São cerca de 30
anos em que Lula age contra os interesses nacionais, prejudicando o
país, perpetuando nossas misérias e corroendo nossas instituições
republicanas
“Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa.” (Schopenhauer)
Menino
de família pobre chega do Nordeste e acaba se tornando operário no ABC
paulista, até virar líder de um partido de esquerda temido pelas
“elites”. Insiste em virar presidente e, após três tentativas
fracassadas, consegue, para finalmente realizar o sonho da “justiça
social”. É uma narrativa sedutora demais, não só para “intelectuais”
inspirados em Rousseau que precisam de mascotes para aplacar suas
angústias existenciais; mas para muita gente.
Agora a máscara de Lula caiu para a maioria. Mas muitos repetem que
ele foi corrompido pelo poder, que sua “pureza” se perdeu. Novamente,
trata-se de uma narrativa sedutora, para que os românticos possam
preservar as ilusões. Lula não mudou tanto no poder; este apenas revelou
sua essência. A própria sede insaciável pelo poder demonstrava o que
estava por trás, e não era o desejo de ajudar os pobres.
Alguns podem achar que isso é chutar cachorro morto, mas discordo.
Primeiro, pois já faço tais críticas há mais de década; segundo porque
Lula ainda não está morto politicamente. Continua vivo, ameaçando voltar
em 2018, causando estragos ao país, o que parece ser sua grande
vocação.
Senão, vejamos: já no começo da vida de metalúrgico, Lula percebeu
que trabalhar dava... trabalho. Preferiu o caminho das bravatas,
incitando greves, tentando paralisar o país como se a pressão sindical
fosse mesmo benéfica aos trabalhadores. Mas todas as “conquistas
trabalhistas” verdadeiras são fruto do avanço capitalista, não de máfias
sindicais inspiradas na luta de classes marxista. Basta comparar a
qualidade de vida dos trabalhadores de países mais liberais com a dos
brasileiros, que vivem numa verdadeira república sindical.
Depois, com o PT, Lula descobriu novamente o caminho do “quanto pior,
melhor”. Quanto mais seu partido atrapalhava o país, melhor era para
seu projeto pessoal de poder. O PT lutou contra todas as reformas
importantes das últimas décadas. Plano Real, que derrotou a inflação
(agora de volta); Lei de Responsabilidade Fiscal, que tentou trazer o
bom senso de qualquer dona de casa para a gestão pública; privatizações,
que tornaram os serviços melhores e bem mais acessíveis (linha
telefônica era declarada como patrimônio no Imposto de Renda); etc.
Quando finalmente chegou ao poder, Lula teve um lapso de bom senso e
preservou as conquistas que seu partido tinha dificultado ou quase
impedido. Mas foi por pouco tempo. Logo seu lado populista falou mais
alto, e um oportunismo pérfido fez com que todos os pilares fossem
derrubados em prol de seu projeto de poder. Tivemos o mensalão, depois o
petrolão, e seu governo “fez o diabo” para que sua criatura fosse
eleita e reeleita. Todos sabiam quem realmente mandava.
Sim, é verdade que a economia cresceu bem por um período, mas, como
os economistas sérios cansaram de avisar, isso se deu a despeito de
Lula, não por causa dele. Não houve “avanços sociais” como boa parte da
imprensa ainda insiste. O que aconteceu foi o fenômeno China, puxando o
preço das commodities e enchendo os cofres do governo. Lula pegou esse
bilhete de loteria e usou para a compra de votos, para fomentar uma
bolha artificial, para endividar o Estado e as famílias brasileiras.
Em resumo, são cerca de 30 anos em que Luiz Inácio Lula da Silva age
contra os interesses nacionais, prejudicando o Brasil, perpetuando
nossas misérias e corroendo nossas instituições republicanas. E não
pense que é exagero: o poder de um indivíduo, para o bem ou para o mal,
não pode ser desprezado. Thatcher e Reagan fizeram muito para salvar
seus respectivos países, enquanto Fidel Castro, camarada de Lula,
destruiu e escravizou uma nação inteira por mais de meio século!
Nada disso seria possível, vale notar, sem a ajuda dos
“intelectuais”, que sempre alimentaram o monstro. E isso inclui Fernando
Henrique Cardoso. O sociólogo deixou seu lado marxista falar mais alto e
ficou animado com a chegada do “homem do povo” ao poder. Mesmo depois
de ser massacrado pela campanha de difamação petista, continuou com
postura pusilânime, sem reagir à altura. A falta de uma oposição
verdadeira deixou o caminho livre para as mentiras e o cinismo de Lula e
seu PT.
Agora o ex-presidente pode acabar preso. Está todo enrolado com a
Justiça. Seria um momento histórico para o país: do messianismo
populista ao cárcere. Tenho certeza de que o Brasil iria parar, e as
ruas seriam tomadas por gente esperançosa. Lula não virou; ele sempre
foi o inimigo do Brasil.
Fonte: RODRIGO CONSTANTINO - O GLOBO
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