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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Destempero de Rodrigo Maia.



Repatriação, foto, filme e o destempero de Rodrigo Maia. Devagar com andor, deputado!

Presidente da Câmara está confundindo autoridade com “falar grosso”. Isso não resolve nada; só faz barulho

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) está confundindo alhos com bugalhos. Ele é o presidente da Câmara. Ocupa hoje o segundo cargo na hierarquia institucional. Isso lhe impõe especial responsabilidade. Gente que está nessa função e, sim, eu vou lhe passar um ensinamento que vem da história, não da experiência pessoal (eu nunca fui presidente da Câmara, mas ele também não) precisa ter moderação. Sr. Maia, atenção! Sabe quem fala grosso? Quem não tem certeza sobre o próprio poder e a própria competência. As pessoas seguras e realmente poderosas são serenas. Mais: Maia tem de entender, também para temperar seu discurso, que é personagem incidental de um roteiro que nem foi escrito por ele. Foi escrito pelas ruas. Então devagar com andor!

Por que isso? Rodrigo Maia disse que o governo federal está tratando os deputados como “palhaços” ele usou essa expressão — na questão da Lei de Repatriação. E fez um ameaça, como se fosse o dono da pauta e, quem sabe?, do Brasil: “Então não vota nada. Agora, depois não vá querer aumentar imposto. Quero dizer o seguinte: se essa arrecadação vier abaixo do que está se esperando, o governo não vai fechar a conta e vai ficar com a conta aberta. Estou dizendo explicitamente. O grande conflito era foto ou filme. Agora o governo quer de novo filme, então não trate a gente como palhaço”.

Falta tudo à sua fala, a começar da temperança. Vamos explicar as metáforas. “Foto” remete a uma imagem congelada, certo? Filme tem movimento. Há quem entenda que a multa que o repatriador tem de pagar deva incidir sobre o valor que ele tinha no dia 31 de dezembro de 2014. É o que querem os deputados. O governo defende, e eu também, a modalidade “filme”: tributar o valor movimentado. Mais: a lei estabelece que aquele que prestar informações incorretas está excluído do programa. Os deputados também são contra.

Eu traduzo “foto” ou “filme” de outro modo: a “foto”, como querem os deputados, é muito mais boazinha com sonegadores; o “filme” é bem mais severo. O governo havia acenado com a possibilidade de apoiar a “foto”, mas, agora, quer que seja “filme”, segundo recomendação da Receita Federal.

Ora, isso não é fazer ninguém de “palhaço”, senhor Rodrigo Maia. A política supõe negociação, idas e vindas. Não é com palavras que geram muito calor e nenhuma luz que Maia vai demonstrar a altivez da Câmara. Até porque, levado ao pé da letra, o presidente da Casa está dizendo que ou se vota tudo como ele quer, ou, então, não se vota nada. E ele próprio avança: “Depois que não se queira aumentar impostos”. Acho que Rodrigo Maia está confundindo as cadeiras. Ele não ocupa a primeira do Palácio do Planalto, mas a primeira da Câmara dos Deputados.

Não é a primeira vez que atravessa o samba. Já gerou uma confusão e tanto na base quando anunciou como dado da natureza que Michel Temer seria candidato à reeleição. E ele o fez por conta própria, sem consultar ninguém, falando com os próprios botões. A frase foi tomada por um recado do próprio presidente, o que, obviamente, não era.  O governo informa já ter arrecadado mais de R$ 8 bilhões com o programa e espera chegar a R$ 50 bilhões.

Nesta quarta, depois de muita atrapalhação, foi votado o requerimento de urgência. Maia, mais uma vez, estrilou: “Se eu encerrar a sessão [por falta de quórum], esse assunto não volta mais à pauta neste ano”. Há um excesso de “eus” nas falas do presidente da Câmara. Ele vem de uma escola de marketing ruim: a de seu pai, Cesar Maia, que consagrou a palavra “factoide”. O ex-prefeito do Rio sempre foi melhor do que as notícias que gerou. É bom Rodrigo ir com calma. Ninguém precisa de incendiário na Presidência da Câmara.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

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