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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O século XXI está atolado no XIX

Se 49% dos brasileiros defendem a pena de morte, quantos seriam os que aplaudem massacres de facções?

É muito provável que mais da metade dos brasileiros ache razoável que integrantes de facções criminosas assassinem inimigos em brigas de presídios. Essa suspeita ampara-se no fato de que, há poucos meses, 49% dos entrevistados pelo Ibope se declararam favoráveis à pena de morte. (Em 2010 eram 31%.)

Essa questão faz parte da agenda do século XIX, e o Brasil politicamente correto do século XXI finge não percebê-la.  A sociedade cosmopolita, globalizada, nada teria a ver com o país dos presídios lotados, das milícias e do tráfico infiltrado no aparelho de segurança dos estados.  O governo de Michel Temer, como os de seus antecessores, lida com a questão da segurança manipulando dois truques destinados a empulhar a plateia.  A primeira é a síndrome da reivindicação sucessiva, muito ao gosto dos burocratas que gostam de apresentar uma agenda futurista que lhes permite não fazer o que devem. As facções criminosas que estão nos presídios só poderiam ser contidas com bloqueadores de celulares. 

Instalados os bloqueadores, será necessário um satélite para vigiar a fronteira e assim por diante. (Presos de Manaus denunciavam a venda de alvarás de prisão domiciliar.)  As cadeias estão superlotadas porque prende-se demais e, em vez de botar pra trabalhar quem nunca trabalhou, defende-se a mudança na legislação penal. A síndrome da reivindicação sucessiva atinge outras áreas. Por exemplo, não se podia regularizar a situação de um terreno na periferia porque a região não tinha esgoto, e não tinha esgoto porque não estava urbanizada. À falta do futuro, o trabalhador não conseguia (e ainda não consegue) legalizar seu lote.

Ao truque da reivindicação sucessiva junta-se a síndrome da responsabilização regressiva.
O campeão dessa mágica vem sendo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Sempre que pode, o doutor lembra que a situação dos presídios resulta de uma crise antiga, secular, cuja origem está nos tempos coloniais.  Tudo bem, a responsabilidade é de Tomé de Souza. Nada a ver com os governos de José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, todos apoiados pelo atual presidente Michel Temer.

O doutor Moraes é um homem do seu tempo. Atento às sutilezas do vocabulário, sempre que fala em “homicídio”, acrescenta a palavra “feminicídio”.  No mundo do politicamente correto, [se é político não pode ser correto, já que tudo contribui para a política não ser correta.]  lixo é “resíduo sólido”, e não se deve buscar a regeneração dos delinquentes, mas a “ressocialização” dos presos.   Tudo seria uma questão de palavras que não fazem mal a ninguém, se na fantasia de modernidade e cosmopolitismo não se escondesse o atraso.

Finge-se que tornozeleiras, satélites, radares, censos e mudanças pontuais nas leis podem resolver o problema das prisões brasileiras. Eles resolvem o problema da ocupação do noticiário, nada mais que isso. O que há de mais dramático nessa grande representação é que boa parte da plateia que se pretende iludir está em outra faixa de onda, achando que massacres de presídios onde facções se matam são uma simples limpeza social. Se milhões de brasileiros acham que massacres fazem bem à sociedade, a primeira coisa que se pode fazer para reverter essa situação é desligar a máquina de propaganda e empulhações. Pode ser pouco, mas ajuda.

Fonte: Elio Gaspari,  jornalista - O Globo

 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Tudo termina em vinho

As transações mais sinistras começam em regabofes que reúnem amiguinhos dos três Poderes 

