Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O ministro foi afastado, mas sua fala redesenhou a guerra
Numa breve entrevista a uma rádio israelense, o ministro Amichai
Eliyahu, encarregado dos assuntos de Jerusalém, disse que jogar uma
bomba atômica na Faixa de Gaza
é “um caminho”.
Foi logo suspenso pelo primeiro-ministro Netanyahu, e o
líder da oposição, Yair Lapid, pediu sua demissão.
Eliyahu explicou que
falou na bomba “metaforicamente”.
Tudo bem, mas falou. Jogar uma bomba
atômica em Gaza seria maluquice, mas Eliyahu tirou do armário o poderio nuclear israelense.
Para sair da teoria e das metáforas, hoje, num cenário de envolvimento
do Irã na guerra, o quadro seria outro, e todos os envolvidos no
conflito sabem disso.
Desde as explosões de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, militares e civis
já cogitaram o uso de artefatos nucleares em campos de batalha.
Entre
1950 e 1968, três presidentes americanos (Harry Truman, Dwight
Eisenhower e Lyndon Johnson) recusaram pelo menos uma dúzia de pedidos
para lançar bombas na Coreia, na China e no Vietnã.
Nessa época, um jovem professor americano chamado Henry Kissinger
despontava com um livro em que discutia o uso de artefatos nucleares com
baixo teor explosivo, como armas táticas.
Pelo lado de Israel,
construiu-se uma história de clarividência, tenacidade e astúcia
diplomática.
David Ben-Gurion começou a tratar da bomba em 1945, logo
depois da explosão de Hiroshima.
Ele era um líder sionista na Palestina,
e o Estado de Israel era apenas uma ideia.
Seu interlocutor era um
jovem cientista que fazia explosivos para combatentes da Haganá.
Em abril de 1948, um mês antes da criação de Israel, Ben-Gurion começou
a recrutar cientistas. Anos depois, aos 29 anos, Shimon Peres tornou-se
diretor do Ministério da Defesa. Ele começaria as conversas com a
França para a construção de um pequeno reator em Israel. Ben-Gurion
seria claro: — Eu quero a opção nuclear.
Em 1957, Peres fechou o acordo para a construção do reator em Dimona,
no Deserto do Negev. Os Estados Unidos desconfiaram desse reator desde a
primeira hora. Em segredo, Israel construiu uma usina subterrânea para o
reprocessamento do plutônio usado no reator.
Sete inspeções de
cientistas e diplomatas americanos não suspeitaram (ou não quiseram
suspeitar) de sua existência.
Em 1967, Israel já tinha dois artefatos. Hoje teria entre 60 e 400.
Seu
uso foi chamado pelo primeiro-ministro Levi Eshkol de “opção de
Sansão”, aquele que destruiu o templo dos filisteus.
Ao contrário da Índia, do Paquistão e da Coreia do Norte,
Israel nega que tenha as bombas. (Em 1969, o presidente Nixon perguntou
a Golda Meir se ela tinha “coisas perigosas”, e ela respondeu que
tinha. Quando Golda ia saindo do encontro, ele lhe disse: “Tome
cuidado”.)
Por décadas, Israel produziu e estocou artefatos nucleares. Seus
desmentidos preservam um segredo de polichinelo. Os inimigos de Israel
cultivam uma ilusão, de que um país se deixará destruir sem usar todas
as armas de que dispõe. Amichai Eliyahu pode ser um radical aloprado,
mas sua “metáfora” reflete a realidade.
Tirando as bombas do armário, ele colocou a discussão da guerra no seu devido patamar. Uma coisa são as operações contra o Hamas em Gaza. Bem outra seria uma expansão da guerra, com uma possível entrada do Irã no conflito. Nesse caso, o risco é outro.
Desde que surgiram, gratuitas e fagueiras, no horizonte das
possibilidades, até o ano de 2018, as redes sociais foram“um clarão nas
trevas”do obscurantismo orquestrado do jornalismo brasileiro. Neste
artigo, refiro-me a elas desde a perspectiva em que as vejo na maior
parte do tempo, ou seja, na perspectiva da influência política; mais
particularmente, como meios de informação e formação.
