O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou neste domingo (27/2) que o Exército coloque a força nuclear estratégica do país em "alerta especial" — o nível mais alto.
Em reunião com chefes de defesa militares no Kremlin, ele ordenou que o ministro da Defesa russo e o chefe do estado-maior das Forças Armadas pusessem as forças de dissuasão nucleares em um "regime especial de combate".
A decisão, segundo Putin, foi tomada porque o alto escalão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) teria permitido "declarações agressivas" contra a Rússia. Para o presidente, as nações ocidentais tomaram "ações hostis" contra seu país e impuseram "sanções ilegítimas" após a invasão da Ucrânia.
O anúncio é um sinal tanto da cólera do presidente Putin pelas sanções anunciadas nas últimas horas quanto de sua paranoia de longa data de que seu país está sob ameaça da OTAN.
O movimento certamente chamou a atenção do Ocidente. Esse tipo de escalada é exatamente o que os estrategistas militares da OTAN temiam, e é por isso que a aliança declarou reiteradamente que não enviará tropas para ajudar a Ucrânia a lutar contra os invasores russos. A ofensiva, contudo, não está indo inteiramente de acordo com o planejado por Moscou. No quarto dia, nenhuma grande cidade ucraniana está nas mãos dos russos, que parecem estar sofrendo pesadas baixas.
Isso causará alguma frustração e
impaciência no Kremlin. E é difícil ver as negociações de paz marcadas
para acontecer na fronteira com Belarus chegarem a um acordo que
funcione para ambos os lados. Putin quer a Ucrânia totalmente de volta à
sua esfera de influência, enquanto o governo do presidente Volodymyr
Zelensky quer que ela permaneça independente. Isso não deixa muito
espaço para compromissos. Juntamente com o alerta nuclear de hoje,
provavelmente veremos uma intensificação da ofensiva russa nos próximos
dias, com ainda menos consideração pelas vítimas civis do que foi
mostrado até agora.
Jogada nuclear de Putin pode tornar situação "muito, muito mais perigosa", diz autoridade dos EUA
A ordem do presidente russo, Vladimir Putin, de colocar as forças nucleares russas em alerta máximo durante a invasão da Ucrânia é uma escalada que pode tornar as coisas "muito, muito mais perigosas", disse uma autoridade militar dos Estados Unidos, neste domingo.
Putin deu a ordem enquanto Washington avalia que as forças russas estão sofrendo reveses inesperados no campo de batalha na invasão que já dura quatro dias devido à forte resistência ucraniana e falhas de planejamento que deixaram algumas unidades sem combustível ou outros suprimentos, disseram autoridades dos EUA.
O Pentágono soube do aumento do alerta russo a partir do anúncio televisionado de Putin, disse o alto funcionário militar dos EUA, em vez de por fontes de espionagem norte-americanas.
Logo após Putin falar, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, o general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto; e o principal comandante dos EUA para a Europa, general Tod Wolters, realizaram uma reunião pré-agendada mais cedo em que discutiram a decisão do presidente russo.
Embora Washington ainda estivesse coletando informações, a atitude de Putin foi preocupante, disse a autoridade, falando sob condição de anonimato. "Trata-se, essencialmente, de colocar forças em jogo que, se houver um erro de cálculo, as coisas podem ficar muito, muito mais perigosas", disse o funcionário.
Questionado se os EUA continuariam a fornecer assistência militar à Ucrânia após o anúncio de Putin, o funcionário disse: "Esse apoio vai avançar."
Enquanto os mísseis choviam sobre cidades ucranianas, milhares de civis, principalmente mulheres e crianças, fugiam do ataque russo para países vizinhos. A capital Kiev ainda estava nas mãos do governo ucraniano, com o presidente, Volodymyr Zelenskiy, reunindo o povo para a defesa da cidade.
Os EUA avaliam que a Rússia disparou mais de 350 mísseis contra alvos ucranianos até agora, alguns atingindo infraestrutura civil. Mas a autoridade dos EUA expressou profunda preocupação com o que o Pentágono acredita ser indicações de que as forças russas - que parecem se concentrar sobre alvos militares - podem estar mudando de estratégia.
Citando uma ofensiva russa na cidade ucraniana de Chernihiv, ao norte de Kiev, o funcionário citou os primeiros sinais de que a Rússia estava adotando táticas de cerco. "Parece que eles estão adotando uma mentalidade de cerco, que qualquer estudante de tática e estratégia militar diria que quando isso acontece a probabilidade de danos colaterais aumenta", disse o funcionário.
DefesaNet
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