Nas cinco carreiras mais bem pagas do Executivo, que reúnem 13,8 mil trabalhadores, gasto por pessoa é de R$ 421 mil anuais
Um levantamento feito pelo GLOBO com base em dados enviados pelo Ministério
da Economia mostra que, proporcionalmente, o gasto da União com a
elite do funcionalismo é quase o triplo da despesa com os outros servidores
públicos. Só no Poder Executivo, a folha dos funcionários na ativa
custará aos cofres públicos cerca de R$ 108 bilhões neste ano, segundo a pasta.
Desse montante, R$ 5,9 bilhões (5,46%) são destinados a pagar vencimentos e
benefícios das cinco carreiras mais bem remuneradas, que reúnem 13,8 mil
trabalhadores. Assim, o gasto por pessoa neste grupo chega a R$ 421 mil por
ano. Para os 608 mil restantes, a média da despesa per capita anual é de
R$ 167 mil.
Os dados
fazem parte de um diagnóstico da equipe econômica, que se prepara para enviar
ao Congresso uma reforma administrativa — revisão das carreiras no serviço
público. A agenda é considerada uma das pautas prioritárias, após a reforma da Previdência . O presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já sinalizou que espera que o governo
envie a proposta ainda neste semestre, mas, segundo fontes, é possível que o
assunto fique para 2020. [alguém, em sã consciência, acredita que a reforma planejada alcançará a elite da elite? Bom lembrar que a quase totalidade da 'elite da elite', possui boa qualificação e sua substituição por servidores com menor qualificação pode prejudicar a eficiência em áreas vitais para o Estado.
caso você queira saber das intenções sinistras do 'primeiro-ministro' Maia para os funcionários públicos, clique aqui.
também dificil de acreditar é que funcionário de estatal que se aposentar será demitido - é um jogo de cena, os funcionários das estatais estão vinculados ao INSS e quando se aposentam encerram o contrato de trabalho e passam a receber aposentadoria do INSS (até o teto do regime geral e eventual diferença fica por conta do 'plano de previdência complementar';
exemplo na Petrobras a diferença entre o salário do empregado na ativa e o da aposentadoria INSS, fica por conta do Petros.]
Antes de
propor a medida, os técnicos decidiram analisar os dados das mais de 300
carreiras. Mais de 400 tabelas de remuneração são avaliadas. O diagnóstico
preliminar é parecido com o traçado em outros governos: os salários no
funcionalismo são altos e há carreiras em que se chega rápido demais ao topo. No
recorte das cinco carreiras mais bem pagas, a remuneração média é de R$ 30,8
mil por mês. Esse valor inclui, além do salário, cargos comissionados e
gratificações, além de auxílios para moradia, transporte e alimentação. O estudo
mostra ainda que esses servidores entram ganhando salários muito próximos aos
do fim da carreira. Em média, chegam ao topo da trajetória profissional
ganhando aproximadamente 30% mais do que quando entraram.
Salário médio: R$ 30 mil
O salário
inicial de um auditor fiscal da Receita Federal, por exemplo, é de cerca de R$
21 mil, enquanto o final é de R$ 27 mil, considerando apenas os vencimentos
básicos. A remuneração média da categoria ultrapassa os R$ 30 mil em razão do
bônus por produtividade, ofertado desde a primeira das nove escalas da
carreira. Não há um cálculo exato sobre o tempo que se leva para obter a última
promoção, mas estimativas do governo anterior apontavam que, em média, a
progressão no funcionalismo leva cerca de 13 anos.
Propor a revisão
desses valores e regras de progressão será tarefa difícil. Kleber Cabral,
presidente do Sindifisco, sindicato que representa os auditores da Receita,
argumenta que os vencimentos iniciais mais altos são necessários para atrair
quadros qualificados para a carreira, que não tem paralelo com o setor privado.
— Há uma
preocupação de que haja um tratamento em bloco do serviço público e não um
olhar para as carreiras exclusivas do Estado, que não podem ter um nivelamento.
São carreiras que, se não houver essa atratividade, não vão trazer bons quadros
— afirma Cabral, citando setores como a diplomacia e a Polícia Federal. — Não
interessa à população ter um auditor fiscal ganhando R$ 5 mil, porque você só
vai atrair pessoas de baixa qualificação ou mal intencionadas. É um cargo que
tem muita responsabilidade e poder de decisão envolvidos.
Ao
contrário da reforma da Previdência, o foco do governo não será garantir
impacto fiscal. A equipe econômica avalia que o principal objetivo da medida é
aumentar a eficiência da máquina pública. Os técnicos devem aproveitar ideias
apresentadas no governo Michel Temer, como a redução de carreiras. O corte pode
ser de 40% do total, mas esse número ainda não está fechado.
O gasto
com pessoal é o segundo maior da União, depois do INSS. Mas a situação federal
é melhor do que a dos estados. As despesas com ativos e inativos dos poderes
Executivo, Judiciário e Legislativo responderam em 2018 por 44,4%, dentro do
limite de 50% da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No caso dos estados, 14
deles apresentam comprometimento de suas receitas com despesas de pessoal acima
de 60%. Entre eles, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Economia - O Globo - Marcello
Corrêa
Nenhum comentário:
Postar um comentário