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sábado, 19 de fevereiro de 2022

Brasil parece estar do outro lado’, dizem EUA sobre viagem de Bolsonaro

Durante encontro com Vladimir Putin em Moscou, presidente brasileiro disse ser 'solidário à Rússia'

Após ser questionada sobre a declaração de solidariedade do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, em meio às tensões envolvendo uma possível invasão de Moscou à Ucrânia, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou nesta sexta-feira, 18, que o Brasil “parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”. “Eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada, de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais”, afirmou Psaki em entrevista à imprensa em Washington. “Então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”. [essa senhora,assim como os que pensam igual a ela, deve lembrar que o Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA, tendo o direito de assumir as posições que entender serem as mais convenientes aos interesses do Brasil e do povo brasileiro.
Também devemos ter presente que o cidadão que preside os Estados Unidos, logo após   assumir o cargo insinuou, em parceria com o francês Macron a possibilidade da Amazônia ser invadida.
Insinuações de tal natureza são fatores que estimular o Brasil manter uma posição mais independente e sempre priorizando seus interesses.]

Em resposta a pergunta de um jornalista sobre se as falas de Bolsonaro poderiam afetar as relações Brasil-EUA, ela ressaltou que não conversou com o presidente americano, Joe Biden, sobre as declarações. Ainda assim, deu uma resposta dura. A fala da porta-voz segue o encontro do presidente brasileiro com o russo Vladimir Putin na quarta-feira em Moscou, onde Bolsonaro afirmou que “somos solidários à Rússia” e expressou desejo de intensificar as relações bilaterais entre os países.

As preocupações se dão em meio à consolidação de forças russas perto da fronteira com a Ucrânia.  De acordo com os EUA e o Ministério da Defesa ucraniano, há, atualmente, cerca de 150.000 soldados russos posicionados perto dos limites do país. A Rússia cercou o norte do país vizinho, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu Exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios de Belarus, de quem é aliada.

Além disso, a Inteligência americana vem afirmando há semanas que a Rússia poderia buscar um pretexto, como uma operação com agentes infiltrados, para justificar uma eventual invasão. Um dos pretextos poderia ser o recente agravamento de confrontos na região de Donbas.

A mensagem feita por Bolsonaro já tinha sido alvo de críticas por parte de autoridades americanas. Na quinta-feira, um porta-voz o Departamento de Estado dos EUA disse que o encontro “mina a diplomacia destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário”. O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, disse em entrevista televisionada. 

A VEJA antes da viagem do presidente brasileiro, uma autoridade do Departamento de Estado, que falou sob condição de anonimato, expressou que o Brasil deveria usar a oportunidade para reforçar à Rússia “a preocupação dos Estados Unidos e de outras nações sobre o papel desestabilizador que a Rússia está desempenhando e a ameaça atual à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Segundo o funcionário americano, a posição do governo dos EUA sobre o aumento de presença militar russa na fronteira com a Ucrânia foi comunicada ao governo brasileiro, com quem “mantém diálogos regulares em todos os níveis”.

Em reportagem publicada em VEJA no início do mês, na edição nº 2775, o ex-embaixador Sergio Amaral destacou que Brasil e Rússia têm relação antiga e fazem parte do Brics, grupo que reúne ainda China, Índia e África do Sul. Em outras situações, uma missão oficial seria algo natural, mas não em meio a uma tensão que pode resultar em guerra. "Nesta circunstância é difícil evitar que essa visita seja interpretada como um gesto de simpatia e até solidariedade com Moscou”, destacou.

Caio Saad - Mundo Veja


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