Já não está mais entre
os vivos “a mulher de Lula”, a “gestora” mais competente do que ele, apta a dar continuidade à
nobre tarefa de melhorar a vida dos pobres sem esquecer-se de forrar os bolsos
dos ricos. Descansa
em paz desde a semana passada quando o Brasil perdeu o título de país bom
pagador. Ficam seus exemplos de fé, perseverança, dedicação e de certa
dificuldade em se fazer entender.
O infausto acontecimento havia
sido precedido de outro de igual natureza. Refiro-me ao passamento, depois de longa agonia, da “faxineira ética”, que escolheu seguir convivendo com ministros investigados sob
a suspeita de ferir a lei. Um deles por omitir da Justiça dinheiro
recebido por fora para pagar despesas de campanha. O outro por extorquir empresários com o mesmo
objetivo.
“A faxineira ética” se tornara conhecida como tal ao
demitir seis ministros de Estado no seu primeiro ano de
governo. Nunca se viu nada parecido na centenária história da República
brasileira. Diante de reles indícios de
que eles haviam aproveitado os cargos para roubar ou facilitar o roubo, ela não
hesitou. Veloz como um raio, sacou da caneta e fuzilou-os sem piedade. ''Hasta la vista, baby”!
Estreia digna de um Oscar de
efeitos especiais. Pena que o resto do
filme não tenha sido condizente com o seu início. Ministros demitidos indicaram
seus substitutos ou foram contemplados com outras sinecuras. Ao mensalão, sucedeu a roubalheira apurada
pela Lava Jato. Lula jura que não sabia do mensalão. A
“ex-faxineira”, que tampouco sabia do saque à Petrobras. Triste fim!
O que
resta dos atributos agregados pelo marketing à imagem pública da chefona de maus bofes, detestada
pelos seus subordinados, centralizadora em excesso por se julgar uma sábia,
quando, na verdade, é uma mulher
insegura e solitária? Quis o
destino, com a ajuda dela, que fosse assim. Quis Lula, com os votos que já
teve, que ela se elegesse e se reelegesse.
É a criatura que costuma se
rebelar contra o criador. Lula merece o prêmio de melhor roteiro por se
insurgir como criador contra sua criatura. Quer distância dela. E torce
em silêncio pela sua possível desgraça. Assim
poderá passar à oposição ao novo governo na esperança de voltar à presidência
em 2018. “Aquela mulher”, ele repete,
amargo, entre amigos.
Cada vez mais enfraquecida, ela se
mantém no cargo graças ao fato de que foi eleita. Não é pouca coisa. Deveria
bastar. Mas, não. Balança. Não é crime
de responsabilidade governar de maneira desastrosa. Nem
ter mentido à farta para se eleger. Também
não é crime ser impopular, rejeitada por oito em dez brasileiros. Seis em dez
querem seu impeachment. Se
ocorrerá? E como? E em que data?
Certa
vez, perguntaram a Louis Armstrong, cantor e trompetista, um dos ícones da música negra norte-americana: “O que é jazz?” Ele respondeu: “Quando ouvir você saberá”. Você
saberá quando estiver madura a ocasião para se abrir o processo de impeachment.
Impeachment não depende só de desejo. Nem mesmo de maioria de votos no
Congresso.
Haverá de
acontecer se as circunstâncias o determinarem.
E se as contas do governo de 2014
forem rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União? E se a
Câmara entender que as “pedaladas
fiscais” do governo violaram a lei? Por
outro lado e se Fernando Baiano,
ex-operador de propinas do PMDB na Petrobras, fizer revelações que alcancem os caciques do partido
Fonte: Ricardo Noblat – Blog do Noblat
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