O Globo e agências internacionais
Vadim Shishimarin tem 21 anos e admitiu ter matado civil desarmado na região de Sumy, Norte do país.
O soldado russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, primeiro acusado de crimes de guerra na Ucrânia, foi condenado à prisão perpétua nesta segunda-feira. Shishimarin admitiu ter matado a tiros o civil Oleksandr Shelipov, de 62 anos. A vítima estava desarmada em uma estrada, andando com a bicicleta ao lado e falando no telefone. O crime ocorreu em fevereiro na região de Sumy, Norte do país.
O julgamento começou no dia 13,
com uma audiência preliminar, e foi retomado no dia 18. Na manhã
seguinte, a promotoria já havia defendido que o militar deveria receber
pena máxima. Durante audiência na quinta-feira, o russo pediu perdão à viúva da vítima, Kateryna Shelipova. —
Reconheço minha culpa. Peço que me perdoe, mas eu entendo que você não
será capaz de me perdoar — disse Shishimarin à mulher de 62 anos.
Durante
testemunho no mesmo dia, Shelipova contou que ouviu os tiros de seu
quintal, chamou pelo marido e viu Shishimarin com uma arma. O soldado
ficou de cabeça baixa enquanto ela falava. —
Diga-me, por favor, por que vocês [russos] vieram aqui? Para nos
proteger? Proteger-nos de quem? Você me protegeu do meu marido, a quem
você matou? — questionou a mulher ao soldado, que acrescentou: — Eu
corri para o meu marido, ele já estava morto. Tiro na cabeça. Eu gritei,
gritei muito.
Moscou nega que suas tropas tenham atacado
civis durante a invasão, enquanto a Ucrânia diz que mais de 11 mil
crimes de guerra podem ter sido cometidos desde o início do conflito.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a
Rússia está "preocupada" com o destino de Shishimarin. —
Sem dúvida, estamos preocupados com o destino de nosso cidadão.
Infelizmente, não temos a oportunidade de defender seus interesses lá,
pois a operação de nossas instituições [na Ucrânia] praticamente parou — disse Peskov, segundo a agência de notícias Interfax.— Mas
isso não significa que não consideraremos continuar tentando por meio de
outros canais. O destino de cada cidadão russo é de extrema importância
para nós.
Crime após roubar carro
O russo declarou no
tribunal que atirou na vítima quando ele e outros soldados russos
estavam em retirada e tentavam encontrar suas unidades na Rússia. Os
militares encontraram um carro civil, da marca Volkswagen, que roubaram. —
Queríamos chegar onde estava o nosso Exército e voltar para a Rússia —
disse Shishimarin. — Na estrada, enquanto dirigíamos, vimos um homem.
Falava ao telefone e disse que nos entregaria.
Shishimarin
explicou que outro soldado russo que viajava no mesmo carro — que,
segundo ele, não era seu comandante e a quem descreveu como
"desconhecido" — pediu para que atirasse.
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