Lula - agosto é um mês adequado a que covardes encontrem soluções para situações desagradáveis. Aproveite! Abalado, Lula diz que 'nem nos piores momentos' imaginou a atual situação
A aliados, ex-presidente se mostrou preocupado com discurso de Dilma e pediu tom político na fala
Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta sexta-feira para
se encontrar com a presidente afastada, Dilma Rousseff. Na volta da
visita, já prestes a embarcar de volta a São Paulo, o ex-presidente fez
um desabafo a aliados: – Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje.
Lula debateu com Dilma a presença dela na sessão do julgamento do
impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira, e fez uma
avaliação negativa do que já ocorreu até agora. Segundo relatos, ele não
tem expectativa de virada no impeachment e disse que, se algum voto
mudar, será uma surpresa. – Não adianta vir aqui achar vai virar um ou outro voto. Mas, se
fosse qualquer outra pessoa no lugar dela, tenho certeza que reverteria –
disse um petista que esteve com Lula.
O ex-presidente está preocupado com o discurso que Dilma fará na
segunda-feira. Ele quer um tom politizado, sem focar em argumentos
técnicos. Algo para “entrar para a história”, em que fique registrada a
denúncia do “golpe”. Mas teme que sua sucessora não o escute, a exemplo
do que fez diversas outras vezes, e perca a oportunidade de ajudar a
construir uma versão futura para o PT. – Ela não deve ficar entrando em detalhes de pedaladas, tentando
convencer alguém com argumentos técnicos. Tem que olhar para frente,
denunciar a agenda que eles querem implementar, privatizar a Petrobras,
entregar tudo para o capital privado, e por isto deram o golpe – relatou
um dos senadores que esteve com Lula.
Os aliados que estiveram com o ex-presidente nesta sexta afirmaram
que ele estava muito abalado, como se tivessem finalmente “caído as
últimas fichas”. E também muito preocupado com o futuro do PT. Para
Lula, é importante ganhar a versão dos fatos, mesmo perdendo o processo,
e dando um indicativo do que será a luta para o futuro para o partido.
Havia dúvida sobre a presença de Lula no plenário do Senado durante a
fala de Dilma, mas ele decidiu que estará no momento para prestar
solidariedade: – Eu vou, é uma questão de solidariedade – disse aos aliados, emocionado.
No próprio aeroporto da capital, o ex-presidente se encontrou com um
grupo de senadores do PT para fazer uma análise do cenário. Jaques
Wagner, ex-ministro de Dilma, acompanhou Lula na visita. Wagner e a
mulher dele, Maria de Fátima Carneiro, estão entre os convidados da
defesa que estarão presentes à sessão de segunda-feira, quando Dilma irá
depor no Senado.
Na reunião com Lula, estavam presentes os senadores petistas Paulo
Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). A
expectativa é que nem mesmo a presença de Dilma sirva para mudar votos: — Acho que não mudará muita coisa depois da fala dela. A esta altura,
todo mundo já definiu seu voto. Claro que vamos continuar trabalhando,
mas acho difícil virar o jogo — admitiu Paulo Rocha.
Lula retornou ainda nesta sexta a São Paulo. O ex-presidente somente
voltará a Brasília no domingo, para participar da sessão do julgamento
em que Dilma estará presente no Senado.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário