Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador soro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador soro. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Boa sorte, Bolsonaro!



Eleição do fim do mundo 


O que todos afirmavam ser uma eleição imprevisível, a próxima para presidente da República, começava pelo menos a ganhar contornos com a mais recente pesquisa de intenção de voto aplicada pelo Ibope e divulgada na última quarta-feira.  Os contornos foram apagados pelo atentado contra a vida do deputado Jair Bolsonaro (PSL), esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, ali operado e recolhido ao leito de um hospital. [Bolsonaro foi transferido para o Hospital Albert Einstein com quadro estável, chegou bem e está sendo avaliado por equipe multidisciplinar - mais detalhes abaixo.] A eleição virou uma mancha indecifrável, por ora.

No país onde um presidente eleito (Tancredo Neves) começa a morrer na véspera de tomar posse, e depois escala a rampa do Palácio do Planalto dentro de um caixão, tudo pode acontecer, inclusive nada. [não ha a menor semelhança entre o quadro de Tancredo Neves e o de Bolsonaro.
Tancredo Neves com quase 90 anos e uma doença crônica mal cuidada.
Bolsonaro bem mais jovem, melhor forma física e lesões causadas por um atentado covarde.
De qualquer forma é recomendável evitar os 'professores doutores'.
Propaganda grátis: quem assistir o filme 'paciente' vai entender as razões da recomendação.]  Foi reaberta a temporada de puro “achismo”.   

O general, vice de Bolsonaro, acha – ou melhor: diz ter certeza – que o atentado foi cometido por um filiado do PT a serviço dos que pretendiam barrar o que estava escrito nas estrelas. Bolsonaristas de raiz compartilham a mesma opinião nas redes sociais. [tal de Adélio foi apenas um alienado  útil aos interesses da maldita esquerda.
Está preso, será interrogado e quando começar a falar muita coisa será esclarecida - vale ter em conta que o comunismo, a esquerda e a corja lulopetista seguem sempre a regra que 'os fins justificam os meios'.]
 
João Doria, que desertou do cargo de prefeito de São Paulo para se candidatar ao governo, acha que o atentado garantiu a Bolsonaro um lugar no segundo turno. Sob o anonimato, políticos de vários partidos acham que Bolsonaro poderá ser eleito no primeiro turno. [a eleição no primeiro turno já estava garantida e a única forma de impedir que ocorresse (tentar) foi utilizada e com fé em Deus não vai funcionar.]
É cedo para que se possa afirmar qualquer coisa. Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto sem Lula. No momento, estava empenhado em manter sua tropa unida. A ser bem-sucedido, já teria lugar assegurado no segundo turno com ou sem atentado.

O atentado deverá dar coesão às suas forças. Ele é o único candidato dispensado daqui para frente a expor-se aos riscos de 30 dias de campanha. Os boletins médicos e suas falas de leito serão suficientes para que siga sob a luz benigna dos holofotes.  Qual dos seus adversários ousará atacá-lo no rádio, na televisão ou em qualquer parte? Se o eleitor é refratário à pancadaria entre candidatos a um mesmo posto, tanto mais será quando o alvo de críticas escapou da morte, mas não tem condições de se defender.

Do ponto de vista estritamente político, nem por encomenda um ato bárbaro beneficiaria mais Bolsonaro como o atentado de ontem – camisa verde e amarela às vésperas do dia 7 de Setembro, multidão a carregá-lo pelas ruas, celulares a registrarem tudo. Quem ainda não foi contaminado pelo discurso raivoso do “nós contra eles” nem pela ideia de que bala (ou faca) resolve problemas, só pode desejar que Bolsonaro se recupere logo, para o seu próprio bem, de sua família, dos seus amigos e admiradores.