Tanto para os
espectadores quanto para os intelectuais e políticos conservadores ou
liberais foi fascinante romper o monopólio dos grandes veículos e seus
formadores de opinião, habituados ao monólogo sem réplica. Foi uma
experiência maravilhosa ver seus consultores selecionados a dedo serem
refutados por um enorme contingente de autores e analistas mais
qualificados. Foi uma alegria saber que eles existem.
As derrotas
da esquerda em 2018 e nas eleições municipais de 2020 refletiram esse
novo cenário da comunicação social. No entanto, deram causa à instalação
de um conflito entre o território até então livre e, sim, também
caótico, das redes sociaise o território minado e dominado pelos
grandes grupos de comunicação. A rixa e malquerença instaladas
prenunciavam o demônio que estava por vir: a censura.
Esse zumbi
dos totalitarismos saiu sorrateiro de sua cova, dentro das próprias
plataformas. Como se sabe, as big techs são alinhadas com pautas que a
Nova Ordem Mundial importou da esquerda norte-americana empenhada em
corroer os fundamentos da civilização ocidental. Assim, passaram elas a
conter a propagação dos comunicadores de direita,notadamente
conservadores, mediante “diretrizes da comunidade” que são um arbítrio
nunca devidamente explicitado.
Entre o
segundo turno da eleição de 2018 e o segundo turno de 2022 instalou-se
uma guerra totalmente assimétrica.De um lado, tudo era permitido à
velha imprensa, seguindo a melhor tradição das democracias: fake
analysis, exclusão da divergência nas redações, propagação de
animosidade contra o governo e seus apoiadores, ocultação de fatos
inconvenientes, construção de narrativas, e até expressões de anseio
pela morte do presidente da República. Na boa regra do livre mercado, os
cidadãos deveriam escolher dentre as alternativas, contanto que elas
existissem...
De outro, nos
espaços das redes sociais, verdadeira caça às bruxas, cujo destino
final era alguma forma de censura e exílio:desmonetizações, bloqueios
de contas bancárias, multas, interdições de direitos e a crepitante
fogueira dos inquéritos abertos para assim permanecerem contra toda
tradição da boa justiça. Na já paupérrima democracia brasileira,
assistimos severíssima restrição à liberdade de opinião e o sumiço dos
melhores em nome da “defesa do estado de direito e da democracia”.
Nestes dias,
para fins políticos tão importantes e úteis à cidadania, as redes
sociais agonizam.A eleição de 2022 deixou claro sua vulnerabilidade
ante o autoritarismo e as várias formas de censura. Mais, vem aí um
projeto de “regulamentação das redes sociais”,prometido por Lula,
aguardado ansiosamente pela esquerda e pelas milícias jornalísticas, e
saindo do forno do ... TSE. Nas palavras do jornalista Cláudio Humberto
em sua coluna de hoje, o Brasil estará nivelado com China, Rússia e Irã.
Ainda que as
redes sociais fossem livres como deveriam, sujeitas apenas às sanções da
legislação penal em vigor, a recente eleição deixou claro que elas, por
precariedades de espaços e tecnologia, por operarem de modo
fragmentário e em bolhas de comunicação, têm dificuldades para competir
com o poder e a abrangência do jornalismo que atua em extensão nacional,
o tempo todo, chegando a todos os públicos, em especial através do
rádio e da televisão.
Portanto,
conservadores e liberais precisamos usar as redes sociais nos limites
das possibilidades concedidas, sim, mas elas não dispensam a militância
política(embora eu não goste dessa palavra), o apoio aos congressistas
que representam nossos princípios e valores, e nossa formação pessoal
para vivermos de modo pleno a condição de cidadãos.
Bons cursos,
hoje, são pagos. Caberia aos partidos políticos seriamente comprometidos
com nossas posições, promover esses cursos com a competência, a
urgência, a frequência e a intensidade necessárias.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
De um lado, o ministro da Justiça (da Justiça!) Flávio Dino ameaça usar toda a força do Código Penal para punir uma rádio que o chamou de “comunista” e “obeso”. Justo ele, que é comunista e, por acaso, também é obeso.
