Empréstimo da Caixa à Petrobras não passou pelo conselho
Financiamento de R$ 2 bilhões foi divulgado pela Petrobras para o mercado antes da apresentação do balanço auditado, nesta quarta-feira
O conselho diretor da Caixa ainda não aprovou o limite de financiamento de 2 bilhões de reais para a Petrobras. Na sexta-feira, a petroleira informou ao mercado ter obtido da Caixa, Banco do Brasil e Bradesco limites de financiamento que somam 9,5 bilhões de reais. Os recursos resolvem, segundo a estatal, as necessidades de caixa deste ano.No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras se limitou a comunicar que aprovou o contrato de "limite de financiamento pré-aprovado" com a Caixa no valor de 2 bilhões de reais. A notícia, publicada após o fechamento do pregão da Bolsa de Valores, surpreendeu o mercado. A divulgação ocorreu às vésperas da divulgação do balanço de 2014, que era motivo de dúvida no mercado sobre a situação financeira da empresa.
A aprovação do limite de financiamento da Caixa, operação que servirá como "reserva", conforme a Petrobras, ainda precisa do aval do conselho que reúne vice-presidentes e a presidente da Caixa, Miriam Belchior. O órgão se reuniu nesta quarta, mas a operação não entrou na pauta. Segundo uma fonte a par das negociações, causou estranheza a Petrobras ter divulgado a operação como certa sem que houvesse o "ok" do conselho diretor, responsável pela aprovação do limite com prazo de cinco anos.
A política de crédito da Caixa exige a aprovação do conselho diretor, mesmo se tratando de um limite de financiamento pré-aprovado, "standby" no jargão de crédito. Havia risco de a Petrobras chegar ao fim do ano com o caixa no limite mínimo de 10 bilhões de dólares, como previu a companhia, antes de concretizar as operações de crédito. A Caixa, por meio de sua assessoria, confirmou que os trâmites ainda não foram concluídos. "A pré-aprovação passou por uma instância técnica da Caixa e ainda seguirá para aprovação dos comitês do banco", informou, em nota.
Empréstimo - No Banco do Brasil, a Petrobras
conseguiu 4,5 bilhões de reais. Do BB vieram o atual presidente da
petroleira, Aldemir Bendine, e o diretor financeiro, Ivan Monteiro. A
operação vinha sendo negociada desde outubro de 2014 e passou por onze
comitês. O banco informou que a operação atende a "todos os requisitos
da política de crédito do banco e está adequada aos limites definidos
para a empresa e para o setor".
Para o analista de bancos da Austin Rating Luis Miguel Santacreu, os bancos deveriam ter optado pela prudência e esperado a divulgação do balanço, que já estava marcado para esta quarta-feira, antes de tornar pública a concessão de crédito. "O ideal seria olhar o balanço para poder aprovar um crédito desse tamanho. Isso mostra ou a confiança que a Petrobras tem ou a urgência da estatal para, ao publicar o balanço, mostrar uma estrutura de dívida que já contava com esses empréstimos", disse.
Com Estadão Conteúdo
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