Para
quem ainda tinha alguma dúvida sobre a honestidade
do governo do PT, alguém que sabe o que está falando esclareceu o assunto: “A gente não acha que o PT inventou a
corrupção, mas roubaram demais. Exageraram”.
É o que garante um dos principais aliados do PT, o presidente nacional
do PDT, Carlos Lupi, que foi ministro do Trabalho de Lula e por indicação deste
permaneceu à frente da pasta no início do primeiro mandato de Dilma, até ser
forçado a demitir-se pela “faxina” que
atingiu vários outros ministros sob suspeita da prática de “irregularidades”. As declarações de Lupi foram gravadas durante
encontro com correligionários na última quinta-feira, em São Paulo, e
confirmadas ao Estado pelo próprio. Não
obstante, o presidente do PT, Rui Falcão, declarou na segunda-feira que Lupi
desmentiu essas declarações, alegando que “foram
pinçadas” fora do contexto. E o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PE), reagiu acusando
Lupi de ser “boquirroto”.
A declaração de Lupi, na verdade, não revela segredo nenhum, mas é alarmante pela falta de pudor que demonstra. Das palavras do
ex-ministro do Trabalho a seus liderados, pode-se
inferir que roubar até que pode, desde que não se roube “demais”, com
exagero. É mais um exemplo cínico da relativização dos valores éticos
que passou a predominar ostensivamente na cena política a partir da chegada do
lulopetismo ao poder.
Como não podem contestar o fato
de que estão envolvidos até o pescoço no assalto aos cofres públicos, os petistas argumentam em defesa própria que
seus antecessores, em governos federais e estaduais, também são
alvos de acusações de corrupção. Invertem
o senso comum, querem fazer crer que um erro justifica outro. Invertem
também a proposta original de ser “um
partido diferente”, para se eximir de culpas sob o argumento de que o PT “faz apenas o que os outros também fazem”.
A mais recente manifestação nesse sentido coube ao ministro das Comunicações,
Ricardo Berzoini, em entrevista ao Estado
publicada no domingo.
Respondendo a perguntas sobre o
escândalo do petrolão, Berzoini, que priva da intimidade tanto de Lula como de Dilma, insinuou que o PT é perseguido pela
mídia, pela PF e pelo Ministério Público: “As notícias existem, não há invenções. Mas há, evidentemente, uma
seletividade da divulgação ou uma seletividade na investigação”. E
acrescentou: “O curioso é que ninguém se
pergunta: será que isso acontece só na Petrobrás? Será que grandes estatais
estaduais de governos de outros partidos não estiveram envolvidas também nisso?
Será que não cabe um paralelo entre o que aconteceu no Metrô de São Paulo, o
que aconteceu no governo de Minas em anos anteriores?”. Cabe, então,
perguntar ainda: caso as investigações em curso venham a comprovar corrupção no
Metrô de São Paulo ou no governo de Minas, isso eximirá ou diminuirá a responsabilidade do governo do PT
pelo assalto de mais de R$ 6 bilhões aos cofres da Petrobrás? Definitivamente, um
erro não justifica outro.
Enquanto
isso, Lula continua agindo como se não
tivesse nada a ver com a corrupção no governo, cuja existência chega a
negar em ocasiões e ambientes propícios. Muito bem
protegido em espaços blindados contra vaias e preocupado em vender saúde com
exibições de halterofilismo, Lula prefere cuidar de sua escancarada
ambição de voltar à Presidência da República em 2018, exercitando
sua conhecida habilidade de dizer o que as pessoas querem ouvir. Falando
a correligionários reunidos no 3.º Congresso de Direções Zonais do PT-SP, na
sexta-feira em São Paulo, Lula reiterou o mantra de que o governo precisa se
dedicar a uma “agenda positiva”: “Nós
temos de dizer em alto e bom som para a companheira Dilma ouvir (…) que nós
precisamos começar a dizer o que nós vamos fazer neste segundo mandato”. Faz sentido, já que aquilo
que prometeu na campanha Dilma
renegou até mesmo antes da posse.
Abusando
da imodéstia, Lula proclamou em tom triunfante: “Se Dilma fracassar é o PT quem fracassa (…) e
eu não vim ao mundo para fracassar”. Como diria Carlos Lupi: menos, Lula!
Fonte: O Estado de São Paulo - Editorial
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