De outro, o governo move mundos e fundos para condenar uma singela foto (até meio cafona) publicada pela Folha de S. Paulo. Até a Secretaria de Comunicação se manifestou, assim como os bajuladores profissionais da Associação Brasileira de Imprensa. E só está começando…
Deixei de usar o estrangeirismo“fake news”,que se tornou a mais vadia
das expressões correntes em nosso vocabulário. Como a Geni de Chico
Buarque, ela dá para qualquer um o que cada um quiser e,em seus
momentos sádicos, tortura a verdade.
Na noite de
30 de outubro de 1938, milhões de ouvintes norte-americanos,
sintonizados à CBS, ouviram a transmissão radiofônica de “A Guerra dos
Mundos”. Durante uma hora, Orson Welles narrou uma invasão alienígena
como se estivesse em curso na costa Leste dos EUA,espalhando pânico e,
ao mesmo tempo, alçando sua carreira ao nível das estrelas de maior
grandeza na luminosa abóboda hollywoodiana. O programa entrou para a
história do rádio como um de seus capítulos mais notáveis.
Mentiras
fazem parte do nosso cotidiano. Têm data própria no calendário anual.
Mentem-nos tanto que acabamos desenvolvendo intuições que nos protegem
de muitas.
Por outro lado, a verdade, não raro, é produto de uma
trabalhosa escavação, seja dos acontecimentos de hoje, seja nas cinzas
da história. A política só é o habitat de tantos mentirosos porque
muitos eleitores preferem ouvi-los. Na lei de Deus, a mentira é pecado;
na lei dos homens, não é crime(salvo em situações muito particulares
previstas em lei).
Rejeitemos a
falsidade e a mistificação.Protejamo-nos, inclusive, do autoengano.
Afastemo-nos dos mentirosos. Busquemos a verdade.Querer acabar com a
mentira, contudo, é devaneio autoritário de quem sonha com um Ministério
da Verdade e este é mais nocivo do que aquela.
O STF e seu
braço eleitoral tantas fizeram com a expressão fake news, tanto dela
abusaram para transformá-la numa espécie de crime hediondo, que acabaram
por depreciar o emprego que dela fazem. Esqueceram-se da frequência com
que alguns de seus ministros relativizam a Constituição,recuam das
próprias verdades já explicitadas em trabalhos acadêmicos, atividades
profissionais anteriores e que deveriam nos proteger dos abusos das plataformas,
delas não se valem para sancionar quem os contraria?
No
transcurso de uma campanha eleitoral, quem impôs como verdade
inquestionável a inocência de Lula– a maior mistificação da década – perdeu a autoridade para imputar falsidade às afirmações alheias.
Desculpem-me os divergentes, mas me sinto moralmente vinculado às minhas
percepções, principalmente se do lado oposto observo, ademais, graves
violações ao estado de direito.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
A caminho do fechamento da janela de trocas partidárias,quem mais vem se beneficiando na migração de deputados são as legendas que
devem dar sustentação a Jair Bolsonaro na corrida para a reeleição: o partido
dele, PL, mais o Progressistas e o Republicanos. Normal. Governos sempre têm
capacidade de atrair políticos, e a isso se soma o fato de o presidente ter
chegado competitivo a esta etapa do processo.
Candidatos à reeleição no Parlamento beneficiam-se da
proximidade com o governo, mesmo que a recente anabolização das emendas dos congressistas
ao Orçamento Geral da União tenha injetado boa dose de autonomia na vida de deputados
e senadores.
O Estado no Brasil tem ubiquidade, e influir nas decisões do poder
sempre ajuda a alavancar trajetórias políticas e a dar-lhes sustentação no
tempo.
Mas qual será o peso real das estruturas partidárias na
eleição presidencial? Em tese, relativo. É bem mais provável que o eleitor
escolha um parlamentar por este apoiar o candidato a presidente do que decidir
votar em alguém para o Planalto porque o deputado ou o prefeito pediram ou
mandaram. O voto é secreto. A escolha do candidato a presidente é a esfera de
decisão política em que o eleitor costuma exercitar sua independência em maior
grau.
