Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Reconhecer isso é
crucial para eventualmente reverter o quadro. Afinal, a forma mais
rápida de perder uma guerra é fingir que não está nela
Foto: Shutterstock
Participo de um grupo de WhatsApp com alguns intelectuais liberais e conservadores, enquanto isso ainda é permitido no Brasil. Após a ação civil pública, de dois procuradores do Ministério Público Federal de São Paulo, pedindo a cassação de concessões de telecomunicação da Jovem Pan, iniciou-se um debate no grupo sobre como definir o que temos em nosso país hoje. Alguns sustentaram que o correto é falar em “democracia iliberal”, outros preferiram o termo “ditadura” mesmo, mais direto.
“Que diferença faz?”, pode perguntar o leitor. Sou alguém chato com conceitos, pois eles importam. Mas a essência é mais importante do que o nome, sem dúvida. Se balança o rabo como um cachorro, late como um cachorro e anda como um cachorro, você pode até chamar de gato, mas é um cachorro. Falar em “democracia iliberal” serve, em minha opinião, apenas para suavizar nossa triste realidade. A “democracia” brasileira age como uma ditadura, persegue como ditadura, censura como ditadura. Logo, é uma ditadura!
E reconhecer isso é crucial para eventualmente reverter o quadro. Afinal, a forma mais rápida de perder uma guerra é fingir que não está nela. Todos aqueles que aceitam o verniz de normalidade institucional no Brasil hoje colaboram para o avanço do regime opressor. Chamar juristas para opinar na imprensa sobre as decisões de ministros supremos ou do TSE, como se fosse um debate sério sobre Direito, é conceder uma aparência de legitimidade ao que é claramente decisão política.Sessão plenária do TSE (27/6/2023) | Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE
Tenho lugar de fala. Sou alvo da ditadura, da censura prévia inconstitucional, tive minhas contas bancárias congeladas e até meu passaporte cancelado, sem qualquer crime cometido. Portanto, não esperem que eu participe de um simulacro de democracia, ainda que com a qualificação de “iliberal”, quando sei na pele se tratar de uma tirania abjeta. Aquela que conta com o Poder Judiciário como instrumento é a pior de todas, pois dá ares de legalidade ao que não tem, e não há a quem recorrer.
Por medo, muita gente está calada.Mas ninguém atento e sério vai negar que inúmeros atos são típicos apenas em ditaduras. Criaram a falsa premissa de que a direita “bolsonarista” é uma ameaça terrível à democracia, que o ex-presidente é golpista e genocida, e que persegui-lo e a seus apoiadores é questão de sobrevivência democrática. Para “salvar a democracia”,aceitaram as práticas ditatoriais, o duplo padrão que acaba com o império das leis, a censura, a prisão arbitrária, tudo! Lula, em clima amistoso com o ministro do TSE Benedito Gonçalves, durante a posse de Alexandre de Moraes no comando do TSE (17/8/2022) | Foto: Reprodução/Twitter
O ministro que recebe tapinha no rosto de Lula e diz “missão dada é missão cumprida” ao pé do ouvido de Alexandre de Moraes vota pela inelegibilidade de Bolsonaro pelo “conjunto da obra” e pelo “flerte com o golpismo”.Criamos crimes novos, ridículos, e a velha imprensa aplaude. É tudo tão escancarado que nem mesmo um tucano moderado, se tiver um pingo de decência, vai negar a perseguição política. O intuito é eliminar a direita do jogo e voltar ao velho esquema corrupto das esquerdas, com a presença da “direita” permitida para fingir que há pluralidade.
Nenhuma tirania se satisfaz com isso e recua voluntariamente depois de saciar sua sede de poder. Quando a porteira se abre para perseguir impunemente determinado adversário político, passa a boiada toda. O teatro, porém, é patético e não engana mais ninguém, apesar do esforço dos veículos de comunicação que vibram com a destruição de um concorrente — efetivamente plural, ao contrário deles, com hegemonia esquerdista em seus cinquenta tons de vermelho. A Gazeta do Povo, único jornal sério entre os grandes que restou no país, escreveu um editorial esta semana sem rodeios, onde conclui: “O que temos, portanto, é uma enorme sequência de criminalização de opiniões que não são criminalizáveis, apoiada pelo uso de conceitos que também não constituem nenhum ilícito legalmente definido, usada para se solicitar uma medida completamente desproporcional que traz de volta os abusos do regime militar brasileiro e o de ditaduras de esquerda como a venezuelana e a nicaraguense. Cabe ao Judiciário responder ao ativismo militante dos procuradores do MPF com a defesa sólida das liberdades de expressão e de imprensa, pois a retirada de concessões de veículos de comunicação por ‘crimes de opinião’ é sinal de que o autoritarismo avança a passos largos no país.” Foto: Reprodução Gazeta do Povo
O único problema é que o Poder Judiciário tem sido justamente o principal instrumento para essa perseguição tirânica.O sistema podre e carcomido se uniu para criar a“democracia sem povo”, a “liberdade sem contraditório”, a tirania perfeita, com ares de legitimidade democrática. Infelizmente, não são poucos os que ainda se negam a enxergar o óbvio, pois os perseguidos são associados ao movimento conservador.
Ocorre que nenhuma tirania se satisfaz com isso e recua voluntariamente depois de saciar sua sede de poder. Quando a porteira se abre para perseguir impunemente determinado adversário político, passa a boiada toda, e qualquer um que passar a criticar o regime será também alvo. Afinal de contas, não é crítica, é “ataque às instituições”, e isso o sistema não pode tolerar. Quando aceitam essa premissa contra Bolsonaro, ou Deltan Dallagnol, ou Daniel Silveira, ou Paulo Figueiredo, ou Jovem Pan, não há qualquer razão para ficar restrito a eles o abuso de poder. Acreditar no contrário é prova de profunda ingenuidade dessas focas que vibram com cada golpe na direita, encantadas com a força do tubarão. Elas nem se dão conta de que também serão devoradas depois…
As
consequências da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPDF)
635, que proibiu as ações policiais nas comunidades(Favelas) do Rio de
Janeiro.
