Alexandre Garcia
"Veio o caso Lázaro a continuar a lógica da inversão de
valores. Significativamente, durante quase três semanas, ocupou o pódio
no lugar dos neo-heróis da CPI"
Testemunhamos tempos muito estranhos. Semana passada,
quando o número de mortos por covid chegou a 500 mil, para alguns foi
como chegar a uma meta almejada, como em algum torneio mundial. [com destaque para os vampiros, os contra o Brasil da TV FUNERÁRIA.] O vírus
parece ter uma grande torcida. Na mesma semana, aparece no palco uma
figura que se escafedera de Brasília para continuar suas aventuras
financeiras na Flórida e voltou eleito deputado federal pelo DF com mais
de 65 mil votos. No entanto, encontrou uma torcida que lhe deu crédito,
como se todos fossem ingênuos. Sua performance forneceu combustível à
CPI que minguava em audiência. Até quem tem o ceticismo como dever
profissional cedeu à fraqueza da ingenuidade. [os eleitores do DF possuem o chamado dedo podre para escolher deputados, distritais ou federais, e o governador.
A menção à figura acima mostra o quanto escolhem mal os parlamentares federais.
A tragédia 'Ibaneis' foi uma escolha entre o diabo e satanás, visto que seu adversário no segundo turno, ou seja, o ex-governador Rollemberg, que além de sua notória incompetência como administrador´é um azarado e contaminou o DF com seu AZAR. Com ele no governo, viaduto desabou, tivemos racionamento, terremoto e faltou só um 'tsunami' no Lago Paranoá.
Quanto aos distritais a cada dez leis que evacuam, cinco são anuladas por inconstitucionalidade, três são desnecessárias, uma é inexequível e a que sobrevive não cola.
Já tivemos no DF distrital apresentando projeto para ônibus só circularem com todos os passageiros sentados - seria a extinção do transporte coletivo em Brasília - um outro gênio distrital pretendeu assumir poderes de condenar um ex-presidente por crimes contra a humanidade ( assunto da competência do TPI - Tribunal Penal Internacional) = nesse caso, tentando colocar o nome de um terrorista em uma ponte. E, por aí vai.]
Valores são postos de lado. Na CPI, é como se
recusássemos a memória, ter Renan Calheiros como relator e como
presidente Omar Aziz, que nunca gaguejou tanto como ontem, diante do
deputado amazonense. Aliás, passou-se a adotar raciocínios que obliteram
a razão e lógicas que amordaçam a lógica. Gente manifestamente alheia a
um tema tem sido apresentada como especialista, a inventar regras. A
ciência que usam é fechada como um dogma; uma ciência que recusa a
experiência, os fatos, a dúvida. O contraditório é exorcizado com o
rótulo de negacionismo. [além do ridículo de se ter em uma CPI para investigar corrupção presidida por Aziz e relatada por Calheiros, com as intervenções sempre bem recebidas do senador 'drácula', que ainda tem um vice-presidente encrenqueiro que alvoroça o Brasil alardeando que vai apresentar uma notícia crime, buscando criar uma investigação concorrente - com a ridícula e burra pretensão de espalhar aos 'quatro ventos' que o presidente Bolsonaro responde a dois processos - marca bem inferior a do multi processado relator Calheiros.
Se prevalecer o entendimento do vice-procurador-geral,só a CPI investiga, vão ter que desfazer o relatório Calheiros - já elaborado e colocar as estórias apuradas pela CPI. E, prevalecendo a investigação concorrente a CPI corre o risco do relatório da investigação concorrente desmentir todas as deduções, sem provas, do relatório Calheiros. É senador Rodrigues, dessa vez o senhor se complicou.]
Agora veio o caso Lázaro a continuar a lógica da
inversão de valores. Significativamente, durante quase três semanas,
ocupou o pódio no lugar dos neo-heróis da CPI. Matador de aluguel,
jagunço ou psicopata homicida, já vinha aparecendo como o herói que
humilha a polícia. Morto, tornou-se mais uma vítima da opressão da
sociedade. Para a CPI, mais um alívio para poder resgatar a audiência
perdida.
O italiano Cesare Battisti, asilado no Brasil, atirou
num menino de 13 anos e o deixou paraplégico, e assassinou quatro.
Lázaro matou o dobro. Battisti tinha torcida por aqui. Seria a mesma de
Lázaro? Ainda bem que a maioria fica indignada com essa torcida que
subestima a inteligência das pessoas. Uma torcida contra os valores e
raízes de quem vive com ética, lei e ordem. Valores que ficam ao lado
das vítimas e não dos bandidos.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
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