Mas estruturas partidárias importam. Mesmo em 2018, quando
Jair Bolsonaro se elegeu por uma microlegenda, por todo o país os partidos e
políticos do campo que vai do centro à direita, pegando inclusive franjas à
esquerda, conectaram-se na composição do hoje presidente. Não houve alianças
formais, mas realizaram-se alianças políticas na vida real. Que costumam pesar
bem mais na hora do vamos ver.
E há agora em 2022 a particularidade de um presidente
candidato à reeleição não ter como colar no papel de outsider.
Precisará de
tempo de televisão e rádio para defender seu governo.
Claro que as redes
sociais são um campo decisivo da luta, mas não se deve subestimar o efeito do
rádio e da televisão.
Depois da facada de 6 de setembro, Jair Bolsonaro teve 15 dias
de exposição positiva quase 24 horas no ar. É um erro achar que a televisão e o
rádio não tiveram influência na eleição de 2018.
Pelas contas de hoje, e sabendo que o tempo de televisão e
rádio é calculado segundo o tamanho das bancadas eleitas para a Câmara em 2018,
Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro já garantiram cerca de 20% cada um. Se os
muitos nomes do espaço intermediário se juntassem, também garantiriam uma fatia
considerável do bolo. Mas até o momento não há sinais. Convém, entretanto,
esperar, a eleição está longe ainda.
*
E por falar em centro, está realmente em curso uma
articulação ampla para tentar que todos renunciem em favor de um só. O nome do
momento é Eduardo Leite. Mas até Luiz Henrique Mandetta pode voltar a ter algum
papel. A operação não é fácil, mas tampouco impossível. A decisão, a acontecer,
ficaria a cargo dos presidentes dos partidos envolvidos. O que contornaria
eventuais resistências em uma ou outra legenda.
Bolsonaro avisou que só vai renovar a licença da emissora se não houver nenhuma pendência com a União
A renovação da concessão pública de um
veículo de comunicação(rádio ou TV)depende de sua situação econômica e
regularidade fiscal.
Risco de insolvência, dívidas com a Receita
Federal e pendências de recolhimento ao INSS podem servir de argumento
para que o governo – na autoridade do presidente da República –suspenda
a licença de funcionamento do concessionário.
A atual concessão da
Globo expira em 5 de outubro de 2022 e, há dois anos, gera uma guerra de
nervos entre Jair Bolsonaro e a cúpula da emissora.
Com base na Lei de Acesso à Informação, o Poder360
revelou quanto a TV Globo deve à União. Entre impostos não recolhidos e
dívidas com a Previdência, a pendência é de R$ 330 milhões (valor
referente a novembro). Dessa quantia, a situação irregular corresponde a
apenas R$ 1 milhão, ou seja, uma fração mínima. A maior parte do débito
já foi negociada ou teve decisão judicial favorável ao canal. O risco
de a Globo ser suspensa por questões burocráticas e tributárias é
praticamente nulo.
Em
várias ocasiões, Jair Bolsonaro avisou que só vai renovar a concessão
se a TV do clã Marinho estiver em dia com todos os compromissos com o
governo. Em 22 de novembro, o presidente falou a respeito ao fazer pit
stop no cercadinho diante do Palácio da Alvorada. “A Globo tem encontro
comigo ano que vem. Encontro com a verdade”, disse. “Não vou perseguir
ninguém. Tem que estar com as certidões negativas em dia, um montão de
coisas aí.”
Em maio de 2020, irritado com a cobertura
que a Globo fazia da atuação do governo na pandemia, Bolsonaro atacou.
“Não é ameaça, não, assim como faço para todo mundo, vai ter que estar
direitinho a contabilidade, para que você (Globo) possa ter sua
concessão renovada. Se não tiver tudo certo, não renovo a de vocês nem a
de ninguém.”
O
tom foi mais incisivo em live realizada em outubro de 2019, em reação a
uma matéria do ‘Jornal Nacional’ que vinculava o nome do presidente às
investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. “Temos uma
conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá... O processo (de
renovação da concessão) tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não
vai ter jeitinho pra vocês nem pra ninguém.”
