O verdadeiro preconceito do Ocidente: rejeição aos cristãos perseguidos
Finalmente depois de anos de apatia e imobilismo, Washington está estendendo a mão amiga, deveras necessária, aos cristãos do Oriente Médio.
O presidente
dos EUA, Donald Trump anunciou recentemente que será dada prioridade aos cristãos perseguidos quando se tratar de aplicar o status de refugiado nos Estados Unidos. Cristãos
e yazidis estão sendo expostos ao genocídio nas mãos do ISIS e de
outros grupos islâmicos, que estão empenhados em uma campanha de grandes
proporções para escravizar as minorias não muçulmanas remanescentes e
destruir o seu patrimônio cultural.
Representantes da ONG Open Doors, juntamente com outras ONGs concederam uma entrevista coletiva à imprensa para apresentar um relatório intitulado "Ataques Motivados pela Religião Contra Refugiados Cristãos na Alemanha" em 2016.
Em 2006 o estudioso Hannibal Travis salientou: "Lamentavelmente
o Ocidente rejeitou a ideia de solidariedade para com os cristãos do
Oriente Médio priorizando a diplomacia baseada em interesses
petrolíferos e no conflito árabe-israelense. Assim sendo, os Estados
Unidos, Grã-Bretanha e França têm ignorado as perseguições aos cristãos
do Iraque, Líbano, Egito e Sudão, ao mesmo tempo em que correm para
salvar os países muçulmanos ricos em petróleo como a Arábia Saudita e o
Kuwait, bem como as minorias sitiadas como curdos, bósnios e kosovares.
Até o dia de hoje sabe-se que as tropas americanas acantonadas no Iraque
nem sempre intervêm para impedir a perseguição aos cristãos, talvez por
não quererem ser vistos como "tomando o partido dos cristãos" e com
isso provocar retaliações".
Por esta razão os assim chamados liberais no Ocidente -- e até mesmo cristãos -- começaram a se opor à medida. Cristãos
autóctones no Iraque e na Síria não só estão sendo expostos ao
genocídio nas mãos do Estado Islâmico (ISIS) e de outros grupos
islamistas, como também tiveram seus pedidos de imigração para os países
ocidentais postos em segundo plano pela ONU, vergonhosamente, sem
causar nenhuma surpresa.
Um
grupo de armênios do Iraque, por exemplo, fugiu de suas casas depois
que o ISIS apareceu. Optaram por ir para Yozgat, Turquia. Em 21 de
dezembro de 2015 o jornal Agos publicou a seguinte matéria sobre eles: "Eles
vivem em condições subumanas. A ONU não pode agendar nenhuma entrevista
para pedido de imigração antes de 2022. Eles não sabem como irão
sobreviver nestas condições por mais sete anos. A única coisa que eles
querem é se reunir com seus parentes".
Yozgat,
uma das cidades da Anatólia onde os armênios foram submetidos aos
assassinatos mais abomináveis e exílio nas mãos dos muçulmanos durante o
genocídio de 1915, é o lugar onde armênios se encontram novamente,
desta vez lutando pela sobrevivência em meio ao desemprego, miséria,
perseguição, intolerância e doença.
Sant Garabedyan, 23, disse que aos cristãos não são oferecidos empregos. "Estive
em Yozgat por dois meses. Somos em oito morando na mesma casa...
Ninguém me contrata porque sou cristão. Minha esposa é caldeia e não usa
crucifixo porque tem medo."
Alis Şalcıyan disse que eles deixaram o Iraque por temerem o ISIS. "Estamos
aqui há um ano. Ainda em Bagdá ficamos apavorados quando o ISIS invadiu
o Iraque... Uma pessoa na rua viu o meu crucifixo e cuspiu no chão
olhando nos meus olhos. Depois disso eu o tirei e o deixei em casa...
Nós demos entrada em um pedido de imigração na ONU, no entanto eles
marcaram a entrevista para 2022, apesar de terem feito outros
agendamentos para o ano que vem. Somos obrigados a ficar aqui esperando
por mais sete anos".
Gazar
Setrakyan ressaltou que eles deixaram Bagdá na noite em que o ISIS
invadiu a cidade: "quando os militantes do ISIS invadiram Bagdá,
pintaram 'casa de cristãos' na porta da nossa casa. Ficou impossível
continuar lá. Deixamos o nosso lar e três lojas, tivemos que fugir". Lusin
Sarkisyan disse que seu filho, que trabalhou para os americanos no
Iraque foi alvo do ISIS. "Um belo dia militantes ISIS ameaçaram meu
filho dizendo que matariam a sua família se ele continuasse a trabalhar
para os americanos. Tivemos que fugir".
