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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Uma cajadada só - Revista Veja

Dora Kramer

Bolsonaro usa criação de legenda para mobilizar tropa eleitoral

A cena política dita tradicional está em risco, de novo, de perder para o presidente da República o bonde que já havia perdido em 2018 para o candidato Jair Bolsonaro. Daquela vez a bobeada foi em relação ao uso das redes sociais como instrumento de campanha. Agora, os partidos marcam passo no campo da mobilização popular ao não dar a devida atenção aos movimentos feitos em torno da criação da legenda Aliança pelo Brasil.

O debate tem se dado sobre a possibilidade de Bolsonaro e companhia reunirem as assinaturas necessárias para conseguir o registro no Tribunal Superior Eleitoral até abril, a fim de concorrer às eleições de outubro na nova casa. Bobagem, perda de energia, saliva, cliques e papel. Bolsonaro não está preocupado com isso. Ainda que houvesse tempo, e não há, ele preferiria deixar a formalização do partido para o próximo ano ou mais um pouco porque o que interessa são as eleições de 2022. Para isso, tem até abril daquele ano para obter o registro. [tem uma vertente que entende ser conveniente formar uma boa base eleitoral , de âmbito municipal, já neste ano;
contra tal tendência, há dois fatores:
- uma base municipal é importante, mas, devido a fragmentação - mais de 5.000 municípios - é fácil ser construída; 
- deve ser considerado que além dos prefeitos, parlamentares dos três entes federativos podem mudar de partido - desde que a troca seja para a fundação de um novo partido.]

Desse período, Jair Bolsonaro vem sabendo tirar vantagem. Nas barbas dos adversários, cuja visão estreita os impede de enxergar meio palmo para além dos respectivos narizes ocupados com outras tarefas. Umas mais, outras menos produtivas. [algumas escusas, muitas sobre novas maneiras de assaltar os cofres públicos e mais importante, criar leis que deixam a impressão que vão acabar com a impunidade dos ladrões de colarinho branco, quando na realidade objetivam exatamente aumentar, solidificar a impunidade.]
 
Parte da esquerda é refém de Lula, presa voluntária e/ou involuntariamente ao culto daquela personalidade; parte está procurando escapar dessa armadilha, buscando diálogos ao centro. Desse campo para a direita a preocupação também é construir consensos, coisa que toma todo o tempo de seus autores.
O presidente mata dois coelhos ao montar vários palanques de um só partido
Os dois conglomerados só se ocupam de Bolsonaro para manifestar repúdio a uma agenda de costumes que, de resto, não prospera nem tem chance real de prosperar. Operam, portanto, ora no terreno da fantasia, ora no mercado futuro, ora referidos numa pauta regressiva. Enquanto isso, a turma de Jair Bolsonaro vai tocando o barco por outro lado e a toda a velocidade. Para eles é ótimo não ter partido agora. Nada os impede de apoiar candidatos em variadas legendas, cujos prefeitos eleitos poderão se transferir sem ônus para a Aliança, pois a regra da perda de mandato não atinge ocupantes de cargos no Executivo. Além do mais, terão o ano praticamente todo e 5 000 e tantos municípios onde badalar o sino da nova legenda, aliando a isso as campanhas para prováveis integrantes à tropa de 2022.

A programação é profissionalmente montada: presença, pessoal ou virtual, do presidente nos estados, roteiro-modelo, com orações, hinos, entrada em cena de oradores treinados, telões e painéis padronizados, incentivo ao voluntariado, calendários desde já organizados desses atos, começando pelo Nordeste (26% do eleitorado), onde em tese é mais complicado em razão da rejeição ao presidente e do apreço ao PT.

No discurso, a mensagem clara e de fácil identificação:  
valores conservadores, devoção a Deus, reverência à família, incentivo ao voluntariado, recusa ao uso de recursos públicos. 
Nos atos de governo, aumento dos benefícios aos mais pobres por intermédio do Bolsa Família.
Está bom ou querem mais? Se não estiver, convém aos adversários de Bolsonaro maior empenho na conquista do eleitor.

Publicado em VEJA, edição nº 2670,   de 22 de janeiro de 2020

Blog da Dora Kramer - Dora Kramer, jornalista - VEJA

 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Exigir que o poder mande os mais fiéis para a degola a troco de nada é um passaporte para a desgraça

As escaramuças (por enquanto são só isso) em torno do presidente da República (e com a participação dele) têm sido retratadas como disputa entre um núcleo fundamentalista imaturo e outros núcleos maduros e, portanto, carregados de razão.