O ministro Fachin no alto de sua veia marxista-leninista
plantou um problema, que custará caro para a sociedade carioca e também
nacional.
Junte a isto as ações dos partidos de esquerda e ONGs
que pleiteiam, com apoio do Comandante do Exército a desativação das
Forças Especiais Militares e Policiais.
No caso da Light, perdas com ‘gatos’ chegam a 54% e ameaçam futuro da
concessão. Especialistas defendem colaboração de vários órgãos para
combater o problema
Ofurto de energia elétrica no Rio de Janeiro está corroendo as finanças das concessionáriasque atuam no setor, Light e Enel. O problema cresce principalmente em
razão das falhas nas políticas de segurança pública para impedir o
domínio de áreas urbanas pelo crime organizado, o que costuma vir
acompanhado da cobrança de taxas por serviços ilegais e de obstáculos ao
trabalho de concessionárias.
Entre 2017 e 2021,as perdas de energia das distribuidoras com
“gatos” em residências e pequenos comércios subiram de 13,9% para 14,8%
no país. O problema é mais agudo no Rio. Na Light, o salto foi de 37,2% para 54% no período, ficando
atrás apenas de duas empresas da Região Norte. Na Enel Distribuição
Rio, foi de 24,8% para 31,4%, segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
As concessionárias sustentam que metade dessas perdas vem de áreas onde estão impedidas de entrar pela criminalidade.
Furtar energia é crime passível de prisão, mas está cada vez mais
disseminado no cotidiano de áreas marcadas pela ausência do Estado.
Na Rocinha, Zona Sul do Rio, onde a equipe do GLOBO encontrou dois
técnicos da Light em uma das principais vias da comunidade na última
quinta-feira, há emaranhados de fios entre os postes que não são
removidos. Um cenário parecido foi visto em Rio das Pedras, na Zona
Oeste. No trecho conhecido como Areinha, os “gatos” de luz se misturam à
fiação de outros serviços.
Uma liderança comunitária ouvida sob anonimato conta que, como em
outras favelas do Rio, sempre houve “gato” ali. A diferença é que,
antes, não havia intermediação da milícia. Agora, esses grupos
paramilitares cobram pela luz desviada de R$ 50 a R$ 100 ao mês, ela
conta. Para muitos moradores, há o incentivo de pagar menos num quadro
de inflação alta.
Uma moradora de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, diz que desligou o relógio da Light quando a conta chegou a R$ 600: Alguma coisa estava sobrecarregando nossa demanda de energia, como se tivéssemos um frigorífico no quintal.
Gato’ vira ‘oportunidade’
Os “gatos” também abastecem pequenos comércios e camelôs, que puxam
pontos da rede no meio da rua. Nivalde de Castro, coordenador do Grupo
de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, diz que fábricas de gelo
buscam áreas de milícia para escaparem do custo da energia com “gatos”.
Em São João de Meriti, uma moradora conta que há furto de energia “da
padaria à igreja”.
Um morador do Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, usuário
de “gato” há dois anos, diz saber que o furto de energia acaba onerando
quem paga conta de luz, mas resolveu ficar do outro lado para aliviar o
bolso: “Ou você paga a conta por causa do gato dos outros ou adere para
não sofrer também.”
O “gato” também é usado em áreas nobres ou no asfalto de
classes média e baixa. A diferença é que, fora de zonas de risco, as
concessionárias podem atuar para cobrar.
Uma moradora de Irajá, na Zona Norte do Rio, admite ser usuária de
“gato” há 27 anos. Ela diz que a maioria das casas de sua rua furta
energia. Todos querem usar ar-condicionado, mas a tarifa cara e a falta
de fiscalização deixam os serviços clandestinos mais atraentes: — Aqui tem essa “oportunidade” de pessoas que vêm fazer o gato e cobram barato.
As distribuidoras de energia podem repassar parte do prejuízo
com perdas para as contas de luz dos que pagam, mas até um patamar
definido pelo regulador. O resto é prejuízo.
— A parcela das perdas por furto de energia que fica com as distribuidoras está crescendo.
E há o problema das áreas de restrição, notadamente no Rio. As metas
regulatórias estão ficando impossíveis de serem atingidas, levando a
discussão para a Aneel — diz Marcos Madureira, presidente da Abradee,
que reúne as distribuidoras de energia do país. — Para ter o benefício
da tarifa social de energia, o consumidor tem de ter a ligação formal à
rede. Precisamos de políticas para reincorporar essas áreas
criminalizadas, olhar o que está onerando a conta de luz, coibir perdas e
cortar subsídios.
Na semana passada, a Light, que atua em 31 dos 92 municípios do Rio
de Janeiro, abastecendo 11,6 milhões de pessoas, informou à Aneel que
não tem geração de caixa suficiente para manter a sustentabilidade da
concessão, sobretudo pelo furto de energia. Em setembro de 2022,
as perdas da empresa bateram 53,7%. Mas a regulação do setor só fixa um
limite de 40,9% para perdas que podem ser repassadas às tarifas. Este teto existe para incentivar que as empresas busquem mais eficiência. Procurada, a Light não quis falar sobre o tema.
A Enel Distribuição Rio tem três milhões de clientes em 66 municípios
do estado, no total de 7,1 milhões de pessoas. Anna Paula Pacheco,
presidente da empresa, traduz em números o avanço do problema:
— Em 2004, tínhamos 7,4 mil unidades consumidoras em áreas de risco. Em 2021, eram 470 mil. Isso equivale a 15% dos consumidores. É muito relevante. Nessas áreas, dois de cada três consumidores furtam energia.
Além da perda, diz Anna Paula, a dificuldade de operar nessas áreas
prejudica a qualidade do serviço prestado e eleva a inadimplência,
punida com corte, o que não pode ser feito sem segurança para enviar um
técnico ao local. A Aneel define o limite de perdas para incentivar a
concessionária a ser mais eficiente, mas a executiva diz que isso não é
viável:
— Entre melhorar a sustentabilidade da concessão e proteger o
colaborador, às vezes recebido a bala, optamos pelo funcionário. É
preciso discutir com o poder concedente, governo estadual e agência, ou
não se conseguirá manter o mesmo nível de serviço.
