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domingo, 17 de janeiro de 2021

Novo atraso na vacinação - Merval Pereira

O Globo

Campanha de vacinação

Há a perspectiva de um novo atraso, esse ainda mais grave, no calendário nacional de vacinação, pois o envio do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) para a produção na Fiocruz das doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford ainda não foi liberado pelas autoridades da China. O primeiro carregamento deveria chegar na próxima semana, mas problemas burocráticos impedem a liberação. 

O Brasil já está cobrando da matriz da AstraZenaca na Inglaterra, se essa documentação não for liberada pela China em tempo de chegar aqui ainda este mês, como estava previsto, que a remessa seja feita através de outros países. Eles têm o compromisso por contrato de nos entregar a IFA de outro lugar, ou a vacina pronta. A multa prevista no contrato não é em dinheiro, mas em vacinas. Como a vacinação está com problemas em vários países, não é certo que a farmacêutica tenha doses extras para o Brasil.

A linha de produção da Fiocruz já está pronta para produzir, depois desses 2 milhões de doses simbólicas a serem importadas da Índia, em fevereiro mais 5 milhões de doses e iniciar em abril a produção de mais 50 milhões de doses. Outros 50 milhões estão  previstos até julho, com acerto de entrega de IFA a cada quinze dias, o que, a esta altura, não é garantido.

Mas esse cronograma pode ser alterado dependendo da chegada da IFA. Os problemas burocráticos giram em torno do protocolo internacional de transporte biológico de vírus vivo, mas técnicos da Fiocruz estranham que somente agora, quando já deveria estar sendo enviada a primeira remessa do IFA, esse problema tenha surgido, já que o contrato foi feito em agosto.

A Fiocruz escolheu o “sítio” (na linguagem técnica) da China como responsável pelo contrato do envio porque temia que os Estados Unidos de Trump pudessem criar obstáculos caso a vacinação por lá tivesse problema. A vacina da AstraZeneca foi uma das selecionadas para receber investimento do governo dos Estados Unidos através do programa “Warp Speed”, vinculado à Secretaria de Saúde do governo americano.

A vacina teve ampliada sua ação, pois a segunda dose pode ser aplicada até 12 semanas depois, ou três meses. Isso quer dizer que os 50 milhões de doses que a Fiocruz pretende produzir até abril vão vacinar o dobro das pessoas inicialmente previstas. Esses dois milhões iniciais, que estão sendo trazidas da Índia, não estavam previstos, mas equivalem à vacinação de dois milhões de pessoas, porque a dose está sendo aprovada como na Inglaterra.

Os 6 milhões de doses que o Instituto Butantan  tem no momento podem vacinar 3 milhões de pessoas, pois, ao contrário da AstraZeneca, o intervalo da vacina da CoronaVac é de de duas semanas. O governo federal já requisitou o total de doses da CoronaVac que o governo paulista tem estocadas para poder dar inicio à vacinação ainda em janeiro, se as doses não chegarem da Índia a tempo.

O governo mais uma vez trabalhou errado nessa negociação com o governo indiano. O Primeiro-Ministro Modi acertou com Bolsonaro a liberação desse lote de vacinas, mas não contava com a indiscrição do governo brasileiro, que festejou o acordo e irritou a oposição na Índia. O avião da Azul com um enorme adesivo falando sobre o plano de vacinação no Brasil teve que adiar o vôo, orientado pelo governo indiano, pois sua presença no aeroporto de Mumbai poderia provocar tumultos. Havia até mesmo a possibilidade de o avião brasileiro ser arrestado pelo governo indiano para dar uma satisfação à opinião pública.

O governo, que inicialmente renegou a “vacina chinesa”, agora se agarra a ela para começar simbolicamente a vacinação em massa ainda em janeiro. [o mais grave no uso da vacina chinesa - caso consiga aprovação da Anvisa - é que além de não ser confiável depender exclusivamente da China 
(exceto quando eles importam produtos brasileiros do agronegócio - se trata de alimentos que eles precisam e tem que comprar do Brasil....ou do Brasil)  
vejam o caso do IFA, 1º e  4º parágrafos, a vacina chinesa imuniza metade do que a da Fiocruz imuniza.É enrolada na documentação, não é bem aceita em nenhum país desenvolvido e os chineses fazem pouco caso do Brasil - apesar do empenho do 'adido comercial da China' = João Doria.] Mas, ao que tudo indica, se fizer isso estará cometendo outro erro, pois a primeira etapa da vacinação prevê atender grupos de risco como idosos morando em asilos, trabalhadores de saúde, idosos acima de 75 anos, população indígena e ribeirinha, que perfazem cerca de 15 milhões de pessoas. Só teremos vacinas para no máximo 5 milhões de pessoas, isso se contarmos com os dois milhões de doses únicas da Astra Zeneca. [sem nenhum preconceito, mas movidos  pelo sentimento de igualdade que,  se aplicado com JUSTIÇA,  não permite favorecimentos, não entendemos priorizar população indígena e ribeirinha, com menos de 75 anos, se por viverem isolados o contágio é menor = ou o isolamento social defendido pelos especialistas em nada é mais um chute?
Falando sobre ciência o Doria é a favor da ciência, mas deu declarações que não é necessário ser a Anvisa tão científica na liberação da vacina.???]   estão menos sujeitos  e sem como

Se, como se teme, a importação da Índia demorar duas semanas, o início da vacinação só ocorrerá otimisticamente em fevereiro. Antes disso, porém, são previsíveis novos embates políticos entre os governos de São Paulo e Federal. Se a ANVISA aprovar hoje a vacina CoronaVac, o governo de São Paulo quer começar a vacinação amanhã mesmo, o que o Ministério da Saúde vai querer impedir. [o Ministério da Saúde tem o amparo da lei; exceto se o MD ministro Lewandowski revogar lei federal. Devem ser envidados todos os esforços, especialmente da mídia, para não insuflar os habitantes de São Paulo = que são tão brasileiros quando os de qualquer outro estado, com exatamente os mesmo direitos e deveres.  Tal condição de igualdade, que não pode ser alterada  em um 'estado democrático de direito',  torna o critério da proporcionalidade relação vacinados x população de cada estado o mais justo.] Essa disputa vai acabar no Supremo Tribunal Federal, além de provocar revolta entre os habitantes de São Paulo, que serão impedidos de se vacinarem com as vacinas prontas e aprovadas. 

Merval Pereira, jornalista - O Globo 

 

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