Dupla de procuradores grava um vídeo com uma grave afronta ao Congresso; têm de ser alvos de uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público
Os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e Carlos Fernando passaram, desta feita, de todos os limites aceitáveis. Qualquer indivíduo pode, inclusive os parlamentares, apresentar uma representação contra a dupla no Conselho Nacional do Ministério Público. Sim, estão todos acovardados. Uma das máximas que se ouvem nos corredores de Brasília é que “os procuradores sempre se vingam”. Bem, talvez eu tivesse algo a dizer a respeito, não é mesmo?
Os dois já não disfarçam: falam
abertamente como militantes políticos e, nota-se, atacam o Congresso
como instituição. O que se tem aí é uma afronta clara a um dos Poderes
da República. Assistam ao vídeo. Sim, muitos dos senhores tenderão a
concordar com o conteúdo. Volto em seguida para lembrar algumas coisas.
Dallagnol e Carlos Fernando já não disfarçam: fazem política
Segundo Carlos Fernando, “a Câmara dos Deputados pretende aprovar uma falsa reforma política” E aí ele incita: “Não podemos permitir isso”.
Bem, se essa reforma é falsa — e vou esculhambar algumas propostas
daqui a pouco —, qual é a verdadeira? A desses bravos rapazes, que, como
esquecer, resolveram usurpar o papel do Legislativo e fazer até projeto
de lei — aquele com 10 medidas contra a corrupção, quatro delas
fascistoides?
O que Carlos Fernando diz sobre o fundo público para financiar eleições? Isto:
“Eles pretendem tirar R$ 3,6 bilhões do seu bolso para botar no saco sem fundo dos partidos políticos”.
A fala lembra uma dessas críticas
vigaristas e irresponsáveis de alguns falastrões que andam pelos meios
de comunicação. O MPF apoiou a proibição de empresas a campanhas. Quando
houve a Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo, Rodrigo Janot
sustentou o ponto de vista vesgo da OAB. A dupla dinâmica que fala no
vídeo já deu a entender mais de uma vez que não acredita em doação de
empresas, mas apenas em propina.
Ora, sem as pessoas jurídicas e sem o
fundo público, quem financiaria a disputa? Resposta: o crime organizado.
Mais: afirmar que o dinheiro vai para “saco sem fundo dos partidos” é
tão preciso e tão responsável como algumas denúncias que esses caras
costumam apresentar. E que só prosperam porque encontram pela frente
juízes lenientes e engajados.
Essa desmoralização da política está
conduzindo àquilo que está aos olhos de toda gente: um fortalecimento da
esquerda. A primeira etapa do processo já está feita: o partido e Lula
já renasceram das cinzas. Mas ainda que não houvesse essa consequência
política deletéria, é preciso que se entenda: isso que fazem é
absolutamente ilegal.
Pilantragem
Com sua fala perturbada, Carlos Fernando critica o “distritão” — de que eu também não gosto — sustentando tratar-se de um modo que têm os velhos caciques de se agarrar o poder. É uma pilantragem retórica. Fica parecendo que o sistema está hoje em curso. Ora, isso é mentira!
Com sua fala perturbada, Carlos Fernando critica o “distritão” — de que eu também não gosto — sustentando tratar-se de um modo que têm os velhos caciques de se agarrar o poder. É uma pilantragem retórica. Fica parecendo que o sistema está hoje em curso. Ora, isso é mentira!
Aliás, o distritão só está aí porque o
voto em lista foi demonizado pelo pelos idiotas, pelo MPF e por seus
lambe-botas da imprensa. O que eles queriam então? Que tudo ficasse como
está? Que se mantivesse o modelo em que um deputado com muitos votos
pode arrastar dois sem voto nenhum?
Fala de candidato
Aí é a vez de Dallagnol. Ele desanda a atacar a “velha política” e também comete uma batatada, não sei se fruto da ignorância ou da má-fé. Fala que “os políticos”, sempre tratados como escória, decidiram “ampliar o fundo partidário de R$ 700 milhões para mais de R$ 3,5 bilhões”. Está tudo errado.
Aí é a vez de Dallagnol. Ele desanda a atacar a “velha política” e também comete uma batatada, não sei se fruto da ignorância ou da má-fé. Fala que “os políticos”, sempre tratados como escória, decidiram “ampliar o fundo partidário de R$ 700 milhões para mais de R$ 3,5 bilhões”. Está tudo errado.
O Fundo Partidário não é de R$ 700
milhões, mas de R$ 819 milhões. Ele nada tem a ver com o fundo para
financiar as campanhas. São coisas distintas. Mesmo que esse segundo
fundo, que só existiria em ano de campanha, venha a ser extinto — e
espero que só valha para 2018 —, o outro permanece. Esses caras querem
ganhar a batalha política na base do berro, do terrorismo verbal, da
distorção e, de forma velada, da ameaça.
Aí diz que o dinheiro ficará nas mãos
dos caciques partidários para que distribuam aos mesmos políticos,
“muitos deles corruptos”. Bem, essa fala de Dallagnol é um verdadeiro
estrume para aqueles escaravelhos que dele se alimentam, não? Os idiotas
de direita e até alguns de esquerda salivam de satisfação.
Ataque ao Supremo
Aí o rapazola se sai com uma teoria realmente do balacobaco. E o alvo é o Supremo Tribunal Federal. Segundo o impoluto, o objetivo dos políticos é tornar as campanhas muito caras — Santo Deus!!! — para impedir a renovação, o que levaria à reeleição dos de sempre. Como alguns desses políticos são investigados na Lava Jato, o objetivo da turma seria se reeleger para manter o que ele chama, desavergonhadamente, de “foro privilegiado”: o STF! Dallagnol diz com todas as letras: “Para muitos deles, perder o mandato significa perder o foro privilegiado e, com isso, ter um grande risco de ir para a cadeia”.
Aí o rapazola se sai com uma teoria realmente do balacobaco. E o alvo é o Supremo Tribunal Federal. Segundo o impoluto, o objetivo dos políticos é tornar as campanhas muito caras — Santo Deus!!! — para impedir a renovação, o que levaria à reeleição dos de sempre. Como alguns desses políticos são investigados na Lava Jato, o objetivo da turma seria se reeleger para manter o que ele chama, desavergonhadamente, de “foro privilegiado”: o STF! Dallagnol diz com todas as letras: “Para muitos deles, perder o mandato significa perder o foro privilegiado e, com isso, ter um grande risco de ir para a cadeia”.
Entenderam? Então temos que:
– o STF, que, no mensalão, distribuiu penas de 40 anos, de 17 anos, de 12 anos, seria o tribunal da impunidade;
– sem foro especial, essas pessoas só iriam agora para a cadeia se tivessem a prisão preventiva decretada — condenadas ou não;
– mas por que se decretaria agora tal prisão?
– o STF, que, no mensalão, distribuiu penas de 40 anos, de 17 anos, de 12 anos, seria o tribunal da impunidade;
– sem foro especial, essas pessoas só iriam agora para a cadeia se tivessem a prisão preventiva decretada — condenadas ou não;
– mas por que se decretaria agora tal prisão?
Como se nota, a prisão é, sim, tratada,
como instrumento de terror e como argumento jurídico e, vejam que
espanto!, até político. Note-se: nestes novos tempos, bandidos que
confessam 245 crimes, com penas que poderiam chegar a três mil anos, nem
processados são.
“Podemos”
Carlos Fernando já negou que vá ser candidato. Não estou tão certo. Mas Dallagnol ainda não recusou uma vaga na disputa pelo Senado, que lhe foi oferecida pelo “Podemos”. Pesquisa já apontou que poderia se eleger com facilidade.
Carlos Fernando já negou que vá ser candidato. Não estou tão certo. Mas Dallagnol ainda não recusou uma vaga na disputa pelo Senado, que lhe foi oferecida pelo “Podemos”. Pesquisa já apontou que poderia se eleger com facilidade.
Essa fala é de tal sorte absurda — e
parece que há uma escalada de irresponsabilidade, que vai crescendo à
medida que diminuem os dias de Janot à frente da PGR — que chego a
pensar que Dallagnol está cavando uma punição. Aí poderia, então,
demitir-se do MPF e sair batendo no peito o seu heroísmo. O Super-Homem
da “Liga da Justiça” nem precisaria fazer campanha, não é?
E Dallagnol encerra: “Vamos (sic) dizer ‘não’ a esta falsa reforma política que nos (sic) prende ao passado?” Como é que é? Em nome de qual “nós” fala este senhor? Ainda que a reforma política só
concentrasse o lixo, o que é falso, eles não poderiam falar desse modo.
Não são mais procuradores, mas agitadores políticos vulgares.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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