A concessionária paga o ICMS sobre as contas faturadas, mesmo as não
pagas. E toda energia que distribui já foi contratada. Com isso, a conta
cresce. Na ponta, o problema bate no bolso do consumidor. — Vira um looping negativo: quanto mais cara a conta de luz, mais
“gato”, mais inadimplência e maior o custo para quem está pagando. A
melhor solução é ter segurança. Sem ela, é preciso buscar outras. Um
estudo amplo, analisando o efeito de diferentes variáveis nessas áreas
de risco, pode ajudar a desenhar uma estratégia e fazer um
projeto-piloto. Há recursos para isso. Mas leva tempo — diz Amanda
Schutze, coordenadora de Avaliação de Política Pública com foco em
Energia do Climate Policy Initiative, da PUC-Rio.
Com freqüência, lemos textos
que nos trazem à mente um quase refrão: “Gostaria de ter escrito isso!”.
Pois foi o que pensei ontem, diante de algo que lia. E segui sentindo
essa identidade com o pensamento do autor até perceber que era um texto
meu... Perdoem-me por me “recitar” novamente. No entanto,o artigo me
pareceu tão válido aos dias de hoje, embora escrito em 2013, que eu o
reproduzo aqui, convidando os leitores a refletir sobre o tema abordado.
O
rufo de tambores que ouvimos mundo afora é de uma declarada guerra,nada
santa, contra a influência do cristianismo na Filosofia, no Direito, na
Cultura e nos valores morais dos indivíduos. Guerra de um projeto
totalitário pela completa abolição dessa influência.
Até os
militantes do ateísmo, sabem que:
1º) é quase impossível "desconverter"
os indivíduos de uma fé em Deus para uma fé no Nada absoluto;
2º) é
inaceitável pela imensa maioria das pessoas a ideia de um Direito cuja
moral seja irrelevante, ou que ignore os princípios e valores
compartilhados pelos membros da sociedade.
Diante de
tais e tão grandes dificuldades, os militantes do ateísmo cultural,
combatentes da revolução cultural, propuseram-se a algo muito mais sutil
– querem esterilizar a moral nos próprios indivíduos. Como?
Convencendo-os de que os princípios e valores que adotam são, na origem,
tão religiosos, e por isso mesmo tão particulares, quanto a própria
religião que porventura professem. Integrariam então, tais valores e
princípios, aquele foro íntimo no qual se enquadrariam a própria
religião e suas práticas. Pronto! Segundo o princípio da laicidade do
Estado, só teriam vigência na vida privada. Não faltam pessoas
religiosas para entrarem com os dois pés nessa armadilha. Por isso, o
projeto totalitário avança.
As investidas
contra os símbolos religiosos são apenas a ponta do rabo do gato. O
felino inteiro é muito mais malicioso e malévolo. O que de fato pretende
é laicizar a cultura, as opiniões em geral e, principalmente, os
critérios de juízo e decisão (os meios do poder).Toda a conversa fiada
sobre supostas infrações à devida separação entre o Estado e a Igreja,
tão ouvida nas falas do STF,precisa ser entendida como aquilo que de
fato é: atitude de quem adotou o Estado, e só o Estado, por fonte de
todo bem. Assumiu-o como baliza perfeita para o certo e o errado, e
vertente dos valores que devem conduzir a vida social.
Convenhamos, é
uma tese. Mas – que diabos! – qual é, precisamente, a moral do Estado?
Na prática, a gente conhece porque a conta é nossa. Na teoria, é a que a
sociedade “majoritariamente” determinar, excluída a parcela realmente
majoritária, que moldou a civilização ocidental porque esta, como se viu
acima, só pode ter expressão na vida privada e resulta inadmissível
perante a laicidade do Estado, etc., etc., etc.. Portanto, cale-se!
Tal linha de
raciocínio não resiste ao primeiro safanão. Precisa de reforços e apoios
propiciados pelo relativismo moral, um de seus subprodutos.
Cabe a este
filho do pós-modernismo mostrar que a moral majoritária é apenas uma
das tantas que andam por aí através do tempo, do espaço e da miséria
humana.
Saem às ruas, então, representações desse nada admirável mundo
novo: marcha das vadias, marcha pela maconha, marcha pelo aborto.
Uma
TV do Estado apresenta show das putinhas aborteiras,militantes
partidários dançam pelados na Câmara Municipal de Porto Alegre ou fazem
sexo com símbolos religiosos no Rio de Janeiro.
Escandalosos?
Escandalosos perante qual senso moral? O totalitarismo pós muro de
Berlim, o totalitarismo do século XXI,precisa do ateísmo cultural e do
relativismo para derrogar o cristianismo presente na cultura de tantos
povos.
A nova ordem, o mundo novo, o all-in-one de Imagine não se
constituirão numa sociedade que creia em algo anterior, superior e
posterior a si mesma. Não há como esse novo poder global não ser
totalitário!
A democracia se extingue naturalmente quando destruídos os
valores que a fundamentam, pelo simples fato de que não se sustenta numa
sociedade política sem princípios, sem valores e sem vergonha.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de
Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site
Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e
sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a
tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus
brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos
jesuítas, inaugurou um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os
índios
Diferentes tipos de raças - Foto: Shutterstock
Bom pra cachorro! Expressão popular brasileira
Durante séculos, o sono dos indígenas foi leve e
conturbado. Animais selvagens, predadores, grupos inimigos e ameaças de
todo o tipo os impediam de dormir profundamente. Era preciso estar
vigilante. Suas noites só começaram a ser tranquilas com a chegada de
uma nova tecnologia: os cachorros europeus. Sua capacidade excepcional
de detectar intrusos e ameaças pelo ruído e pelo olfato, de latir e dar
sinais nas proximidades das aldeias e de até atacar invasores
transformou o sono e as noites nas redes e nas tabas.