O primeiro reuniria antes de tudo os filhos, em primeiro lugar o do meio. Na periferia, alguns ministros da esfera de influência do chamado olavismo. Já os segundos congregariam a equipe econômica e os militares.  Desconfie das simplificações. Elas são como a Física do ensino médio: úteis para fins didáticos mas inúteis quando precisam explicar o fenômeno na essência. Dizer que “o problema de Jair Bolsonaro são os filhos” explica tudo e ao mesmo tempo não explica nada.
Duvida? Faça o teste. Tente responder a esta pergunta que deriva da afirmação acima: “Se o presidente precisar afastar do entorno os filhos, especialmente Carlos, com quem exatamente poderá contar?”

Hoje em dia, a lista mais comprida da área que reúne a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios é a de candidatos a tutelar o presidente da República. É consequência, esperada, do projeto “vamos eleger o Bolsonaro para derrotar o PT e depois a gente vê o que faz”.  O então candidato do PSL aceitou jogar esse jogo, cuidando de reduzir a incerteza na política econômica. Mas nunca deu qualquer sinal de que, no poder, faria um governo de paulos guedes.

Presidentes muito fracos são levados a engolir a tutela, e isso não costuma ser suficiente. Fernando Collor, acuado, montou um ministério dito ético, vertebrado pelo PFL, e mesmo assim caiu. Dilma Rousseff entregou a articulação política a Michel Temer, e o resultado é sabido.  Nos dois casos, o que era para ser ampliação da base de governo acabou virando o centro ou parte da conspiração para derrubar o governo. Bolsonaro tem muitos defeitos, mas não nasceu ontem.
Há exceções? Uma que confirma a regra foi Itamar Franco. No começo achou que governaria. Foi trucidado pela imprensa do Sudeste (nessas horas Minas Gerais não faz parte do Sudeste). Teve de entregar a presidência de fato ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.

Só sobreviveu porque abriu mão de qualquer poder, ou perspectiva de poder imediato. Caiu sem cair, esperando voltar em quatro anos. Mas FHC aprovou a reeleição e deixou Itamar na mão.  Bolsonaro, ao contrário de Collor, Dilma e Itamar, não está fraco. O núcleo da sua base social continua mobilizado pela agenda maximalista de endurecimento penal, valores conservadores e alinhamento com Donald Trump.

E o empresariado só quer saber da reforma da previdência, remédio do momento para curar a economia atacada pela estagnação. E na hora “h” o mercado vai apertar o torniquete no pescoço do Congresso até este entregar a mercadoria.  O que pode dar errado? Alguém das internas reunir massa crítica e começar a drenar poder. O vice dá seus passinhos mas, notem, Bolsonaro nunca passa recibo. O vice tem estabilidade no emprego.

Então, a bazuca presidencial volta-se contra quem ensaia apresentar-se como moderado, confiável e racional. É por aí que o poder começa a cortar cabeças. O que fica mais fácil quando o alvo potencial comete um erro.  E o erro número zero em palácio é o sujeito achar que há espaço para fazer uma política própria diferente da do chefe. Ainda mais quando o chefe está forte e cercado por fiéis.
Exigir que o poder mande os mais fiéis para a degola a troco de nada é um passaporte para a desgraça.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Quebra-cabeça

Equipe do novo governo parece não se entender quanto à urgência de reformar a Previdência

Ideias que levam um candidato a conquistar a Presidência da República não são necessariamente as que o levam a governar. Conquistar o apoio da população pressupõe ganhar a opinião pública por meios retóricos, que não são os que podem ajudar a resolver os problemas mais urgentes do País. Um candidato deve, muitas vezes, escolher entre dizer a verdade sobre a situação econômica ou ocultá-la, esperando, entrementes, ganhar os corações. Acontece que a conquista dos corações pode ou não coincidir com escolhas racionais, baseadas em argumentos para transformar o País. É muito mais fácil eleitoralmente prometer empregos, como se fosse possível criá-los por passe de mágica, do que produzir riquezas, pressupondo contas públicas saneadas e assumindo a responsabilidade fiscal. Pouco foi dito, afora generalidades, sobre a necessidade de uma reforma da Previdência como condição para que o Brasil volte a crescer de forma sustentável.

O discurso do candidato Jair Bolsonaro foi, sobretudo, baseado na luta contra a corrupção, o resgate de valores conservadores e o combate ao petismo. Suas tiradas foram muito pertinentes e ele soube fazer excelente uso das redes sociais. No que toca a esses pontos, pode-se dizer que a formação de sua equipe é coerente com o que foi proposto eleitoralmente. Todavia as ideias de combate à corrupção e os valores morais e religiosos não são de nenhuma valia para a condução da economia de um país, salvo a honestidade no tratamento dos negócios públicos. Nada nos dizem sobre a necessidade, inelutável, de uma reforma da Previdência para o saneamento das contas públicas e a redução da dívida pública. Se nada for feito rapidamente, é o destino do Brasil e do próprio governo que estará em jogo. Aqui, a retórica e a demagogia terão alcance muito limitado. A verdade aparecerá logo ali, dentro de um ano ou, no máximo, dois.

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