Vera Magalhães
Na
segunda-feira, a expectativa era de que a coalizão de governadores e a
intervenção branca do Congresso no Plano Nacional de Imunização poderiam
suprimir poderes para a dupla Bolsonaro-Pazuello sabotar o país e dar
algum rumo para o Titanic desgovernado no qual estamos enfiados rumando
céleres para 3.000 mortes diárias por covid-19. Mas o Supremo Tribunal
Federal decidiu que havia coisas mais urgentes para tratar.[coalizão de governadores? isso existe legalmente ou é mais uma associação de nadas a procura de nada?]
E Gilmar Mendes, que nesta terça-feira repetiu a performance indignada de sempre contra a Lava-Jato, por que então aguardou mais de um ano com esse HC em seu gabinete? Se de um dia para outro já tinha um voto tão sólido e volumoso? Nada para de pé na conduta do STF, em ziguezague há cinco anos na Lava-Jato, ao sabor não do Direito, mas das circunstâncias políticas. Ou não foi o mesmo Gilmar que concedeu liminar para sustar a nomeação do mesmo Lula para a Casa Civil como forma de — vejam só! — escapar da jurisdição do mesmo Moro, lá em 2016? Sim, sua mudança foi sendo gradativa ao longo dos anos, e veio antes da Vaza Jato. Mas a demora em trazer o caso da suspeição de Moro à Turma evidencia um cálculo político e colabora para que agora, no momento dramático da pandemia, em que o país deveria estar focado, com o STF, com tudo, em exigir vacinas do governo federal, [sugerimos que eventual exigência de vacinas ao Governo Federal, seja acompanhada de documento indicando onde comprar as exigidas] estejamos acompanhando esse BBB de palavrório inalcançável e personagens pouco carismáticos.
Aproveitando que
estávamos todos brincando de juristas e traçando cenários para o ainda
distante 2022 a partir do advento do Lula livre, Bolsonaro emplacou duas
de suas cheerleaders mais negacionistas, Bia Kicis e Carla Zambelli, em
comissões importantes da Câmara.[lembramos sempre: vão se acostumando, aceitem, e tenham em conta que o presidente Bolsonaro ainda não começou a governar - a pandemia indo embora, a economia voltando a crescer, revitalizada - ele conseguirá remover os obstáculos a que faça um Governo favorável aos Brasil e aos brasileiros.]
A mesma Câmara que
ainda discutia na noite de terça um auxílio emergencial que já deveria
ter voltado a ser pago, pois no mundo real, esse cuja existência o
Supremo preferiu começar a semana sublimando, tem gente morrendo de fome
ou de falta de leito em hospital. Uma situação sinistra à qual chegamos
por inépcia absurda e criminosa dos Poderes. À mais
alta Corte do país numa democracia cabe assegurar a segurança jurídica e
ter a última palavra para garantir que os demais Poderes não exorbitem
suas atribuições e respeitem a Constituição.[pergunta inocente e feita por milhões de brasileiros: e quando a Supremo Corte exorbita suas atribuições, impõe o autoritarismo, o eu posso, eu faço, não devo explicações a ninguém.... como ficamos?]
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