A aplicação da AstraZeneca estava paralisada desde o início do mês, após a notificação de um caso de trombose e trombocitopenia em um jovem de 31 anos.
O Chile começou nesta segunda, 21, a vacinar homens com menos de 45
anos que receberam a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca com uma
segunda dose da Pfizer/BioNTech. A aplicação da AstraZeneca para este
grupo especificamente estava paralisada desde o início do mês, após a
notificação de um caso de trombose e trombocitopenia em um jovem de 31
anos.
De acordo com Juan Pablo Torres, infectologista e pediatra da
Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, resultados preliminares
de estudos realizados no Reino Unido e na Espanha mostraram que é eficaz
a administração de uma segunda dose com vacinas de RNA mensageiro, como
é o caso da Pfizer/BioNTech, em pessoas que receberam a primeira dose
da Oxford/AstraZeneca. "Esta mudança realizada no esquema de vacinação é para que os
homens com menos de 45 anos tenham mais segurança. É claro que será
necessário continuar monitorando este grupo. Ainda há muito caminho a
percorrer", explicou o médico. Ainda de acordo com ele, os estudos
mostram que as reações à combinação da vacina AstraZeneca com a Pfizer
não são graves e estão dentro do esperado. Dores no local da injeção,
febre e dores no corpo algumas horas após se vacinar.
No dia 9 de junho, a revista Science noticiou que pesquisas
recentes também concluíram que essa combinação dos dois imunizantes
produz fortes respostas imunes, medidas pela análise de amostras de
sangue coletadas. Segundo o artigo, dois desses estudos sugerem que a
resposta dessa mistura protege tanto quanto se uma pessoa tivesse se
vacinada com duas doses da Pfizer/BioNTech. O Chile, assim como o
Brasil, tem a Coronavac como vacina mais aplicada.
Carlos Arancibia, de 30 anos, é uma das pessoas que foram vacinadas
com a Oxford/AstraZeneca. Quando ele soube da mudança no seu processo
de vacinação, se preocupou. "A todo momento chega muita informação para a
gente e isso é muito complicado, mas temos de confiar na experiência de
outros lugares. Eu me sinto seguro e não tenho medo de me vacinar com a
Pfizer como segunda dose", afirma o jovem, que deverá receber a sua
segunda dose na primeira semana de julho.
Carlos trabalha com e-commerce em uma das principais redes de lojas
de departamento do Chile. Há mais de um ano sem ter férias e
trabalhando bastante, ele não vê a hora de a situação como um todo
melhorar para fazer uma viagem ao sul do país. "Preciso descansar",
afirma.O estudante de interpretação musical Rodrigo Gajardo também
receberá o combinado de vacinas. Ele conta que, quando foi ao centro de
vacinação e soube que seria imunizado com a Oxford/AstraZeneca, ficou
bastante preocupado, porque sabia de reações que poderia desenvolver.
Ele apresentou dor no braço e, nos dias seguintes, sentiu como se
estivesse gripado. Agora que receberá a dose da Pfizer/BioNTech, o
universitário de 25 anos está mais tranquilo.
Repetição
A estratégia de combinar vacinas vem sendo utilizada em países
europeus, como França, Alemanha, Espanha, Suécia, Dinamarca e Noruega.
Autoridades sanitárias francesas e alemãs, por exemplo, têm recomendado
que os cidadãos com menos de 55 e 60 anos, vacinados com a
Oxford/AstraZeneca, continuem o seu processo com um imunizante
diferente. A preferência é pela vacina da Pfizer ou da Moderna. A
França, por exemplo, suspendeu a administração do imunizante no dia 19
de março, pois também detectou casos de trombose, assim como no Chile.
"A pandemia é muito dinâmica e o processo de vacinação, também. No
Chile, ele tem sido muito acelerado, mas não precipitado. Está cumprindo
todas as etapas e essas diferentes questões que vão aparecendo estão
dentro do que pode acontecer. Quando se monitora bem se os protocolos
estão sendo cumpridos, mudanças são esperadas. E é certo que seja assim,
pois no futuro serão tomadas melhores decisões", disse Juan Pablo. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Mundo - Correio Braziliense
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