Talvez não tenham sido facões, machados ou anzóis, as tecnologias
portuguesas mais amplamente desejadas e adotadas pelos indígenas
brasileiros. Foram os cães, mais úteis do que o impenetrável e
irreprodutível metal dos europeus. Cães primitivos existiam na América do Norte. Eles acompanharam as
migrações das diversas levas de humanas pelo Estreito de Bering, como
atestam registros arqueológicos. Sua chegada à América do Sul foi mais
tardia (entre 5000 e 2500 a.C.). E ficaram restritos a áreas agrícolas
dos Andes, com alguma rara presença na Pampa.
As raças pré-colombianas desapareceram rapidamente com a chegada dos
cães europeus. Até hoje não há uma explicação científica satisfatória
sobre seu desaparecimento brusco e sua substituição por cães europeus.
Uma coisa é certa: os cães europeus também conquistaram a América.
No Brasil, era diferente. Os índios não possuíam cachorros e não há
vestígio de cães domésticos até a chegada dos portugueses. No século 16,
a expansão territorial dos tupis ainda não estava consolidada, após a
extinção de sambaquieiros e de outros povos no rastro de seu avanço. As
guerras entre tribos eram marcadas pela antropofagia. Mulheres e
crianças eram vítimas: fáceis de capturar, imobilizar e transportar,
mais indefesas do que os guerreiros. Buscar água ou brincar longe das
aldeias era um risco enorme. A vida real das mulheres e das crianças
indígenas era talvez distante da mítica visão paradisíaca apresentada
por alguns.
A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos jesuítas, inaugurou
um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os índios. Em caso de
aproximação de guerreiros inimigos, de dia ou de noite, os cachorros
davam sinal e até atacavam potenciais agressores. O cão foi integrado
nas tribos como o primeiro mamífero doméstico. E o mais extraordinário
deles: capaz de seguir os passos do dono, obedecer a ordens e cumprir
tarefas. Nessa intimidade é comum, ainda hoje, as índias amamentarem
cães em seus seios ou prepará-los assados como alimento.
Os índios descobriram sua eficiência cinegética, caçando sozinho ou
em matilha. O cão mudou as técnicas de caça, e até ritos de captura da
onça, antes atraída para armadilhas no solo, como indicam relatos
jesuíticos. Sua capacidade de farejar, perseguir e acuar as onças no
alto das árvores era uma novidade. Nunca mais o índio se sentiu num mato
sem cachorro.
O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população
O cão (Canisfamiliaris) é um mamífero carnívoro da família dos canídeos. Para a ciência, o cachorro descende de populações do lobo eurasiático (Canislupus).
Todo cão, independente da raça, é descendente longínquo de lobos
selvagens e primo dos coiotes. Mesmo o mais miniaturizado, como os
carregados por senhoras em suas bolsas, é descendente de um lobo. E,
pela etimologia, o Canis infiltrou-se em canícula, canalha, cinismo…
Os cães são naturalmente prolíficos. Cada ninhada tem em média de
seis a oito filhotes. Cios são frequentes. Fêmeas aceitam muitos machos.
Às vezes, a ninhada tem filhos de vários pais. O intervalo entre partos
é pequeno e permite duas crias por ano. O sucesso reprodutivo dos cães
garantiu sua expansão entre as tribos. Chegaram às aldeias remotas, cujo
contato com brancos só ocorreria séculos mais tarde. E prossegue a
seleção canina. A Confederação Brasileira de Cinofilia lidera é a cinofilia nacional, com mais de 150 mil animais registrados
No Brasil, entre os principais animais de companhia estão os cães.
São 56 milhões, a segunda maior população canina do mundo. Em segundo
lugar, estão 41 milhões de aves canoras e ornamentais. Gatos somam 24
milhões e têm o maior crescimento: mais de 3% ao ano. A população de
peixes ornamentais é da ordem de 19 milhões, e os pequenos mamíferos,
répteis e outros animais totalizam 2,5%.
Se em sua casa tem cachorro, gato, peixinho no aquário ou passarinho
numa gaiola, você integra o segmento do agronegócio dos animais de
companhia. O chamado setor pet do agronegócio está relacionado
ao desenvolvimento das atividades de criação, produção, comercialização e
cuidados para mais de 145 milhões de animais de estimação existentes no
Brasil.
Os animais de estimação são criados para o convívio com humanos por
razões principalmente afetivas. Eles têm como destinações principais:
companhia, lazer, terapia, auxílio a portadores de necessidades
especiais, esportes, segurança, torneios, exposições, conservação,
socorrismo e trabalhos especiais. O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população.
Graças às bases industriais do agronegócio brasileiro, à organicidade
crescente de suas diferentes atividades produtivas e à reciclagem de
seus produtos e resíduos, a maioria dos animais pode receber o que há de
melhor em nutrição, medicina veterinária, alojamento, canis,
transporte, identificação, treinamento e bem-estar animal. Por obra do
agronegócio, sobretudo para os cães, a vida anda boa pra cachorro.
O agronegócio pet registrou um bom crescimento em 2021. O lockdown e o isolamento social impostos recentemente levaram os tutores de animais a uma maior proximidade com seus pets e
a demandar mais alimentos completos e balanceados, cujo consumo cresceu
8% em 2021. Até alimentos vegetarianos para cães são produzidos para
respeitar convicções de seus donos. Segundo o Instituto Pet Brasil
(IPB), em 2020, o conjunto do mercado pet registrou crescimento
de 13,5%, com faturamento de R$ 40 bilhões. Em 2021, o crescimento foi
de 22% e o faturamento ultrapassou R$ 50 bilhões.
Simplificadamente, três áreas compõem esse mercado: alimentação animal (pet food) representa 73% do faturamento; produtos veterinários (pet vet) alcançam 19%; cuidados e bem-estar animal (pet care) somam 8%. Pequenos e médios pet shops
são o principal canal de acesso aos produtos e representam quase metade
das vendas do setor (48%); seguidos por clínicas e hospitais
veterinários (17,9%); lojas agropecuárias (10,2%); varejo alimentar
(8,9%); pet shops de grande porte (7,4%); e-commerce (5,4%); e outros, como clubes de serviço, lojas de conveniência e hotelaria (2,2%). Em 2020, as empresas do setor pet ultrapassaram 272 mil estabelecimentos, segundo a Abinpet. Todo o setor se aproxima a 0,4% do PIB brasileiro.
