No epicentro de operações policiais dos últimos dias, Polícia Rodoviária Federal teve aumento nas suas atribuições e ganhou poderes para investigações
A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal, anteontem, em Umbaúba (SE), provocou uma onda de indignação que levou ao questionamento dos limites de atuação da força, originariamente criada apenas para a patrulha de rodovias federais. Genivaldo dirigia a moto da irmã quando foi parado em uma blitz no município, que fica a 100 quilômetros de Aracaju. Imagens gravadas por populares mostram o homem sendo imobilizado e algemado no chão por três policiais.
Na sequência, eles o atiraram na parte de trás da viatura, detonaram uma bomba de gás lacrimogêneo e trancam o porta-malas. Genivaldo morreu em seguida. Os mesmos vídeos da abordagem revelam o homem agitado, gritando dentro do veículo, e o som ambiente com a estupefação de quem acompanhava a cena.
O laudo da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe indicou que Genivaldo morreu por insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica. A Polícia Rodoviária Federal, porém, deu outra versão para o incidente, no primeiro comunicado sobre o caso: “possivelmente foi por mal súbito”. Segundo a polícia, Santos foi parado por pilotar sem capacete. Segundo parentes, ele tinha transtornos mentais e ficou nervoso porque carregava cartelas de remédio no bolso.
O presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre o caso, quando os vídeos já haviam sido amplamente divulgados pela imprensa, mas disse que ia se informar antes de opinar e aproveitou para fazer referência a uma outra ocorrência, em que dois policiais foram as vítimas: — Vou me inteirar com a PRF. Eu vi há duas semanas aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele.
O caso de Sergipe é mais um em que a PRF esteve à frente de uma abordagem que terminou em morte. Na terça-feira, a corporação participou de uma operação, ao lado da Polícia Militar, na Vila Cruzeiro, no Rio, que acabou com 23 mortos. Em fevereiro, o Bope e a PRF já haviam feito uma investida na mesma favela, quando oito pessoas morreram. Em outubro de 2021, numa ação da PRF com a PM de Minas Gerais, houve 25 mortes. [lembramos que bandidos morrerem operações policiais é normal e são os bandidos que provocam as mortes quando reagem à ação da polícia - antes um bandido morto do que um policial ou um civil, do bem, morto por ação de um bandido.
Uma lei de 1997 ampliou a competência para “planejamento, coordenação e execução de policiamento, prevenção e repressão de crimes nas rodovias federais a áreas de interesse da União”. A corporação passou a ser acionada para atuar também em cooperação com ações do Ministério Público e da Receita Federal, por exemplo.
Ex-comandante da Polícia Militar do Rio, o Coronel Ubiratan Angelo critica a metamorfose da PRF.— A PRF, além do patrulhamento e prevenção de crimes na rodovia, agora atua também em parceria com outras forças de segurança, sob a bandeira de estar em investigações que não são da sua competência — diz o militar.
Muitas vezes à frente de operações que terminam com grande volume de drogas e armas apreendidas, a PRF é vista pelos ocupantes do Palácio do Planalto como uma fonte de notícias positivas, com uma diferença para a Polícia Federal, outro braço armado da esfera federal: não conduz investigações que podem fustigar o chefe, como inquéritos que miram em suspeitas de corrupção e detentores de foro privilegiado. No caso de Bolsonaro, a PRF é considerada ainda mais estratégica, em virtude do perfil do presidente, declarado entusiasta de ações ostensivas, com uso de arma de fogos contra suspeitos de cometimento de crimes.[importante: o trecho acima, destacado em itálico não é uma notícia, o autor da matéria deixou de ser jornalista - apresentar o fato - e se transformou em comentarista = expedindo comentário padrão seguindo os ditames da mídia militante. Este alerta é para evitar que desavisados considerem uma opinião parcial, pautada, do articulista como fato.]
Brasil - O Globo
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