Não
importa o que os políticos, empresários e gente importante em geral nos digam:
o que importa é a atitude que tomam. Podem
dizer que a administração é excelenta, que a presidente é competenta, valenta,
resistenta. Mas como agem?
1 – Por enquanto, 20%
dos prefeitos do PT no Estado
de São Paulo mudaram de partido. É a lei da vida: para sobreviver, acharam
melhor sair do partido dela.
2 – Tente lembrar-se de
algum governo, nos
últimos 50 anos, que não tenha tido o apoio de Delfim Netto. Nesta era petista,
ele esteve bem próximo de Lula, tanto que muitos o consideravam seu
conselheiro. Delfim disse agora que Dilma, em 2014, destruiu deliberadamente a
economia para conseguir a reeleição. É injusto: Dilma nem sabe o que faz na
economia. Mas Delfim se afastou dela─- e bem quando Dilma busca o apoio
empresarial, área em que Delfim é influente.
3
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O Banco Central divulgou nesta semana a taxa de juros do cartão de crédito: 395,3% ao ano. A taxa
alta indica falta de confiança na economia. E os banqueiros são o único grupo
de empresários que manifesta seu apoio a Dilma.
4- Dilma iria presidir
no seu palácio um evento de atletas para-olímpicos. O chefe do cerimonial
simplesmente barrou, com os braços estendidos, a entrada da presidente, para
que ela desse passagem a atletas cadeirantes. Dilma esbravejou, mas não
adiantou. Quando um chefe de governo bate boca em público com um subordinado,
quando um subordinado não hesita em barrar a presidente, o poder acabou.
O próximo passo é servir-lhe
cafezinho frio com biscoitos murchos.
Batendo o pé
Quando
Dilma soube que o vice Michel Temer teria um encontro com empresários,
antecipou-se e, na véspera, reuniu alguns dos empresários que iriam conversar
com ele.
Quando a
presidente de um país precisa disputar prestígio com o vice, vai ter de tomar
cafezinho velho e frio guardado há dias na garrafa térmica.
A volta do que não saiu
Para
tentar salvar o PT, Lula disse que pode ser candidato em 2018. Ele queria,
claro; mas jamais tinha dito isso. Aliás, queria ter sido candidato em 2014,
mas Dilma fez questão de segurar a bomba.
O fato é
que, ao recorrer a seu maior símbolo, o PT mostra que, no pós-Dilma, não tem
mais ninguém para competir.
Pior do que está, fica
Que
Tiririca, que nada! Com ele, pior do que está não fica. Com Dilma, pode ficar:
é de seu governo a ideia de jerica de recriar a CPMF, com o nome-fantasia de
CIS, Contribuição Interfederativa da Saúde, e a mesma alíquota de quando foi
extinta sob aplausos gerais: 0,38%.
A tal CIS
é tão ruim que conseguiu o apoio do governador paulista Geraldo “Chuchu”
Alckmin, tucano de bico fininho e comprido que só desce do muro para ficar do
lado errado. Alckmin acha que parte da arrecadação será repassada aos Estados.
O ministro Adib Jatene achava que o imposto iria para a Saúde. Mas Jatene não
sabia como as coisas funcionavam.
O humor, enfim!
O governo
explica que, sem a CPMF (desculpe, CIS), não será possível fechar as contas do
governo. O site O Sensacionalista, especializado em notícias falsas mas
verossímeis, daquelas que só não são verdadeiras porque ainda não aconteceram,
diz que o governo, se não conseguir atochar a CPMF, aplicará seu Plano B: vai
contratar batedores de carteira cubanos. E pagar-lhe só comissão.
No olho do furacão
Dilma está presa por três fenômenos que convergem
para enfraquecê-la: a crise econômica, a Operação Lava-Jato e o esfarelamento de
sua base no Congresso. Dilma tem grande participação nos três fenômenos:
ampliou as despesas do governo federal como se a arrecadação fosse inesgotável,
não viu o que ocorria debaixo de seus olhos na Petrobras ─ cujo Conselho de
Administração presidiu ─, hostilizou o maior partido aliado, o PMDB,
estimulando o ministro Gilberto Kassab a esvaziá-lo com uma nova legenda, o PL
(e espalhou o segredo, impedindo a articulação).
Jamais honrou compromissos com os parlamentares e jogou-se numa batalha perdida
pela presidência da Câmara. Tem Aloízio Mercadante e José Eduardo Cardozo como
núcleo duro político.
É de espantar que Tiririca não
esteja no time. E que a aprovação do governo ainda seja superior a 5%.
Virou piada
Quando se
envolveu na disputa pela Prefeitura de Curitiba, em 2012, a então ministra
Gleisi Hoffmann, do PT, debochou de Ratinho Jr., o principal adversário de seu
aliado. Dizia que seu candidato “tinha nome
e sobrenome”.
Agora, com assessor preso por pedofilia, envolvida
nas investigações da Operação Pixuleco 2 (o que se apura é o desvio de recursos do Ministério do Planejamento
para uma empresa que os repassaria a ela ─ sendo que o ministro
do Planejamento era seu marido, Paulo Bernardo), Ratinho Jr. devolve o deboche: “Corrupção agora tem nome e sobrenome. Tem até marido.”
Um
tuiteiro cruel completou: tem nome,
sobrenome e vai ganhar um número.
O repórter certeiro
O blogueiro Ucho Haddad ucho.info foi o primeiro a apontar os
problemas de Gleisi. Houve quem achasse que estava maluco.
Mas acertou na mosca.