Os cães deixam cada vez mais o quintal para viver dentro das casas.
Até em razão da verticalização nas cidades e da vida em apartamentos.
Animais de estimação são considerados parte da família. Muitos casais
sem filhos ou pessoas idosas, cuja expectativa de vida aumenta, buscam a
companhia de um pet. Ao reduzir a solidão, os pets
assumem outras dimensões na vida das pessoas. Cães participam de
tratamentos terapêuticos, acompanham o humano em sua existência e, em
muitas culturas, guiam na morte, como psicopompos (Anúbis, Cérbero,
Xoloti…). Presentes na vida de santos, os cães inspiram a vida espiritual.
Por milênios, em sua interdependência crescente, cães e humanos
compartilharam comidas, doenças, ócio, trabalho, inimigos e ameaças.
Filhotes foram trazidos para dentro das cabanas e das cavernas. E o
simétrico foi sonhado: lobos amamentando humanos, desde a fundação de
Roma até Mogli, o menino-lobo. Sem falar em lobisomem, Lassie ou Rin Tin
Tin. E a fecunda parceria prossegue no campo e na cidade. No
agronegócio brasileiro, a caravana passa e os cães vão junto. Felizes e
bem tratados.
Qual é
hoje a situação do presidente da República no teatro de operações?Jair
Bolsonaro e os dele são um grande exército, razoavelmente coeso e muito
disposto a combater, mas cercado.
À esquerda estão acampadas as tropas do PT, que trabalham a favor do
tempo. Têm o candidato que, no momento, aparece melhor na corrida
eleitoral. Para o petismo, o ideal é nada mudar nos próximos meses. Mas
esse tempo na política será mais que uma eternidade.
E a outra tropa que completa o cerco a Bolsonaro sabe que não pode
deixar a inércia prevalecer, o relógio correr solto. Para não ser linha
auxiliar do petismo. O assim chamado centro precisa criar um fato novo.
Pois ambiciona o poder.
Ainda que nos últimos tempos tenha tido mais sucesso em derrubar governos e menos em ganhar eleições.
Daí que esquerda e “centro” percorram estes dias com um olho no peixe e
outro no gato.O peixe é Bolsonaro. O gato, para cada um deles, é o
outro, o parceiro de momento da “ampla frente democrática” e inimigo já
contratado para o futuro.
O adversário eleitoral mais perigoso hoje para Bolsonaro, ou alguém do
grupo dele, é Luiz Inácio Lula da Silva, ou alguém apoiado pelo
ex-presidente. Mas o adversário político mais letal da hora é o amálgama
dos que precisam, a qualquer custo, remover o presidente da corrida
para retomar o projeto de 2015/16.
Das diversas escolhas duvidosas de Jair Bolsonaro, e entre elas figuram
com destaque as más avaliações e decisões sobre a pandemia, talvez a
menos falada e potencialmente mais daninha tenha sido não fugir de
travar a guerra em duas frentes.
Por convicção ou para satisfazer o núcleo mais fiel da sua base, o
presidente buscou apertar cada vez mais o torniquete no pescoço da
esquerda. E talvez não tenha alocado forças suficientes para enfrentar o
inimigo político mais feroz no momento.
E circunstancialmente mais perigoso, pelas conexões no establishment e influência superestrutural. Por exemplo noJudiciário.
A esquerda não pode simplesmente abrir mão de buscar enfraquecer
Bolsonaro, pois sabe que uma eventual reeleição do presidente abrirá
para ela quatro anos ainda mais difíceis na luta pela sobrevivência
contra o inimigo ideológico. E a direita tradicional, hoje agrupada no chamado centro, precisa, como
dito acima, livrar-se do presidente para melhor visualizar seu objetivo
de poder. Bolsonaro reúne por enquanto forças para resistir, por ter sólida base
de massas, mas também pela falta de consenso entre os oponentes sobre
como organizar o poder na ausência dele. Não há uma saída “natural”. Se um extraterrestre chegasse na Terra e pedisse para ser levado ao líder do “centro”, ninguém saberia a quem levá-lo.
Itamar Franco foi conveniente aos adversários de Fernando Collor porque
não podia concorrer à reeleição.
Michel Temer acabou consolidando-se
como boa opção para PSDB e PMDB (hoje MDB) por apresentar-se antes de
tudo como uma ponte para o futuro. Ou pinguela, na fala dos mais
sinceros.
E agora?
Não se sabe, mas nunca é seguro depender tanto assim da falta de entendimento entre os inimigos. [por sorte Bolsonaro é insubstituível, aceitem, reconheçam e vai doer bem menos.]
