Tchau, Dilma! Déficit pode chegar a 1,53% do PIB. É crime! Bolsa Família
pode perder R$ 10 bilhões
Relator
do Orçamento do ano que vem quer cortar 35% do principal programa social. E
agora?
Tirou-se o manto diáfano da fantasia do governo Dilma, mas a governanta parece ainda não se ter dado conta da nudez crua
da verdade,
para lembrar
Eça de Queirós. E, por isso, tende a insistir em permanecer no Palácio do
Planalto, embora os fatos insistam em conspirar contra ela, lembrando-lhe não
mais do que a sua biografia de governo.
Como era esperado e como sabia qualquer pessoa que analisasse os
números, e já se tratou disso aqui tantas vezes, o governo não vai fazer neste ano aquele 0,15% de superávit primário.
Nesta quinta, deve assumir um déficit que
chegará, no mínimo, a 0,85% do PIB. Mais um. E ainda será um número falso. No ano passado, as contas já ficaram no
vermelho. Por isso Dilma pedalou. E
por isso tem de perder o mandato — por isso também, note-se.
O rombo neste ano deve
chegar a R$ 50 bilhões — no ano passado, foi de R$
32,5 bilhões. Embora ela o tenha negado de pés juntos. Atenção! Para tentar se
livrar de uma reprovação das contas no Congresso, o governo prometeu compensar os bancos públicos pelo bicicletismo. Aí o rombo pode chegar perto de R$ 90 bilhões. Sim, só de assalto aos bancos públicos, aquele que o governo negava, há um passivo de uns R$ 40 bilhões relativo a 2014. Aí o
déficit primário chegará a espantoso 1,53% do PIB.
Segundo, no entanto, a Fundação
Perseu Abramo, do PT, o próprio partido e os economistas de esquerda, não há crise nenhuma no Brasil. Tudo seria uma invenção de neoliberais. No
congresso da CUT da semana passada, onde Dilma ouviu, impassível, “Fora, Levy”, Lula recomendou incentivar o crédito e aumentar os gastos públicos.
Alguma surpresa? Não! Foi
preciso desacelerar a economia e praticar recessão, não por boniteza, como
diria Guimarães Rosa, que Dilma gosta de citar, mas por necessidade. A arrecadação despencou, e o dinheiro
faltou. Simples assim. Dramático assim.
É por isso que as agências de classificação de risco deram um downgrade no país. Assumir a piaba, no
entanto, não quer dizer resolver o problema. Para lembrar: o Brasil já está no
primeiro degrau do patamar especulativo na
Standard & Poor’s e a apenas um de atingir a
mesma condição da Fitch na Moody’s. A expectativa é que, assumindo o tamanho do problema, o país evite
novo rebaixamento em razão da sua sinceridade. Não me parece que possa dar certo. Um sincero quebrado continua…
quebrado.
Orçamento de 2016
O país insiste num superávit de 0,7% no ano que vem — lembre-se de que,
também nesse caso, a ideia era admitir o déficit. Como consequência, veio o
rebaixamento da S&P. Para tanto, o relator da
peça orçamentária, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vai propor um corte de, atenção!, 35% nos gastos do Bolsa Família. Estão previstos, no ano que vem, R$ 28,8 bilhões para a área
— que ficaria com pouco menos de R$ 19 bilhões.
O deputado fez um raciocínio que costuma levar ruminantes de
esquerda e do PT a uma concussão cerebral: “No
Bolsa Família há uma grande rotatividade. As famílias que estão no programa
serão mantidas e as que saem não serão substituídas, é simples o raciocínio.
Precisamos ser racionais, e não agir com emoção. Não vou votar um Orçamento
deficitário”.
O que dirá Dilma? O que dirão os petistas? Não
custa lembrar que a governanta venceu a eleição por uma estreita margem, e uma das campanhas
terroristas do petismo insistia que Aécio Neves, do PSDB, se vencesse a disputa, iria pôr fim ao Bolsa Família. Digamos que esse se
tornou o território sagrado do PT.
Atenção! O governo
estuprou a Lei de Responsabilidade Fiscal no ano passado. Fez o mesmo neste ano. Tende a repetir a dose no ano que vem. Isso, por si só, se querem
saber, caracteriza crime de responsabilidade.
Qual é o espírito da
LRF, a cada item? Não se cria despesa sem
receita que a cubra. Se vale para cada parte, tem de valer para o todo. Dilma sustentou
o último ano de seu governo e o primeiro do novo na base dos crimes fiscais.
Sem contar o resto da bandalheira.
Esta senhora está
contribuindo para afundar a economia do país. Mais uma vez, volta-se ao ponto: tire-se Eduardo Cunha do
meio do caminho, que os tontos juram ser o problema, e resta o quê? Dilma poderia encurtar a
agonia de todos nós e pedir para sair. A crise econômica já está aí. A política está
dada. A de governança é evidente. Essa
costuma ser a receita de uma crise social, que é sempre mais feia.
Atenda ao chamado do bom senso, Dilma, e peça para sair. Enquanto é
tempo.
Fonte:
Blog do
Reinaldo Azevedo
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