Inaugurada
em abril de 1965 pelo empresário Roberto Marinho, a Globo possui cinco
emissoras próprias: duas geradoras(TV Globo Rio de Janeiro e TV Globo
São Paulo)e três filiais (Globo Minas, Globo Brasília e Globo
Nordeste). Além disso, conta com mais de 120 afiliadas nos quatro cantos
do País.A atual concessão foi assinada pelo então presidente Lula em
abril de 2008, com data retroativa a outubro de 2007, e validade de 15
anos.
As emissoras de rádio e de televisão abertas operam sob concessões do
poder público, que têm validade de 15 anos e cuja renovação costuma ser
um processo burocrático que não chama muito a atenção. Mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida a continuidade das atividades de uma TV específica, a Globo.
A concessão da maior rede aberta do país vence em 5 de outubro deste
ano e, segundo o presidente, a renovação pode enfrentar “dificuldades”.
“A
renovação da concessão da Globo é logo após o 1º turno das eleições
deste ano. E, da minha parte, para todo mundo, você tem que estar em
dia. Não vamos perseguir ninguém, nós apenas faremos cumprir a
legislação para essas renovações de concessões. Temos informações de que
eles vão ter dificuldades”, disse Bolsonaro neste sábado (12/2) em
entrevista ao político (sem mandato) e radialista Anthony Garotinho
(PROS), na Rádio Tupi.
Nessa mesma entrevista, Bolsonaro voltou a questionar o sistema eleitoral brasileiro:
“A gente vê com preocupação, porque… Não quero entrar em detalhes, nós
temos um sistema eleitoral que não é de confiança de todos nós ainda”,
disse. “A máquina, tudo bem, a máquina não mente. Mas quem opera a
máquina é um ser humano. Então, existem ainda muitas dúvidas no tocante a
isso e a gente espera que nos próximos dias a gente tire essa dúvida”,
prosseguiu ele, que tem usado questionamento sobre a segurança das urnas
enviadas pelas Forças Armadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para
levantar mais uma vez a tese de fraude eleitoral (da qual nunca
apresentou provas, apesar de fazer várias acusações).
A concessão pública para a exploração de rádio e TV segueregras legislativas que datam da década de 1960, mas foram atualizadas no governo de Michel Temer (MDB) com algumas simplificações de procedimentos e ampliações de prazo.
Nos
ataques que faz à Globo, Bolsonaro costuma sugerir que dívidas fiscais
podem impedir a emissora de conseguir a renovação. A Globo não se
pronunciou sobre as palavras do presidente da República.
O presidente Jair Bolsonaro (PL)
voltou a ameaçar neste sábado, dia 12, a renovação da concessão pública
da TV Globo. Segundo o presidente, a emissora carioca poderá “enfrentar
dificuldades” para obter a renovação da outorga de serviços de
radiodifusão, que vence em 5 de outubro, quando completa o prazo de
quinze anos. “A renovação da concessão da Globo é logo após o primeiro turno das
eleições deste ano. E, da minha parte, para todo mundo, você tem que
estar em dia. […] Não vamos perseguir ninguém, nós apenas faremos
cumprir a legislação para essas renovações de concessões. Temos
informações de que eles vão ter dificuldades”, disse o presidente em
entrevista ao ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PROS),
na Rádio Tupi. [o presidente Bolsonaro fará cumprir a legislação - o Congresso não pode alterar a legislação em função dos interesses de um determinado grupo jornalístico; quanto à TV Globo ser parcial em relação ao governo Bolsonaro - maximizando o que pode ser narrado de forma desfavorável ao governo do capitão e minimizando os pontos positivos - é FATO que não pode ser contestado.
O desenlace desejado e esperado por todos que gostam da mídia que apresenta a notícia verdadeira, imparcial, comentando os fatos e não as narrativas é que tendo a Rede Globo débitos com a União Federal a concessão não seja renovada.
Os 'contadores de cadáveres' dos jornais da TV Globo, especialmente o JN, terão que procurar novos empregos e já sabem que não serão bem aceitos em outras emissoras.]