Depois de seis anos viajando, às vezes mais de mil quilômetros por
semana, minha única aventura agora foi dar uma volta de bike pela Lagoa. Ainda há poucas pessoas caminhando ou correndo. Um corredor usando
máscara azul gritou para mim: “Cadê a máscara?” Tive vontade de voltar e
mostrar para ele meu pequeno frasco de álcool gel. Mas evitei
aproximações. Da Lagoa iria para o isolamento total. No dia seguinte, vi a entrevista de vários membros do governo usando
máscara. Lembrei-me do corredor da Lagoa. Ele a usava com naturalidade,
parecia uma extensão natural do seu rosto. Mas o governo, por seu lado, ao invés me dar a certeza de que estava
brigando com o coronavírus, parecia estar brigando com a máscara. No
centro da mesa, o grande timoneiro, irritado com o incômodo, acabou
deixando a máscara pendurada na orelha, como um brinco. Quando falou que
ainda não havia vacina, temi que acrescentasse um felizmente, porque
terraplanistas acham vacina e rock and roll coisas do demônio. Não vou me deter nos Bolsonaros. É perda de tempo. O Brasil não vai
derrotar o vírus com panelaços. A família adora comprar briga para
encobrir sua profunda incapacidade. Quando não a encontra aqui, não
hesita em buscá-la na China. Quando um ministro de máscara e tipoia anunciou que o governo iria
ajudar o Nordeste, percebi que havia uma grande lacuna na mesa. Onde
estava o homem encarregado da Ciência e Tecnologia? Na Lua? Todas as esperanças de cura estão na Ciência. Mas a possibilidade de
atenuar o impacto destrutivo do coronavírus está também na tecnologia. O
Brasil tem 230 milhões de smartphones. Ao falar sobre isso na TV, fui
contatado por uma empresa que trabalha no Porto Digital de Recife. Ela
se chama Wololo e criou uma plataforma de rede verticalizada na qual
algumas fontes passam informações úteis e necessárias e fazem de cada
usuário um propagador. Isto deveria ser examinado pelo Ministério da
Saúde, que vê aumentar em milhões as suas consultas. Mas a ideia que mencionei na TV era outra.Pensei num aplicativo que
contivesse algumas variáveis tais como a existência de febre, tosse,
dificuldade respiratória, idade, doença crônica, através do qual fosse
possível monitorar milhares de pessoas. Na Coreia do Sul, quando se localiza um caso, através do GPS é
possível monitorar também pessoas que estejam num raio de cem metros. Soube que há discussões no Porto Digital sobre a produção de
respiradores em 3D. Mas são propostas ainda muito ousadas. E sei também
que os Estados Unidos estão deslocando todo o seu aparato de controle de
terrorismo para buscar saídas tecnológicas de controle da pandemia. Não tenho dúvida de que muitos problemas de privacidade vão surgir
desse esforço. É preciso tratá-los com cuidado para não ameaçar as
liberdades individuais. [não pode ser olvidado: - somos radicalmente contra o comunismo, mas a verdade tem que ser dita. A China que não tem lá grande apreço pelas liberdades individuais, praticamente conteve a peste Covid-19; Já a Itália que prioriza as liberdades individuais encontra grandes dificuldades no controle da Covid-19, e só após reduzir o apreço pelas liberdades exageradas, começa a ter êxito na redução da mortandade.] As possibilidades de aumentar o controle da epidemia através dos
smartphones são muito grandes. Imagine se for necessário determinar
quarentena para pessoas que chegam do exterior. Como garantir que isso é
realmente cumprido? O smartphone pode ser uma espécie de tornozeleira
eletrônica do bem. Sei que estou divagando meio solitariamente na minha reclusão
voluntária. No entanto, os dois ministros que considero sensatos,
Mandetta e o general Braga Netto, e tocam a crise poderiam estimular a
sociedade a criar possibilidades de ajuda através de aplicativos e criar
um núcleo no governo para receber propostas e fazer uma triagem. Da mesma forma, Braga Netto poderia orientar o Itamaraty, perdido em
batalhas ideológicas, a dar um informe sobre o que está sendo feito na
Coreia do Sul, em Israel e nos Estados Unidos. Ao lado do vetor científico, é preciso criar uma iniciativa
tecnológica que não se esgota na telemedicina, que, por sinal, já
deveria estar regulamentado há muito tempo. Quando a Aids chegou ao Brasil, a ciência teve um papel decisivo e
rumamos rapidamente para o coquetel antiviral e sua distribuição
gratuita. De novo, estamos diante de um grande desafio, mas, da Aids para cá,
houve um grande salto tecnológico. Quando surgiu o primeiro paciente de
Aids no Brasil, procurei o governo para dar o alarme. Fui tratado como
um romântico sonhador. Não importa muito se o gato é maluco ou careta: o
importante é que ele pegue o rato. Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista Artigo publicado no jornal O Globo em 23/03/2020
A intermediação público/privado surge nos ciclos históricos e nos primeiros dicionários da política.
Há tempos tramita
pelo Congresso projeto para regulamentar o lobby, que prevê a atuação de
lobistas cadastrados perante órgãos e entidades federais. O que
sustenta sua necessidade? De pronto, a observação: houvesse
transparência do sistema de pressão sobre a administração pública por
parte de grupos interessados, teríamos fenomenal queda nos índices de
corrupção. O lobby faz parte doprocesso
de articulação da sociedade e significa expandir a democracia
participativa. Pode haver aí uma saraivada de críticas, pois a atividade
está estigmatizada, associada à corrupção, tráfico de influência ou
apropriação indevida do Estado.
Pincemos a lição de
Bobbio: democracia é o governo do poder público em público. Sinaliza
“manifestação, evidência, visibilidade”, contrapondo à coisa “confinada,
escondida, secreta”. E arremata: “Onde existe o poder secreto há,
também, um antipoder igualmente secreto ou sob a forma de complôs,
tramoias”. A intermediação público/privado surge nos ciclos históricos e nos primeiros dicionários da política. Rousseau, noContrato Social,
falava da oportunidade de cada cidadão participar da política, pois há
“inter-relação contínua” do trabalho das instituições com as “qualidades
psicológicas dos indivíduos que interagem em seu interior”. É o
fundamento da democracia participativa: cidadãos e suas representações
livres para influir no processo decisório.
O lobby bebe nessa fonte.
Mas foi conspurcado à sombra do poder invisível, na confluência de
interesses espúrios e alianças entre máfias e castas que se alimentam da
corrupção. O Estado moral soçobrou diante do império imoral. A quebra da ética se
acentuou em razão da despolitização e desintegração das fronteiras
ideológicas. A administração das coisas substituiu o governo dos homens. O cerco utilitarista se expandiu com novo triângulo do poder: partidos, burocracia administrativa e negócios privados. Desvirtuado do ideário,
os lobbies viraram extensões de interesses escusos e fontes de
escândalos. Ao mesmo tempo, entre nós, observou-se saudável movimentação
da sociedade organizada, graças à CF/1988, que incentivou a formação de
entidades e movimentos. Afastados de partidos, milhares de cidadãos
procuraram refúgio em núcleos comprometidos com suas expectativas
(associações, sindicatos, movimentos, etc).
Ocorreu o encontro de
águas limpas com torrentes sujas. Diferentes tipos de interesse
passaram a fazer pressão sobre os Três Poderes, reivindicando a
salvaguarda de situações e direitos, enquanto setores antagônicos
transferiam uns aos outros ônus e encargos. Jogo de soma zero. Os lobbies contam com ajuda de grupos incrustados na administração e outros, poderosos, atuando às margens do Estado.Quando se divisa a
legalização do lobby, a exemplo dos Estados Unidos, a abordagem é a de
transparência. Lobistas terão nome, endereço e farão uma articulação
aberta – modos de atuação, coletividades representadas e interesses. O marco regulatório
diminuirá a taxa de corrupção. A publicidade das ações distinguirá o
justo do injusto, o lícito do ilícito, o gato de lebre.