 

 Atualizando o quadro de saúde do presidente JAIR BOLSONARO:

Bolsonaro chega ao Hospital Albert Einstein, onde será avaliado por três horas

Candidato do PSL à Presidência será internado na UTI e passará por avaliação multidisciplinar

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, atingido por uma facada durante ato de campanha em Minas Gerais ontem, foi transferido em um helicóptero Águia da Polícia Militar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade. O parlamentar foi direto para UTI, na qual será submetido a uma avaliação multidisciplinar, que deve durar três horas.
Só depois da avaliação o hospital vai divulgar a equipe de médicos que vai acompanhá- lo. O avião de prefixo PT-WGF trazendo o presidenciável pousou no aeroporto da capital paulista às 9h45. Ele foi transferido do avião para uma UTI móvel e só então colocado no helicóptero da Polícia Militar, que decolou às 10h30.

 A aeronave pousou às 10h35 no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista e vizinho ao hospital. Bolsonaro foi então transferido para uma UTI móvel e deu entrada no Einstein às 10h42.

Bolsonaro passou por uma bateria de exames na manhã desta sexta-feira na Santa Casa de Juiz de Fora. A equipe médica constatou que o paciente tinha estabilidade hemodinâmica e estava em condições de ser transferido para São Paulo. Um médico da capital paulista acompanhou os exames.  O jatinho que trouxe Bolsonaro a São Paulo decolou por volta de 9h do Aeroporto Francisco Álvares de Assis, conhecido como Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora. A ambulância que levou o candidato entrou direto no hangar, de onde ele foi levado ao avião.

Bolsonaro passou a noite na Unidade de Tratamento Intensivo da unidade mineira. Segundo os médicos, o estado dele é grave, mas estável. Flávio Bolsonaro, filho do deputado, elogiou a rapidez no atendimento. Ele foi submetido a uma delicada cirurgia na cidade mineira. - Ele está bem, estável, mas em observação - disse a diretora da Santa Casa, a médica Eunice Dantas, durante entrevista na entrada do hospital, logo depois da saída de Bolsonaro. - Só foi possível o transporte porque ele está bem... ele está com sonda, oxigênio, soro, medicações e a colostomia é de dois a três meses, mas está estável.
O Globo

domingo, 20 de agosto de 2017

O mundo somos nós

Qualquer pessoa pode fazer diferença. Podemos melhorar o que nos cerca. O prédio. A cidade. O país 

Quando decidi ser jornalista, nos anos 1970, me perguntaram se eu queria mudar o mundo. Respondi que não tinha essa ambição. Queria conhecer o mundo, a trabalho. Escolhi o jornalismo internacional, para depois voltar a meu Rio de Janeiro. Hoje, penso que, nos meus 19 anos, havia uma sabedoria inocente na resposta. Para mudar algo, é preciso conhecer. Entender. Perguntar, mais que responder.

>> Mais colunas de Ruth de Aquino

Quando o jornalista revela uma injustiça, um malfeito – ou, na outra ponta, joga luz num bom exemplo e conhecimento num fato histórico –, ele espera que a sociedade reaja. E a sociedade somos todos nós. Por pressão nossa, todos juntos, a criação do Fundo da Vergonha de R$ 3,6 bilhões para as campanhas eleitorais de 2018 balança e naufraga. O mesmo aconteceu com o aumento indecente de 16,7% para procuradores e juízes.
Nada disso resolve a crise moral e fiscal do Brasil. Mas ajuda saber que a pressão pode mudar rumos. O juiz de Mato Grosso que recebeu no contracheque meio milhão de reais, entre salários e benefícios, pode ser um personagem em extinção no país. A imprensa o mostrou. O juiz Mirko Giannotte disse: “Não estou nem aí”. É justo, dentro da lei. Pessoal, nós precisamos mudar muitas leis para o Brasil reduzir o abismo social e enfraquecer o regime de castas. Vamos fazer mais pressão.

Esta edição de ÉPOCA, o número 1.000, é dedicada a reportagens que ajudaram de alguma forma a mudar o mundo para melhor. Não é fácil. Hoje, quando todas as tragédias chegam ao vivo a nossos celulares 24 horas por dia, sem filtro ou análise prévia, as redes sociais incham de indignação, impotência e também de intolerância. São os terroristas islâmicos que matam turistas com uma van nas Ramblas, em Barcelona, ou os neonazistas armados que atropelam judeu, negro ou branco antirracista em Charlottesville, nos Estados Unidos. Tudo numa semana só.

