos importados, sapatos e relógios luxuosos e whiskys regando poker. 
Os porcos ali se parecem a humanos e os humanos a porcos.
 
Assim ocorre com todas as festas e mentiras socialistas.
O cinismo e a hipocrisia são sua origem e consequência. 
Quem, porventura, poderia ainda crer na honestidade, na retidão e na autenticidade patriótica das grandes comemorações e desfiles comunistas propagados por governos norte coreanos, cubanos, chineses, russos, romenos etc? 
Ali, no coração das aparências, os sofrimentos alheios e a decência eram e são intencionalmente ignorados e esquecidos, pois "os homens, como conclui ironicamente Orwell, são todos iguais, mas uns são mais iguais do que outros".
 
Sem as mazelas políticas instauradas por Juan Domingos Perón e vigorante até nossos dias, nosso belo país vizinho seria realmente gigante e extraordinário. Transformou-se, porém, num ultrajante feudo socialista e terminou por cabrestear e empobrecer o país inteiro. O caminho brasileiro poderá ser muito semelhante se não mudar de rumo. Da nossa casta política ilegítima governante não é possível esperar coisas boas. O socialismo é um 'esperancídio' a serviço da roubalheira e da mentira como se lê nas entrelinhas do Foro de São Paulo. Nada mais.

Aprisionando poderes judiciais e leis, ladrões e maníacos lubrificam-se com impunidades psicopáticas maquiadas de serviço público e mentiroso amor pelo povo.

Quem pode compreender as barafundas iníquas de ministros do STF e do TSE, céleres e parciais em processos que lhes interessam, mas lentos naqueles que não lhes apraz? 
Manifestantes presos sem o devido processo legal minguam o direito à liberdade enquanto bandidos e ladrões confessos obtêm soltura e riem à toa. Grande parte de nossos deputados e senadores, diferentemente do prometido, comportam-se à maneira Fausto de Goethe: ante o poder fascinante e enfeitiçador, ensombram-se e se mancomunam às vantagens e benesses do governo de plantão nem que para isso vendam própria alma. O exemplo do presidente do Partido Republicano é eloquente: mandou às favas moralidades e se aliou a Lula.

Cartazes eleitorais dos assassinos de Cecília na Província del Chaco diziam: "Somos lo que hacemos". A autêntica face de suas personalidades.

Se a política (de polis: cidade e ika: arte), consiste na justa administração das coisas pertencentes a muitos, pode-se concluir que a sabedoria grega há muito foi incinerada entre nós.

A ilha de Salamina em 480 a. C., viu a batalha na qual os helenos em pequeno número comandados por Temístocles venceram os numerosos persas comandados por Xerxes. A coragem dos gregos brotava do amor visceral que sentiam pela terra e pela liberdade. Preferiam a morte do que ser escravizados. Aos soldados persas, 'universais' e mercenários, interessava-lhes naquele então somente o soldo e os botins. Oh gregos! Vinde um momento nos ensinar patriotismo e cidadania.

Arrancai da casta política benefícios e privilégios e vereis seu verdadeiro rosto! Trazei à luz suas intenções e vereis imoralidades! Extirpai do seu horizonte vaidades e aplausos e vereis artérias contaminando seus corações, mentiras corroendo suas palavras e perversidade orientando seus comportamentos! Tirai de seus colos mordomias e salamaleques e vereis hipocrisias em seus atos!

Um único candidato a presidente da república tem coragem e ousadia de limpar o chiqueiro político em que a Argentina se encontra. Chama-se Javier Milei, economista da escola de Von Mises e escritor. 
Seu plano de governo é: reduzir drasticamente o número de ministérios, terminar com a inflação, privatizar estatais, fechar todos os meios de comunicação públicos, eliminar o Banco Central (prisioneiro da classe política e emissor incansável de moeda), dolarizar a economia, doar a empregados e sindicatos a empresa Aerolíneas Argentina, eliminar aposentadorias privilegiadas, agir com mão dura contra o crime e a delinquência, libertar de tentáculos estatais todas as obras infraestruturais, promover o livre mercado, respeitar a vida desde a fecundação, etc...

