Por si só, tais atos já serviriam para o imediato impedimento da
presidente em qualquer lugar do mundo civilizado. Os diálogos das
gravações – especialmente entre o líder petista e a mandatária - são
estarrecedores, repletos de achincalhe, ironias e agressões aos poderes
constituídos. A grosseria extrema e os insultos em tom de deboche
presentes nas conversas dessas autoridades traduzem de maneira
cristalina e inequívoca a podridão por trás do poder na era petista e o
tamanho da crise moral que se abateu sobre o País.
O ex-presidente Lula – embolado numa posse seguida de destituição
em tempo recorde da Casa Civil, na última semana - chega a tachar de
“acovardado” o próprio Supremo Tribunal Federal. Diz o mesmo do Superior
Tribunal de Justiça. Qualifica de “fodidos” os presidentes da Câmara e
do Senado Federal e não poupa nem o Procurador Geral da República,
Rodrigo Janot, a quem reclama uma dívida de gratidão e diz que ele teria
“tomado no c.” se não o ajudasse. Fala esse festival de barbaridades
diretamente à presidente da República.
E avança ainda mais! Junto com ela trama um desavergonhado ardil
para não ser preso. Dilma corre a lhe dar um papel de “termo de posse”
como ministro para ele “usar em caso de necessidade”. A presidente age
com pressa, quebrando o rito protocolar no qual esse documento é
entregue e assinado por ambas às partes no dia da cerimônia. Após a
divulgação do estratagema para safar o padrinho da cadeia, a própria
presidente busca dar explicações que não se sustentam diante dos fatos.
Além de adiantar a papelada a Lula, Dilma fez rodar uma edição
extraordinária do Diário Oficial, formalizando a nomeação, e antecipou a
posse. Lula havia escutado de um interlocutor que ele estava “condenado
efetivamente” e que a alternativa era um ministério. No conjunto de
diálogos grampeados, tanto quanto nas articulações e pressão para
influir em vários escalões da justiça, o vício de fuga de foro foi
amplamente caracterizado. E se o episódio não se trata de afronta
criminosa, passível de condenação dos envolvidos, é grande o risco de a
maioria dos brasileiros deixar de acreditar no primado das leis.
Ainda nos idos dos anos 80, o próprio Lula chegou a definir: “No
Brasil, quando um pobre rouba, vai prá cadeia; quando um rico rouba,
vira ministro”. Ele parece tentar cumprir a própria profecia. Típico de
mentes desprovidas de qualquer senso de respeito aos demais é a ideia de
que podem enganar a todos o tempo todo. Erro crasso! A atuação do
governo e de aliados no caso assemelha-se à ação de gangsters. Tal qual
uma quadrilha de mafiosos chegaram a tentar comprar o silêncio do
delator Delcídio Amaral através do ministro Mercadante, tido como de
maior confiança da chefe da Nação.
A ética evaporou naquele ambiente! Transformaram o governo em um
comitê de operações partidárias nada republicanas e procuraram ferir de
morte o estado democrático de direito. Eles, sim, estão engolfando a lei
com essas manobras que horrorizam a sociedade. O ministro Jaques
Wagner, em um dos diálogos com o presidente do PT, Rui Falcão, chega ao
limite do impensável de mandar a militância “sair na porrada!”, numa
atitude de pura bandidagem. [e o primeiro alvo da 'porrada' seria a Polícia Federal, ja que a ordem do asno que dirige o PT era para a ação ser iniciada se a PF fosse prender o ex-quase ministro Lula.] Decerto a esplanada ministerial não pode se
converter num covil de salafrários.
Muito menos a Presidência da República deve se prestar ao papel de
agenciadora de atos que deponham a favor da improbidade administrativa. E
nesse tocante, no que se refere a atual mandatária, transbordam
evidências de que ela incorreu diversas vezes na prática. Não se
restringe mais apenas a um caso de caixa dois e maquiagem de
contribuições em sua campanha eleitoral - por si só gravíssimo, passível
de cassação no TSE – o problema que enfrenta e que tem sido
reiteradamente demonstrado nos depoimentos e provas documentais já em
mãos da polícia.
Há de tudo! De interferências em investigações às pedaladas
fiscais, culminando com o amparo imoral a acusados de lavagem de
dinheiro e outros crimes, visando blindá-lo. Assim Dilma se colocou no
centro do maior escândalo de corrupção da história nacional. E agora
perde definitivamente as condições de governar. O amontoado de
irregularidades, em atos e palavras, leva ao limite do insuportável a
aceitação de sua continuidade no poder. Para agravar o quadro, somam-se
ainda a sua incapacidade gerencial e a perda de sustentação política.
Imprudente – para dizer o mínimo! –, Dilma forneceu caudalosos
fundamentos para o impeachment. O povo não a quer mais. Está claro! A
dimensão oceânica das manifestações, que não param, deveria levá-la a um
gesto de grandeza: renunciar ao cargo pela perda de representatividade.
Retirando-se imediatamente, com uma abdicação minimamente honrosa,
daria sua contribuição patriótica, deixando o Brasil seguir seu rumo de
reconstrução. Ela, como todos ali, já deveriam ter entendido que chegou o
fim! Basta! Do contrário, o resultado pessoal dessa chicana deixará
marcas negativas para o resto da vida tanto dela, Dilma, como de seus
apaniguados.
Há de se registrar nesse espetáculo grotesco, a cena que selou a
revolta nacional: a da presidente dando posse a Lula, cercada apenas
pela claque oficial, com militantes sindicais selecionados para aplaudir
à porta do Planalto, enquanto a população era barrada por policiais,
numa distância estratégica. Ali esteve estampado o retrato da
decadência. Dilma e seus poucos interlocutores estão agora sitiados no
Planalto. Não podem sair às ruas sob pena de ouvirem os apupos. Hoje ela
é um arremedo de mandatária que nada manda. Figura decorativa odiada
pela sociedade. Restam-lhe os militantes fiéis à seita petista,
turbinados por recursos partidários e aparato digno de gangues, que
continuam a tumultuar o ambiente. Mas o processo é irreversível.
Dilma precisa ser apeada do poder freando essa marcha de insensatez
que, junto com Lula e o PT, vem trilhando em nome de uma insaciável
sanha de controle da máquina e do dinheiro público, cujo desfecho pode
ser a destruição completa do Estado. Há um clamor generalizado de
socorro emitido pela sociedade e os poderes constituídos, especialmente
Judiciário e Legislativo, devem atender de pronto. Parem, na letra da
lei, o descalabro praticado no Executivo! Os rumos da Nação estão em
xeque e é preciso urgentemente providências que não são outras que não o
impeachment ou deposição da mandatária.
Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial - Isto É
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