Por: José Nêumanne

Antes de ser ministro de Lula e de ter estraçalhado a própria biografia combatendo direitos autorais e a privacidade absoluta dos colegas artistas ricos e famosos, o baiano Gilberto Gil foi exilado pela ditadura militar e de Londres, roendo de saudade, compôs e gravou a obra-prima Aquele Abraço. O samba nostálgico virou uma espécie de hino informal dos exilados dentro ou fora do Brasil. Após me ouvir cantarolando-o, a diretora da Rádio Estadão, Paula Miranda, mandou tocá-lo em minha despedida da hora de 7 às 8 que passo no estúdio na companhia luxuosa de Alexandra Romano e Haisen Abaki fazendo uma revisão da tumultuada Pátria amada salve, salve. Valeu até como epígrafe: o Rio de Janeiro continua lindo, mas, sobretudo, continua sendo…

Provas não faltam. O prefeito falastrão Eduardo Paes, disposto a fazer o País e, sobretudo, Maricá, na Grande Rio esquecer as besteiras que andou falando e, pior que tudo, fazendo – como a ciclovia Tim Maia, que desabou, dissolvida em espumas de ressaca, também continua causando. Depois de ter chamado de “terrível” a gestão da polícia pelo Estado a um mês da Olimpíada, ele resolveu ser camarada dos turistas e avisou que a cidade que ele governa não é nenhuma Nova York, Chicago ou Londres. Esquece-se de que Nova York foi sinistra antes da “tolerância zero”; Chicago era de lascar à época da Lei Seca; e a Londres de Dickens nunca foi um modelo de conforto e tranquilidade.

 Suas imagens atuais foram construídas com sangue, suor e lágrimas, como diria um célebre habitante de lá, o lord almirante Winston Churchill. OK, tudo bem. Talvez fosse o caso de o Comitê Olímpico ter sido avisado quando, seduzido pelo charme de Lulinha de Lindu e Serginho de Cabral, ter preterido Madrid, Tóquio, que também podiam ser citadas na frase de Paes, e Chicago, que ele lembrou. Mas não adianta chorar sobre o leite derramado, dizia vovó Quinou: há que pegar o touro à unha longe da plaza madrilenha das Ventas.

Paes não foi o primeiro a avisar aos turistas que a Cidade não é mais tão maravilhosa quanto na marchinha de carnaval famosa de André Filho, mas ainda é cheia de encantos mil e também faz festas espetaculares como o réveillon de Copacabana e o desfile de escolas de samba da Marquês de Sapucaí. Os policiais, que não recebem do governo estadual, fizeram plantão na frente do Galeão (aeroporto Tom Jobim) para dar a temerários turistas “boas vindas ao inferno”. Um carro da Força Nacional, convocado a colaborar com as autoridades policiais locais no patrulhamento da Olimpíada, teve um retrovisor espatifado por uma bala perdida num lugar que frequentei muito: a avenida Brasil perto da Linha Amarela. Nota oficial providencial avisou que a recepção espantosa à ajuda prometida não ocorreu na vigência de seus serviços. Imagine se tivesse sido, diria mestre Ariano Suassuna. Seria a crônica do desastre anunciado. Nunca vi uma bala perdida, algo inusitado naquele distante 1969, mas o agente transmitiu para o País seu terror.

E esta não foi a única homenagem que a cidade dedicada a São Sebastião, soldado flechado e seu padroeiro, prestou ao Conselheiro Acácio, de Eça de Queiroz, nestes últimos dias. Como aquele predecessor do óbvio ululante do carioca nascido em Recife Nelson Rodrigues, Paes constatou o óbvio que ulula. E o paulista Alexandre Morais, ministro da Justiça de Temer, também. Sua Excelência reconheceu o que nenhum carioca o fez, nem os de adoção. Que há risco de terrorismo no Rio. Pode ser até que ele se tenha inspirado na conversa que teve com o chefe Temer no barbeiro, em que o esperou sem que o dono do salão soubesse o que podia fazer diante de seu coco raspado. 

Bom, pelo menos ele deve ter lido nos jornais que o Estado Islâmico (EI) está espalhando o terror pelo mundo porque é acossado nos territórios que tinha conquistado na Turquia e no Irã. A Olimpíada é um destino óbvio de seus terroristas-bombas. E, a não ser que os bandidos locais ajudem a combater os importados, não vai ser fácil as autoridades imporem a ordem pública numa cidade em que traficantes pés de chinelo, como o Fat Family, são resgatados a bala, com morte de inocente, em hospital público apontado como modelo na propaganda oficial da Olimpíada mais privatizada do mundo (pelo menos segundo Paes). Mas não é o caso de chamar desgraça, pois no Rio este talvez seja o único produto que se pode encontrar nos hospitais, escolas e outras repartições.