Se os argentinos elegerem outro candidato, exceto Javier Milei, continuarão sua derrocada moral e econômica. Seria péssimo para o Brasil e para a América Latina. O nefasto socialismo peronista e kirchnerista não pode continuar, caso contrário nossa irmã Argentina cairá implacavelmente num poço social e econômico jamais visto em sua história. Torcemos por Javier Milei.

Santa Maria, 10/08/2023

Conservadores e Liberais - O autor é professor de Filosofia


segunda-feira, 31 de julho de 2023

A lei somos nós - J. R. Guzzo

Revista Oeste

O que vale no Brasil de hoje não é o que está escrito no Código Penal — mas aquilo que sai do gabinete do ministro Alexandre de Moraes ou de seus colegas


  Lula e Supremo Tribunal Federal anulam decisão legítima do Congresso Nacional sobre o imposto sindical | Foto: Shutterstock

Vale a pena, por um instante, pensar no que está acontecendo com a tramoia, ora em execução conjunta por Lula e pelo Supremo Tribunal Federal, para anular uma decisão legítima do Congresso Nacional — provavelmente, na verdade, a decisão mais aplaudida pela população em toda a história do legislativo brasileiro. 
É um retrato em alta definição do golpe de estado que está sendo imposto ao Brasil, dia após dia, com a falsificação das leis e da Constituição Federal através de decisões judiciais. 
O STF rasga a lei na cara de todo mundo; mas um ministro diz que nesse caso, e em todos os casos que o STF quiser, a lei rasgada era ilegal, e que a única lei legal, dali por diante, seria a lei que os ministros aprovassem. É um avanço no processo de evolução biológica das tiranias. 

 
Agora não é mais o Exército que dá o golpe; os militares apenas procuram uma toga para obedecer, em vez de um general, e aí se colocam a seu serviço de olhos fechados. 
Dizem que estão defendendo a “legalidade”. Só que a lei, para eles, não é mais o que está escrito na Constituição e nos códigos, mas nos despachos do ministro fulano ou do ministro beltrano. Quem elimina o estado de direito e dá o golpe, agora, são os altos magistrados. 
É uma quartelada em que o Exército fica no quartel — e entrega aos juízes, junto com a polícia, a força armada necessária para manter vivo o governo ilegal que montaram no Brasil em parceria com o presidente Lula.
 
A tramoia mencionada acima é a ressurreição pelo STF, por exigência de Lula, de um cadáver que, enquanto não era cadáver, só tomou dinheiro do trabalhador — o imposto sindical. Essa indecência aberta, que extorquia um percentual do salário de todos os brasileiros, sindicalizados ou não, para entregar aos sindicatos e à CUT, foi extinta pelo Congresso em 2017. 
Para Lula e a esquerda que se pendura nele, foi bem pior que uma extinção — foi uma humilhação. 
O Congresso, na verdade, tornou o imposto voluntário. Quem quisesse dar essa “contribuição” aos sindicatos poderia continuar dando, quem não quisesse não precisava dar mais. Todo mundo sabe o que aconteceu: praticamente ninguém quis pagar nem um centavo de imposto sindical dali para diante. Foi um dos exemplos mais perfeitos da aplicação direta da vontade popular, em qualquer lugar do mundo, por parte de um Legislativo — que, afinal, existe para fazer exatamente isso, mas quase sempre só cuida dos seus próprios interesses. 
O Congresso, num momento raríssimo, deu ao cidadão brasileiro a oportunidade de escolher, ele próprio, o que queria: pagar ou não o imposto sindical, por sua livre escolha. Os brasileiros, de forma esmagadora, responderam: “Não queremos”
O que mais se pode esperar em termos de clareza em uma resposta? 
O trabalhador não quer dar dinheiro para os sindicatos. 
Se quisesse, poderia continuar dando. Não quis, definitivamente.