No Rio de Janeiro, além dos arrastões nas vias expressas, vemos uma explosão de moradores de rua e favelas sitiadas por tiroteios e pelo tráfico pesadamente armado. Em São Paulo, vemos as cracolândias e as comunidades fixas de sem-teto sob viadutos, num estado que sofre um roubo a cada 30 segundos, muitos deles seguidos de morte.  Como mudar tudo? Como, se Brasília é uma ilha da fantasia em que a nutricionista e a roupeira da primeira-dama, Marcela Temer, desfrutam apartamentos funcionais e privilégios? A imprensa denuncia. E sua pressão pode influenciar sim .[a nutricionista e a roupeira da primeira-dama, são funcionárias públicas (ainda que não sejam concursadas e sim comissionadas - a lei permite que alguns funcionários sejam contratados na condição de comissionados, portanto, demissíveis, 'ad nutum' ), mas, enquanto não são demitidos são funcionários públicos e desde que atendam requisitos fixados em leis tem o direito de ocupar imóvel funcional.
O fato das duas exercerem suas funções na assessoria da primeira-dama não as torna funcionárias de segunda classe e uma delas atendeu aos requisitos e recebeu o imóvel funcional.
A outra, salvo engano, não atendeu os requisitos e não foi beneficiada.
Trabalhar na assessoria pessoal do presidente da República não é motivo para o funcionário ser punido.]
O mundo não é amistoso ou pacífico. Nunca foi. Ditaduras, guerras e genocídios sempre existiram. Hoje, vemos o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, complacente com movimentos racistas como a Ku Klux Klan. Vemos o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ameaçando o mundo com um ataque nuclear. Testemunhamos o êxodo forçado dos sírios, com crianças órfãs, feridas, mutiladas ou mortas pela guerra insana de ditadores. Vemos as mortes e prisões na Venezuela de Nicolás Maduro, a fuga em massa para escapar da miséria e de mais de 700% de inflação. 


Vemos mulheres mortas por ser mulheres. Homossexuais mortos por ser homossexuais. Vemos a ganância que destrói o meio ambiente e torna nosso ar irrespirável – e, pior, continua impune, como os criminosos que mataram um rio e uma cidade em Minas Gerais. Vemos o uso da fé para extorquir e para alimentar projetos de poder político.  Tudo isso exige de nós um esforço sobre-humano para resistir e melhorar o entorno. Vimos o jovem médico brasileiro que voltou às Ramblas após o atentado, para socorrer os feridos. A van branca vinha em sua direção e a gritaria o empurrou para se abrigar numa cafeteria. Ele não fez mais que sua obrigação de médico ao voltar? Bernard Campos, de 26 anos, seguiu sua consciência. Levou uma asiática de 30 anos para o hospital porque as ambulâncias demoravam. Fez das mãos dele um colar cervical e pediu soro. “Vou ter de esquecer isso”, disse. Não esqueça que você contribuiu para um mundo melhor, Bernard. 

Qualquer pessoa pode fazer diferença. Não é preciso ser jornalista ou exercer um cargo influente. Se não mudarmos por dentro, nada mudará por fora. A atitude individual conta. A comunitária também. Podemos melhorar o que nos cerca. Primeiro, a família e nossa casa. A relação com os amigos próximos. Os vizinhos. Os colegas de trabalho. O prédio. A rua. O bairro. A cidade. O estado. O país.  Podemos mudar a forma de encarar o mundo. E a forma de agir. Escuto que somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos. São pessimistas, resignadas ou inconformistas? Podemos cultivar as semelhanças, em vez das diferenças. Podemos ter uma causa, uma paixão, podemos ser indignados otimistas. Parabéns aos jornalistas que fazem sua parte. E a você, que faz sua parte como cidadão.

Fonte: Revista Época - Ruth de Aquino