Na última semana, uma frase infeliz dita por mim sobre os jovens que
querem ingressar na carreira de professor causou polêmica nas redes
sociais. Há dois anos, entrevistado sobre a desvalorização do magistério
no Brasil, disse que os ingressantes nas licenciaturas são aqueles que
não tiveram um grande desempenho no Ensino Médio e veem esse caminho
como a forma mais fácil de ingressar no Ensino Superior. Fiz a afirmação
tomando como referência as notas mínimas de entrada em cursos de alta
valorização no mundo do trabalho, como Medicina e Direito, em comparação
àquelas registradas nos cursos das licenciaturas.
Reconheço, porém, que
jamais poderia ter feito essa generalização. Foi um erro que reconheci
logo que a matéria foi ao ar. Na ocasião, busquei me desculpar com os
jovens que efetivamente desejam seguir a bela carreira do magistério,
apesar de ser muito desvalorizada em nosso país. Tenho dedicado anos de minha vida para reverter esse quadro de
desvalorização. Tenho feito isso não só escrevendo artigos de opinião em
defesa do professor e de sua carreira, mas participando de debates
nacionais sobre o tema e propondo projetos e programas aos órgãos de
governo para melhorar a formação e valorização do professor no Brasil,
como é o caso do programa “Quero ser Professor”, sugerido ao Ministério
da Educação.
Entretanto, acredito que a melhor forma de expressar meu respeito e
carinho aos futuros professores do Brasil foi a dedicação que sempre
tive aos meus alunos de licenciatura da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Até hoje, guardo comigo não só os resultados das
avaliações positivas de minhas aulas que recebi dos alunos, como também o
cuidado e atenção com que sempre os tratei.
Ser professor para mim foi uma dádiva, que me levou a recusar, após
concluir meu curso de Engenharia Química na UFPE, um convite para
trabalhar na Petrobras. Naquela oportunidade, passei no processo
seletivo da empresa, o que levou meu pai a sentir um grande orgulho.
Mas, para sua surpresa, disse-lhe que não aceitaria. Ele, perplexo,
perguntou-me o porquê da decisão e eu simplesmente respondi: porque
quero ser professor!
Essa, sim, foi a frase que marcou a minha vida e que vem me
inspirando na luta em prol do professor no Brasil. Por isso, fiquei
triste em ter atingido com a minha declaração exatamente aqueles jovens
que querem seguir o magistério. Peço desculpas. Por outro lado, fiquei
também feliz por eles terem reagido ao meu erro, o que demonstra que
eles têm força e vontade de mudar efetivamente esse quadro. Por isso,
agradeço a crítica que recebi por minha declaração equivocada, já que me
fez relembrar da frase mais marcante de minha vida: quero ser
professor!
Fonte: Mozart Neves, Diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna.
SAÚDE, EDUCAÇÃO e SEGURANÇA tripé que, exatamente nesta Ordem sustenta o progresso de qualquer Nação e que no Brasil, o Governo Federal e o do Distrito Federal querem destruir a qualquer custo.
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