Desmentidas, as velhas e inúteis etiquetas foram rapidamente deixadas de lado para serem esquecidas pois eram testemunhas da derrota. Essa esquerda malsã, porém, não faz políticas sem etiquetas. Logo, Bolsonaro passou a ser acusado, inutilmente, de negacionista, genocida e fascista. Também por aí a tarefa não ia bem; a CPI foi um fiasco, o depois chegou e a gente viu. A eleição se avizinhava.
É isso que explica:
- o convite aos embaixadores para encontro com o ministro Fachin quando este presidiu o TSE;
- as mal redigidas cartas pela democracia e pelo estado de direito;
- a ausência de qualquer menção a longa história do ininterrupto anseio por maior transparência no sistema eleitoral, que já conta décadas e tem sido constante nos últimos quatro anos;
- o abandono à própria sorte da lógica mais rudimentar: golpistas pedem eclipse, ocultação. Não pedem transparência; menos ainda se o fazem, ordeiramente, por anos a fio;
- as fileiras cerradas para impor silêncio a sociedade sobre algo que lhe foi teimosa e autoritariamente recusado;
- a “pompa e circunstância” que marcou a sagração de Sua Alteza Eleitoral na presidência do TSE;
- o silêncio sobre o gritante paradoxo de estarem o estado de direito e a democracia, o devido processo, a Constituição, as boas leis, os direitos humanos e a liberdade sendo feridos em alegada defesa do estado de direito e da democracia.
Como de hábito, a ausência de qualquer elemento probatório que justifique a etiqueta não é suficiente para silenciar os ataques determinados pela cartilha. Sempre há um senador pronto para transformar os tribunais superiores em puxadinhos de seu gabinete.
Ontem (19/08), em poucas palavras, falando em Resende, Bolsonaro desfez a narrativa e a etiqueta foi para a lixeira.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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