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sábado, 21 de março de 2020

Aos trancos e barrancos - Merval Pereira

O Globo

Cenários para a Covid 19

A inquietação da sociedade brasileira segue em progressão geométrica, qual o corona vírus Covid-19, e a insatisfação com a ação do governo, especialmente do presidente Jair Bolsonaro, que volta e meia tenta minimizar a gravidade da situação, começa a se manifestar nas redes sociais e em panelaços, por enquanto ainda restritos a capitais.

Para mapear expectativas relativas à intensidade e à duração dos impactos da crise global provocada pela Covid-19 sobre a economia brasileira, o economista Claudio Porto, fundador da Macroplan, consultoria especializada em análise prospectiva e estratégia, conduziu na segunda semana de março sondagem junto a um grupo de 150 pessoas de todo o país, entre eles economistas, sociólogos, cientistas políticos, engenheiros, gestores sênior de empresas pesquisadores e professores de universidades.

O resultado desta sondagem evidencia que a quase totalidade dos consultados está muito pessimista quanto à intensidade dos impactos do Corona vírus sobre a economia brasileira: 86% acreditam que será alta ou muito alta. Já quanto a duração da crise, a convergência é menor: 59% acreditam que será muito curta ou curta, enquanto 41% acreditam que será longa ou muito longa. [a realidade indiscutível: a crise é GLOBAL e não é possível evitar nem escolher o melhor cenário: " d)“impactos de baixa intensidade e curta duração ( 6%). "
As variações entre países dependem das condições econômicas  existentes - o presidente Bolsonaro herdou a economia atual e ainda não teve tempo, e apoio, para realizar reformas.]

A combinação das respostas obtidas sobre a intensidade dos impactos do corona vírus e sua duração configura, segundo a Macroplan, quatro probabilidades distintas: a) “impactos de alta intensidade, mas de curta duração” (expectativa de 51%), b) “alta intensidade e longa duração (35%), c) “baixa intensidade com longa duração” (8%) e d)“impactos de baixa intensidade e curta duração ( 6%). 

[Um comentário se impõe:
o presidente Bolsonaro, vez ou outra erra, escorrega, e, grande parte da imprensa maximiza o impacto de tais erros, quando em sua maioria as 'escorregadas' apesar  de algumas enormes, não impactam diretamente na economia.

O presidente da República, quase sempre  joga para a plateia e procura transmitir a imagem de que o coronavírus tem medo de cara feia e gritos, algo do tipo: 'depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar'. Apesar do que diz ele não tem intenção nem condições de atrapalhar o combate ao coronavírus.

O fato é que o coronavírus e a Covid-19 são pestes, pragas, desconhecidas, sem condições de serem alvo de de um combate direto - não se sabe ainda como eliminar o vírus e/ou curar a doença que causa.
O combate tem que ser feito por via indireta e de forma empírica. 

Erre o quanto errar - muitas vezes acerta e apesar de como se diz no popular - 'o inferno está cheio de boas intenções' - o nosso presidente não é mal-intencionado e sim pavio curto, afobado, propensão a se manifestar sempre como se estivesse em comício, conduta que pode até irritar - especialmente os seus inimigos políticos e aliados - que foram derrotados e que dariam a própria vida e dos parentes mais próximos para estar no lugar do Presidente JAIR BOLSONARO, e sabem que não possuem cacife para tanto, e como tentar matá-lo agora é mais dificil, tentam desmoralizar.]

Diante de uma conjuntura muito volátil, na qual os fatos e as percepções mudam com grande rapidez, a sondagem da Macroplan captou como as expectativas tornaram-se mais pessimistas com o passar dos dias, em 17 e 18 de março, quando o panorama para “Impactos de alta intensidade e de longa duração” alcançou 60% de probabilidade, e os de curta duração foram ‘zerados’. 

Apoiado nos cruzamentos de percepções da sondagem realizada pela Macroplan e com base em análises dos panoramas macroeconômico, político-institucional, social e da saúde pública, o economista Claudio Porto, da Macroplan, antecipa três cenários plausíveis para o Brasil em 2020, considerando, contudo, que o quadro atual é de muita incerteza e impede qualquer previsão mais assertiva, especialmente aquelas baseadas apenas em modelos matemáticos e preditivos.


No cenário “A reconquista da normalidade”, o melhor, mas de menor probabilidade, a realidade finalmente se impõe a todos os atores políticos. O núcleo duro do Governo muda em face da intensidade da crise, assume um comportamento cooperativo como seu novo padrão de relacionamento político-institucional, uma reviravolta surpreendente, mas positiva, no que tem pronta resposta dos principais atores políticos. 

 “Aos trancos e barrancos” é , segundo a Macroplan, o cenário mais provável (probabilidade média de 35% - mas de 60%, considerando os últimos dias da sondagem), e configura uma continuidade do Brasil atual.  
A realidade finalmente se impõe ao conjunto de todos os atores políticos, mas “à brasileira”, pela metade, alternando mais com menos. O núcleo duro do Governo Federal muda de comportamento, mas apenas temporariamente. No princípio, mais cooperativo, mas com sucessivas recaídas de confrontação, no que tem resposta semelhante dos principais atores políticos. 


O pior cenário, e que Porto considera como improvável, é “A marcha da insensatez”. Uma ruptura em relação ao Brasil atual, com uma escalada desenfreada de autoritarismo populista. Os laços de coesão social, já enfraquecidos, se rompem numa espiral ascendente de polarização. 


[Concluindo...
Tenham presente que são previsões baseadas em modelos matemáticos e preditivos e que buscam prever situações que, sem exagero, podem ser consideradas imprevisíveis.
Não esqueçam que o presidente Bolsonaro NÃO QUER e NEM PODERIA, prejudicar o combate ao coronavírus e que NÃO FOI ELE quem criou o tal vírus.

Assim, vamos tentar esquecer os desejos, a torcida, dos derrotados pelo capitão e usar o tempo de maneira mais prática:
- o presidente cuida de governar nas demais áreas, com o imprescindível auxílio dos seus ministros e o combate ao coronavírus será efetuado sob o comando do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e do 'comitê' formado por ministros.

Óbvio que não há espaço, inclusive por não lhes competir - constitucionalmente e por bom senso, ética, independência e harmonia entre poderes - para interferências por parte do presidente do STF e dos presidentes da Câmara e do Senado.

Quanto ao baque na economia é algo que também não depende da vontade do presidente Bolsonaro = ele falando sobre, ou calando, o resultado será o mesmo.

E o impacto na saúde e na economia não depende de democracia, de ideologia.
Aliás, a democrática Itália está sendo mais afetada pelo coronavírus do que a autoritária China - sabiamente, os chineses juntaram as vantagens do capitalismo com o autoritarismo que ainda cultivam oriundo do comunismo e com isso conseguiram controlar a epidemia - estão há dois dias sem casos novos oriundos da China.
Agora resta aos chineses fechar as fronteiras, não com o objetivo de evitar a 'exportação' do vírus e sim impedir que se tornem receptores, 'importadores' do coronavírus e Covid-19 portado por  visitantes de outros países.]

(Amanhã, na Coluna do jornalista Merval Pereira - O Globo, detalhes de cada cenário)


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