Eu prefiro ficar exposto às inconveniências de atender à maior liberdade do que àquelas correspondentes a seu menor decréscimo. (Thomas Jefferson)
Em
todo o Ocidente, um número incalculável de veículos de mídia, muitos dos
quais poderosíssimos, se converteram nos últimos anos em tratadores da
humanidade.
Olham-nos e veem “pets” precisando ser adestrados para nos
comportarmos adequadamente no mundo concebido em seus laboratórios de
reengenharia social.
Ainda não nos ordenam saltar ou fazer gracinhas,
mas nos mandam calar a boca e ficar em casa enquanto alimentam nosso
pensamento com o magro jejum proporcionado pelas manipulações diárias.
Nenhum grupo é
tão sensível a essa ditadura quanto o formado por parcela dos políticos
com mandato. Jamais contrariam seus tratadores. Buscam votos populares,
querem que você digite os números deles na urna eletrônica, mas é para
seus colunistas mais influentes que abanam o rabo. “E o que
ganham com isso?”, indagará o leitor mais atento. Ora, mediante tal
submissão, ganham o necessário silêncio sobre o mal que fazem e o bem
que deixam de fazer no desempenho do mandato. Mas este é outro assunto.
O passaporte
sanitário é o mais recente produto dessa opressão. Tão logo aprovado,
será ele que vai abrir as portas à comunidade dos idiotizados, até
recentemente conhecida como “sociedade” ou como “vida em sociedade”.
Seres humanos sem passaporte sanitário terão que conviver entre si, nos
subterrâneos, como antigamente viviam os leprosos.
Mas quem se importa
com isso, se o jornal X ou a TV Y querem que seja assim?
Nessa ditadura
da ignorância, quando deveriam gritar sua indignação, muitos que
divergem calam e, no silêncio, consentem.
Parafraseando
Kirkegaard vivemos tempos em que nossa liberdade está sendo tomada por
aqueles que raramente usam a sua para pensar. Eu me pergunto como as
lideranças liberais e conservadoras, os líderes de entidades
empresariais que já foram tão prejudicados em sua liberdade para
operarem seus negócios não se mobilizam para barrar a aprovação dessas
assustadoras propostas que pipocam nos municípios brasileiros?
Só em Porto
Alegre já são três projetos! Cada um impondo trancas e ferrolhos a quem
não for portador dessa nova e sublime forma de cidadania: o passaporte
sanitário.
Por ser iniciativa com nítido perfil autoritário de esquerda,
invasivo e inconstitucional, têm forte apoio dos vereadores desse
bloco. E contam, também, com silêncio aquiescente entre os que receiam
receber maus tratos de seus “tratadores” na dita grande mídia.
Valha-nos Deus!
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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