Não foi um incidente pequeno. Um policial foi ferido gravemente com uma flechada na coxa; teve de ser submetido à cirurgia. Outro foi alvejado no tórax. Os deputados que examinavam, de forma perfeitamente lícita e legal, um projeto de lei sobre demarcação de terras indígenas, foram impedidos de fazer seu trabalho – a reunião da CJ teve de ser suspensa, num atentado indiscutível à liberdade de ação dos parlamentares e do Congresso Nacional. Mas, nesse caso, não foi “ato antidemocrático” – ao contrário. Segundo a descrição geral da mídia, o que houve foi um “ato pacífico” no qual os índios “revidaram” as ordens de dispersar que receberam da polícia. Nenhum dos agressores vai ser minimamente incomodado; no seu caso, a lei do STF “não se aplica”.
Os índios que agrediram a Câmara são militantes profissionais; fazem parte de células políticas. As exigências que estão apresentando são absurdas: não admitem que a demarcação de terras indígenas, daqui para frente, seja feita pelo Congresso, e não mais pelo Executivo, como prevê o projeto ora em discussão. De onde saiu a ideia de que o parlamento não tem o direito de fazer uma tarefa dessa importância, ou qualquer outra? De qualquer jeito, sejam lá quais forem os méritos da questão, não para é possível achar que ataques físicos à Câmara de Deputados, com derramamento de sangue, sejam um recurso legitimo – ou um “protesto pacífico”.
Os grupos políticos que vivem da “causa indígena”, porém, querem mais. Convenceram as classes intelectuais, as elites e os que têm boas intenções – e nenhuma informação – de que são “vítimas” do “capitalismo no campo”, não têm “mais espaço” para viver e precisam, com urgência, de “novas terras”. São estes que querem impedir o Congresso, com uso da violência mais grosseira, de votar uma lei que dá aos representantes do povo brasileiro (podem ser ruins, mas só temos esses) o direito de decidirem sobre o território brasileiro. A cereja no bolo, para eles, é que o ministro Alexandre Moraes e o resto do STF nunca vão incomodá-los com inquéritos sobre “atos antidemocráticos”. Aqui o pau que bate em Chico não chega nem perto de Francisco.
Saiba mais: Imbróglio ambiental
J.R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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