Paulo Polzonoff Jr.
STF vai decidir se coronavírus tem o direito de se espalhar pelo país
A mais alta corte do país foi provocada
pelos partidos de esquerda, que pretendem garantir ao vírus a
possibilidade de se reproduzir livremente, sem as amarras sanitárias
dessa sociedade patriarcal fascista. “Deixa o vírus em paz”, argumentou
um dos redatores da petição.
A questão, porém, não foi unânime
nos DCEs da vida. Foram necessários meses e meses de discussão até que
as lideranças da esquerda se vissem convencidas de que o coronavírus,
apesar das centenas de milhares de mortes por ele causadas, era mesmo
“um presente de Deus” para a causa igualitária. “Defender o coronavírus é
defender o espírito de Che e Fidel”, declarou alguém entusiasmado em
meio à balbúrdia que se seguiu ao protocolo da petição, aparentemente
sem se dar conta da bobagem que estava falando.
No papel,
contudo, a história é outra. Sem coragem de assumir o caráter
revolucionário do amor oportunista ao coronavírus, a equipe de juristas
de esquerda teve de apelar aos crimes de ódio – conhecido fetiche dos
ministros progressistas do STF. Dessa forma, ficou estabelecido que o
coronavírus é uma vítima da sociedade pertencente a uma minoria
não-branca de etnia não-majoritária e que a cassação dos direitos
reprodutivos e homicidas da partícula seria um ato xenófobo e racista.
Tendência de vitória
Ministros
ouvidos com exclusividade por essa reportagem confessaram que tendem a
votar pela manutenção dos direitos reprodutivos do vírus. Uma delas,
digo, um deles, digo, não sei se um ou uma deles, evocou toda a sua
mineirice para afirmar que “O vírus é vida e é amor. Abaixo a virofobia!
Viva Caê! Viva Gil! Viva a Portela!”. Perguntado(a) sobre as mortes
causadas pelo vírus genocida, o(a) ministro(a) disse que vale tudo para
tirar o verdadeiro genocida do poder.
Outro ministro também
favorável a permitir que o vírus continue aprontando mil e uma confusões
em território nacional alegou que achava que a Constituição, em seu
artigo 12049, item Z, parágrafo meia-dúzia, garante a todos os
organismos, microscópicos ou não, o pleno direito de exercer as funções
para as quais eles tenham sido criados, seja por Deus, seja por um
laboratório em Wuhan. “Mas como a ministra Rosa Weber presenteou o
presidente Jair Bolsonaro com o único exemplar da Constituição no STF,
não tenho como ter certeza”, disse ele.
Apenas um ministro disse
que talvez a saída para o impasse esteja num meio-termo. Ele propôs que o
vírus ficasse lá se reproduzindo assim na moita, quietinho, sem muito
alarde, e que, quando batesse aquela vontade de matar, fizesse um
artesanato com garrafa pet até a vontade passar.
Protagonista
desse imbróglio todo, o vírus Sars-Cov-2 se recusou a gravar entrevista,
mas disse bem baixinho no meu ouvido que anda deprimido e pensando em
ir embora do país, porque não aguenta mais ouvir a voz “daquele castrati
desafinado” na CPI. Não sei a quem ele se referia. Mas desconfio. [tem dois castrati desafinado na CPI; desconfiamos que o vírus está enfastiado com os a voz dos dois.]
Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES
[Ao STF lembrando sobre o aborto - felizmente, ainda não conseguiram incluir tal crime hediondo, entre os absurdos aprovados recentemente no Brasil: "A sociedade brasileira, representado pelo Código Penal, considera o aborto como um crime de grande seriedade e que causa repulsa para toda a população, sendo um crime de atentado à vida."]
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