Seja Alá misericordioso para que o Estado Islâmico não queira repetir as agruras do Bin Laden imaginário do humorístico da TV, submetido às agruras dos morros do Rio! Afinal, Dilma Rousseff, sempre disposta a negociar com os terroristas da Jihad, cuidando de eliminar golpistas a seu redor, não tem mais autoridade para negociar com eles, como pretendia, numa ação sem graça mais absurda do que a piada na TV.

No meio desses tiroteios todos, o Rio ainda é capaz de apresentar sinais de que a mudança da capital para Brasília não evita que ela continue fornecendo personagens que sintetizam a velha malandragem nacional, nem sempre boa. É o caso de Fernando Cavendish, o empreiteiro grã-fino e finório que se dá bem há muito tempo, apesar de também se ter tornado notório, uma rima, mas nunca uma solução.

Com ele trouxe à baila o desembargador federal Antônio Ivan Athié, do Tribunal Federal da 2ª Região (TRF2), protagonista de um processo levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2004, acusado de ter participado de um esquema de fraudes no sistema judicial que resultaram em danos ao patrimônio público. Ele resolveu mandar Fernando Cavendish e Carlinhos Cachoeira pra casa com tornozeleiras, mas eles só ficaram na prisão porque não há tornozeleiras à disposição no Rio. Depois de tê-lo feito, declarou-se “suspeito” em ações do empreiteiro. Manda soltar e, depois, declara-se “suspeito”. Não é cara de nosso Brasil varonil?

De uma coisa, contudo, nem ele nem o Rio podem ser acusados: sua cidade não é mais a capital federal, que Juscelino Kubitschek transferiu para o Planalto Central do País, que Caetano, parceiro de Gil, canta na canção que começa e encerra a novela Velho Chico, de Benedito Ruy Barbosa, às 21 horas, na Globo.

Em Brasília, ao contrário do que pensa quem não é muito bem informado, nem tudo termina em pizza. A maioria das transações mais sinistras começa em regabofes que reúnem amiguinhos dos três Poderes regados à melhor produção vinícola de Bordéus e arredores. Pois nossa pátria da máfia pública, que ainda controla os cordéis republicanos na cidade construída onde São João Bosco mandou, não recorre a tradições napolitanas para comemorar seus feitos de furto. Mas às melhores safras vinícolas do Velho Continente, da Califórnia e da Oceania.

E, antes que me esqueça, aquele abraço.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes 
 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Time dos amigos do Lula deve liderar a Série A do Campeonato Brasileiro dos Presídios - Polícia Federal estuda à convocação compulsória de Lula para técnico


Com a convocação de Delcídio, time dos amigos de Lula tem tudo para fazer bonito no Campeonato Brasileiro dos Presídios

Convocados pela Polícia Federal, já estavam em aquecimento na cadeia craques da delinquência que sempre desfrutaram da plena confiança do ex-presidente Lula. A lista, divulgada no comentário de 1 minuto para o site de VEJA, é composta por José Dirceu, Ricardo Pessoa, Léo Pinheiro, João Vaccari, Renato Duque, Marcelo Odebrecht, Luiz Argolo, André Vargas, Pedro Correa e José Carlos Bumlai.

A captura nesta quarta-feira de Delcídio Amaral, impetuoso atacante do PT de Mato Grosso do Sul, completou a equipe cujo técnico continua em liberdade. Por ser um senador no exercício do mandato, é provável que Delcídio reivindique a tarja de capitão pertencente a José Dirceu desde 2003. Ficarão no banco de reservas os que têm seus movimentos prejudicados pelo uso de tornozeleiras.

