Dilma veta aposentadoria aos 75 anos para servidor público
Lei ampliava idade para se aposentar a todos os trabalhadores do funcionalismo
A presidente Dilma Rousseff vetou nesta sexta-feira, integralmente,
projeto de lei que aumentava de 70 para 75 anos a idade para
aposentadoria compulsória dos servidores públicos da União, estados e
municípios. A proposta estendia para praticamente todos os funcionários
públicos a chamada PEC da Bengala, que elevou de 70 anos para 75 anos o
limite para a aposentadoria compulsória dos ministros dos tribunais
superiores. O gesto de Dilma causou surpresa no Congresso, onde a
proposta foi aprovada com amplo apoio, e irritou o autor da proposta, o
senador José Serra (PSDB-SP).
Para justificar o veto de Dilma, o governo alegou “vício formal” de
iniciativa, argumentando que decisão sobre a aposentadoria de
funcionários públicos é uma atribuição exclusiva da presidente, conforme
o artigo 61 da Constituição. Mas o próprio Supremo Tribunal Federal
(STF), provocado sobre a PEC da Bengala e o projeto, considerou que não
havia vício formal, segundo assessoria da Mesa do Senado.
Além da questão da inconstitucionalidade, o governo também temia que a
sanção do projeto causasse mais atritos com os servidores do
judiciário. A categoria, que teve o aumento de até 78% vetado pela
presidente, é contra a proposta que eleva de 70 para 75 anos a
aposentadoria compulsória para todo o serviço público. No entanto, como o
projeto pode gerar uma economia aos cofres da União de R$ 800 milhões a
R$ 1,4 bilhão ao ano pelos próximos 55 anos, integrantes do governo
disseram que a presidente não descarta a possibilidade de rediscutir a
proposta nos estudos que estão sendo realizados para a reforma da
Previdência. O senador Serra disse que vai se empenhar pessoalmente para
derrubar mais o veto. — Achei lamentável o veto. O argumento é frágil. Dá uma ideia de que é
um pretexto político, porque sou o autor, ou para afirmação do governo,
para dizer que ele é que tem que fazer alguma coisa. A proposta teve
uma boa acolhida no Supremo e no Congresso. Se o governo tinha algo a
dizer, podia tê-lo feito durante os 170 dias em que o projeto tramitou
no Congresso — disse Serra ao GLOBO.
O tucano lembrou ainda que, no Senado, o relator da proposta foi o
senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que é do partido do governo. No dia da
votação, os líderes dos partidos aliados e governistas encaminharam a
favor da proposta. Nos bastidores, assessores jurídicos entendem que o governo não quis
estender a permanência de desembargadores, por exemplo. Segundo
interlocutores do governo, o Ministério do Planejamento fez algumas
ponderações contrárias. A justificativa de Dilma se baseou, no entanto,
no artigo 61 da Constituição que estabelece que são de iniciativa do
presidente as leis que disponham sobre “servidores públicos da União e
Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria”.
Serra lembrou que o governo teria uma economia de R$ 1 bilhão com o adiamento das aposentadorias. — Sempre disse que era um projeto ganha-ganha. Ganha o serviço
público, os servidores que podem trabalhar mais cinco anos e o governo,
que vai economizar R$ 1 bilhão dentro de um tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário