Alemães protestam contra resultados obtidos por partido de extrema-direita
Grupos de judeus na Europa e nos Estados Unidos expressam grande preocupação com crescimento do Alternativa para a Alemanha (AfD)
Manifestantes se concentram em frente ao Volksbühne, um teatro em Berlim onde os líderes do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) comemoram os resultados obtidos nas eleições federais alemães. A polícia cercou o local e mantém o isolamento, enquanto os manifestantes gritam palavras de ordem como "Fora, nazistas".Paralelamente vários grupos judeus na Europa e nos Estados Unidos expressaram forte preocupação com os resultados do (AfD) e pediram aos outros partidos que não façam aliança com eles. O AfD obteve aproximadamente 13,5% dos votos, e com isso se torna o terceiro maior partido no Parlamento Alemão (Bundestag). O AfD não tinha representação no Parlamento desde 1950.
Ronald Lauder, presidente do Congresso Mundial Judeu, com base em Nova Iorque (EUA), disse que a chanceler Angel Merkel é "uma verdadeira amiga de Israel e do povo judeu" e criticou os resultados obtidos pelo AfD num momento em que o anti-semitismo cresce no mundo. - É abominável que o AfD, um movimento reacionário que traz de volta o pior do passado da Alemanha e deveria ser considerado fora da lei, agora possa usar o Parlamento para promover sua plataforma vil - disse ele.
O AfD cresceu nos últimos dois anos, período em que Merkel abriu as fronteiras da Alemanha a mais de 1 milhão de imigrantes e refugiados. O partido diz que esses estrangeiros comprometem a cultura alemã, mas nega racismo ou anti-semitismo.
Já o Congresso Judeu Europeu pediu aos partidos de centro para manter suas posições e evitar a formação de coalizões com o AfD. E destacou que certas posições do partido de direita têm níveis de intolerância inexistentes na Alemanha por décadas. O Conselho Central de Judeus na Alemanha, por sua vez, disse que os resultados da eleição confirmaram seus maiores medos e pediu aos partidos que se mantenham unidos contra o AfD. - Um partido que tolera extremismos e incita ódio contra minorias não será representado no Parlamento - disse Josef Shuster, presidente do conselho - Espero que nossas forças democráticas exponham a verdadeira natureza do AfD e suas promessas vazias e populistas - acrescentou ele.
A Alemanha tem, hoje, cerca de 200 mil judeus, e nas últimas décadas construiu uma reputação de tolerância e segurança para eles. Mas dados oficiais registram 681 crimes de anti-semitismo nos primeiros oito meses deste ano, um crescimento de 4% em comparação ao mesmo período do ano passado.
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