O presidente retomou, dias depois de alegar que defende a liberdade
de imprensa, fez críticas à Globo e se disse perseguido pelo jornalismo do
canal. “Eu fui muito mais perseguido que você, Garotinho”, acenou o
presidente ao radialista da Tupi, agora seu aliado político. “Com todo
respeito, eu sou um herói nacional. Sempre disseram que ninguém resiste a
dois meses de Globo. Eu estou resistindo.”
As declarações de Bolsonaro também ocorrem num contexto de reiteradas
críticas à ideia defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), seu virtualadversário nas eleições presidenciais deste ano,
de regulação da mídia. [os fatos, a conjuntura mostram que o virtual neste parágrafo está no sentido do que não tem real valor, não expressa o material e sim, o fantasioso.]
Ao longo do mandato, Bolsonaro deu diversas declarações dúbias, que
deixam dúvidas sobre sua intenção de não recomendar a renovação da
outorga à empresa da família Marinho. Ele costuma usar essas declarações como forma de mobilizar seus
simpatizantes, principalmente nas redes sociais, contra a emissora. Em
uma delas, disse que a empresa deveria estar “arrumadinha”, do ponto de
vista tributário. [o presidente apenas citou o que a lei determina.]
Dívidas do Estado com os pagadores de impostos chegam a se arrastar por meio século
“Se as pessoas compreendessem nosso sistema monetário e bancário,
teríamos uma revolução amanhã de manhã”, disse certa vez Henry Ford
(1863-1947), um dos empresários mais bem-sucedidos da História. Ele
estava falando sobre os Estados Unidos. Imagine o que o fundador da Ford
Motor Company diria, então, caso conhecesse os precatórios — mais uma
aberração econômica, fiscal e jurídica made inBrazil.
Ilustração: Nuthawut Somsuk/Shutterstock
Em resumo, os precatórios são dívidas do Poder Público com pessoas físicas ou jurídicas já reconhecidas pela Justiça — ou seja, sem chance de apelação. Assim, quando cidadãos e empresas processam qualquer uma das três esferas de governo (municipal, estadual ou federal) e obtêm ganho de causa, o Judiciário emite uma ordem de pagamento. Depois do trânsito em julgado, a dívida com os credores tem de ser quitada no ano seguinte. Isso teoricamente. Na prática, as sentenças judiciais são frequentemente descumpridas pelo Estado.
Ilustrando de outra forma, a situação é a seguinte: você (o cidadão pagador de impostos) sustenta quem lhe deve dinheiro (o Estado). E quem lhe deve dinheiro continua recebendo cada centavo sem pagar ao credor (você) nenhum real.
A família de Amedeo Augusto Papa Júnior, de 46 anos, é uma dessas vítimas do Estado. Sua mãe era sócia minoritária do Grupo Giorgi, detentor da marca Sal Cisne.Em 1973, uma parte das garagens e do edifício-sede da companhia — o Grande Avenida, localizado na Avenida Paulista — foi desapropriada pela prefeitura de São Paulo. “É uma situação complicada, porque esse tipo de desapropriação não atingiu apenas uma família. São várias pessoas envolvidas”, revelou o advogado, em entrevista concedida a Oeste.
Quando decidiu deixar a companhia, em 1982, a mãe de Amedeo fechou um acordo para ser indenizada. Parte do dinheiro foi recebida em pagamento de precatórios que uma das empresas do Grupo Giorgi possuía na prefeitura da capital paulista. No entanto, ainda restam pendências a ser quitadas pela administração municipal, como a correção pelo índice de inflação. “Esses complementos sempre tiveram a mesma prioridade que o precatório original”, explica Amedeo. “Você não voltava para o final da fila. Uma vez que o precatório complementar era reconhecido, havia uma ordem cronológica a ser seguida.”
Neste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu uma resolução determinando que os precatórios complementares sejam considerados novos precatórios — ou seja, precisam ser expedidos novamente. E o fantasma da burocracia voltou a atormentar a família de Amedeo. “Minha mãe foi indiretamente atingida por uma desapropriação e recebeu parcialmente o pagamento em precatório, mas ainda há dinheiro a receber”, salientou o advogado. “É quase como um bilhete de loteria que você ganhou, mas não tem um guichê para buscar o prêmio.”