Como a temporada de convocações não terminou, é possível que alguns titulares acabem substituídos por outros talentos recrutados pela Polícia Federal. Mas o time dos amigos de Lula já tem tudo para fazer bonito na série A do Campeonato Brasileiro dos Presídios.

Clique para vídeo: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/com-a-convocacao-de-delcidio-time-dos-amigos-de-lula-tem-tudo-para-fazer-bonito-no-campeonato-brasileiro-dos-presidios/

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O paraíso para as empreiteiras

Há grão-senhores em Curitiba e outros com tornozeleiras, mas seus peões continuam trabalhando no Congresso

Se a doutora Dilma não vetar um gato colocado na tuba da Medida Provisória 678, as grandes empreiteiras de obras públicas ficarão com um pé no inferno e outro no paraíso. O inferno é a carceragem de Curitiba. O paraíso será a conquista de um passe livre em futuros contratos, sem as restrições impostas pela legislação. Coisa jamais vista.

A história desse gato é uma viagem ao mundo de Brasília, onde fazem-se leis que se transformam em privilégios e, às vezes, acabam em escândalos. Os fornecedores do governo odeiam a Lei das Licitações. Quando podem, esburacam-na. Em 1998, criou-se para a Petrobras um “procedimento licitatório simplificado”. Deu no que deu. Em 2011, com o objetivo de acelerar as obras para a Copa do Mundo, surgiu o “Regime Diferenciado de Contratação” (RDC) para as empreitadas dos jogos. Nele, entrou o conceito de “contratação integrada”, permitindo que uma obra seja licitada apenas com um anteprojeto. As empreiteiras ganhariam liberdade para definir materiais e até mesmo os testes de qualidade de seus serviços. A maluquice do Trem Bala poderia ter sido transformada numprojeto integrado”. Felizmente, o BNDES matou-a.

Até aí, tudo bem, pois havia pressa para a Copa. Ela se foi, e o VLT de Cuiabá, previsto para custar R$ 1,8 bilhão, está com os trabalhos parados. Se tudo der certo, ficará pronto em 2018, o ano da Copa na Rússia. Até lá, 40 trens continuarão estocados nos pátios. Passaram-se cinco anos da criação do RDC, e ele expandiu-se, valendo também para obras do PACo, presídios ou mesmo postos de saúde.

No ano passado, o Planalto preparou um projeto de lei que mudava a Lei das Licitações, embutindo o conceito de “projetos integrados”. Jogo jogado, admita-se que a ideia é boa, modernizadora, globalizante ou seja lá o que for. O governo e os peões das empreiteiras poderiam botar a cara na vitrine defendendo-a. Com a Lava-Jato na rua, o projeto sumiu.

Agora, sem maiores discussões, os “projetos integrados” reapareceram no texto da conversão da Medida Provisória 678. Originalmente, ela permitia um regime especial de contratação para empresas de segurança durante as Olimpíadas do Rio. Virou uma árvore de Natal e incluiu no regime especial de contratação obras de infraestrutura como estradas, portos ou aeroportos. Empreitadas desse porte acabam entregues a grandes empreiteiras, precisamente aquelas que trocaram as capas de revistas de negócios pelas páginas de notícias policiais.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que não se podem colocar jabutis em medidas provisórias, mas os peões do Congresso podem argumentar que a medida provisória já estava em tramitação e, portanto, está fora do alcance do veto.

A doutora Dilma tem todo o direito de dizer que não respeita os delatores que destamparam o bueiro da Petrobras. Desde os primeiros dias da Lava-Jato, ela manteve uma posição de antipática neutralidade pelo trabalho dos investigadores. A Polícia Federal e os procuradores estão atrás da indústria de gatos em medidas provisórias e já pegaram alguns negócios esquisitos. Em relação à Lava-Jato, a doutora repete que nada teve a ver com a história. Se o Ministério Público e a Polícia Federal chegarem a atos que ela sancionou, a conversa será outra.

Fonte: Elio Gaspari é jornalista- O Globo