A democracia se aproximará de seu real significado: o regime do poder visível.
Blog do Noblat - Veja - Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político
Nos tempos atuais, "El Rey" e vice-reis atendem por outros nomes. E alguns são ex-presidentes
Foto de Dilma Rousseff é exposta na
galeria dos ex-presidentes da República, no hall do Palácio do Planalto
-11-10-2016 (Alan Marques/Folhapress)
Deonísio da Silva
Aqui se faz e aqui se paga, diz o
brasileiro, que entretanto tem o carma de pagar pelo que não fez e
deseja receber pelo que não pagou. Jaz nas profundezas da alma brasileira o gosto de ter um El Rey ou vice-rei a quem recorrer. Nos tempos atuais, El Rey
e vice-reis atendem por outros nomes. E alguns são ex-presidentes. Já
ordenaram muitas despesas e hoje usufruem o pagamento, em muitos casos
indevido, pelo que fizeram, mas também pelo que deveriam fazer e não
fizeram: a reforma da Previdência, por exemplo.
Ninguém tem ex-mãe, ex-pai, ex-filhos ou
ex-avós.Não existe ex para laços sanguíneos. Só pode ter ex-mulher e
ex-sogros. E todos temos ex-presidentes. Nenhum ex custa tão caro aos
brasileiros quanto os ex-presidentes. Nunca tivemos tantos ex-presidentes da
República. São seis atualmente. Gastamos milhões de reais com eles que,
por ordem de saída de cena são: José Sarney: ex desde 1990; Fernando
Collor: ex desde 1992; Fernando Henrique Cardoso, ex desde 1º de janeiro
de 2003; Luiz Inácio Lula da Silva, ex desde 1º de janeiro de 2011;
Dilma Rousseff, ex desde 31 de agosto de 2016; Michel Temer, ex desde
1º de janeiro de 2019.
Fazendo as contas, apenas no ano passado a
ex-presidente Dilma Rousseff custou R$ 632 mil, dos quais R$ 45,4 mil
com seguro, manutenção e combustível de veículos.
O segundo a gastar
mais foi Collor, com R$ 306 mil.
[comentário 1: Collor foi o terceiro, visto que Lula, mesmo encarcerado, gastou anualizando todo o 2018 R$ 476.000,00]
José Sarney gastou R$ 158 mil e Lula R$
119 mil.
[comentário 2: o famigerado presidiário petista conseguiu, apesar de ter passado 9 meses preso no ano de 2018, gastar, anualizando, R$ 476 mil, mais do que Collor, que desfrutou da liberdade durante todo o ano 2018.
Uma pergunta: quando Lula foi encarcerado o pagamento de sua 'aposentadoria' foi cancelado? suspenso?
a pergunta procede visto que o condenado petista quando foi recolhido ao xadrez, pretendia continuar com assessores e seguranças.]
O mais baratinho foi FHC, que custou R$ 41,3 mil.
Outros indicadores são igualmente
preocupantes. Um ex-presidente foi preso na semana passada e solto
depois de quatro dias, mas pesam acusações complicadas também sobre os
outros, alguns dos quais já são réus. Há mais de mil palavras em português iniciadas com ex, uma preposição que se tornou prefixo e ganhou autonomia na língua falada. O étimo de ex nos veio do Latim ex, mas já estava no Grego ek e na raiz indo-europeia eghs indicando movimento para fora, de ocultar, sair de cena.
Às vezes, está tão escondido e disfarçado este ex, que gera controvérsias, como é o caso de explorar; de exausto, que no português perdeu o “h” inicial que tinha no Latim haustus, particípio de haurire, consumir, esgotar.
Do exhaustus nada mais se obtinha, fosse pessoa, bicho ou terreno.
Explorar, do Latim explorare, também traz o ex
na inicial, tendo designado originalmente clamar, gritar, seja na caça
ou nas batalhas, perseguindo para abater e comer ou ferindo e matando
para vencer.
O étimo principal é plorare, gritar, chorar. Este encontro “pl” mudou o som para “ch” no Português, como pluvia
virou chuva, mas que conservou o étimo em índice pluviométrico,
indicador das chuvas havidas em determinado tempo e em determinada
região; ou o conservou, como em implorar com o significado de pedir.
O que está em causa, porém, não é a
etimologia da designação ex-presidentes. É o seu custo. Ele vai ser
afetado pela reforma da Previdência?
Bem, esta é uma das complexas questões que
envolvem a controvérsia. Para isso, temos que escolher alguém para pôr o
guizo no pescoço do gato, tal como numa das 124 fábulas do
ex-seminarista francês Jean de La Fontaine, autor de histórias em que
os animais têm características humanas. Ele viveu no século XVII, era
filho de um fiscal das águas e de florestas, e está sepultado ao lado de
dramaturgo Molière (pseudônimo de Jean-Baptiste Poquelin) num dos
cemitérios mais famosos do mundo, o Père-Lachaise, em Paris, que
homenageia o padre confessor do rei Luis XIV.
Conta La Fontaine que, reunidos em
assembleia, os ratos decidiram, por unanimidade, pôr um guizo no pescoço
do gato para perceber quando ele se aproximasse para caçá-los. Todos
tinham aprovado a proposta, mas um rato velho fez uma pergunta que
travou tudo: quem vai pôr o guizo no pescoço do gato?
Até hoje, nenhum rato conseguiu. Por isso a
expressão veio a designar tarefa muito difícil, quase impossível de ser
feita. A leitura desta fábula pode ser útil hoje para se entender o
Brasil. Dê nome aos bois, digo, aos ratos e ao gato, e teremos uma boa
explicação.
