A
pecha da corrupção, pela Lava Jato, e a crise econômica fazem o partido
encolher nas prefeituras. Assim, será mais difícil eleger deputados em 2018
De
acordo apenas com os resultados nas capitais dos estados,
já disponíveis, o
calvário previsto para o PT está confirmado. Além da derrota do
prefeito Fernando
Haddad em São Paulo, que não conseguiu nem chegar ao segundo
turno, o partido emplacou apenas um prefeito em primeiro turno – Marcus
Alexandre, em Rio Branco, no Acre, reeleito. No Recife, João Paulo disputará o
segundo turno. E só. Em 2012, o PT elegeu quatro prefeitos de capitais, sendo
que uma delas era a maior do país. Hoje, tem apenas uma das menores. Os últimos quatro anos não foram gentis com
o PT. O resultado disso está saindo das urnas.
Em 2012,
o Brasil sorria para o PT. A economia parecia estar em ordem – não havia ainda os efeitos da política econômica de
expansão de gastos públicos e pedaladas fiscais, já em vigor em Brasília
sob a Presidência de Dilma Rousseff. Não havia
também o ronco das ruas. Não havia a Operação Lava
Jato. Em pouco tempo, tudo mudou. Em 2013, as ruas foram tomadas por
manifestantes que protestavam contra um reajuste em tarifas de transporte em
São Paulo. Tornaram-se local de protestos contra o governo Dilma, a favor do
impeachment e hoje contra o governo Temer. A maior recessão da história brasileira bateu na porta em
2013 e colou no PT a imagem da crise econômica.
O pior, que cobra a fatura hoje,
é a Operação Lava Jato. O esquema de corrupção que sugou a Petrobras sangrou os partidos da
aliança que elegeu Dilma Rousseff, mas o
efeito sobre o PT foi o mais danoso. Dois dos três últimos tesoureiros do
partido foram presos, e também dirigentes importantes como o ex-ministro José
Dirceu. Lula se tornou réu por lavagem de dinheiro e
corrupção há duas semanas. Assim, candidatos do PT, que em 2012 usavam
santinhos com as fotos de Lula e Dilma, neste ano fugiram de ambos e até
esconderam as cores e o nome PT de seus santinhos. Tiveram de fazer campanha
com a pecha de pertencerem a um partido acusado de corrupção. Não puderam aproveitar a popularidade de
Lula.
Em
2012, o PT elegeu 635 prefeitos, 11% a mais do que elegera quatro anos antes. Ninguém espera uma evolução neste
ano: o tamanho da redução é que intriga.
Um número menor de prefeitos significa, entre outras coisas, dificuldade maior
para candidatos a deputado federal fazerem campanha em 2018. Será, portanto,
mais difícil eleger deputados. Essa é a
maior preocupação do PT hoje. Encolher nas cidades
é ruim, mas encolher na Câmara é péssimo. Significa perder benesses como ser
dono do maior fundo partidário, o dinheiro público dado às legendas. O
PT sente neste momento o primeiro efeito prático da Lava Jato e da crise
econômica, penduradas nas pontas de sua estrela. Carregará ambos por algum
tempo. Será um deserto difícil de atravessar.
Fonte: Revista Época
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