Deputadas e senadoras são majoritariamente contra a legalização do aborto, aponta levantamento
70% das parlamentares ouvidas pelo GLOBO se posicionaram contra descriminalização do procedimento
O componente político naturalmente carregado pelo assunto — que, por vezes, inibe a conversa sob a perspectiva da saúde pública — e os reflexos eleitorais em potencial exercem influência nas manifestações públicas, segundo especialistas. A cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que o “peso” das discussões em torno do aborto faz com que não haja unanimidade mesmo entre as congressistas mais alinhadas às pautas progressistas.
— É uma questão que cobra um preço muito grande eleitoralmente. Mesmo entre as mulheres que não são conservadoras há opiniões contrárias ao aborto. Não é consensual. É uma pauta bomba, que tira e mobiliza votos, além de gerar sentimentos conflituosos — analisa.
GradaçõesNo grupo que se posiciona contra a descriminalização, há 23 parlamentares que defendem a proibição em todos os casos, restringindo o que hoje é permitido em lei — a legislação autoriza o aborto quando a gravidez é resultante de estupro, nos casos em que há risco para a vida da mulher e se há má formação cerebral do feto. Outras 20 são contra, mas defendem que as autorizações específicas já previstas permaneçam. A deputada Carla Zambelli (PL-SP), por sua vez, discorda da descriminalização do aborto e afirma que o aval deve ocorrer só nos episódios em que houver risco de vida.
Os argumentos da ala que defende as restrições
incluem o entendimento de que a vida deve ser preservada desde o zigoto,
trecho do Pacto de São José, e o alerta de que o número de abortos
poderá aumentar de forma indiscriminada. Já as parlamentares a favor da
descriminalização sustentam que mulheres de alta renda, quando
necessitam, recorrem a clínicas que efetuam a prática, enquanto
gestantes pobres ficam à mercê de abortos clandestinos, arriscados.
[são tão sem noção as que defendem o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos que usam o pretexto da pobreza na tentativa, inútil e estúpida, de aumentar o número de assassinas. Ser pobre não inocenta da irresponsabilidade, portanto, devem ser punidas as assassinas pobres e as de alta renda.] Outro ponto citado é que as mulheres têm autonomia sobre o próprio
corpo, direito que não deve sofrer interferências externas.[o direito de alguém vai até o ponto em que atinge o direito de outro; assim, o direito da mulher de autonomia sobre o próprio corpo vai até o ponto em que o seu exercício não viole o direito do outro - no caso o DIREITO À VIDA da vítima inocente e indefesa.]
De acordo com o estudo “Mulheres e resistência no Congresso Nacional 2021”, publicada pela ONG Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), dos 26 projetos sobre aborto apresentados na Câmara dos Deputados e no Senado no ano passado, a maior parte amplia restrições. Dez deles, por exemplo, tratam de criminalização e punição, como o aumento da pena para mulheres que fizerem aborto em situações além das autorizadas em lei.
Para a deputada Dra. Soraya Manato (PTB-ES), não há justificativa suficiente que possa levar o país a rever a situação hoje vigente. — Sou conservadora, cristã e a favor da vida. Como médica ginecologista e obstetra, tenho uma ligação muito forte com as gestantes. Sempre acompanhei todo o processo muito de perto. Não vejo justificativa para concordar com a legalização do aborto no Brasil. Sempre serei contra o assassinato de bebês inocentes — disse ela.
(...)Este posicionamento majoritário reflete no Congresso, pontua a cientista política Carolina Botelho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ela, a possibilidade de “perder votos” direciona as opiniões. — A sociedade pensa de forma mais conservadora, então o Congresso reflete isso. Elas são representantes de parcelas da população e estão respondendo a quem as elegeu. Há um cálculo eleitoral: se estamos de olho em grupos específicos ou até mesmo na maioria da população. Outras pautas progressistas já avançaram, mas não o aborto.
MobilizaçãoEm 2018, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou uma audiência pública para discutir a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez, em qualquer situação, houve mais de 500 petições para participar ou indicar especialistas. E pelo menos 49 pedidos para ter voz diretamente no processo, como amicus curiae.
A audiência pública com especialistas foi convocada para auxiliar os ministros do STF no julgamento de ação ajuizada pelo PSOL e pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos Gênero (Anis) em março de 2017, com esse fim. A ação ainda não foi julgada. [não tem sentido que essa ação seja julgada pelo STF - seus ministros não foram eleitos para representar o POVO e o partido que entrou com o processo é daqueles SEM NADA = sem voto, sem representatividade e outros SEM, portanto, não pode pretender que sua ação represente o POVO.]
Em Política - O Globo - MATÉRIA COMPLETA
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