Sarkisyan
acrescentou que os funcionários da ONU marcaram uma entrevista para
avaliar um pedido de imigração para 2018. "Não sei o que vamos fazer até
lá". Mesmo
quando os países europeus acolhem refugiados cristãos, eles não os
protegem dos ataques de muçulmanos que ocorrem nos alojamentos de
refugiados. De
acordo com os resultados de um levantamento, uma pesquisa do grupo de
defesa cristão Christian Open Doors USA, os refugiados de descendência
cristã e yazidi que fugiram da perseguição de lugares como a Síria e o
Iraque continuam enfrentando ataques por motivos religiosos na Alemanha.
Desde
fevereiro de 2016 cerca de 800 refugiados cristãos e yazidis foram
atacados por outras etnias nos acampamentos e centros de assistência, de
acordo com um boletim intitulado "Falta de proteção às minorias religiosas na Alemanha" realizado entre os dias 15 de fevereiro e 30 de setembro de 2016. "Ao
ser questionado sobre a natureza dos ataques, a agressão foi a palavra
mais comumente citada, seguida por ameaças de morte, dirigidas
diretamente aos próprios refugiados cristãos ou às suas famílias na
Alemanha ou em seus países de origem.
"Ataques
sexuais foram assinalados por 44 vítimas. Outras formas de perseguição
compreendem insultos, ameaças em geral e agressões físicas que não
haviam sido definidas como agressão. Dos entrevistados, 11% se sentiram
intimidados por música alta/orações". De
acordo com o testemunho de um refugiado do Iraque, ele recebeu ameaças
de morte depois que muçulmanos viram que ele estava lendo a Bíblia: "Eles
queriam que eu me convertesse novamente ao Islã. O diretor do
estabelecimento afirmou ser impotente e sem condições de me proteger.
Como eu temia ser morto, relatei a situação a um assistente social que
em seguida registrou a denúncia. As ameaças de morte se intensificaram. O
intérprete tentou banalizar as ameaças e ocultá-las da secretaria do
bem-estar social. O departamento então instruiu a gerência do
estabelecimento a dar mais de si a fim de garantir a minha segurança.
Ela não tinha condições para isso e por esta razão fui transferido para
outro alojamento".
"Alguns muçulmanos disseram", segundo revelou um refugiado do Irã: o Islã nos permite derramar seu sangue, seu espírito e suas vestes são impuras". Uma refugiada do Irã assinalou: "No
início todos eram bons conosco. Então perceberam que eu era cristã.
Eles pegaram a água suja que usavam para limpeza e, do piso superior,
jogaram-na em cima da gente... Não sei o que aconteceu depois disso. Até
hoje (17 dias após o ocorrido) minha denúncia ainda não foi
registrada".
Segundo
o relatório, os yazidis, minoria autóctone, religiosa perseguida no
Oriente Médio, também estão expostos a agressões e discriminação. "Dos
10 refugiados yazidis, três foram ameaçados de morte, dois sofreram
assédio sexual e cinco sofreram outras formas de perseguição. Seis
relataram que ocorrências dessa natureza aconteceram repetidas vezes. Em
três casos os criminosos eram refugiados como eles e nos outros três os
familiares dos funcionários da segurança perpetraram os crimes. Cinco
vítimas não registraram nenhuma denúncia por considerá-la inútil".
Integrantes
do staff nos alojamentos de refugiados também estão envolvidos na
discriminação. Quase um terço dos entrevistados disseram que o grosso da
discriminação e violência vêm principalmente dos guardas dos
alojamentos de descendência muçulmana. De acordo com o relatório: "Em
caso de conflito, um grande número de funcionários muçulmanos se
solidarizam com seus irmãos muçulmanos, obstruindo ou minimizando as
reclamações. Intérpretes influenciam o resultado dos procedimentos no
asilo de forma ilícita e, por vezes, até se envolvem ativamente na
discriminação dentro dos alojamentos".
Um
cristão do Irã assinalou: "eu tive um problema e o denunciei
reiteradamente aos canais competentes. Há uma pessoa que vive insultando
nossas mães e irmãs. Ele disse que somos 'neciz' (impuros)". "O
quadro do serviço de segurança é formado integralmente por árabes e
eles só ajudam seus patrícios", ressaltou um cristão da Eritreia.
"Sempre que alguém faz algo de errado no alojamento, eles dizem: 'Foram
os cristãos', ainda que não tenhamos feito nada".
Somente
em raras ocasiões o prejudicado se dispõe a prestar queixa(17% ou seja:
129 pessoas) na polícia de acordo com o relatório. "Se
incluirmos os relatórios e queixas apresentados à administração do
alojamento, apenas 28% (213) requisitaram a proteção das autoridades
alemãs. 54% dos inquiridos (399) deram razões específicas para não
registrar queixas: 48% estavam com medo, principalmente da recorrência
de ataques ou de que a situação iria piorar ainda mais (36%). Outros
motivos são a falta de oportunidades seguras para entrar em contato ou
se comunicar com a polícia ou com as autoridades competentes devido a
barreiras linguísticas e (14%) a impressão de que o relatório seria de
alguma maneira inútil".