Há grão-senhores em Curitiba e outros com tornozeleiras, mas seus peões continuam trabalhando no Congresso
Se a doutora
Dilma não vetar um gato colocado na tuba da Medida Provisória 678, as
grandes empreiteiras de obras públicas ficarão com um pé no inferno e
outro no paraíso. O inferno é a carceragem de Curitiba. O paraíso será a
conquista de um passe livre em futuros contratos, sem as restrições
impostas pela legislação. Coisa jamais vista.
A história desse
gato é uma viagem ao mundo de Brasília, onde fazem-se leis que se
transformam em privilégios e, às vezes, acabam em escândalos. Os
fornecedores do governo odeiam a Lei das Licitações. Quando podem,
esburacam-na. Em 1998, criou-se para a Petrobras um “procedimento
licitatório simplificado”. Deu no que deu. Em 2011, com o objetivo de
acelerar as obras para a Copa do Mundo, surgiu o “Regime Diferenciado de
Contratação” (RDC) para as empreitadas dos jogos. Nele, entrou o
conceito de “contratação integrada”, permitindo que uma obra seja
licitada apenas com um anteprojeto. As empreiteiras ganhariam liberdade
para definir materiais e até mesmo os testes de qualidade de seus
serviços. A maluquice do Trem Bala poderia ter sido transformada num
“projeto integrado”. Felizmente, o BNDES matou-a.
Até aí, tudo
bem, pois havia pressa para a Copa. Ela se foi, e o VLT de Cuiabá,
previsto para custar R$ 1,8 bilhão, está com os trabalhos parados. Se
tudo der certo, ficará pronto em 2018, o ano da Copa na Rússia. Até lá,
40 trens continuarão estocados nos pátios. Passaram-se cinco anos da
criação do RDC, e ele expandiu-se, valendo também para obras do PACo,
presídios ou mesmo postos de saúde.
No ano passado, o Planalto
preparou um projeto de lei que mudava a Lei das Licitações, embutindo o
conceito de “projetos integrados”. Jogo jogado, admita-se que a ideia é
boa, modernizadora, globalizante ou seja lá o que for. O governo e os
peões das empreiteiras poderiam botar a cara na vitrine defendendo-a.
Com a Lava-Jato na rua, o projeto sumiu.
Agora, sem maiores
discussões, os “projetos integrados” reapareceram no texto da conversão
da Medida Provisória 678. Originalmente, ela permitia um regime especial
de contratação para empresas de segurança durante as Olimpíadas do Rio.
Virou uma árvore de Natal e incluiu no regime especial de contratação
obras de infraestrutura como estradas, portos ou aeroportos. Empreitadas
desse porte acabam entregues a grandes empreiteiras, precisamente
aquelas que trocaram as capas de revistas de negócios pelas páginas de
notícias policiais.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que não se
podem colocar jabutis em medidas provisórias, mas os peões do Congresso
podem argumentar que a medida provisória já estava em tramitação e,
portanto, está fora do alcance do veto.
A doutora Dilma tem todo o
direito de dizer que não respeita os delatores que destamparam o bueiro
da Petrobras. Desde os primeiros dias da Lava-Jato, ela manteve uma
posição de antipática neutralidade pelo trabalho dos investigadores. A
Polícia Federal e os procuradores estão atrás da indústria de gatos em
medidas provisórias e já pegaram alguns negócios esquisitos. Em relação à
Lava-Jato, a doutora repete que nada teve a ver com a história. Se o
Ministério Público e a Polícia Federal chegarem a atos que ela
sancionou, a conversa será outra.
Senadores analisam texto sobre crimes e penas para maus-tratos aos animais
Presidentes de associações
dizem que as punições aumentaram, mas ainda são muito brandas. Na
Câmara Legislativa, deputado sugere que vaquejada seja esporte [desde que ilustre deputado seja o boi, ou no mínimo o cavalo.]
Marília com Shay e outros "protegidos", em casa: "Cuidar de um animal resgatado é gratificante"
A pena para quem comete maus-tratos contra animais pode aumentar.A
punição, que hoje varia de 3 meses a 1 ano de detenção e multa, deve
chegar a três anos de reclusão. A determinação está prevista no artigo
408 do Novo Código Penal. O aumento das punições, no entanto, não
satisfaz as organizações protetoras de animais. Protetores ouvidos pelo
Correio consideraram as mudanças brandas. Um dos pontos polêmicos é a
retirada dos artigos referentes ao abandono, à omissão de socorro e ao
transporte inadequado de animais. Senadores analisam o texto hoje, em
sessão extraordinária.
A nova legislação veio para evitar o que
ocorreu com o gato Shay, vítima de brutalidade há seis anos. O antigo
dono o abandonou em uma clínica veterinária porque o animal não tinha o
movimento das patas traseiras. A servidora pública Cláudia Guimarães, 53
anos, encontrou o bichano desconsolado no estabelecimento.
Sensibilizada, ela decidiu assumir os custos do tratamento de Shay e
adotá-lo. Com algumas limitações, ele voltou a andar.
Cláudia e a
filha, a estudante Marília Guimarães, 26 anos, comemoram o aumento da
pena, mas acham que a legislação não será suficiente para proteger os
animais. “É um avanço, mas ainda é muito pouco comparado ao que eles
sofrem. Os animais não têm como se defender”, diz Marília. A jovem, no
entanto, não desanima. “Cuidar de um animal resgatado é gratificante.
Foi incrível ver o brilho nos olhos de Shay quando ele conseguiu pular
primeira vez.”
Lilian Rockenbach, coordenadora do Movimento
Crueldade Nunca Mais, está entre as que se consideram insatisfeitas com
as alterações no texto original do projeto. Ela ajudou a fundar, em
2012, a organização, que, em parceria com o Fórum Nacional de Defesa e
Proteção Animal, encabeça campanha para que as penas sejam aumentadas.
“O texto modificado prejudicou muito os animais, diminuiu as penas e
descriminalizou condutas que haviam sido contempladas”.[que se castigue com rigor um bandido, é aceitável e até necessário e conveniente. Mas, um animal é totalmente indefeso. Pena que a matéria não traga o nome do ilustre parlamentar. Deveria deixar de ser covarde e passar a defender sua imbecil e cruel sugestão.]