Não importou, nesse episódio histórico, qual era a vontade dos deputados e senadores, de qualquer partido ou tendência; não importou o que Lula, a CUT, a esquerda ou a direita queriam

A decisão foi totalmente entregue aos trabalhadores brasileiros, e eles mostraram a sua vontade da forma mais indiscutível que o ser humano conhece — abrindo ou não o próprio bolso, e a decisão foi não abrir. A verdade, nua e crua, é a seguinte: quem quer que o imposto sindical seja obrigatório é Lula, e não “os pobres” que ele jura defender o tempo todo. O presidente continua, até agora, prometendo a sua “picanha” imaginária (agora com uma “cervejinha gelada”), mas na hora de ver dinheiro em cima da mesa, ele quer meter a mão no bolso do infeliz que ganha salário de R$ 2 mil por mês, para repassar aos parasitas dos sindicatos. Eles já ganham do Tesouro Nacional, por conta dos empregos de luxo que têm no governo; querem, além disso, roubar o trabalhador.  

É roubo esse imposto: o sujeito não quer pagar, mas Lula quer que pague à força. Qual é a diferença em relação a um assalto? 

A diferença é que o assalto, no imposto, vai se repetir a vida toda.


Lula quer que o STF anule a lei legitimamente aprovada pelo Congresso — e o STF está pronto para atender a mais essa manifestação da vontade 'divina'.

(.....) 

 

Como assim, se há cinco anos o STJ já decidiu que não há nada de errado com a lei que tornou voluntário o imposto sindical?  

De lá para cá, não mudou rigorosamente nada. A Terra não bateu na Lua. Os números pares continuam se alternando com os números ímpares. Os trabalhadores não resolveram, de repente, que querem pagar o imposto outra vez.
A questão que o STF já julgou em 2018, enfim, é exatamente a mesma que está julgando em 2023.
O que acontece é que o Brasil, neste meio-tempo, deixou de ser uma democracia com leis, direitos e deveres e passou a ser uma ditadura construída em cima de despachos judiciais e governada por uma junta — a associação de assistência mútua entre o STF e o Sistema Lula.
O ministro que provavelmente vai acabar decidindo essa história, e que votou a favor da lei cinco anos atrás, está dizendo que agora vai votar contra porque “mudou de ideia”. Conversa. Ninguém pode dizer que achava que 2 + 2 eram 4 em 2018, mas que agora acha que são 5.

(.....) 

O próprio ministro Alexandre de Moraes, a figura central do episódio, alega que foi vítima de um crime contra a honra, e não que o Brasil sofreu uma tentativa de golpe de estado. 
No caso, como não é calúnia ou difamação, só pode ser injúria um delito que está previsto no artigo 140 do Código Penal; a pena é de um a seis meses de detenção, ou multa. 

Fala-se, também, de uma possível lesão corporal leve; parece que um par de óculos caiu no chão. Mas não há exame de corpo de delito — e de qualquer forma, quinze dias depois da confusão, ainda não apareceram imagens do que aconteceu, não há testemunhas, e as versões de vítima e agressores são opostas.  

Como uma mixaria dessas pode ser inflada à dimensão de crime de lesa-pátria? É democracia um país onde se faz isso?

A presidente do STF isso mesmo, a presidente da suprema corte de justiça do Brasil, e não um sargento da PM fez uma agressão frontal ao que está escrito na lei brasileira, ao mandar apreender computadores, celulares e outros bens pessoais dos acusados.
Seus carros foram vasculhados pela polícia enquanto eles estavam sendo interrogados.
Que diabo quer dizer isso tudo?
Desde quando a presidente do STF envolve o Tribunal num caso de rixa? 

 Desde quando a Polícia Federal investiga supostos crimes de injúria ou de lesão corporal leve — e desde quando é autorizada a fazer operações de busca e apreensão contra os acusados de uma insignificância como essa? 

Só porque Lula e seu ministro da Justiça dizem que a pátria está em perigo de morte, nenhuma autoridade é obrigada a levar algum deles a sério.  

Foi uma briga de sala vip, só isso; a acusação de hostilidade a um ministro não pode ser considerada um ato de agressão ao Estado brasileiro.
Mas, no Brasil governado pelo comissariado Lula-STF, essa confusão vai ficando cada vez mais fanática — e perigosa.
É o que se pode ver pela prodigiosa decisão de um juiz de Alagoas que prendeu uma jornalista, acusada de calúnia e difamação, com base numa decisão do ministro Moraes.

 .....

 

ÍNTEGRA DA MATÉRIA


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Coluna J. R.Guzzo - Revista Oeste