E a “crise hídrica”, lembram-se dela? Onde é que foi parar a crise hídrica que o governo não conseguia resolver e que, até muito pouco tempo atrás, ameaçava a sobrevivência física do Brasil? Ia faltar água. Ia faltar luz. Ia faltar comida. A indústria, o comércio e os serviços iriam parar. Os computadores iriam entrar em colapso por falta de energia elétrica. Sem os computadores o resto da atividade humana teria forçosamente de cair morto. Era, outra vez, o “Bug do Milênio” – piorado, agora, pela sede, a falta de banho e outras desgraças.
Mas a “crise hídrica”, no corrente momento, está com baixo índice de popularidade no noticiário; parece ter saído do “index” da calamidade nacional permanente que a mídia cultiva com devoção religiosa em suas primeiras páginas e em seus horários nobres. O que aconteceu para a mudança? Choveu. Foi isso: choveu e a falta de água nos reservatórios deixou de ser um problema, como sempre acontece quando chove, desde a Arca de Noé.
O público brasileiro, já há muito tempo, não recebe um conjunto de informações coerentes por parte dos veículos de comunicação. Em lugar disso, dia após dia, hora após hora, recebe um pacote de neuroses. A inflação disparou. (Só no Brasil; no resto do mundo não há inflação.) O desemprego está muito alto. (Só no Brasil; no resto do mundo não há desemprego.) A economia está parada. (Só no Brasil: no resto do mundo a economia está bombando, à toda.) O resultado disso é muito simples. Os jornalistas, dando testemunho da catástrofe, ficam felizes por terem cumprido o que estimam ser o seu “dever político”. O público fica sem saber o que está acontecendo.
O Brasil está sendo deformado, cada vez mais, pela transformação do debate público num pátio dos milagres em que não há mais o esforço de se raciocinar, nem a observação dos fatos, e nem a presença de vida inteligente. Só existe, como realidade, a ideia fixa de construir miséria – material, moral e política. Se não é desastre, no Brasil de hoje, não existe.
O nível de água nos reservatórios não depende da vontade dos comunicadores, nem dos desejos dos especialistas climáticos ouvidos por eles – ambos na busca perene do fim do mundo que vai, enfim, eliminar a direita” da sociedade brasileira. [a quase totalidade dos especialistas, especializados em NADA, dos que profetizam hoje o que ocorreu, é formada por EX (frustrados pois em algum tempo foram alguma coisa no órgão que hoje criticam e anseiam para voltarem) e de recém formados desesperados devido no primeiro concurso a que se submeteram, foram reprovados com louvor.] Depende, isto sim, do regime de chuvas, que não é controlado pelas redações, nem por sistemas de ideias. Mas essa, segundo nos asseguram os encarregados de pensar por todos, é uma observação claramente negacionista, terraplanista e genocida. Estão negando a “crise hídrica”? Querem que milhões morram por falta d’água? Não estão vendo a catástrofe da “mudança climática” no “planeta”? É aonde chegamos, em matéria de raciocínio.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo
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