Documentos do processo envolvendo a desapropriação do Edifício Grande Avenida, que tramita na 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, mostram que a dívida acumulada da prefeitura com a família de Amedeo ultrapassa a marca de R$ 1 milhão.
Não há a quem recorrer Embora o pagamento de precatórios seja obrigação do Poder Público, seu descumprimento raramente é punido pela Justiça. “Se entro com uma ação contra o Estado, não posso proceder à execução da mesma maneira como faria se a ação fosse ajuizada contra uma pessoa comum”, explicou o advogado Adriano Ferriani, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e sócio do escritório de advocacia Ferriani, Jamal & Fornazari. “Isso acontece porque os bens públicos não podem ser penhorados.”
Embora a União esteja sob os holofotes, Estados e municípios são os recordistas de inadimplência
Em entrevista concedida ao programa Direto ao Ponto, da rádio Jovem Pan, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega criticou o descaso estatal na condução dos precatórios. “Gastar com advogado, comparecimento a tribunais… e no fim o autor morre e são os herdeiros que concluem o processo. Quando acaba essa saga de décadas, o governo diz: ‘Não pago’”, observou. “É inacreditável uma equipe econômica que se diz liberal, que sabe o valor da propriedade privada, propor a violação desse direito fundamental.” [ex-ministro Mailson! qual dos dois direitos é mais fundamental: não morrer de fome? ou receber precatórios?]
O advogado e professor André Félix Ricotta de Oliveira, presidente da Comissão de Direito Tributário e Constitucional da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), segue na mesma linha. “Se a União agisse de forma mais correta, teríamos menor acúmulo desses processos no Judiciário e menos precatórios a serem pagos”, argumentou. “É um contrassenso, um desrespeito ao cidadão que esperou longos anos em processos judiciais para conseguir o que lhe é de direito. Quando obtém algo, o Estado surge com uma PEC para fracionar esse pagamento, mudando as regras do jogo.”
Embora a União esteja sob os holofotes, Estados e municípios são os recordistas de inadimplência, com mais de R$ 150 bilhões de dívidas acumuladas em precatórios. Na esfera federal, por sua vez, o saldo devedor é de quase R$ 45 bilhões. Compõem esse passivo dívidas judiciais relacionadas a salários, pensões, aposentadorias, indenizações e desapropriações. Esse valor pendente de pagamento poderá ser multiplicado nos próximos anos, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios avance no Congresso Nacional.
(...) Embora seja o Estado mais rico do país, São Paulo é o maior devedor[o maior caloteiro é o Dória, mesmo assim os contrários à PEC dos Precatórios querem que mais de 17.000.000 de famílias passem mais fome, já que a rejeição da PEC = fim do Auxílio Brasil.]
Neste ano, a estimativa do governo federal é pagar cerca de R$ 55 bilhões em precatórios. Em 2022, a projeção seria de quase R$ 90 bilhões, mas esse valor deve ser reduzido para pouco mais de R$ 44 bilhões com a aprovação da PEC dos Precatórios. Os outros R$ 46 bilhões ajudariam a bancar o Auxílio Brasil, programa social que sucede ao Bolsa Família
Segundo o advogado Adriano Ferriani, União, Estados e municípios são todos devedores. Mas a esfera federal, depois do trânsito em julgado da sentença judicial, não dá calote — pelo menos até a PEC dos Precatórios virar realidade. “A União vem pagando em dia. Os Estados e municípios são um caso à parte”, afirmou. “Depois que o precatório é expedido, a grande maioria não paga no ano seguinte, geralmente por falta de dinheiro suficiente para todos os gastos”, explicou o advogado. “Isso gera um enorme atraso. Os valores são corrigidos monetariamente. Mas, mesmo assim, muitas vezes o credor morre no meio dessa espera toda.” De acordo com os especialistas consultados por Oeste, a demora no pagamento de precatórios se deve a uma combinação de fatores que podem parecer contraditórios entre si: a burocracia dos processos judiciais no Brasil, com seus intermináveis recursos e apelações a diversas instâncias, e o avanço digital dos tribunais. Em entrevista concedida à Jovem Pan, Maílson da Nobrega analisou essa questão: “Antigamente, levava seis meses para o processo passar de uma mesa para outra”, explicou o ex-ministro da Fazenda. “Agora, é um segundo. Basta um clique. Os plenários virtuais tornaram muito mais eficiente o trabalho do Judiciário. Além disso, o Novo Código de Processo Civil reduziu a burocracia dos processos judiciais. Por isso, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça passaram a decidir muito mais rapidamente.” Nesse caso, a celeridade na resolução dos processos caminha em descompasso com o cumprimento das sentenças judiciais pelo Estado.
