Por: General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
O
Movimento Cívico em 15 de março de 2015 levou milhões de brasileiros às
ruas e evidenciou o sentimento de revolta da maioria da Nação, como
mostraram as pesquisas de confiança no governo após as gigantescas
manifestações. O mais grave é que Dilma e as lideranças políticas não
têm vontade nem credibilidade para realizar as mudanças, mais morais do
que econômicas, que o Brasil tanto precisa. Daí, fingirem não entender o
brado das ruas. Portanto, em 12 de abril, é preciso um tsunami popular
muito maior.
O
contexto assemelha-se aos idos de 1964, como se constata adiante, mas o
desfecho tem de ser outro. Naquela época, em um Brasil politicamente
imaturo, mergulhado em um caos político, econômico e social e com
instituições fracas, o presidente Jango aliara-se ao ilegal PCB,
subordinado ao Partido Comunista da URSS, para implantar uma ditadura
socialista-sindicalista. O líder do PCB dissera que o partido estava no
governo e só lhe faltava o poder e que o Brasil disputava a glória de
ser o segundo país do continente a implantar o socialismo. Em uma
sociedade religiosa e conservadora, isso gerou desconfiança, insegurança
e reação, afastando do governo a classe média, Igreja, imprensa, Forças
Armadas (FA) e a maioria dos políticos e da população. As gigantescas
Marchas da Família em todo País exigiram a intervenção das FA, únicas
instituições então capazes de impedir uma guerra civil revolucionária.
Jango tivera forte respaldo nacional para tomar posse em 1961, mas não
teve nenhum apoio das instituições, dos partidos e do povo em 1964.
Hoje, as instituições de maior credibilidade ainda são as FA, mas não
se quer uma volta ao passado. A Nação há de mostrar maturidade e
vontade para impor a moralidade e defender a liberdade, mantendo a
democracia. Se necessário, as FA cumprirão sua missão constitucional,
protegendo os brasileiros da violência de bandos como o exército de
stedile, convocado por Lula em declaração pública inconsequente e
inaceitável de um ex-presidente da República. Nesse emprego, as FA
enfrentarão resistências no próprio governo, mas seus comandantes,
embora saibam que devem obediência e respeito a escalões superiores, têm
consciência de que silêncio e omissão são injustificáveis se
propiciarem graves danos à Nação, esta sim credora da lealdade das FA.
Ao PT não importa a derrocada moral, econômica e política do País
desde que mantenha o poder, como reza a doutrina socialista. A corrupção
sugou exponencialmente a riqueza nacional após a ascensão de governos
petistas. O PT faliu o País, não assume a culpa e cobra do povo a conta
pelo prejuízo causado. Lula e Dilma não investiram em programas de longo
prazo na infraestrutura, educação, ciência e tecnologia, saúde e
produção de bens de alto valor agregado, bases seguras de
desenvolvimento. Dilapidaram recursos em programas populistas
eleitoreiros, calcados em recursos de valor variável, oriundos de
commodities que não garantem o progresso sustentado. Aplicam a
estratégia gramcista para manter o poder, conduzindo o Programa Nacional
de Direitos Humanos pelo qual buscam enfraquecer a família, as FA, os
poderes Legislativo e Judiciário, amordaçar a mídia e controlar a
sociedade por meio de órgãos (soviets tropicais) aparelhados pelo PT,
criados no Decreto nº 8.243/2014, ainda não derrubado no Senado. Querem
transformar o País em uma ditadura socialista, macaqueando a república
bolivariana da Venezuela, obedientes ao Foro de São Paulo, que pretende
ressuscitar na América Latina o vampiro vermelho que sugou a Europa
Oriental por décadas e cujo triste resultado só os cérebros
hermeticamente programados da (des)intelligentsia esquerdista não
entendem ou não reconhecem.
Um longo processo de relativização de valores anestesiou a sociedade,
que se omitiu e assumiu ou aceitou a falta de ética e o desprezo aos
valores tradicionais. O cidadão contentou-se com a satisfação de
necessidades básicas e a falsa noção de liberdade, que usa sem
responsabilidade e disciplina, tornando-a um bem ilusório. Essa doença
moral não será curada por partidos políticos desmoralizados ou por
eleições incapazes de aperfeiçoar, por si só, a democracia como se tenta
iludir a Nação.
Porém, a dose do remédio para domesticar a Nação foi além do
suportável e os efeitos colaterais nos campos da moralidade e da
economia geraram a reação popular que abalou o processo liberticida de socialização do País. Um grande obstáculo ao êxito da reação moral e
democrática é o amplo poder político de lideranças do Executivo e do
Legislativo, carcomidas seja pelo radicalismo, seja pelo patrimonialismo
e corrupção.
Usurpam os bens públicos como se fossem de sua propriedade
e escarnecem da Nação mentindo sobre as manobras imorais com que
assaltam impunemente o tesouro nacional. Em altos escalões do
Judiciário, o aparelhamento político compromete a credibilidade para
julgar escândalos como o do petrolão, onde estão envolvidas lideranças
de peso.
Em 2015, o que levou a população à revolta? A crise moral (corrupção,
mentira, engodo), o amor à democracia ou a dor no bolso (inflação,
recessão, desemprego)? Se o último motivo for o decisivo, equacionada a
crise econômica, a Nação abandonará as ruas, permitindo a consolidação
do projeto socialista do PT. Assim, o choque de valores terá de vir da
sociedade, ser aplicado nela própria, assimilado pelas famílias e por um
sistema educacional moral e profissionalmente recuperado, capaz de
formar cidadãos cientes de que liberdade sem disciplina e integridade é
anarquia que esgarça o tecido social.
Neste vazio de lideranças políticas patrióticas, a quem confiar o
futuro do Brasil? Como ninguém tem a resposta, a pressão não pode
cessar. Desperta Brasil! É a Nação que tem que salvar-se a si mesma. Em
12 de abril, ela ecoará: “a nossa Bandeira jamais será vermelha!”; e
“Vem prá rua!”. Compareça de verde-amarelo e em paz, mas com firme
atitude e inabalável decisão.
A Verdade Sufocada
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