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domingo, 14 de julho de 2019

Míriam Leitão - Absurdos diários de Bolsonaro

O projeto consagra a estranha situação de um policial legislativo, que fica lá entre os tapetes verde e azul, ser o brasileiro que se aposenta mais cedo

Tanto tempo depois, já era de se esperar que o presidente Jair Bolsonaro soubesse as funções do cargo que exerce. Seis meses é prazo suficiente para qualquer aprendizado, ainda que o natural seria que ele já soubesse, ao se candidatar, as funções de quem chega ao cargo máximo do país. A grotesca e inconstitucional defesa do trabalho infantil num país que vem lutando contra essa chaga há anos, a ideia de nomear o filho para o posto diplomático mais estratégico do país, a declaração mesquinha sobre João Gilberto mostram que ele não entendeu o mais elementar do papel de governar para todos os brasileiros.  Com Bolsonaro não dá para registrar todas as impropriedades de uma vez. São tantas nestes seis meses que ocupariam um jornal inteiro. Os absurdos têm que ser listados em bases diárias, no máximo semanais, para caberem num espaço de uma coluna.

A semana terminou em vitória para ele, pela aprovação da reforma da Previdência, mas ela ocorreu a despeito dele. Durante esse período da tramitação, Bolsonaro levantou sucessivas polêmicas sobre os mais aleatórios assuntos, como se ainda fosse o deputado bizarro que ocupou por 28 anos o mandato sem relatar um único projeto. Enquanto a reforma andava, ele não construiu pontes, não dialogou e atacou quem defendia o projeto. Ele sequer entendeu a reforma que propôs. Prova disso é sua mobilização em favor dos policiais. O projeto consagra a estranha situação de um policial legislativo, que fica lá entre os tapetes verde e azul, ser o brasileiro que se aposenta mais cedo. [vez ou outra pensamos diferente do que pensa a ilustre articulista.

Mas, temos exatamente o mesmo pensamento no combate, na crítica,  ao absurdo  do 'policial legislativo' aposentar mais cedo;
é um cargo totalmente inútil na Câmara dos Deputados - exceto para separar os tapetes verde e azul, como bem lembra a colunista;
é um cargo eminentemente  burocrático, quando ocorre alguma coisa na Câmara dos Deputados, se reúne meia centena de policiais legislativos para conduzir um rigoroso inquérito - fora isso, talvez atender algum telefone, levar algum recado, coisas do tipo.

A inutilidade é tanta, na função policial, que quando a coisa é séria, eles imediatamente chamam a polícia - na votação da reforma, o clima esquentou e eles chamaram a Policia Militar do DF que é sempre lembrada sempre nestas horas;

estranhamente a PMDF, foi esquecida na reforma, sua condição (mantida pela União) é exatamente a mesma da Polícia Civil do DF que foi incluída entre os beneficiados.
O pretexto de deixar a PM do DF de fora, não cabe -  visto que as PMs dos estados ficam de fora, devido aqueles entes federativos terem ficado de fora -  mas, a PMDF é custeada pela União.

Finalizando sobre a inclusão dos policiais legislativos, não foi coisa do Bolsonaro. Eles foram beneficiados por influência do 'primeiro-ministro' Maia - que comanda a 'valorosa' tropa.] Jair Bolsonaro continua sendo o que foi: um político paroquial e corporativista, com posições histéricas em questões de direitos humanos e que faz declarações histriônicas e impensadas.

O grande João Gilberto, que mudou a música brasileira, influenciou gerações, projetou o nome do Brasil no exterior, nos deixou um legado de maravilhas sonoras, nem se importaria em saber que sua morte não teve as condolências do presidente. Mas a Presidência se manifesta pelo país, e não pelas preferências pessoais do ocupante do cargo. Isso é tão básico que constrange ter que lembrar.  É sandice até pensar no filho Eduardo Bolsonaro como embaixador nos Estados Unidos, o posto diplomático mais importante do país. O Brasil sempre teve uma diplomacia profissional e dela se orgulhou. Essa decisão é nepotismo, independentemente da firula de que não é cargo em comissão, mas sim cargo político. Quebra o princípio da impessoalidade. A diplomacia é carreira complexa, exige qualificação longa e por isso, como nas Forças Armadas, tem uma gradação hierárquica. Quem a exerce precisa entender as culturas de outros países, captar sutilezas, conhecer leis internacionais e convenções e conduzir negociações delicadas. O embaixador representa o país. Seu trabalho não é apenas se relacionar com o governo ao qual está acreditado, precisa entender e falar com a sociedade, perceber as tendências. Eduardo ligou-se à ultradireita. Escolheu o gueto. Não falaria com uma sociedade com tanta diversidade quanto a americana. O fato de ter fritado hambúrger nos Estados Unidos e ter estado com o presidente Donald Trump não é, claro, qualificação. Além disso, o governo Trump é transitório e pode acabar no ano que vem. [dificilmente o governo Trump acaba no ano que vem - além de uma séria de medidas favoráveis aos interesses americanos, a política econômica de Trump está sendo um sucesso, o que lhe dá chances de ser reeleito;


Eduardo Bolsonaro não pode ser fritado por ser de direita -  desde 2002, o Brasil só escolhia para presidente da República, esquerdistas e ladrões, (o resultado todos percebem, começando por 13.000.000 de desempregados) sequência felizmente interrompida por JAIR BOLSONARO - que erra, afinal é humano, mas, está sempre sob o julgamento severo da imprensa, exatamente por não ser da esquerda e ter interrompido o desastroso 'reinado' da maldita esquerda lulopetista.
O fato de não ser da carreira não tem influência. Vários presidentes, desde os primórdios da República, nomearam pessoas fora da carreira diplomática, para a embaixada em Washington.]
Há projetos que são do país, e não de um governo.
Por isso, mesmo quando partidos diferentes se alternam no poder, certos programas seguem em frente. Um deles é o do combate ao trabalho infantil. Isso está na agenda nacional. No último dado do IBGE, o trabalho infantil pesava sobre 190 mil crianças de cinco a 13 anos. Outros 808 mil adolescentes, de 14 a 17 anos, apesar de estarem em idade em que a lei permite o trabalho, estavam sem a carteira e a situação exigidas pela lei. Das crianças de 5 a 13 anos trabalhando, 71,8% eram pretas ou pardas. O que leva um presidente da República, com a responsabilidade que deveria ter, achar que isso pode ser estimulado? A Constituição que ele jurou defender proíbe o trabalho infantil.

Bolsonaro entenderá algum dia o que são os interesses do país? Provavelmente, não. Algumas frases dele ofendem, revoltam ou espantam. Essa, do trabalho infantil, por ser mais absurda que as outras, desanima. Tudo o que se pode dizer lembra a poesia escrita há um século e meio: existe um governo que a bandeira empresta.


O Globo - Coluna da Míriam Leitão

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