Diante de tamanha demora para receber o pagamento dos precatórios, muitos brasileiros recorrem a grupos que se especializaram na compra desses títulos para quitar pendências judiciais. Pessoas físicas ou jurídicas podem contratar empresas que intermedeiam a negociação desses créditos. Os credores recebem menos, mas de forma muito mais rápida do que pelos trâmites convencionais. A operação é legal e, dependendo da situação, acaba sendo vantajosa para quem tem dinheiro a receber.
Pesadelo triplo Uma das empresas que fazem esse tipo de serviço é a Cashew Capital, da qual Adriano Ferriani participa. “Os sócios da Cashew são todos advogados e têm suas próprias bancas de advocacia”, revelou. “Percebendo a dificuldade para os credores receberem, vimos a oportunidade de criar uma empresa que intermediasse a negociação desses valores.” O advogado ressalta que os credores não ganham o valor integral, mas conseguem receber antecipadamente os precatórios. “Quem tem dinheiro para investir e não tem problema em esperar acaba tendo uma oportunidade de investimento a longo prazo”, disse. “O credor cede seu crédito para os investidores, ganha menos do que tinha direito, mas antecipa o recebimento e consegue tocar a vida.”
Esse desarranjo econômico, fiscal e jurídico também afeta a administração pública. O dinheiro para o pagamento de precatórios tem de sair das chamadas despesas não obrigatórias (discricionárias), consideravelmente menores que as obrigatórias (salários de servidores, aposentadorias e encargos da dívida pública). Em suma, trata-se de um pesadelo para as três esferas de governo, que sofrem com a escassez de recursos em razão do constante aumento dessas dívidas.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, manifestou ainda em dezembro do ano passado sua preocupação com o crescimento acelerado dessas despesas, que teriam ultrapassado os gastos com saúde, educação e segurança.“Não existia e, de repente, aparecem R$ 15 bilhões por ano”, observou, ao ressaltar que o país corre o risco de ser destruído pela indústria de precatórios.“Aí, pula para R$ 25 bilhões no governo seguinte. No ano que vem, serão cerca de R$ 40 bilhões. Será que estamos tratando do assunto corretamente?”
Idosos, os principais atingidos Embora as contas públicas possam ser comprometidas em razão do acúmulo de dívidas relacionadas aos precatórios, é o pagador de impostos que sofre de fato com a falta de recursos. Para consertar suas barbeiragens na gestão econômica, o Estado pode imprimir dinheiro ou aumentar impostos. Apesar de ambas as medidas terem consequências catastróficas a longo prazo, resolvem um problema de curtíssimo prazo, permitindo aos governos gastar sem parcimônia. O brasileiro comum, todavia, não usufrui desse privilégio.
Postergar ou não pagar as dívidas com os cidadãos, portanto, atenta contra os mínimos requisitos morais exigidos de gestores públicos. “Um possível calote prejudicará milhares de pessoas”, alertou o advogado Álvaro Lopez, de 89 anos. “A maioria dos precatórios a serem pagos é relacionada à Previdência Social, como INSS e aposentadoria. É um dinheiro que é destinado aos pobres, que lutaram a vida inteira para se aposentar. Os idosos serão os principais atingidos pelo calote.”
Se Henry Ford conhecesse a confusão dos precatórios brasileiros, com certeza promoveria, ele mesmo, uma revolução antes do alvorecer.