Em
outros países europeus - entre eles Áustria, Suíça, França, Reino
Unido, Suécia, Holanda, Itália, Espanha e Grécia - os refugiados
cristãos e yazidis também estão expostos a ataques nas mãos de
refugiados de descendência muçulmana. O governo alemão também está rejeitando pedidos de asilo de refugiados cristãos, deportando-os injustamente, segundo um pastor alemão. De acordo com a CBN News
o Dr. Gottfried Martens, um pastor da Igreja Luterana Trindade em
Berlim, realçou que o governo alemão está rejeitando praticamente todos
os pedidos de asilo da maioria dos refugiados iranianos e afegãos de sua
igreja, que esperam há anos na Alemanha para que o governo dê atenção
aos seus casos.
O arcebispo de Aleppo, Jean-Clément Jeanbart, da Igreja Greco-Católica Melquita disse em uma entrevista: "O
egoísmo e os interesses submissamente defendidos pelos seus governos
irão no final também liquidá-los. Abram os olhos. Vocês não viram o que
aconteceu recentemente em Paris?"
Ao
que tudo indica, eles não abriram os olhos. Parece que eles ainda estão
em estado de negação. De acordo com dados do governo dos Estados
Unidos, dos quase 11.000 refugiados sírios aceitos pelos Estados Unidos
no ano fiscal de 2016, apenas 56 eram cristãos. [2016 nos Estados Unidos ainda vigorava o 'desastre Obama'.] Quando
alguém levanta a questão dos países ocidentais, tendo em vista os
migrantes muçulmanos da Síria e do Iraque sem a devida checagem no
tocante aos vínculos jihadistas, ao mesmo tempo em que se deixa para
trás as vítimas dos jihadistas, cristãs e yazidis, esse alguém é acusado
de ser "intolerante" e "racista". Mas o verdadeiro preconceito está no
abandono dos perseguidos e inofensivos cristãos e yazidis do Oriente
Médio, principais vítimas do incessante genocídio na Síria e no Iraque.
É
verdade que os muçulmanos xiitas e até mesmo certos muçulmanos sunitas -
em particular os não praticantes, moderados e seculares - também estão
ameaçados pelo Estado Islâmico. Mas o ISIS e demais organizações
islamistas não estão procurando destruir o Islã e acabar com os
muçulmanos. Muito pelo contrário, eles visam institucionalizar ainda
mais o Islã e até mesmo expandir a influência islâmica em outros países e
estabelecer um califado (império islâmico) com base nas escrituras
islâmicas.
Ajudar
as minorias religiosas no mundo muçulmano não é apenas uma questão
humanitária, mas também uma questão política de vital importância para o
Ocidente. Há quem acredite que os EUA ou o Ocidente não deveriam se
envolver na política do Oriente Médio. No
entanto, se o Ocidente continuar fazendo vista grossa à radicalização
islâmica no Oriente Médio e Norte da África, o que ele espera que irá
acontecer no próprio Ocidente?
Enquanto
os islamistas continuarem atingindo "vitórias" pelas nações e enquanto
os cristãos e demais não muçulmanos continuarem a ser exterminados, os
islamistas amealharão mais poder e coragem de se expandir para a Europa e
outras regiões do planeta.
A
ideologia islâmica radical nunca para no lugar onde toma o poder. É uma
ideologia genocida, imperialista e colonialista. Ela tem como meta
matar ou subjugar todos os não muçulmanos que estejam sob seu domínio. A
jihad islâmica começou no século VII na Península Arábica. Na
sequência, por meio de massacres e pressão social, incluindo o imposto jizya e a instituição da dhimmitude, ela se expandiu por três continentes - Ásia, África e Europa - perseguindo um número incontável de povos autóctones.
Parece
que uma das maneiras mais eficientes de parar esse paradigma é apoiar
os cristãos e demais não muçulmanos do Oriente Médio. O Ocidente não só
adquirirá um aliado importante no Oriente Médio como também enfraquecerá
a influência política, militar e econômica dos islamistas. Os
países ocidentais deveriam receber de pronto e de braços abertos os
cristãos e os yazidis - os principais alvos do genocídio - além disso
também deveriam considerar maneiras de conferir poderes a eles em suas
terras nativas, como por exemplo a criação de refúgios.
Já está mais do que na hora de não só os EUA, mas todos os outros
governos ocidentais finalmente enxergarem que os cristãos no Oriente
Médio são uma extensão deles próprios.
Fonte: Uzay Bulut, jornalista nascida e criada como muçulmana na Turquia, está atualmente radicada em Washington D.C.
Publicado no site do Gatestone Institute.
Tradução: Joseph Skilnik
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