A
generosa multa aplicada pelo piedoso Alexandre de Moraes ao PL é uma
representação em números da enfurecida régua com que o presidente do TSE
mede as sanções impostas a quem o desagrada ou contraria.
Esquece sua
excelência que a inquietação política do país tem como causa principal, a
atual composição do STF e do TSE, as decisões pessoais dele como
presidente da corte eleitoral, a teimosia de vender como transparente um
sistema absolutamente opaco, que transformou a votação e a apuração num
debate entre peritos em ciências da computação. Não há como atribuí-la
ao presidente da República, cuja quietude não serve para assombrar suas
madrugadas.
A atuação
das altas cortes do STF e do TSE no jogo político presidencial criou a
mais desigual disputa que já presenciei neste meu “tão longo andar”,
para dizer como Quintana. Elas proporcionaram rígida proteção ao
candidato Lula e lhe franquearam todos os ataques a seu adversário.
Bolsonaro trazia para a campanha as vicissitudes naturais de qualquer
governo agravadas pela pandemia e pelas equivocadas determinações
impostas pelo STF.
A ele estavam autorizados todos os rótulos e
xingamentos; ao ex-presidente, eram vedadas referências a seu passado e,
até mesmo, às suas amizades no comprometedor circuito do Foro de São
Paulo. [o ladrão conseguiu a proeza de censurar um discurso dele no qual agradecia à 'natureza' pela covid-19 = a pedido do hoje eleito, o TSE proibiu que o vídeo fosse divulgado na campanha política do presidente Bolsonaro.] Era como um jogo de futebol onde o juiz não apenas tivesse lado e
jogasse, mas desse botinadas no adversário e marcasse gols “de caneta”.
As relações
entre Lula, sua trupe e as “democracias” do Foro são tão notórias que
se poderia dizer notariais, autenticadas por fontes primárias. Os Castro
Brothers, os joroperos e salseros Chávez y Maduro e o chichero Ortega,
cada um a seu tempo, formou com Lula o núcleo duro dessa banda
ibero-americana das esquerdas radicais.
Não é por outro motivo que a
secretária-executiva do Foro, Mônica Valente, faz parte do grupo de
transição de Lula. Aparentemente, porém, operando no TSE, os
negacionistas do passado do ex-presidente mandam evidências às urtigas e
consciências às favas.
A história
desses regimes, para quem os conheceu, os estudou e leu jornais aciona
todas as sirenes de prevenção quando se observa o Brasil. Os governos
petistas nos deixaram uma corte constitucional majoritariamente vinda da
militância esquerdista.
Como as universidades e a máquina pública,
aquele poder foi infiltrado, para usar a palavra tecnicamente adequada.
Por isso, submete a seus fins a Constituição, os Códigos de Processo e
os próprios precedentes, abraçando o consequencialismo e o ativismo a
ponto de intervir diretamente no jogo político.
Não é
difícil prever o futuro com um novo governo Lula. Alguém aí aposta um
tostão no retorno de nossas liberdades de opinião e expressão?
No fim da
censura?
Na preservação da autonomia do ensino militar?
Na não criação
da prometida Guarda Nacional?
No não aparelhamento e no zelo pela
hierarquia nas Forças Armadas?
Na não adoção de uma política
reestatizante?
No respeito ao direito de propriedade?
Na obediência aos
princípios fundamentais da administração pública? Pois sim!
Nicolas
Maduro governa a Venezuela desde 2013 em virtude da morte de Chávez,
reeleito e morto antes da posse.
Maduro assumiu como vice-presidente
interino, marcou eleição e superou seu opositor Capriles por 50,61%
contra 49,12%.
Coisa muito parelha, para variar. Seu governo é um
desastre social, político e econômico.
Em nome da proteção dos pobres,
criou a pobreza extrema e extensa. [no Brasil, por enquanto, o ataque mais cerrado, violento, é contra a democracia e a Constituição = atacam a democracia e a Constituição Federal, violam seus principios, a pretexto de preservá-las.] Perdeu a eleição
parlamentar de 2015 e imediatamente, através da ... da... sim, Suprema
Corte e dos Tribunais Eleitorais, e com apoio do estamento militar, já
muito bem aparelhado por Chávez, o Tribunal Superior de Justiça assumiu
as funções da Assembleia Nacional... Em 2019, com êxodo se instalando no
país, com o governo desaprovado por 71% dos eleitores, Maduro venceu um
pleito em que a abstenção atingiu 54%.
Imagino que dois ou três leitores destas linhas concordem comigo quando percebo semelhanças entre os dois cenários.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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