(J. R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 30 de agosto de 2021)
Grupos de defesa dos índios exigem que o STF declare
território indígena todo o espaço que eles ocuparam desde a chegada do
ser humano ao continente americano
Está para ser decidida no Supremo Tribunal Federal (STF) a mais grave
ameaça à soberania nacional, ao direito de propriedade e ao bem-estar
comum em milhões de quilômetros quadrados na área rural brasileira que
grupos de interesse particular, muitos deles estrangeiros, jamais
fizeram neste país. A ferramenta que utilizam para a sua manobra são “os
índios”, assim de modo genérico, e os “direitos” que eles teriam
segundo a Constituição, de acordo com a interpretação velhaca que fazem
do texto constitucional.
As forças que querem destruir a ordem no campo brasileiro, usando a
“causa” que mais encanta estrangeiros e gente bem-intencionada em geral
hoje em dia — a salvação dos povos indígenas, coitados, e da “floresta
amazônica”, tão preservada por eles para o bem da humanidade — têm uma
meta altamente ambiciosa. Elas estão exigindo, na prática, que o STF
mude o entendimento racional e vigente da Constituição para declarar a
existência de um novo país. Esqueça o Brasil: República, Federação,
Estados e direitos iguais para todos os seus cidadãos.
Em vez disso,
todo o território nacional — 8,5 milhões de quilômetros quadrados, do
Oiapoque ao Chuí — passa a pertencer aos índios.
Expulsar do país e mandar de volta para a Europa,
África e Ásia, s lugares de suas origens étnicas? Os interessados em
aplicar esse golpe não dizem nada a respeito; isso é coisa para se ver
depois, com “os índios” na posição de senhores e todos os demais na
posição de pedintes, numa “negociação” em que vão depender da boa
vontade dos novos donos do Brasil para sobreviver.
Resultado:
dos 210 milhões de cidadãos brasileiros, pouco menos de 1
milhão, se tanto, teriam direito à propriedade no Brasil. E o que fazer com os outros 219 milhões? Tudo isso, obviamente, é um delírio que não fica em pé — a começar pelo fato evidente de que os ministros não vão desocupar o prédio do STF para a primeira ONG que aparecer por lá dizendo que é dona do pedaço. O que essas organizações “indígenas” realmente querem é terras muito bem escolhidas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul — nada a ver com a Amazônia, nem com o município de Curitiba, nem com o semiárido do Nordeste.
Você sabe quais são: as áreas ocupadas pelo agronegócio, que produzem riqueza e que valem milhões. Não pretendem conseguir tudo, é óbvio. Mas o que conseguirem é lucro puro. É isso. O resto é mentira.
O truque legal para se criar esse caos lucrativo é interpretar o que a
Constituição de 1988 quis dizer quando declarou que os índios têm
direito à demarcação oficial — e, portanto, à propriedade — de todas as
terras que ocupam. O verbo está no presente; o texto da lei não diz,
evidentemente, que as tribos indígenas têm direito às terras que sempre
ocuparam, e sim às que estavam ocupadas em 1988.
É isso o que os grupos
de defesa dos “índios” exigem do STF:
que seja declarado território
indígena todo o espaço que eles ocuparam desde a chegada do ser humano
ao continente americano — que, aliás, não pode ser chamado de
“americano”, palavra de raiz europeia e, portanto, ofensiva à população
nativa. A descoberta do Brasil, por este ponto de vista, foi uma
“invasão” e todo o mundo que veio para cá nos últimos 500 anos, e que
aqui se procriou, é “invasor”.
É uma alucinação, mas os “índios” sabem muito bem o que estão fazendo
e onde querem chegar. Esses “índios”, apresentados como “vítimas” do
“homem branco”, do “colonialismo” e, hoje em dia, do “agribusiness”
e da “direita fascista”, servem de biombo.
Os personagens reais são
milhares de ONGs de todas as naturezas e de todas as intenções, com sede
dentro ou fora do Brasil. São interesses econômicos privados.
São
inimigos internacionais do agronegócio brasileiro e do seu
extraordinário avanço mundial.
São grupos políticos de esquerda que
querem acabar com o capitalismo mudando as leis, em vez de fazer
revolução.
São governos estrangeiros que julgam ter direitos sobre a
Amazônia — e por aí afora.
Terras indígenas oficialmente demarcadas, como se sabe, não estão
sujeitas à autoridade civil ou militar brasileira, nem aos que foram
eleitos livremente para governar o país.
Não fazem parte, não na
prática, do território nacional.
Em algumas se fala inglês; os ocupantes
não têm a menor obrigação de se expressar no idioma oficial do Brasil,
definido pela Constituição.
Não respondem à lei brasileira. Já ocupam,
sem a demarcação de mais nenhuma área além das atuais, 13% de todo o
território nacional — 1,1 milhão de quilômetros quadrados, a maior
extensão de terra indígena do mundo, maior que a França e a Alemanha
somadas.
Ninguém, no bonde dos “índios”, quer expulsar 210 milhões brasileiros
do território nacional.
Querem que o STF mude alguma coisa, qualquer
coisa, na legislação; seus ganhos, quaisquer que forem, serão imensos.
O
Brasil terá uma perda trágica. As ONGs & associados farão a festa.
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